quarta-feira, 1 de outubro de 2025

Em poucas palavras...

                                           


Diálogo e serviço mútuo

“A pessoa humana tem necessidade da vida social. Esta não constitui para ela algo de acessório, mas uma exigência da sua natureza.

Graças ao contato com os demais, ao serviço mútuo e ao diálogo com os seus irmãos, o homem desenvolve as suas capacidades, e assim responde à sua vocação.” (1)

 

 

(1) Catecismo da Igreja Católica – parágrafo n. 1879

Em poucas palavras...

                                                   


A necessária Catequese Permanente

catequese das crianças, dos jovens e dos adultos visa a que a Palavra de Deus seja meditada na oração pessoal, atualizada na oração litúrgica e interiorizada em todo o tempo, para que dê fruto numa vida nova.

catequese é também o momento em que se pode purificar e educar a piedade popular.

A memorização das orações fundamentais oferece um suporte indispensável à vida de oração, mas é importante que se faça saborear o seu sentido.

 

 

(1) Catecismo da Igreja Católica – parágrafo n. 2688

Viver com alegria a graça da missão

                                                


Viver com alegria a graça da missão 

“Ai de mim, se eu não anunciar o Evangelho!”  (1Cor 9,16)

Renovemos, em todo o tempo, a graça e a alegria da missão que o Senhor nos confia.

Não são poucos os que não conhecem ainda o Evangelho e a Pessoa de Jesus, bem como os que se tornam indiferentes à existência de Deus, até mesmo declarando Sua morte, em total indiferença e banalização da dimensão religiosa. Não podemos nos acomodar, precisamos anunciar e testemunhar a Boa Nova do Reino.

Vivamos a graça da missão, configurados e transformando-nos n’Aquele que recebemos na santíssima Eucaristia, indo ao encontro do outro, evangelizando oportuna e inoportunamente como disse São Paulo (2Tm 4,2). 

Como numa grande aldeia global, a fé que professamos é desafiada; a esperança que cultivamos e o amor que testemunhamos devem cada vez ganhar maior expressão, ardor e vigor. 

Como discípulos missionários do Senhor, participantes da construção do Seu Reino, servos de Sua vinha, coloquemo-nos humildemente como Seus instrumentos, renovando nosso sim para o trabalho na messe do Senhor, pois a messe é grande e poucos são os operários, como disse Jesus (cf. Lc 10,1-9).

Assim como a Igreja nos ensina, os cristãos leigos são homens e mulheres da Igreja no coração do mundo e homens e mulheres do mundo no coração da Igreja; são fermento na massa, luz do mundo; sal que dá gosto de Deus a todas as coisas.   

Abertos ao projeto de amor do Pai, na fidelidade ao Filho, com o sopro e luz do Santo Espírito, renovemos a alegria e a graça da missão de discípulos missionários da vinha do Senhor, para desejados e saborosos frutos do Reino produzirmos, inspirados pelo exemplo de Nossa Senhora, a Estrela da Evangelização, a perfeita discípula missionária do Pai. 

Ser jovem, consumir-se de amor pelo Senhor

                                                            


Ser jovem, consumir-se de amor pelo Senhor

Na Exortação Apostólica Pós-sinodal “Christus vivit” (“Cristo vive”), o Papa Francisco se dirige aos jovens e a todo o Povo de Deus.

Ao falar sobre o ser jovem, o Papa afirma que não significa apenas procurar prazeres transitórios e sucessos superficiais, mas para que tenha uma juventude fecunda:

deve ser um tempo de doação generosa;
- uma oferta sincera da vida;
- prática de sacrifícios que custem.

Cita o soneto de um grande poeta, “Cielo de tierra”, (Francisco Luís Bernardez):

“Se, para recuperar o que recuperei,
Tive de perder primeiro o que perdi,
Se, para obter o que obtive,
Tive de suportar o que suportei,

Se, para estar agora enamorado,
Tive que ser ferido,
Considero justo ter sofrido o que sofri,
Considero justo ter chorado o que chorei.

Porque no fim constatei
Que não se goza bem do gozado
Senão depois de o ter padecido.

Porque no fim compreendi
Que quanto a árvore tem de florido
Vive do que ela tem de enterrado” (1).

Concluo com este parágrafo, em que o Papa ressalta a valiosa contribuição que o jovem pode dar com sua vida, na fidelidade a Jesus, dando valor e sentido para a sua vida:

“Se és jovem em idade, mas te sentes frágil, cansado ou desiludido, pede a Jesus que te renove. Com Ele, não se extingue a esperança. E o mesmo podes fazer, se te sentires imerso nos vícios, em maus hábitos, no egoísmo ou na comodidade morbosa.

Cheio de vida, Jesus quer ajudar-te para que valha a pena ser jovem. Assim, não privarás o mundo daquela contribuição que só tu – único e irrepetível, como és – lhe podes dar” (2)



(1)         Exortação Apostólica Pós-Sinodal “Christus vivit” – n.108
(2)        Idem n.109

Santa Teresinha, padroeira das missões

                                                 


Santa Teresinha, padroeira das missões

“No coração da Igreja, minha vocação é o amor...” 

De modo especial, a Igreja dedica o mês de outubro para aprofundar sobre as missões, a fim de que vivamos a dimensão sinodal, edificando uma Igreja misericordiosa, acolhedora e missionária, alcançando as realidades mais desafiadoras, que o Papa Francisco chama de periferias existenciais.

E como é importante podermos contar com a intercessão de Santa Teresinha do Menino Jesus (séc. XIX), declarada a “Padroeira das Missões”, por PIO XI, em 1927, e cuja memória celebramos no dia 1º de outubro.

Santa Teresinha pouco viveu, mas teve tamanha intensidade e amor, e ficará para sempre viva, sendo grande testemunha do Senhor.

Retomo suas palavras, quando procurava encontrar o lugar da sua vocação na Igreja: “Então, delirante de alegria, exclamei: Ó Jesus, meu amor, encontrei afinal minha vocação: minha vocação é o amor. Sim, encontrei o meu lugar na Igreja, Tu me deste este lugar, meu Deus. No coração da Igreja, minha mãe, eu serei o amor e desse modo serei tudo, e meu desejo se realizará”. 

Em oração, à luz da Palavra Divina, descobriu seu lugar na Igreja, e sua exclamação ressoa por todo o tempo: "No coração da Igreja minha vocação é o amor!” 

Com ela, aprendemos a nos perguntar: - “Qual é a minha vocação na Igreja, sobretudo uma Igreja Sinodal, Povo de Deus que caminha juntos, na comunhão, participação e missão?” 

Que a exemplo desta jovem, tenhamos intenso amor no coração, a fim de que pelo Amado Jesus seduzidos, com o fogo do amor do Espírito, vivamos maior fidelidade ao plano de amor que Deus tem para todos nós, edificando comunidades eclesiais missionárias, que se alimentam com o Pão da Palavra e da Eucaristia.


“Desprendimento é puro dom de Deus”

                                              

“Desprendimento é puro dom de Deus”

  “É mais fácil um camelo entrar pelo buraco de uma agulha, 
do que um rico entrar no Reino de Deus”(Mt 19,24)

Reflexão à luz da passagem do Evangelho de Mateus (Mt 19,23-30).

Oportuno é o Sermão de São Máximo de Turim (séc. V), em que nos exorta a humildade necessária para chegarmos ao Reino de Deus, e a simplicidade para que entremos no Céu.

“Se escutastes com atenção a Leitura Evangélica podereis compreender o respeito que se deve aos Ministros e Sacerdotes de Deus e a humildade com que os próprios clérigos devem prevenir-se uns aos outros.

De fato, tendo os Seus discípulos perguntado ao Senhor quem deles seria o maior no Reino dos Céus, aproximando a uma criança, a colocou no meio deles e lhes disse: ‘Aquele que se fizer pequeno como esta criança, esse será o maior no Reino dos céus’. De onde deduzimos que pela humildade se chega ao Reino, pela simplicidade se entra no Céu.

Portanto, quem deseje escalar o cume da divindade empenhe-se por alcançar os abismos da humildade; quem deseje preceder ao seu irmão no Reino, deve antes antecipar-se no amor, como diz o Apóstolo:

'Estimando aos demais mais do que a si mesmo’. Supere-se na afabilidade, para poder vencer-lhe em santidade. Pois se o irmão não te ofendeu é credor ao dom de teu amor; e se talvez tiver te ofendido, é ainda mais credor a dádiva de tua superação. Esta é realmente a quintessência do cristianismo: devolver amor por amor e responder com a paciência a quem nos ofende.

Assim, quem for mais paciente em suportar as injúrias, mais potente será no Reino. Porque ao império dos céus não se chega mediante um brilhante título abonado pela faustuosidade das riquezas, mas mediante a humildade, a pobreza, a mansidão. ‘Quão estreita é a porta e quão apertado o caminho que conduz à vida!’.

Em consequência, quem estiver rompante de honras e carregado de ouro, qual jumento sobrecarregado, não conseguirá passar pelo apertado caminho do Reino. E no preciso momento em que acreditar ter chegado à porta estreita, ao não dar espaço a sua carga, lhe impedirá de entrar e se lhe obrigará a retroceder.

A porta do céu é para o rico tão apertada como estreita é ao camelo o furo de uma agulha. ‘É mais fácil um camelo passar pelo furo de uma agulha que um rico entrar no Reino dos Céus’”. (1)

Aspirando o cume da divindade, urge que nos empenhemos em viver a humildade, sem o que nos distanciamos do Reino e não entraremos no Céu, como tão bem expressou São Máximo de Turim.

É sempre necessário que nos despojemos do supérfluo, provisório, para nos enriquecermos do essencial e dos valores eternos que dão sentido ao nosso existir.

Enriquecidos pela graça de Deus, nosso Sumo Bem, seremos mais fiéis ao Senhor, e por esta porta estreita poderemos passar, porque também conduzidos e cumulados das riquezas do Santo Espírito que em nós habita.

Como a santidade é um processo inacabado, é preciso que nos coloquemos sempre num contínuo esforço de vivermos na humildade e simplicidade de coração, com absoluta confiança em Deus, que age em nós e por meio de nós.

É preciso um total despojamento, para que vivamos melhor o discipulado, colocando-nos inteiramente a serviço do Reino, pois este pede que se dê tudo por tudo (Mt 13,44ss), e este desprendimento é, verdadeiramente, puro dom de Deus.


(1) Lecionário Patrístico Dominical - Editora Vozes – 2013 - pp.470-471
PS: Apropriado para a passagem do Evangelho de Lucas (Lc 9,57-62)

Missão: dom total de si mesmo

                                                     

Missão: dom total de si mesmo

“E o rei concedeu-me tudo, pois a bondosa
mão de Deus me protegia” (Ne 2, 8)

Na Liturgia da Quarta-feira da 26ª Semana do Tempo Comum (ano ímpar) é proclamada a passagem do Livro de Neemias (Ne 2, 1-8).

Ele viveu o dificílimo período do Povo de Deus que, voltando do exílio da Babilônia, teve que reconstruir a cidade e o templo. As tristes notícias que chegavam da Cidade Santa, Jerusalém, o perturbavam interiormente, e não encontrava a paz.

Neemias era um funcionário do rei Persa, Artaxerxes I, (não era sacerdote, mas um copeiro-mor da casa real e, portanto, um político de alta condição).

Acompanhava de longe a história de seus compatriotas judeus, e apaixonadamente, na Primavera do ano 445 a.C. obteve do rei permissão para voltar provisoriamente à pátria com credenciais que facilitariam a obra de reconstrução.

Juntamente com Esdras, Neemias coloca-se ao lado dos grandes reformadores religiosos da história do Povo de Deus, e o seu êxito somente foi possível porque “a mão bondosa de Deus” estava com ele (v.8).

Sejamos enriquecidos com esta reflexão:

“É tarefa de todo cristão hoje (Neemias é ‘leigo’) tornar as estruturas de suas comunidades, no maior grau possível, transparentes de amor cristão, para serem inteiramente sinal do empenho de Deus no mundo.

O poder da morte foi despedaçado e surgiu nova esperança na morte e ressurreição de Cristo. Por isso, o cristão deve realizar em torno de si um modo de existência livre dos poderes pessoais e sociais do mundo, para dar, acima de todas as mortes, um pressentimento de vida e de ressurreição: no escondimento, é certo (Cl 3,3), mas com tanta eficiência que chegue a mudar, em nível de vida, as estruturas da sociedade humana.
Deve estar presente onde não há mais nenhuma esperança humana e o empenho parece não mais adiantar. Presente junto aos moribundos, aos velhos, incuráveis, mortos, lá onde não mais se espera um sorriso de agradecimento.” (1)

Pode ocorrer que também nós escolhamos lugares, situações, comunidade, pastorais ou serviços mais favoráveis para vivermos nossa fé. Que esta tentação seja afastada de todos nós e, com coragem e disponibilidade, ponhamo-nos nas mãos de Deus, certo de que “Sua Mão Poderosa”, “Seu braço forte” repousa sobre nós e nos acompanha no difícil combate da fé. E assim, curados de nossas enfermidades e fragilidades, vivamos com ardor nossa missão.

Como discípulos missionários do Senhor, aprendamos com Neemias que somente encontraremos a paz se nos pusermos a caminho, enfrentando as situações mais adversas, sombrias e obscuras, na fidelidade do carregar da cruz, fazendo resplandecer a luz de Cristo e proclamando a Sua Palavra que abrasa o coração.

Há um canto que expressa isto muito bem, e nos revigora na missão, para vivê-la como total doação de si mesmo nas mãos de Deus:

“Senhor, toma minha vida nova
Antes que a espera desgaste anos em mim
Estou disposto ao que queiras
Não importa o que seja, Tu chamas-me a servir.” 
(2)


(1) Missal Cotidiano - Editora Paulus - pp.1329-1330
(2) http://letras.mus.br/ziza-fernandes/1109398/

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