quinta-feira, 4 de setembro de 2025

Em poucas palavras...

                                         


Iluminados pelo Livro dos Provérbios

“Temos necessidade de planificar, fazer projetos, o que requer reflexão antes de agir, estudo dos fins e dos meios, para não ficarmos a meio caminho... de mãos vazias (Pr 21,5).

Não fechar os ouvidos ao grito do pobre (Pr 21,13) significa ser aberto à situação de outrem, capaz de tomar a peito a justiça e o amor, assemelhar-se a Deus.”  (1)

 

(1)               Comentário do Missal Cotidiano – Editora Paulus – pág. 1301

Em poucas palavras...

                                     


Disciplina e entrega “paulinas” na ação evangelizadora

“Para aceitar o Evangelho e assimilá-lo em profundidade, é necessário treino, exercício, domínio do corpo, capacidade de luta.

Para evangelizar, o cristão deve ser totalmente consagrado a Deus no sentido paulino da ‘escravidão’; deve estar em contínuo exercício de ascese, deve poder dominar o próprio corpo, para chegar a uma ‘existência verdadeiramente nova’” (1)

 

 

(1)        Comentário do Missal Cotidiano – Editora Paulus – pág. 1262 – passagem bíblica – (1 Cor 9,16-19.22b-27)

Em poucas palavras...

                                                


Reconciliação com Deus e com a Igreja são inseparáveis

“As palavras ligar e desligar significam: aquele que vós excluirdes da vossa comunhão, ficará também excluído da comunhão com Deus; aquele que de novo receberdes na vossa comunhão, também Deus o acolherá na sua. A reconciliação com a Igreja é inseparável da reconciliação com Deus.” (1)

 

(1)               Catecismo da Igreja Católica – parágrafo n. 1445

“Senhor, ensina-nos a perdoar”

                                                      

“Senhor, ensina-nos a perdoar”

“Se cada um não perdoar
a seu irmão, o Pai não vos perdoará”

Reflexão à luz da passagem do Evangelho de Mateus (Mt 18,21-35), em que o Senhor nos convida a viver o perdão sem limites, um eterno aprendizado:

“Qualquer que seja o motivo que leva Pedro a fazer sua pergunta uma coisa é certa; ele quer que Jesus confirme a existência de um limite no exercício da caridade cristã.

É confortador saber quando e onde se pode, com tranquila consciência, ignorar as injunções da caridade cristã (pois é mais interessante saber quando cessam do que onde começam tais obrigações).

Parece de fato mais que justo que em certo momento possamos dizer:  ‘Basta! Afinal somos homens!’ Queremos ser o eco do nosso ambiente…

Jesus, porém, nos diz que devemos ser o eco daquilo que Deus fez por nós. Ninguém é homem pelo fato de poder ‘ explodir’ mas pelo fato de poder desenvolver em si e transmitir aos outros aquilo que Deus nos deu.

A lei do perdão é vinculante não facultativa; é como um contrato firmado com o Sangue de Cristo. Ora, depende de mim ratificá-lo derramando sobre os meus semelhantes aquilo que Deus me deu: ‘Eis como meu Pai celeste agirá convosco…’ " (v.35). (1)

A segunda fonte, sobre o perdão, afirma:

"Temos uma ideia tão elevada do perdão que nunca a utilizamos realmente... As pessoas perdoam ou então fingem: no máximo pensam que não querem vingar-se.

É verdade, humanamente não é possível perdoar. O perdão é somente dom de Deus, um dom intenso. Por isso a palavra perdão deriva duma palavra utilizada na Idade Media, per-dom, a qual significa precisamente ‘dom profundo’... podemos e devemos perdoar porque fomos perdoados.

Assim escreveu Graham Greene – ‘ninguém suporta não ser perdoado: só Deus é capaz disso’. Mas perdoar é possível graças ao dom de Deus que previne qualquer iniciativa nossa e como resposta a um amor maior...

Só num percurso de fé podemos exercer o perdão na vida concreta, por exemplo, para com quem não consegue considerá-lo na sua vida de homem: o perdão não é a fraqueza de quem não sabe fazer valer as suas razões, mas a novidade que rompe as cadeias que tornam a pessoa amarrada a si mesma” (2)

É sempre tempo para dar e pedir perdão; e somente é possível porque antes por Deus fomos perdoados, por um perdão e Amor sem medida e sem méritos.

Amados e perdoados, podemos e devemos  amar e perdoar, pois sem o quê,  não poderíamos rezar a Oração que o Senhor nos ensinou, de modo que somente a prática do perdão nos faz verdadeiramente livres, rompendo as amarras que nos reduzem horizontes e movimentos.

O perdão é algo que não se aprende e se vive totalmente. Sempre teremos algo a aprender na escola do perdão com o Divino Mestre da Misericórdia que nos amou e nos perdoou. Somos, nesta escola maravilhosa, eternos aprendizes:

“Não recuses, portanto, praticar a misericórdia a fim de que não sejas excluído do perdão quando tu mesmo vieres a ter necessidade dela” (Santo Astério de Amasea – séc V).

Quanto mais perdoarmos e formos perdoados, mais livres seremos e mais semelhantes ao Divino Mestre o seremos. Não podemos nos dizer cristãos sem a graça do perdão recebido e partilhado.

Bem sabemos o quanto difícil o é. Haverá algo mais belo que um perdão dado e recebido, um relacionamento restaurado?

A leveza e a alegria do Espírito, só alcança quem vive a graça do perdão, e neste sentido, importa não recuar, pois assim é a vida de fé.

Temos muito a aprender. Não recuemos! Avancemos, pois assim é a vida de fé.

(1) Missal Cotidiano - Editora Paulus - pág.238
(2) cf. Lecionário Comentado - Tempo da Quaresma

Vivamos na luz

                                                 


                                     Vivamos na luz
 
Na passagem da Carta de Paulo aos Efésios (Ef 5,8-14), o Apóstolo nos coloca frente a uma escolha: luz ou trevas.
 
Viver na luz significa viver a bondade, a justiça e a verdade; mais ainda, consiste na acolhida do dom da Salvação que Deus nos oferece gratuitamente, aceitando e vivendo a vida nova que Ele nos propõe (viver na liberdade como filhos de Deus e irmãos uns dos outros).
 
De outro lado, viver nas trevas consiste em pautar a vida pelo egoísmo, orgulho e autossuficiência; viver à margem de Deus, e, consequentemente, recusar Suas propostas; prisioneiro das próprias paixões, dos falsos valores.
 
Ser batizado e viver como filhos da luz, portanto, não nos permite cruzar os braços diante da maldade, do egoísmo, da injustiça, da exploração, dos contravalores que a sociedade propõe, tornando menos bela a vida da humanidade.
 
Viver como filhos da luz exige que descruzemos os braços, abramos o nosso coração e nossas mãos, em alegres e solícitos gestos de partilha e solidariedade. Incomodar-se permanentemente com a escuridão do mundo, procurando todas as formas para torná-lo luminoso. Eis a nossa missão como batizados, discípulos missionários do Senhor.
 

Eternos aprendizes do amor divino

                                                    

Eternos aprendizes do amor divino

Reflexão sobre a passagem da Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios (1Cor 12, 31-13,13), sobre a fundamental virtude do Amor divino que nos move e nos impulsiona; pois sem esta, jamais viveremos a vocação profética, pois não suportaríamos o peso da cruz a ser carregada cotidianamente.

Trata-se do “hino ao amor” que já inspirou poetas e Profetas. Há quem chame esta passagem de “o Cântico dos Cânticos da Nova Aliança”, em que Paulo retrata o amor como o dom maior e eterno a ser vivido por todo aquele que segue Jesus.

O caminho do amor é o caminho mais seguro, mais acessível a todos. É o caminho insubstituível que conduz à Salvação, e este amor tem uma superioridade incontestável sobre qualquer outro carisma.

Trata-se do amor-ágape, onde não há resquícios de egoísmo, mas é o amor gratuito, desinteressado, sincero, fraterno, que se preocupa com o outro, sofre pelo outro, que procura o bem do outro sem nada esperar em troca.

O Apóstolo enumera 15 características ou qualidades do verdadeiro amor, sendo sete apresentadas de forma positiva, e as outras de forma negativa.

A passagem pode ser dividida em três partes:

1 - O confronto entre a caridade e os carismas – (13,1-3).
2 - As características principais e operativas da caridade – 13,4-7.
3 - A perfeição da caridade e sua perenidade – 13,8-13.

Reflitamos:

- Qual é a qualidade do amor que vivemos na comunidade cristã?
- Vivemos o amor cristão, o amor-ágape, o amor generoso, desinteressado e por pura gratuidade?

Concluindo: O amor é o “motor” de nossa missão, o amor-ágape: Cristo que ama em nós. Somos vocacionados para o amor, para a profecia, sob a ação do Espírito Santo.

Se inflamados por este amor, continuaremos nosso caminho vivendo a vocação profética, sendo no mundo luz, da terra o sal, sem jamais perder o sabor.

As perigosas tentações na vida cristã

                                                          


As perigosas tentações na vida cristã

 

Na Santa Missa do Crisma, de 06 de abril de 2023, o Papa Francisco, na homilia, refletiu sobre o Ministério Presbiteral, partindo do versículo do Evangelho de Lucas (Lc 4,18) – “O Espírito do Senhor está sobre mim”, anunciado na passagem de Isaías (Is 61,1).

Apresentou três perigosas tentações, que podem se fazer na vida de todo presbítero:

“Três perigosas tentações: a da acomodação, em que a pessoa se contenta com o que pode fazer; a da substituição, em que se tenta «recarregar» o espírito com algo diferente da nossa unção; a do desânimo – a mais comum –, em que, insatisfeitos, se avança por inércia.”

Acomodação, substituição e desânimo. Quem destas tentações está imune, Presbítero ou não?

À luz destas três tentações, uma breve reflexão:

Na vida de comunidade, na vivência da fé, todos podemos cair na tentação da “acomodação”, contentando-nos com o que já sabemos, ou com o que fazemos, sem atenção à Palavra do Senhor, que nos convida a lançar as redes em águas mais profundas (cf. Lc 5,1-11).

Acomodar-se às atividades restritas nos espaços internos da comunidade, ou da própria pastoral, sem maiores compromissos com a realidade social em que se encontra inserido.

Acomodar-se e se tornar indiferente, ou até mesmo surdo, aos clamores que brotam das dores de quem padece a fome, o abandono ou qualquer outra forma que vilipendia a existência.

Acomodar-se numa pastoral de manutenção e conservação, sem abertura ao Espírito, que nos acena para a necessária conversão, para maior proximidade, ternura, compromissos solidários e compaixão.

Acomodar-se numa postura eclesial pouco ou nada sinodal, sem a coragem de se pôr a caminho juntos, e enfrentar as dores possíveis de tantas pedras que se possam encontrar no caminho.

Na vida de comunidade, na vivência da fé, todos podemos cair na tentação da “substituição”, com práticas até mesmo de valor duvidoso, e que pouco ou nada possam reverter em mais vida e dignidade para si e para toda a comunidade.

Substituir o essencial pelo acessório, o eterno pelo passageiro, o verdadeiro esplendor pela luz que se apaga.

Substituições que aparentemente preenchem o tempo, mas mergulham aos poucos num vazio sem sentido, até mesmo irreversível.

Na vida de comunidade, na vivência da fé, todos podemos cair na tentação do “desânimo”e com ele, a inércia, o imobilismo, a perda do esplendor da graça do batismo; o não mais exalar do odor do amor, no dia da unção do crisma (no Sacramento da Crisma ou da Ordenação), compromisso um dia assumido; a não mais a santificação de si e do mundo; a não busca do aperfeiçoamento espiritual.

Desânimo, apatia, indiferença, vacilações na fé, esmorecimentos da esperança, e esfriamento da caridade, mais que indesejáveis, com consequências danosas e indizíveis.

Todos temos que lutar contra estas tentações, em todo o tempo, reavivando a chama do primeiro amor (2 Tm 1,6), viver a graça da unção (Lc 4,18).

Ouvir em todo o instante o Senhor, que nos olha com olhar terno e cheio de amor e compaixão:“Vem e segue-me” (Mt 19,21).

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