segunda-feira, 1 de setembro de 2025

Ó Espírito Santo de Deus!

                                                         


Ó Espírito Santo de Deus!

Supliquemos a presença e a ajuda do Espírito
Para os sinais dos tempos sabermos interpretar;
A reconciliação com o próximo realizar
E da corrente do pecado, a liberdade alcançar.

Com o Espírito Santo de Deus
Discernimento e interpretação;
Reconciliação e comunhão;
Vida nova e a alegria da libertação.

PS: Inspirado em Romanos 7,18-25. 

A sagrada missão de Proclamar a Palavra

                                                               

A sagrada missão de Proclamar a Palavra

No mês de setembro, a Igreja dedica de modo especial à Sagrada Escritura, e renovemos a partir do Livro do Deuteronômio, a alegria, o zelo e o ardor na proclamação da Palavra Sagrada, acompanhado do testemunho de nossa fé; por mais difíceis que sejam os momentos por que passamos, considerando o cenário nacional, marcado pela crise ética, moral, política, econômica e social, à luz da Sagrada Escrituras, somos desafiados a decifrar o mundo, e a dar razão de nossa esperança contra toda falta de esperança, sobretudo porque cremos no Cristo Ressuscitado, e por Ele fomos enviados.

Neste sentido, as palavras do Bispo Santo Agostinho muito podem nos ajudar: A Sagrada Escritura é para nos ajudar a decifrar o mundo; para nos devolver o olhar da fé e da contemplação, e transformar a realidade numa grande revelação de Deus”.

A Sagrada Escritura é uma luz que nos ajuda a percorrer os caminhos sombrios e obscuros, em meio aos sinais de pecado e morte em que nos encontramos; acompanhada do olhar da fé, em salutar espiritualidade; contemplando a ação e a intervenção de Deus, que conosco caminha.

A Palavra proclamada exige, de quem a proclama e de quem a acolhe, renovados compromissos na transformação da realidade, participando da construção de um mundo mais justo, fraterno e solidário, assistidos pela presença do Espírito Santo que nos foi enviado.

A Palavra irradia luz, fermenta um novo céu e uma nova terra, e devolve o gosto e o sentido da vida, com sua sacralidade e dignidade, desde a concepção ao declínio natural; e não permite que vacilemos na fé, esmoreçamos na esperança e esfriemos na caridade.

Também nos alimenta e nos fortalece, para que sejamos pacientes na tribulação, resistentes na tentação de desanimar e em nada mais acreditar, e assim, tomarmos e carregarmos com fidelidade nossa cruz com uma fé verdadeiramente Pascal.

No exercício do Ministério Episcopal, tenho experimentado a graça de, como Apóstolo do Senhor, proclamar Sua Palavra, que devolve de fato o olhar da esperança de nossas comunidades, que também sentem, no dia a dia, dificuldades e provações, mas acolhendo a Palavra com fé, vejo nelas inflamada a chama da fé, da esperança e da caridade.

Multipliquemos espaços de leitura, meditação, oração e contemplação da Palavra divina, para que ela seja sempre o pão, que sacia a nossa fome de justiça e nos alimenta, para que nunca nos refugiemos ou recuemos em sagrados compromissos com a Boa-Nova do Reino de Deus.

PS: ano de 2020

O Espírito Santo nos conduz na missão

                            

O Espírito Santo nos conduz na missão

Reflexão à luz da passagem do Evangelho de Lucas (Lc 4,16-30), oportuna para refletirmos sobre a missão de Jesus, uma missão divina, libertadora, inauguradora de um novo tempo, de uma nova realidade.

Com Ele, o Ano da graça é instaurado, a alegria, a paz, a vida em plenitude nos é alcançada por Sua presença e ação em nosso meio, pois Ele age sendo a própria presença da Palavra de Deus com a unção do Espírito Santo.

A missão de Jesus é a missão da Igreja, que ungida pelo Espírito Santo, alimenta-se e encarna a Palavra de Deus na vida.

Reflitamos:

- Quais as realidades que nos desafiam?
- De que modo comunicamos a Boa-Nova de Jesus?

- Sentimo-nos como um corpo em comunhão de carismas, diferentes ministérios empenhados em prol da vida e na edificação da comunidade?

- Quanto mais formos unidos, maior será a eficácia da Evangelização. Sendo assim, como vivemos a solidariedade, a responsabilidade e a coparticipação em nossa comunidade?

- Como acolhemos a Palavra de Deus? O que ela provoca em cada um de nós? Ela nos alegra, ilumina, alimenta?
- Esvaziamos a eficácia da Palavra de Deus, ouvindo-a sem praticá-la?      

- Cremos que o anúncio não é apenas para o outro que está ao nosso lado?

Renovemos nossas motivações, para que sejamos autênticos discípulos missionários do Senhor, seguindo-O, decidida e apaixonadamente, pois somente Ele tem palavras de vida eterna, como bem disse o Apóstolo Pedro (Jo 6,68).

Oremos:

“Deus eterno e todo-poderoso, dirigi a nossa vida segundo o Vosso Amor, para que possamos, em nome do Vosso Filho, frutificar em boas obras. Por N. S. J. C. Amém.”

Rezando com os Salmos - Sl 76 (77)

 


Inabalável e incondicional confiança no Senhor

 “–1 Ao maestro do coro. Segundo a melodia ‘Iditun’.
Salmo de Asaf. 

–2 Quero clamar ao Senhor Deus em alta voz,
em alta voz eu clamo a Deus: que Ele me ouça!
=3 No meu dia de aflição busco o Senhor;
sem me cansar ergo, de noite, as minhas mãos,
e minh'alma não se deixa consolar.

–4 Quando me lembro do Senhor, solto gemidos,
e, ao recordá-Lo, minha alma desfalece.
–5 Não me deixastes, ó meu Deus, fechar os olhos,
e, perturbado, já nem posso mais falar!

–6 Eu reflito sobre os tempos de outrora,
e dos anos que passaram me recordo;
–7 meu coração fica a pensar durante a noite,
e de tanto meditar, eu me pergunto:

–8 Será que Deus vai rejeitar-nos para sempre?
E nunca mais nos há de dar o seu favor?
–9 Por acaso, Seu amor foi esgotado?
Sua promessa, afinal, terá falhado?

–10 Será que Deus se esqueceu de ter piedade?
Será que a ira Lhe fechou o coração?
–11 Eu confesso que é esta a minha dor:
‘A mão de Deus não é a mesma: está mudada’

–12 Mas, recordando os grandes feitos do passado,
Vossos prodígios eu relembro, ó Senhor;
–13 eu medito sobre as Vossas maravilhas
e sobre as obras grandiosas que fizestes.

–14 São santos, ó Senhor, Vossos caminhos!
Haverá deus que se compare ao nosso Deus?
–15 Sois o Deus que operastes maravilhas,
Vosso poder manifestastes entre os povos.
–16 Com Vosso braço redimistes vosso povo,
os filhos de Jacó e de José.

–17 Quando as águas, ó Senhor, Vos avistaram,
elas tremeram e os abismos se agitaram
=18 e as nuvens derramaram suas águas,
a tempestade fez ouvir a Sua voz,
por todo lado se espalharam Vossas flechas.

=19 Ribombou a vossa voz entre trovões,
Vossos raios toda a terra iluminaram,
a terra inteira estremeceu e se abalou.

=20 Abriu-se em pleno mar Vosso caminho
e a Vossa estrada, pelas águas mais profundas;
mas ninguém viu os sinais dos Vossos passos.
–21 Como um rebanho conduzistes Vosso povo
e o guiastes por Moisés e Aarão.”
 

Com o Salmo 76(77), o salmista lembra as maravilhas do Senhor:

“Confrontando a dolorosa situação presente com o passado glorioso do povo, o salmista reza, e certo de que Deus renovará os prodígios do seu amor (v.11ss), reencontra a esperança no Pastor de Israel (v. 21).”  (1)

O Apóstolo Paulo também nos exorta a manter firme confiança no Senhor em todos os momentos, sobretudo nos mais adversos:

“Em tudo somos atribulados, mas não abatidos; postos em apuros, mas não desesperançados; perseguidos, mas não desamparados; derrubados, mas não aniquilados; por toda a parte e sempre levamos em nosso corpo a morte de Jesus, para que também a vida de Jesus se manifeste em nosso corpo.” (cf. 2Cor 4,8-10).


Oremos:

Ó Deus, renovai e fortalecei nossa confiança em Vós, a fim de que tenhamos resistência na tentação, paciência na tribulação e sentimentos de gratidão na prosperidade. Por N. S. J.C. Amém.



(1) Comentário da Bíblia Edições CNBB – pág. 790

Dai-nos, Senhor, um “olhar de pomba”

                                                           


Dai-nos,  Senhor, um “olhar de pomba”

Retomemos um parágrafo da Exortação Verbum Domini, sobre a importância do Espírito Santo na vida da Igreja e no coração dos fiéis, na compreensão da Sagrada Escritura.

“Conscientes deste horizonte pneumatológico, os padres sinodais quiseram lembrar a importância da ação do Espírito Santo na vida da Igreja e no coração dos fiéis relativamente à Sagrada Escritura: sem a ação eficaz do «Espírito da Verdade» (Jo 14, 16), não se podem compreender as palavras do Senhor.

Como recorda ainda Santo Irineu: «Aqueles que não participam do Espírito não recebem do peito da sua mãe [a Igreja] o alimento da vida; nada recebem da fonte mais pura que brota do corpo de Cristo». 

Tal como a Palavra de Deus vem até nós no corpo de Cristo, no corpo eucarístico e no corpo das Escrituras por meio do Espírito Santo, assim também só pode ser acolhida e compreendida verdadeiramente graças ao mesmo Espírito.

Os grandes escritores da Tradição cristã são unânimes ao considerar o papel do Espírito Santo na relação que os fiéis devem ter com as Escrituras.

São João Crisóstomo afirma que a Escritura «tem necessidade da revelação do Espírito, a fim de que, descobrindo o verdadeiro sentido das coisas que nela se encerram, disso mesmo tiremos abundante proveito». 

Também São Jerônimo está firmemente convencido de que «não podemos chegar a compreender a Escritura sem a ajuda do Espírito Santo que a inspirou». 

Depois, São Gregório Magno sublinha, de modo sugestivo, a obra do mesmo Espírito na formação e na interpretação da Bíblia: «Ele mesmo criou as Palavras dos Testamentos Sagrados, Ele mesmo as desvendou».

Ricardo de São Víctor recorda que são necessários «olhos de pomba», iluminados e instruídos pelo Espírito, para compreender o texto sagrado.

Desejaria ainda sublinhar como é significativo o testemunho a respeito da relação entre o Espírito Santo e a Escritura que encontramos nos textos litúrgicos, onde a Palavra de Deus é proclamada, escutada e explicada aos fiéis. É o caso de antigas orações que, em forma de epiclese, invocam o Espírito antes da proclamação das leituras: «Mandai o Vosso Espírito Santo Paráclito às nossas almas e fazei-nos compreender as Escrituras por Ele inspiradas; e concedei-me interpretá-las de maneira digna, para que os fiéis aqui reunidos delas tirem proveito».

De igual modo, encontramos orações que, no fim da homilia, novamente invocam de Deus o dom do Espírito sobre os fiéis: «Deus salvador (…), nós Vos pedimos por este povo: Mandai sobre ele o Espírito Santo; o Senhor Jesus venha visitá-lo, fale à mente de todos e abra os corações à fé e conduza para Vós as nossas almas, Deus das Misericórdias». Por tudo isto, bem podemos compreender que não é possível alcançar o sentido da Palavra, se não se acolhe a ação do Paráclito na Igreja e nos corações dos fiéis.”(1)

Fundamental que invoquemos o Espírito Santo para melhor compreensão da Sagrada Escritura, e colocá-la em prática:

“Vinde Espírito Santo”
“Vinde Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis
 e acendei neles o fogo do Vosso Amor.
Enviai o Vosso Espírito e tudo será criado
e renovareis a face da terra.


Oremos:
Ó Deus que instruíste os corações dos vossos fiéis,
com a luz do Espírito Santo,
fazei que apreciemos retamente todas as coisas
segundo o mesmo Espírito
e gozemos da sua consolação.
Por Cristo Senhor Nosso. Amém”
 

 

(1) Exortação Apostólica Pós-Sinodal Verbum Domini – Papa Bento XVI – 2010 – parágrafo 16

Confesso...

                                                                

Confesso...
“Confessai, pois, uns aos
outros os vossos pecados” (Tg 5,16)

Quando fico sozinho com meu mal, fico totalmente só, apesar da devoção e oração comum, apesar de toda comunhão no servir.

É possível que eu não sinta romper aquela última barreira que nos separa da comunhão, porque vivemos juntos como pessoas crentes e piedosas, e não como pessoas descrentes e pecadoras.

A comunhão piedosa não permite que eu me sinta pecador, por isto preciso esconder o pecado de mim mesmo e da comunidade.

É inimaginável o pavor que sentiria, como cristão piedoso, se visse aparecer de repente um pecador de verdade diante de mim. Contento-me em ficar sozinho com meu pecado, na mentira, na hipocrisia.

Tenho dificuldade de compreender a Sagrada Escritura quando diz: “Tu és pecador, um grande pecador incurável; e agora, como pecador que tu és, chega-te a teu Deus que te ama. Ele te quer tal como és. Não quer nada de ti, nem sacrifício nem obra. Ele quer a ti somente. ‘Meu filho, dá-me o teu coração” (Pv 23,26).

Mas Deus veio a mim para me salvar, porque pecador sou. Diante de Deus não posso me ocultar. Diante d’Ele, nada vale a máscara que uso perante as pessoas.

Deus quer ver-me assim como sou, quer ser misericordioso comigo. Já não tenho necessidade de mentir para mim mesmo nem para o irmão, como se não tivesse pecado: sou pecador e agradeço a Deus por isso, pois Ele ama o pecador, mas odeia o pecado.

Cristo tornou-se nosso irmão na carne, para que crêssemos n’Ele. N’Ele veio o amor de Deus ao pecador: a miséria do pecador e a misericórdia de Deus – eis a verdade do Evangelho de Jesus Cristo.

Por esta razão autorizou os seus a ouvir a confissão dos pecados e a perdoá-los em Seu nome: “Aqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados; aqueles aos quais retiverdes ser-lhes-ão retidos” (Jo 20,23).

O irmão-ministro que perdoa está no lugar de Cristo e perante ele já não preciso fingir. Perante ele, e mais ninguém no mundo, posso ser o pecador que sou, pois neste momento reina, de modo sublime, a verdade de Jesus e Sua misericórdia.

Cristo tornou-se nosso irmão para nos ajudar; e agora o irmão se tornou um Cristo, age “in persona Christi”, no poder de sua missão.
O irmão está diante de mim como o sinal da verdade e da graça de Deus: ajuda-me, ouve minha confissão em lugar de Cristo e em lugar d’Ele me perdoa; guarda o segredo de confissão tão bem como Deus o guarda. Assim, quando me confesso ao irmão, confesso-me a Deus.

Na confissão que faço acontecem irrompimentos:

a) o irrompimento (reconstrução, resgate, restauração) da comunhão: o pecado queria ficar a sós comigo para me afastar da comunhão, pois quanto mais solitário a pessoa o for, mais destruidor será o poder do pecado em sua vida, e quanto mais profundo o envolvimento com o pecado, mais desesperadora se torna a solidão. Assim é o pecado, faz questão de permanecer no anonimato, por isto teme a luz. Na confissão, à luz do Evangelho, sinto irromper nas trevas e no fechamento do coração. Todas as coisas ocultas que tinha, agora ficam manifestas. O pecado uma vez expresso e confessado, já não tem poder, pois foi manifesto como pecado e julgado como tal, e já não tem o poder de dilacerar a comunhão. Sinto que o mal foi tirado e agora me encontro na comunhão dos pecadores que vivem na graça de Deus, e sinto que reencontrei a comunhão justamente na confissão.

b) o irrompimento para a cruz (abertura, aceitação): sendo a soberba a raiz de todo pecado, quero viver para mim mesmo, tendo direito a mim mesmo, a meu ódio e minha cobiça, minha vida e minha morte. A confissão a um irmão é a mais profunda humilhação, pois machuca, torna-me pequeno, abate a soberba horrivelmente. Por esta humilhação ser tão amarga, creio que posso evitar a confissão diante do irmão.

Mas foi o próprio Jesus Cristo que sofreu publicamente em nosso lugar a morte vergonhosa do pecador. Não Se envergonhou de ser crucificado como malfeitor. E nesta Cruz temos a destruição de toda soberba; na confissão sinto irromper a autêntica comunhão da Cruz de Jesus Cristo e nela aceito a minha cruz.

Experimento na confissão a Cruz de Cristo como salvação e bem-aventurança. Morre em mim o homem velho, tenho parte na Ressurreição de Cristo e na vida eterna.

c) o irrompimento (inauguração) para a nova vida“Passaram-se as coisas antigas; eis que se fez uma realidade nova” (2 Cor 5,17). Pela confissão sinto que Cristo fez um novo começo. Ao confessar entrego tudo para seguir o Senhor como fizeram os primeiros discípulos. A partir deste momento alcanço vitória sobre vitória, e na confissão, renova-se o que aconteceu no dia do Batismo: fui salvo das trevas para o Reino de Jesus Cristo. Sinto-me envolvido por uma mensagem de imensa alegria. Sinto que a confissão é a renovação da alegria batismal –“De tarde vem o pranto nos visitar, de manhã gritos de alegria vem nos saudar” (Sl 30,6).

d) o irrompimento (abertura) para a certeza: Muitas vezes me parece mais fácil confessar perante Deus do que diante de um irmão; é que Deus é santo e sem pecado e o irmão pecador como eu, conhece tanto quanto eu a noite do pecado secreto por experiência própria. Muitas vezes vivo na auto-absolvição e não na real absolvição dos pecados; a primeira não leva o rompimento com o pecado. Na presença do irmão, o pecado deve vir à luz. Deste modo a confissão dos pecados ao irmão é graça. Quando ouço o irmão dizer “Eu te absolvo”, sinto que a confissão foi feita e pela absolvição dada pelo Senhor tenho a certeza do perdão divino.

Concluindo: numa confissão bem feita sinto a oferta da graça, da ajuda divina a mim que sou um pecador. Sinto que a confissão é um ato em nome de Cristo, completo em si mesmo, sendo praticado na comunidade, sempre que exista sincero desejo.

Reconciliado com Deus e com as pessoas, quero receber o Corpo e o Sangue de Jesus Cristo, lembrando as Palavras do Senhor, segundo as quais não posso me apresentar diante do Altar se o coração não estiver reconciliado com o irmão. Esta ordem se aplica a cada culto, a cada oração e muito mais para a autêntica participação da Santa Ceia do Senhor.

Para participar da Ceia do Senhor devo afastar de mim toda ira, discórdia, inveja, conversa maliciosa e atitudes desleais, uma vez que, a Celebração da Eucaristia é festa para a comunidade cristã da qual faço parte.

Reconciliada no coração com Deus e com os irmãos, a comunidade recebe a dádiva do Corpo e Sangue de Jesus Cristo, e nela, o perdão, a nova vida e a Bem-Aventurança, expressão da comunhão cristã. Por ora, unidos no Corpo e Sangue na Mesa do Senhor.

  
PS: Livre Adaptação do Texto “Vida em Comunhão” (D. Bonhoeffer). 

Vivamos a caridade, a plenitude da Lei! (1)

                                         

Vivenciamos a caridade, a plenitude da Lei!

Para o Apóstolo Paulo, a morte não teve sua última palavra. O Amor que nos amou até o fim venceu. A vida venceu a morte, a fim de que a humanidade nunca mais fique mergulhada na escuridão.

O abismo da morte recebeu a visita do Redentor, para que fizesse triunfar a Sua missão.

Celebra-se o mais belo triunfo: a vitória do amor. A partir da Páscoa, a Lei se condensa no amor; no amor aprendido com o Amor: Jesus.

Ele que fez dom de Si mesmo, num amor incondicional até o extremo: Amor misericordioso, vivido intensamente na fidelidade ao Pai, sob a ação do Espírito na defesa e promoção da vida, portadora da sacralidade divina.

Paulo nos exorta a “Viver a Caridade, que é a plenitude da Lei”, a plenitude do Amor (Rm 13,8-10). Quem ama cumpre plenamente a Lei.

O próprio Jesus nos disse: “ninguém tem amor maior do que Aquele que dá a vida pelos Seus amigos”  (Jo 15,13).

Quanto mais progredirmos no amor de Deus, mais humanos nos tornaremos. O caminho da humanização passa pela prática do amor, concretizada no Amor a Deus e no amor ao próximo.

Santo Irineu disse: “Deus Se fez humano para que nos tornássemos divinos…”

E, como disse Santo Agostinho: “Ame e faça o que quiseres”.

A Cruz teve aparência de derrota, na perspectiva da fé é vitória. Jesus morrendo, matou em Si a morte e, nós, por Sua morte somos libertados da morte.

Assumir a cruz de cada dia é contemplar e testemunhar o Amor da Trindade ali presente: Um Deus (Pai) que é eterno Amante, fiel ao eterno Amado (Jesus) em comunhão com o eterno Amor (Espírito Santo), como também nos falou Santo Agostinho.

Somente trilhando O Caminho, acolhendo A Verdade, teremos A Vida; vida plena e abundante, nutrida e movida pela caridade, que consiste na expressão madura da liberdade.

Verdade, caridade e liberdade devem nos acompanhar em todo tempo, para que a alegria da Ressurreição celebrada no Altar possa o mundo contagiar. Eis a Boa Nova a anunciar, testemunhar:  “Naqueles dias, Jesus foi à montanha para orar e passou a noite inteira em Oração a Deus. Depois que amanheceu, chamou os discípulos e dentre eles escolheu doze, aos quais deu o nome de Apóstolos” (Lc 6,12-13).

O Verbo, na montanha, passou a noite inteira em Oração…
Ao amanhecer chama os Seus…

Contemplemos esta noite memorável.

Reflitamos:

-  Quais teriam sido as Palavras do Filho dirigidas ao Pai?
-  Quais teriam sido as Palavras do Pai dirigidas ao Filho?

Lá estava também O Espírito, como elo de Amor, comunicação do Pai e do Filho.

Montanha, lugar da manifestação do Deus, que é diálogo, discernimento, intimidade, recolhimento…

Montanha, lugar da comunicação, da abertura, da proximidade, Palavra de Luz para todo momento.

Planície, lugar aonde Jesus e os Seus escolhidos desceram, para levar a Palavra, cura, libertação, paz, vida nova e alegria; sinais do Reino que se anuncia, que a tudo se renuncia, no fiel seguimento, inaugurando novo dia…

Planície, lugar aonde Jesus e os Seus escolhidos desceram, para proclamar ao mundo o Projeto das Bem-Aventuranças, Caminho da plena felicidade, que se contrapõe aos planos de uma velha humanidade…

Na Escola do grande Mestre, temos muito a aprender com aqueles que fizeram da Oração o Alimento indispensável da existência, lâmpada para a escuridão da noite, Estrela que se vislumbra em cada amanhecer até o escurecer.

Aprendamos com aqueles que descobriram a vitalidade da Oração, não como evasão do tempo presente, mas como inserção no mesmo.

Que o amor aprendido com o Amor, que nos amou até o fim, Jesus, possamos viver.

Ao Amor que se renova na Fonte do Amor, renovemos o nosso testemunho mais intenso, ardoroso e com vigor!

Jesus, o Amor que cura, salva e liberta. Amor que se vivido, é verdadeiramente o cumprimento alegre e rejuvenescedor de toda Lei, porque se nutre da Fonte do Amor que Se nos revela em todo o Seu esplendor. Amém! 

Quem sou eu

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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG