domingo, 1 de junho de 2025

Ascensão: Jesus caminha conosco! (Ascensão do Senhor - Homilia Ano B)

                                                                       

Ascensão: Jesus caminha conosco!

 “Foi elevado ao Céu e sentou-Se
à direita de Deus” (Mc 16,19)

A Solenidade da Ascensão aponta para o fim último de todos nós, a comunhão com Deus, o Céu. 

As Leituras proclamadas nos convidam à superação da passividade alienante. É preciso ir para o meio do mundo, como sal, luz e fermento. Levar a humanidade a viver a comunhão querida por Deus, a fim de que todos sejamos um em Cristo Jesus.

Deste modo, é preciso assumir com coragem, no tempo presente, a missão por Deus a nós confiada: anunciar o Evangelho a todos os povos, empenhados decididamente no Projeto de Salvação Divina.

À Igreja portadora da plenitude de Cristo nada falta para cumprir esta missão. A ida de Jesus para o Céu, não é a afirmação de Sua partida e ausência, mas é a garantia de Sua eterna presença conosco até que Ele venha pela segunda vez, como afirmamos na Missa: “Anunciamos Senhor a Vossa morte e proclamamos a Vossa Ressurreição, vinde Senhor Jesus”.

A passagem da primeira Leitura (At 1,1-11) retrata uma comunidade que vive num contexto de crise, desilusão e frustração. O tempo vai passando e não vê realizar o Projeto Salvador. Quando será enfim realizado?

São Lucas, autor dos Atos dos Apóstolos, escreve em tons de catequese sólida, substancial, para que a comunidade não vacile na fé, não esmoreça na esperança e nem esfrie na caridade. 

A construção do Reino exige empenho contínuo e nisto consiste o papel da comunidade formada por aqueles que creem e se afirmam cristãos.

Lucas escreve a Teófilo (aqueles que são amados por Deus = amigos de Deus) apresentando o Protagonista maior da Evangelização que é o Espírito Santo e conta com a participação e ação dos Apóstolos.

Ele apresenta a Ascensão quarenta dias depois da Ressurreição. Quarenta é um número simbólico, define o tempo necessário para que um discípulo possa aprender e repetir com fidelidade e coragem as lições do Mestre.

Os sinais e palavras nos revelam mensagens maravilhosas:

- A elevação aos céus - trata-se do culminar de uma vida;
- A nuvem - sempre um sinal teofânico (manifestação de Deus);
- Olhar para o céu - acena para a segunda vinda de Cristo, que não devemos esperar de braços cruzados;
- Dois homens vestidos de branco - anunciam o mundo de Deus.

A Festa da Ascensão é, portanto, a urgência de não ficar apenas admirando, mas nos colocarmos constantemente a caminho, com renovados compromissos com o Projeto da Salvação.

Reflitamos:

- Tenho sido fiel à missão que o Senhor me confiou?
- O que gero com o meu testemunho nos diversos âmbitos em que vivo?
- Quais são meus compromissos solidários na transformação do mundo?
- Fico a olhar para o céu ou me comprometo com a transformação em todos os níveis?

A passagem da segunda Leitura (Ef 1,17-23) é uma Carta em que encontramos a síntese da teologia paulina. Paulo fala da comunidade como um corpo. Cristo é a cabeça e a Igreja é o corpo. Nisto consiste o “pleroma”, ou seja, na Igreja reside a plenitude, a totalidade de Cristo.          

A Igreja é a habitação onde Cristo Se torna presente no mundo. Estando Cristo presente neste Corpo, Ele enche o mundo e atrai a Si o universo inteiro, até que Ele “seja tudo em todos” (Ef 1, 23).

A Ressurreição/Ascensão/Glorificação de Jesus é a garantia da nossa própria ressurreição/glorificação, por isto é preciso avançar no caminho superando as dificuldades.

Neste sentido, entendemos a conclusão do Evangelho proclamado (Mc 16,15-20). Possivelmente um acréscimo posterior à redação, escrito com o intuito de afastar todo medo da comunidade, para ajudá-la a superar a sua acomodação, instalação, afastando também toda perspectiva de recuo, desistência na árdua e maravilhosa missão do anúncio da Boa Nova.

Jesus voltando para o Pai, e ficando para sempre no meio dos Seus discípulos, confia a eles a continuidade da missão. 

Deste modo, com a Ascensão podemos afirmar que Jesus cumpriu plenamente a Sua missão e reentrou na comunhão do Pai, e assim dá início a nossa missão.

Ele sentou-Se à direita do Pai para reinar sobre tudo e todos, através da missão dos discípulos.

Que a Solenidade da Ascensão seja a nossa tomada de consciência do quanto Deus em nós confia.

Reflitamos:

- Tenho consciência da universalidade da missão?
- Como discípulo, procuro aprender, assimilar e viver os ensinamentos de Jesus para que a missão tenha crédito e seja uma luz para o mundo?

- A vida dos discípulos não está livre da desilusão, sofrimento, frustração... Mas também está presente uma certeza que alimenta a coragem do que cremos: “Eu estarei convosco até o fim dos tempos”. Tenho viva esta certeza em meu coração?

- No seguimento de Jesus não podemos nos instalar. Ser cristão é ser pessoa do tempo, sem medo de novidades. Estou instalado, acomodado, de braços cruzados, ou fascinado por Cristo e pela missão confiada?

- Procuro a sabedoria e força do Espírito para corresponder à altura?
- Ser cristão é ser alguém que deixou se levar pelo grande sopro do Espírito; é saber que pode contar com Ele na missão.

- Quais são os medos que temos a enfrentar no desempenhar na missão evangelizadora?
- Sentimos a presença do Ressuscitado em nossa missão?

- Temos sentimentos de gratidão pela confiança de Deus em nós depositada para levar adiante a missão?

Celebrar a Solenidade da Ascensão do Senhor é afirmar uma bela verdade de nossa fé.

A Ascensão do Senhor liga-se, necessariamente, à Sua Encarnação, e comunica o seu significado autêntico: O Filho de Deus tornou-Se como nós para nos tornar como Ele.

Mais claramente celebraremos esta presença na Festa de Pentecostes, quando o Espírito Santo nos for derramado, como dom de Amor do Pai, para continuarmos, fiéis na Missão do Cristo, na mais profunda e frutuosa vivência do Amor e da Vida Trinitária.

Como pessoas que creem, deixemos de olhar para o céu, não façamos do cristianismo uma “agência de serviços sociais”, não meçamos esforços para encontrar Cristo, tanto na Palavra como na Eucaristia e nos demais Sacramentos, para que então renovados, revigorados, nos empenhemos apaixonadamente por Cristo na construção do Reino de Deus com a presença e ação do Espírito Santo.

Ascensão: O Senhor subiu aos céus para ficar conosco para sempre (Ascensão do Senhor - Ano A)

Ascensão: O Senhor subiu aos céus para ficar conosco para sempre 


"Eis que Eu estarei convosco todos os dias até o fim do mundo" (Mt 28,20)

A Ascensão de Jesus ao céu é muito mais que uma Festa de Sua partida deste mundo, na verdade trata-se da Festa de Sua permanência na terra, no meio daqueles que n’Ele creem.

Jesus subindo aos céus, e como Senhor de nossa vida, não deixou este nosso universo, como tão bem expressou Santo Agostinho:

Não abandonou o céu quando de lá desceu até nós e nem se afastou de nós quando novamente subiu ao céu. Ele é exaltado acima dos céus: todavia, sofre aqui na terra todos os dissabores que nós, Seus membros, suportamos. Disto deu testemunho gritando: ‘Saulo, Saulo, porque me persegue?’”.

Cristo está presente e comprometido com este mundo com todo seu corpo que é a Igreja, de uma forma nova, que somente a fé é capaz de apreender e perceber.

Enriquece a Igreja com Sua presença na Palavra proclamada, na Eucaristia celebrada, na comunidade reunida em Seu nome, como Ele mesmo dissera antes de partir. –“Eis que Eu estarei convosco todos os dias até o fim do mundo” (Mt 28, 20) - (ano A).

Quando celebramos a Eucaristia a Igreja se torna plenamente visível, através de vários sinais: a assembleia dos fiéis, o sacerdócio, o sacrifício, a Palavra, os sinais Sacramentais.

Realiza-se em cada Eucaristia a verdadeira comunhão de vida da Igreja, enquanto instituída pelo Senhor, e a Igreja oculta que é o próprio Cristo glorioso à direita do Pai e o Espírito que d’Ele procede para santificar os que creem.

Da mesma forma que na manifestação aos discípulos de Emaús Ele é reconhecível no partir do Pão e faz arder seus corações anunciando a Palavra enquanto caminha, realiza-se a unidade da Igreja no Sacramento maior que é a Eucaristia, e nós que cremos somos chamados a viver intensamente e em profundidade esta experiência de unidade, para manifestá-la depois em toda nossa vida e para sermos Suas testemunhas perante o mundo, com renovado ardor e compromisso com o Reino por Jesus inaugurado.

Ao celebramos a Festa da Ascensão, entremos na grande expectativa da vinda do Espírito de Deus, o Paráclito, o Defensor, o Espírito de Verdade, na expressiva e esperada Festa de Pentecostes, quando o Espírito se manifestou a toda a Igreja.

Deste modo, como Igreja, seremos cumulados de todos os dons necessários, para que continuemos a missão de Jesus, que morreu, foi Ressuscitado por Deus, e Se faz presente em nosso meio; caminha conosco e nos acompanha na missão do anúncio e testemunho da Boa Nova do Evangelho.
  

Fonte inspiradora: O Verbo Se Fez Carne - Raniero Cantalamessa - Editora Ave Maria - 2013 - pág. 92.

Missão: graça divina, resposta nossa (Ascensão do Senhor - Ano A)

Missão: graça divina, resposta nossa

 “Ide pelo mundo e ensinai todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo”

A Solenidade da Ascensão aponta para o fim último de todos nós, a comunhão com Deus, o Céu (ano A).

A ida de Jesus para o Céu, não é a afirmação de Sua partida e ausência, mas é a garantia de Sua eterna presença conosco até que Ele venha pela segunda vez, como afirmamos na Missa: “anunciamos Senhor a Vossa morte e proclamamos a Vossa Ressurreição, vinde Senhor Jesus”.

Antes é preciso assumir com coragem, no tempo presente, a missão por Deus a nós confiada: anunciar o Evangelho a todos os povos, empenhados decididamente no Projeto de Salvação Divina, superando a passividade alienante indo para o meio do mundo, como sal, luz e fermento. 

Nada falta à Igreja, portadora da plenitude de Cristo, para cumprir esta missão, portanto renovemos a alegria de crermos que, após um caminho percorrido com amor e doação, desabrocharemos na eternidade, pela comunhão com Deus, assim como foi a vida de Jesus Cristo.

A passagem da primeira Leitura (At 1,1-11) retrata uma comunidade que vive num contexto de crise (anos 80), marcado pela desilusão e frustração. 

O tempo vai passando e não vê realizar o Projeto Salvador. Quando será enfim realizado?

São Lucas, autor dos Atos dos Apóstolos, escreve em tons de catequese sólida, substancial, e se fazia necessário manter-se firme no testemunho do Ressuscitado, sem jamais vacilar na fé, esmorecer na esperança e tão pouco esfriar na caridade.

Lucas escreve a Teófilo (aqueles que são amados por Deus = amigos de Deus) apresentando o Protagonista maior da Evangelização que é o Espírito Santo e conta com a participação e ação dos Apóstolos na construção do Reino que exige empenho contínuo e nisto consiste o papel da comunidade formada por aqueles que creem e se afirmam cristãos.

Jesus depois de ter apresentado ao mundo o Projeto do Reino, entrou na comunhão plena e definitiva do Pai, e este é também o destino daqueles que percorrem o mesmo caminho. Fica com isto, afastada toda possibilidade de passividade alienante, imobilismo estéril.

Ele nos apresenta a Ascensão quarenta dias depois da Ressurreição: quarenta é um número simbólico, define o tempo necessário para que um discípulo possa aprender e repetir com fidelidade e coragem as lições do Mestre.

A descrição da elevação de Jesus ao céu, assim como a nuvem, os discípulos a olhar para o céu, os homens vestidos de branco têm uma mensagem própria: os discípulos, animados pelo Espírito, devem continuar no mundo a história e obra de Jesus, aguardando a Sua segunda vinda definitiva e gloriosa.

A comunidade não pode ficar “olhando para o alto e de braços cruzados”, precisa seguir o caminho que é o próprio Jesus, com olhar para o futuro, renovando cotidianamente os compromissos com o Projeto de Salvação que Deus tem para a humanidade.

Deste modo, a Ressurreição e a Ascensão de Jesus, nos garantem uma vida vivida na fidelidade ao Projeto do Pai: “Uma vida destinada à glorificação, à comunhão definitiva com Deus. Quem percorre o mesmo ‘caminho’ de Jesus subirá, com Ele, à vida plena”. (1)

Os sinais e palavras tem mensagens próprias: 

- A elevação aos céus - trata-se do culminar de uma vida;
- A nuvem - sempre um sinal teofânico (manifestação de Deus);
- Olhar para o céu - acena para a segunda vinda de Cristo, que não devemos esperar de braços cruzados;
- Dois homens vestidos de branco - anunciam o mundo de Deus.

Reflitamos:

- Tenho sido fiel à missão que o Senhor me confiou?
- O que gero com o meu testemunho nos diversos âmbitos em que vivo?
- Quais são meus compromissos solidários na transformação do mundo?
- Fico a olhar para o céu ou me comprometo com a transformação em todos os níveis?

A passagem da segunda Leitura (Ef 1,17-23) nos apresenta a síntese da teologia paulina, e o Apóstolo Paulo fala da comunidade como um corpo. Cristo é a cabeça e a Igreja é o corpo.

Trata-se de uma mensagem de confiança e esperança, em que a comunidade é exortada a pôr-se a caminho, numa comunhão sólida, formando um só Corpo, que é a Igreja, cuja cabeça é o próprio Cristo.

A comunidade cristã é um corpo – “o Corpo de Cristo” – formado por muitos membros, e que Paulo já havia dito em outras Cartas, mas agora escreve da prisão, e faz parte das “cartas do cativeiro

Cristo sendo cabeça e a comunidade um corpo, juntos forma-se uma comunidade indissolúvel, da qual Cristo está no centro, e nada falta a Igreja para levar a diante a missão por Ele confiada:

“Dizer que a Igreja é a 'plenitude' ('pleeroma') de Cristo significa dizer que nela reside a ‘plenitude’, a ‘totalidade’ de Cristo.

Ela é o receptáculo, a habitação, onde Cristo Se torna presente no mundo; é através desse 'corpo' onde reside que Cristo continua todos os dias a realizar o Seu Projeto de salvação em favor dos homens. Presente nesse ‘corpo’, Cristo enche o mundo e atrai a Si o universo inteiro, até que o próprio Cristo ‘seja tudo em todos’ (vers. 23)”. (2)

A Igreja é, portanto, a habitação onde Cristo Se torna presente no mundo, em quem Cristo está presente neste Corpo, Ele enche o mundo e atrai a Si o universo inteiro, até que Ele “seja tudo em todos” (Ef 1, 23).

A Ressurreição/Ascensão/Glorificação de Jesus garantem a nossa própria ressurreição/glorificação, por isto é preciso avançar no caminho superando as dificuldades.

Na passagem do Evangelho (Mt 28,16-20), encontramos a descrição do encontro final de Jesus com Seus discípulos no monte da Galileia. 

Jesus voltando para o Pai, e ficando para sempre no meio dos Seus discípulos, confia a eles a continuidade da missão. 

Além de reconhecer Jesus como Senhor, a comunidade recebe d’Ele a missão de continuar o Seu Projeto de Libertação da humanidade, no testemunho do Reino por Ele inaugurado.

Deste modo, com a Ascensão, podemos afirmar que Jesus cumpriu plenamente a Sua missão e reentrou na comunhão do Pai, e assim dá início a nossa missão, sentando-Se à direita do Pai para reinar sobre tudo e todos, através da missão dos discípulos.

O Evangelista Mateus, por três momentos significativos, nos fala da montanha:

- A tentação de se atirar do alto monte (Mt 4,8);
- No Monte Tabor, com a Transfiguração (Mt 17,1)
- E finalmente na Sua Ascensão. No Antigo Testamento, de modo especial, monte é sempre o lugar onde Deus se revela às pessoas (Moisés, Elias etc.).

E ainda mais, foi na Galileia que Jesus viveu quase toda a Sua vida; foi onde começou a anunciar o Evangelho do Reino (Mt 4,12-22). É também lá que se recomeça a missão. Onde tudo começou, foi onde tudo recomeçou...

Viver a Boa-Nova anunciada, em confronto com o mundo, pode gerar desilusão, sofrimento e frustração. Mas é exatamente aqui que o discípulo deve dar razão da esperança que possui, testemunho de n’Aquele em quem confia, Jesus, com a força e ação do Espírito Santo Paráclito, o Defensor, o Espírito da Verdade que estará conosco até o fim dos tempos.

Esta certeza alimenta a nossa coragem para que testemunhemos o que acreditamos e professamos; o que nos move e nos direciona rumo ao encontro definitivo com Deus, na mais perfeita e plena comunhão de amor, empenhados, por ora, na construção do Reino de amor, vida, alegria, luz e paz.

Portanto, Celebrar a Ascensão de Jesus é:

- Tomar consciência da missão que foi confiada aos discípulos e sentir-se responsável pela presença do “Reino” na vida dos homens;

- Tomar consciência também de que, como Igreja, comunidade dos discípulos de Jesus, somos a presença libertadora e salvadora de Jesus no meio dos homens;

- tomar consciência do quanto Deus em nós confia;

- Rever como procuramos testemunhar o Reino de Deus em todos os âmbitos da vida;

- Assumir a missão que Jesus confiou aos discípulos, uma missão universal: as fronteiras, as raças, a diversidade de culturas, não podem ser obstáculos para a presença de Sua Proposta libertadora no mundo;

- É a Festa do Envio, da continuidade da missão que Jesus nos confia –“Ide pelo mundo e ensinai todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo”;

- É a urgência de não ficarmos apenas admirando, mas nos colocarmos constantemente a caminho, com renovados compromissos com o Projeto da Salvação;

- É viver o Batismo, inseridos na mais perfeita comunidade de comunhão e amor, a comunidade Trinitária: Pai, filho e Espírito Santo.

Reflitamos:

- Tenho consciência da universalidade da missão?
- Como discípulo, procuro aprender, assimilar e viver os ensinamentos de Jesus para que a missão tenha crédito e seja uma luz para o mundo?

- A vida dos discípulos não está livre da desilusão, sofrimento, frustração... Mas também está presente uma certeza que alimenta a coragem do que cremos: “Eu estarei convosco até o fim dos tempos”. Tenho esta certeza em meu coração?

- No seguimento de Jesus não podemos nos instalar. Ser cristão é ser pessoa do tempo, sem medo de novidades. Estou instalado, acomodado, de braços cruzados, ou fascinado por Cristo e pela missão a nós confiada?

- Procuro a sabedoria e força do Espírito para corresponder à altura?
- Ser cristão é ser alguém que deixou se levar pelo grande sopro do Espírito; é saber que pode contar com Ele na missão.

- Quais são os medos que temos a enfrentar no desempenhar na missão evangelizadora?
- Sentimos a presença do Ressuscitado em nossa missão?

- Temos sentimentos de gratidão pela confiança de Deus em nós depositada para levar adiante a missão?

Urge levar a humanidade a viver a comunhão querida por Deus, a fim de que todos sejamos um em Cristo Jesus, de modo que celebrar a Solenidade da Ascensão do Senhor é afirmar uma bela verdade de nossa fé, pois a Ascensão do Senhor liga-se necessariamente à Sua Encarnação, e comunica o seu significado autêntico: O Filho de Deus tornou-Se como nós para nos tornar como Ele.

Exultemos de alegria por sermos continuadores da missão que Ele realizou, e a nós confiou, enviando-nos do Pai o Espírito Santo de Deus, o Paráclito, fato que celebraremos com a Festa de Pentecostes. De fato, o Espírito Santo é derramado, como dom de Amor do Pai, para continuarmos, fiéis na Missão do Cristo, na mais profunda e frutuosa vivência do Amor e da Vida Trinitária.

Como pessoas que creem, deixemos de olhar para o céu, não façamos do cristianismo uma “agência de serviços sociais”, não meçamos esforços para encontrar Cristo, tanto na Palavra como na Eucaristia e nos demais Sacramentos, para que então renovados, revigorados, nos empenhemos apaixonadamente por Cristo na construção do Reino de Deus.


A Ascensão do Senhor já é nossa vitória (Ascensão do Senhor - Ano A)


A Ascensão do Senhor já é nossa vitória

 

“"Eis que eu Eu estarei convosco 

todos os dias até o fim do mundo" (Mt 28,20)

 

Quando celebramos a Ascensão do Senhor, quarenta dias após a Páscoa do Senhor (tempo da purificação, preparação e transição), transborda de alegria nosso coração: 

- purificação: era necessário que o Ressuscitado afastasse todo o medo, apatia diante do aparente fracasso da Sua morte na Cruz, como vimos ao longo de todo este Tempo da Páscoa, nas Leituras proclamadas;

- preparação: capacitação para a missão com a comunicação da Paz, o sopro do Espírito Santo; e as Suas necessárias mensagens quando de Sua aparição aos apóstolos;

- transição: Ele parte, e confia aos Apóstolos a Sua Missão. 

Com este tempo vivido, aumentou nossa fé, para que não sejamos vacilantes; foi reerguida nossa esperança, para que jamais esmoreçamos nos sagrados compromissos com o Reino; e foi derramado o amor de Deus em nossos corações, de modo que inflamado jamais esfrie ou apague em nós a chama da caridade. 

Com a Ascensão, céus e terra se tocam:

- temos o nosso envio apaixonante pelo Senhor, para que continuemos a Sua Missão;

- Ele sobe ao céu para que o céu venha à terra, e somente pode subir ao céu, porque, em fidelidade incondicional ao plano da nossa redenção, desceu às profundezas da terra, como rezamos no Credo – “subiu aos céus... desceu à mansão dos mortos...”; 

 

Com a Ascensão, a ausência do Senhor, na verdade, se faz uma eterna presença, como expressou o teólogo Michel Deneken: “A Ascensão é uma maneira de morrer aos olhos e de nascer ao coração”.

 

Oportunas as palavras do Bispo e Doutor Santo Agostinho (séc. V), sobre a Ascensão do Senhor ao céu: 

Não abandonou o céu quando de lá desceu até nós e nem se afastou de nós quando novamente subiu ao céu”. 

Alegremo-nos, pois continuamos a missão do Senhor, através de nossa ação evangelizadora, e contemplamos os sinais quando:

- expulsamos os demônios, combatendo o poder do mal que rouba a beleza da vida;

- multiplicamos compromissos que reintegram as pessoas na sociedade com políticas públicas na educação, saúde, cultura. trabalho, salário e moradia digna;

- falamos novas línguas do amor, da verdade, fraternidade, união, solidariedade, cooperação, partilha, diálogo e perdão, derrubando muros e construindo pontes, como vimos na Campanha da Fraternidade Ecumênica de 2021, e não propagamos a linguagem do ódio, vingança, mentira (Fake News);

- comunicamos ao mundo a cura contra toda forma de veneno, que possa nos fragilizar e roubar a alegria e beleza do viver, alimentados pela  Palavra do Senhor que nos liberta (Jo 8,32); e alimentados pelo Pão de Imortalidade, antídoto para não morrer, a Santa Eucaristia;

- somos instrumento da cura tanto física como espiritual, desejadas e necessárias, sobretudo dos mais vulneráveis, carentes do essencial para viver, com ações que expressam acolhida, amor e ternura, e a certeza de que ninguém nunca está sozinho. 

Oremos: 

“Ó Deus todo-poderoso, a Ascensão do Vosso Filho já é nossa vitória. Fazei-nos exultar de alegria e fervorosa ação de graças, pois, membros de Seu corpo, somos chamados na esperança a participar da Sua glória. Por nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.”

 

 

Ascender para acender (Ascensão do Senhor - Ano A)

Ascender para acender

Na Festa da Ascensão do Senhor aos céus (ano A), temos na proclamação da Palavra de Deus: At 1,1 -11; Sl 46; Ef 4,1-13; Mt 28, 16-20.

Tendo Jesus passado pela morte de Cruz, com seu corpo cuidadosamente colocado no túmulo e guardado por soldados; tendo Ele descido à mansão dos mortos para libertar os que jaziam cativos, cremos que Ele foi por Deus Ressuscitado, glorificado, exaltado ao mais alto dos céus, onde Se encontra à direita de Deus para julgar os vivos e os mortos.

Elevado aos céus, exaltado, glorificado por Deus, sobrelevado, agora no supremo e eterno Trono Glorioso, teve que suportar, por amor extremo por nós, o trono indesejável da Cruz.

Cremos que Jesus ascendeu aos céus para acender no coração dos que haveriam de anunciá-Lo por toda parte, até o fim do mundo e dos tempos, o fogo que jamais se apaga, o Fogo do Amor, o Fogo do Espírito, enviado no dia de Pentecostes.

Jesus ascendeu para acender... Muito mais que parônimos (palavras parecidas), trazem em si algo que nos leva, irremediavelmente à contemplação da ação daqueles humildes homens e mulheres que deram d’Ele corajoso testemunho, até mesmo através do martírio, para que o mundo O conhecesse, assim como a Sua mensagem, com toda a autoridade que possuía, à Igreja confiada.

Assim aconteceu na Ascensão do Senhor: Jesus, concluindo Sua missão terrena, confiou aos discípulos a continuidade desta, com alegria, coragem, empenho, ardor, zelo, proclamando Sua Boa Nova aos quatro ventos, impulsionados pelo Sopro Divino do Espírito, que nos acompanha por todo o tempo.

Assim, com a Ascensão do Senhor e o acender do Fogo do Espírito no coração daqueles que n’Ele creem, novos fatos da história seriam escritos, ora por um martírio silencioso, na doação, solicitude para com os pobres, compromisso com a Boa-Nova do Reino, ora por um martírio culminado na sua expressão máxima, com o sangue derramado.

De fato, se encontramos páginas da História da Igreja, em que se possam reconhecer erros cometidos, inegavelmente, muito maior o número das páginas em que ela, a Igreja/Corpo, se coloca em total e incondicional fidelidade ao Senhor, que é a sua Cabeça.

Ascendeu para acender:

- e inflamar o coração dos discípulos, a fim de que suportem toda petulância, maldade de algozes, fúria dos que se sentiram incomodados com a mensagem de vida e de paz;

- a luminosidade da alma dos seus seguidores, de modo que a incandescência de alma torna mais iluminado o mundo. Afinal, Ele nos disse que somos a luz do mundo;

- a chama que aquece corações com gestos multiplicados de amor, ternura, perdão, acolhida, compreensão;

- e jamais os discípulos missionários se tornarem tépidos no testemunho da fé, e na vivência da Doutrina, porque se mornos, Deus nos vomitará (Ap 3, 15-16)

Sendo aceso o Fogo do Espírito em cada um de nós, sejamos mais zelosos, empenhados na missão, por Jesus, a nós confiada, ardentes em desejos mais santos e sinceros, para que estabeleçamos relações mais humanas e fraternas.

Ígneos do Espírito sejamos, e tão somente assim, daremos razão de nossa esperança, e nossa fé será solidificada, como expressão do encontro com Alguém que mudou a nossa vida para sempre: Jesus Cristo, que Reina com o Pai na mais perfeita comunhão de amor, com o Santo Espírito, e que, com sua Ascensão, nos introduziu também nesta glória, como tão bem é expressa na Oração do Dia, na Festa da Ascensão do Senhor:

“Ó Deus todo-poderoso, a Ascensão do vosso Filho já é nossa vitória. Fazei-nos exultar de alegria e fervorosa ação de graças,
pois, membros de seu corpo, somos chamados na esperança a participar da sua glória. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém!” (1)

Finalizo com esta Oração, para que inflame ainda mais nossa alma, confiando e correspondendo ao Amor de Deus:

“Contigo esteja o Senhor...

O Senhor esteja diante de ti, para te mostrar o reto caminho. 
O Senhor esteja ao teu lado, para te dar o braço e apoiar-te. 
O Senhor esteja atrás de ti, para te guardar das ciladas do mal.

O Senhor esteja debaixo de ti, para te segurar, quando caíres. 
O Senhor esteja em ti, para te consolar, quando estiveres triste.
O Senhor esteja ao teu redor, para te defender, quando te atacarem.

O Senhor esteja sobre ti, para te abençoar. 
Que o bom Deus te abençoe”
 (2)



(1) Missal Romano – Oração do Dia
(2) Sedulius Caelius, monge e poeta, século III.

Ascensão do Senhor: continuemos a Sua missão! (Ascensão do Senhor - Ano A)

Ascensão do Senhor: continuemos a Sua missão
 
    “Ide pelo mundo e ensinai todas as nações, batizando-os em         nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo” (Mt 28,19)
 
Com a Festa da Ascensão do Senhor (ano A), renovamos a alegria de crermos que, após um caminho percorrido com amor e doação, desabrochamos na eternidade, plena comunhão com Deus, assim como foi a vida de Jesus Cristo.
 
A Solenidade da Ascensão aponta para o fim último de todos nós, a comunhão com Deus, o Céu, e nos convida a renovar a alegria de sermos continuadores da missão que Ele realizou, e a nós confiou, enviando-nos do Pai o Espírito Santo de Deus, o Paráclito, fato que celebraremos com a Festa de Pentecostes.
  
A ida de Jesus para o Céu, não é a afirmação de Sua partida e ausência, mas é a garantia de Sua eterna presença conosco até que Ele venha pela segunda vez, como afirmamos na Missa: “anunciamos Senhor a Vossa morte e proclamamos a Vossa Ressurreição, vinde Senhor Jesus”.
 
Antes é preciso assumir, com coragem, no tempo presente, a missão por Deus a nós confiada: anunciar o Evangelho a todos os povos, empenhados decididamente no Projeto de Salvação Divina, superando a passividade alienante indo para o meio do mundo, como sal, luz e fermento. 
 
Nada falta à Igreja, portadora da plenitude de Cristo, para cumprir esta missão, portanto renovemos a alegria de crermos que, após um caminho percorrido com amor e doação, desabrocharemos na eternidade, pela comunhão com Deus, assim como foi a vida de Jesus Cristo.
 
Na passagem da primeira Leitura (At 1,1-11), Jesus depois de ter apresentado ao mundo o Projeto do Reino, entrou na comunhão plena e definitiva do Pai, e este é também o destino daqueles que percorrem o mesmo caminho. Fica com isto, afastada toda possibilidade de passividade alienante, imobilismo estéril.
 
A comunidade vivia um contexto de crise (anos 80 dC), marcado pela desilusão e frustração, e se fazia necessário manter-se firme no testemunho do Ressuscitado, sem jamais vacilar na fé, esmorecer na esperança e tão pouco esfriar na caridade.
 
O tempo vai passando e não vemos realizar o Projeto Salvador. Quando será enfim realizado?
 
Lucas escreve a Teófilo (aqueles que são amados por Deus = amigos de Deus) apresentando o Protagonista maior da Evangelização que é o Espírito Santo e conta com a participação e ação dos Apóstolos na construção do Reino que exige empenho contínuo e nisto consiste o papel da comunidade formada por aqueles que creem e se afirmam cristãos.
 
Os sinais e palavras tem mensagens próprias: 
 
- A elevação aos céus - trata-se do culminar de uma vida;
- A nuvem - sempre um sinal teofânico (manifestação de Deus);
- Olhar para o céu - acena para a segunda vinda de Cristo, que não devemos esperar de braços cruzados;
- Dois homens vestidos de branco - anunciam o mundo de Deus.

Jesus, depois de ter apresentado ao mundo o Projeto do Reino, entrou na comunhão plena e definitiva do Pai, e este é também o destino daqueles que percorrem o mesmo caminho. Fica com isto, afastada toda possibilidade de passividade alienante, imobilismo estéril.
 
Ele nos apresenta a Ascensão quarenta dias depois da Ressurreição: quarenta é um número simbólico, define o tempo necessário para que um discípulo possa aprender e repetir com fidelidade e coragem as lições do Mestre.
 
A descrição da elevação de Jesus ao céu, assim como a nuvem, os discípulos a olhar para o céu, os homens vestidos de branco têm uma mensagem própria: os discípulos, animados pelo Espírito, devem continuar no mundo a história e obra de Jesus, aguardando a Sua segunda vinda definitiva e gloriosa.
 
A comunidade não pode ficar “olhando para o alto e de braços cruzados”, precisa seguir o caminho que é o próprio Jesus, com olhar para o futuro, renovando cotidianamente os compromissos com o Projeto de Salvação que Deus tem para a humanidade.
 
Deste modo podemos afirmar que a Ressurreição e Ascensão de Jesus, nos garante uma vida vivida na fidelidade ao projeto do Pai: “Uma vida destinada à glorificação, à comunhão definitiva com Deus. Quem percorre o mesmo ‘caminho’ de Jesus subirá, com Ele, à vida plena”. (1)
  
Reflitamos:
 
- Tenho sido fiel à missão que o Senhor me confiou?
- O que gero com o meu testemunho nos diversos âmbitos em que vivo?
- Quais são meus compromissos solidários na transformação do mundo?
- Fico a olhar para o céu ou me comprometo com a transformação em todos os níveis?
 
Com a passagem da segunda Leitura (Ef 1,17-23), acolhemos uma mensagem de confiança e esperança, em que a comunidade é exortada a pôr-se a caminho, numa comunhão sólida, formando um só Corpo, que é a Igreja, cuja cabeça é o próprio Cristo.
 
Trata-se de uma síntese da teologia paulina, e o Apóstolo Paulo fala da comunidade como um corpo. Cristo é a cabeça e a Igreja é o corpo - “o corpo de Cristo” – formado por muitos membros, e que Paulo já havia dito em outras Cartas, mas agora escreve da prisão, e faz parte das “cartas do cativeiro”.
 
Temos uma mensagem de confiança e esperança, em que a comunidade é exortada a pôr-se a caminho, numa comunhão sólida: Cristo sendo cabeça e a comunidade um corpo, juntos forma-se uma comunidade indissolúvel, da qual Cristo está no centro, e nada falta a Igreja para levar a diante a missão por Ele confiada:
 
“Dizer que a Igreja é a 'plenitude' ('pleroma') de Cristo significa dizer que nela reside a ‘plenitude’”, a ‘totalidade’ de Cristo.
 
Ela é o receptáculo, a habitação, onde Cristo Se torna presente no mundo; é através desse 'corpo' onde reside que Cristo continua todos os dias a realizar o Seu Projeto de salvação em favor dos homens. Presente nesse ‘corpo’, Cristo enche o mundo e atrai a Si o universo inteiro, até que o próprio Cristo ‘seja tudo em todos’ (vers. 23)”. (2)
 
Com isto, a Igreja é chamada a testemunhar Cristo, torná-Lo presente no mundo, comprometida com o Projeto de Libertação que Ele inaugurou em favor da humanidade. Esta missão só findará, quando pelo testemunho, fidelidade, ação daqueles que creem, Cristo seja 'um em todos'.
 
A Ressurreição/Ascensão/Glorificação de Jesus garantem a nossa própria ressurreição/glorificação, por isto é preciso avançar no caminho, superando as dificuldades.
 
Na passagem do Evangelho (Mt 28,16-20), encontramos a descrição do encontro final de Jesus com Seus discípulos, no monte da Galileia.
 
Além de reconhecer Jesus como Senhor, a comunidade recebe d’Ele a missão de continuar o Seu Projeto de Libertação da humanidade, no testemunho do Reino por Ele inaugurado.
 
O Evangelista Mateus, por três momentos significativos, nos fala da montanha:
 
- A tentação de se atirar do alto monte (Mt 4,8);
- No Monte Tabor, com a Transfiguração (Mt 17,1)
- E finalmente na Sua Ascensão. No Antigo Testamento, de modo especial, monte é sempre o lugar onde Deus se revela às pessoas (Moisés, Elias etc.).
 
E ainda mais, foi na Galileia que Jesus viveu quase toda a Sua vida; foi onde começou a anunciar o Evangelho do Reino (Mt 4,12-22). É também lá que se recomeça a missão. Onde tudo começou foi onde tudo recomeçou...

Deste modo, celebrar a Ascensão de Jesus é:
 
- Tomar consciência da missão que foi confiada por Jesus aos discípulos e sentir-se responsável pela presença do “Reino” na vida dos homens;
 
- Tomar consciência também de que, como Igreja, comunidade dos discípulos de Jesus, somos a presença libertadora e salvadora de Jesus no meio dos homens;
 
- Rever como procuramos testemunhar o Reino de Deus em todos os âmbitos da vida;
 
- Assumir a missão que Jesus confiou aos discípulos, que consiste numa missão universal: as fronteiras, as raças, a diversidade de culturas, não podem ser obstáculos para a presença de Sua Proposta libertadora no mundo.
 
 Deste modo, com a Ascensão, podemos afirmar que Jesus cumpriu plenamente a Sua missão e reentrou na comunhão do Pai, e assim dá início a nossa missão, sentando-Se à direita do Pai para reinar sobre tudo e todos, através da missão dos discípulos.
 
Urge não ficarmos apenas admirando, mas nos colocarmos constantemente a caminho, com renovados compromissos com o Projeto da Salvação; de modo que é preciso viver o Batismo,  inseridos na mais perfeita comunidade de comunhão e amor, a comunidade Trinitária: Pai, filho e Espírito Santo.
 
Vivendo a Boa-Nova anunciada, em confronto com o mundo, pode gerar desilusão, sofrimento e frustração. Mas é exatamente aqui que o discípulo deve dar razão da esperança que possui, testemunho de n’Aquele em quem confia, Jesus, com a força e ação do Espírito Santo Paráclito, o Defensor, o Espírito da Verdade que estará conosco até o fim dos tempos.
 
Urge levar a humanidade a viver a comunhão querida por Deus, a fim de que todos sejamos um em Cristo Jesus, de modo que celebrar a Solenidade da Ascensão do Senhor é afirmar uma bela verdade de nossa fé, pois a Ascensão do Senhor liga-se necessariamente à Sua Encarnação, e comunica o seu significado autêntico: O Filho de Deus tornou-Se como nós para nos tornar como Ele.
 
Exultemos de alegria por sermos continuadores da missão que Ele realizou, e a nós confiou, enviando-nos do Pai o Espírito Santo de Deus, o Paráclito, fato que celebraremos com a Festa de Pentecostes. De fato, o Espírito Santo é derramado, como dom de Amor do Pai, para continuarmos, fiéis na Missão do Cristo, na mais profunda e frutuosa vivência do Amor e da Vida Trinitária.
 
Como pessoas que creem, deixemos de olhar para o céu, não façamos do cristianismo uma “agência de serviços sociais”, não meçamos esforços para encontrar Cristo, tanto na Palavra como na Eucaristia e nos demais Sacramentos, para que então renovados, revigorados, nos empenhemos apaixonadamente por Cristo na construção do Reino de Deus.
 
Que esta certeza alimente a nossa coragem para que testemunhemos o que acreditamos e professamos; o que nos move e nos direciona rumo ao encontro definitivo com Deus, na mais perfeita e plena comunhão de amor, empenhados, por ora, na construção do Reino de amor, vida, alegria, luz e paz.
 
Reflitamos:
 
- Tenho consciência da universalidade da missão?
- Como discípulo, procuro aprender, assimilar e viver os ensinamentos de Jesus para que a missão tenha crédito e seja uma luz para o mundo?
 
- A vida dos discípulos não está livre da desilusão, sofrimento, frustração... Mas também está presente uma certeza que alimenta a coragem do que cremos: “Eu estarei convosco até o fim dos tempos”. Tenho esta certeza em meu coração?
 
- No seguimento de Jesus não podemos nos instalar. Ser cristão é ser pessoa do tempo, sem medo de novidades. Estou instalado, acomodado, de braços cruzados, ou fascinado por Cristo e pela missão a nós confiada?
 
- Procuro a sabedoria e força do Espírito para corresponder à altura?
- Ser cristão é ser alguém que deixou se levar pelo grande sopro do Espírito; é saber que pode contar com Ele na missão.
 
- Quais são os medos que temos a enfrentar no desempenhar na missão evangelizadora?
- Sentimos a presença do Ressuscitado em nossa missão?
 
- Temos sentimentos de gratidão pela confiança de Deus em nós depositada para levar adiante a missão?
 
Seja a Festa do Envio, da continuidade da missão que Jesus nos confia –“Ide pelo mundo e ensinai todas as nações, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo” (Mt 28,19).
Missão é graça divina, e é preciso que a vivamos como uma resposta permanente, confiante e perseverante.


(1) (2) www.Dehonianos.org/portal

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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG