domingo, 11 de maio de 2025

Servos do Bom Pastor (IVDTP)

                                                                 

Servos do Bom Pastor

Há sempre a necessidade de bons pastores que amem a Jesus Cristo, o “Pastor dos pastores” com “cheiro das ovelhas”, como expressou recentemente o Papa Francisco.

Enriquecedora para nós é a reflexão de Dom Vital Corbellini, bispo de Marabá - PA, a partir da “Regra Pastoral do Papa São Gregório” (séc. VI).

Apresenta-nos os requisitos para um pastor de almas, e também sobre a existência e a importância do pastor para a vida do mesmo rebanho a ele confiado.

Ofereço alguns aspectos desta reflexão, que muito nos ajuda, quer como pastor do rebanho ou como membro deste:

1 – O pastor tem a arte de cuidar das almas a ele confiadas, sendo o governo das almas a arte das artes, não possibilitando ao pastor a displicência ou a improvisação como expressão da falta do zelo pelo rebanho.

2 – O pastoreio não pode ser cumprido como expressão de honra humana. O pastoreio deve ser exercido com humildade e ardor, sem o que o incapacita para a acolhida e exercício da missão como serviço.

3 – O pastor deve se ocupar com as almas, com as pessoas em sua totalidade, sem se desviar do fundamental, zelando pelo bem do rebanho conduzindo-o à glória de Deus.

4 – O pastor deve tomar cuidado para não incorrer num ativismo estéril e, consequentemente, no descuido do rebanho.

5 – O pastor tem o poder a ele confiado não para transformá-lo em exaltação própria, mas expressar este poder em atitudes de serviço, como discípulo de Jesus, o Servo por excelência.

6 – O pastor precisa ter um amor preferencial para com Jesus: amar mais a Jesus que a si mesmo, para que assim se doe alegremente pelo rebanho. Somente o amor verdadeiro do pastor para com Jesus Cristo levará o rebanho ao mesmo amor.

7 – O pastor deve, pelo seu comportamento, ser exemplo para o rebanho, de forma integral, num constante empenho pessoal.

8 – O pastor tem para com o rebanho o sentimento de compaixão, não deixando de lado a contemplação. Conciliando a compaixão e a contemplação, cuidará melhor do rebanho em todos os aspectos. Aproximando-se das fraquezas dos outros, não deixará de lado as aspirações celestiais, as coisas do alto, como tão bem expressou o Apóstolo Paulo.

9 – O pastor é, portanto, o homem da caridade, elevando às alturas seu rebanho, no exercício da misericórdia para com os que sofrem.

10 – O pastor é um humilde aliado aos que fazem o bem, no zelo de justiça, mas inflexível contra os vícios dos pecadores.

11 – O pastor, por palavras e ações, testemunha os valores da verdade, da justiça e do amor.

12 – O pastor é vigilante na espera do Senhor que vem (Lc 21,34-35), fervoroso no cuidado dos interesses espirituais dos seus fiéis (interiores e exteriores).

13 – O pastor sabe com o que se ocupar (2 Cor 6): as coisas verdadeiras e santas, e não com atividades que impeçam a vivência da vocação e a santidade de vida.

Mas o fundamental, ressalte-se, é que o pastor tenha um grande amor por Jesus, ao Reino por Ele inaugurado, e, como zelosa sentinela, o cuidado do Rebanho..

Oportunas as palavras conclusivas de Dom Vital:
“O mundo necessita de pastores atentos aos sinais de Deus que se revelam nas pessoas, nos acontecimentos eclesiais e sociais. O pastoreio deve ser guardado por pastores que O amam, O anunciam para os outros e dão a vida como Jesus Cristo fez por toda a humanidade.”

E, para a continuidade da reflexão, proponho a retomada de três textos bíblicos: Ez 34; Jo 21, 1-19; 1 Pd 5, 1-11.

Elevemos Orações:
- pelos que já combateram o bom combate da fé, como pastores do rebanho, e que hoje se encontram na glória de Deus.

- por aqueles que, apesar das fragilidades, se empenham em viver santos propósitos.

- por aqueles que estão a caminho, que um dia serão ordenados e colocados à frente do rebanho.

Pai Nosso que estais nos céus...

Presbíteros nos passos de Cristo Bom Pastor

                                                                      

Presbíteros nos passos de Cristo Bom Pastor

Retomo o artigo, escrito por D. Joaquim Justino Carreira (3º Bispo de Guarulhos -"in memoriam"), na coluna “Voz do Pastor”, acenando para questões imprescindíveis que devem marcar a vida de todo Presbítero.

Retomo o trecho em que D. Joaquim se dirige aos Sacerdotes, acrescentando a minha reflexão pessoal:

- “Os Sacerdotes são os primeiros agentes de uma renovação da vida cristã do Povo de Deus” – Este princípio deve ser tido sempre como graça e compromisso: renovar-se para renovar sempre. Não nos ocorra querer que o Povo de Deus se renove sem nos pormos em mesmo santo desejo e esforço.

- “Se o Sacerdote fizer de Deus o fundamento e o centro de sua vida, experimentará a alegria e a fecundidade de sua vocação” – Cada dia que passa, sou testemunha da fecundidade vocacional, da alegria em que se pode sentir quando fazemos, de fato, Deus o fundamento de nossa vida, Jesus o centro de nossa existência, abertos ao Espírito que repousa e nos impele sempre com renovadas forças na ação evangelizadora, na vivência com ardor da vocação, não permitindo que se apague a chama do primeiro amor...

- “O sacerdote deve ser antes de tudo um 'homem de Deus' (1Tm 6, 11); um homem que conhece a Deus 'em primeira mão'" – O Sacerdote não é apenas alguém que fala de Deus, de Sua Palavra, de Seu Projeto. É antes de tudo alguém que se sentiu chamado, de forma muito particular e especial, para conduzir o Povo de Deus nesta mesma fidelidade. Mais que falar de Deus, o Povo espera de cada Sacerdote que ele seja uma carta redigida de Deus, endereçada ao coração dos fiéis.

- “Que cultiva uma profunda amizade pessoal com Jesus, que compartilha os 'sentimentos de Jesus' (cf. Fl 2, 5)” – De fato, o cristianismo não consiste na profissão de fé em doutrinas abstratas, num conjunto de ideias que podem ser mudadas ao sabor dos tempos, por imposições das transformações culturais; são valores imprescindíveis que enraízam no coração de cada pessoa, de modo especial, haverá de ser no coração do Presbítero. Para tanto, precisa viver a sua fé numa autêntica, crescente, íntima e profunda comunhão com Jesus, ao ponto de chegar a dizer como Paulo falou aos Gálatas (Gl 2,20) – “Eu vivo, mas já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim”. A Jesus tão configurado que tenha os mesmos pensamentos, sentimentos e ações, como sinal do Cristo Bom Pastor.

- “Deve possuir uma sólida estrutura espiritual e viver toda a sua existência animada pela fé, a esperança e a caridade” – Como é bom encontrar na família espaço do aprendizado desta sólida estrutura espiritual e da formação humano afetiva. Como é bom que a família redescubra sua vocação de solidificar vidas mais realizadas, felizes. Como é feliz quem pauta a sua conduta, que molda o seu ser pelas virtudes teologais impressas em nossa alma e coração: fé, esperança e caridade.

- “Deve procurar o rosto e a vontade de Deus através da oração e cultivar igualmente a sua preparação cultural e intelectual” – O cultivo da formação cultural, intelectual, da Oração e, de modo especial, a espiritualidade, não como desligamento do mundo, mas o esforço de inserção nele, para ser sal, luz e fermento. O Presbítero deve cuidar de todas as dimensões de sua vida, para ser um homem que se consagra a Deus em favor da humanidade, colocando todo o seu ser, todos os dons, por Deus a ele confiado, a serviço da comunhão, da vida, da fraternidade.

Que este Tempo Pascal seja, para todos os Presbíteros e para toda comunidade, Tempo de renovar o nosso empenho e entrega ao Cristo Bom pastor. Escutar Sua voz, sentindo-nos por Ele amados, acolhidos; carregados não mais no colo como ovelhas, mas em Seu Coração que foi trespassado para que nele coubéssemos, e ainda mais, que dele nascêssemos e vivêssemos, alimentando-nos com o Seu Corpo e Seu Sangue em cada Banquete da Eucaristia.

O mundo carece de verdadeiros Pastores, sem jamais prejudicar ou ferir a vida do rebanho, pois já alertara o Senhor: “O mercenário, como não é pastor, nem são suas as ovelhas, logo que vê vir o lobo, deixa as ovelhas e foge, enquanto o lobo as arrebata e dispersa. O mercenário não se preocupa com as ovelhas.” (Jo 10, 12-13).

Que cada Presbítero siga os passos de Cristo Bom Pastor, conduzindo a comunidade nestes mesmos passos: um rebanho que sabe onde encontrar repouso, água cristalina, força para continuar o caminho.

Como é bom pertencer ao rebanho do Senhor, bem como é bom conduzir o rebanho do Senhor!

Mais ainda, é bom saber que o rebanho não perecerá por falta de Pastores.

Oremos:

“Enviai, Senhor, operários para a vossa messe,
pois a messe é grande, e poucos são os operários" (Lc 10,2).

Enviai, Senhor, 
Pastores zelosos para o cuidado de Vosso rebanho.
Amém!

Mensagem do Papa Francisco para o 59º Dia Mundial de Oração pelas Vocações - síntese

 


Mensagem do Papa Francisco para o 59º Dia Mundial de Oração pelas Vocações - síntese
 
Em um contexto atual marcado pelos ventos gélidos da guerra e da opressão e fenômenos de polarização, e enquanto Igreja vivencia o processo Sinodal, com a urgente necessidade de caminhar juntos, cultivando as dimensões da escuta, participação e partilha, no 4º Domingo da Páscoa, o Domingo do Bom Pastor, o Papa Francisco nos agracia com mais uma oportuna mensagem para o Dia Mundial de oração pelas vocações, com o tema: “Chamados para construir a família humana”.
 
Ele reflete sobre o significado da vocação no contexto de uma Igreja sinodal que se coloca na escuta de Deus e do mundo, pois todos somos chamados a ser protagonistas da missão, pois “A sinodalidade, o caminhar junto é uma vocação fundamental para a Igreja, pois toda a Igreja é comunidade evangelizadora e, só neste horizonte, é possível descobrir e valorizar as diversas vocações, carismas e ministérios.”
 
Viver a vocação é nos sentirmos criaturas amadas de Deus, que por sua vez nos faz guardiões uns dos outros, construindo laços de concórdia e partilha e curando as feridas da criação. Cada um de nós somos criaturas queridas e amadas de Deus, chamados a acolher o olhar de Deus, que nos olha com amor, assim como olhou para a Virgem de Nazaré, Simão, Levi, Paulo, para que vivamos a vocação e a santidade:
 
“As seguintes palavras são atribuídas a Miguel Ângelo Buonarroti: «No interior de cada bloco de pedra, há uma estátua, cabendo ao escultor a tarefa de a descobrir». Se tal pode ser o olhar do artista, com muito mais razão assim nos vê Deus: naquela jovem de Nazaré, viu a Mãe de Deus; no pescador Simão, filho de Jonas, viu Pedro, a rocha sobre a qual podia construir a sua Igreja; no publicano Levi, entreviu o apóstolo e o evangelista Mateus; em Saulo, cruel perseguidor dos cristãos, viu Paulo, o apóstolo dos gentios. O Seu olhar de amor sempre nos alcança, toca, liberta e transforma, fazendo com que nos tornemos pessoas novas”.
 
Enriquecedora a citação do provérbio do Extremo Oriente, para que compreendamos o olhar de Deus para cada um de nós: «Um sábio, ao olhar o ovo, sabe ver a águia; ao olhar a semente, vislumbra uma grande árvore; ao olhar um pecador, sabe entrever um santo».
 
Deus nos olha e, em cada um de nós, vê potencialidades, às vezes ignoradas por nós mesmos, e atua incansavelmente ao longo da nossa vida, a fim de as podermos colocar ao serviço do bem comum, e neste sentido, é preciso que saibamos escutar a Sua Palavra.
 
Diferentes são as vocações na resposta ao olhar de amor de Deus:
 
- a vocação ao sacerdócio ordenado, ser instrumento da graça e da misericórdia de Cristo;
- na vocação à vida consagrada, ser louvor de Deus e profecia de nova humanidade;
- na vocação ao matrimônio, ser dom mútuo e geradores e educadores da vida;
- e em cada vocação e ministério na Igreja, em geral, que nos chama a olhar os outros e o mundo com os olhos de Deus, servir o bem e difundir o amor com as obras e as palavras.
 
A propósito, ele mencionar a experiência do Dr. José Gregório Hernández Cisneros. Quando trabalhava como médico em Caracas, na Venezuela, quis tornar-se irmão terceiro franciscano. Mais tarde, pensou em tornar-se monge e sacerdote, mas a saúde não lhe permitiu. Compreendeu então que a sua vocação era precisamente a profissão médica, na qual se prodigalizou especialmente a favor dos pobres. E, sem reservas, dedicou-se aos doentes atingidos pela epidemia de gripe chamada «espanhola», que então alastrava pelo mundo. Morreu atropelado por um carro, ao sair duma farmácia onde fora buscar remédios para uma idosa, sua paciente. Testemunha exemplar do que significa acolher a vocação do Senhor aderindo plenamente à mesma, foi beatificado há um ano.
 
Cada pessoa chamada é interpelada e convocada pessoalmente a viver a sua vocação – “Somos como os ladrilhos dum mosaico, belos já quando vistos um a um, mas só juntos é que formam uma imagem. Brilhamos, cada um e cada uma de nós, como uma estrela no coração de Deus e no firmamento do universo, mas somos chamados a compor constelações que orientem e iluminem o caminho da humanidade, a partir do ambiente onde vivemos...Para isso, a Igreja deve tornar-se cada vez mais sinodal: capaz de caminhar unida na harmonia das diversidades, onde todos têm a sua própria contribuição para dar e podem participar ativamente.”
 
Viver a vocação é participar da realização do sonho de Deus, um projeto de harmonia dos dons, caminhando e trabalhando juntos, como testemunhas de uma grande família humana unida no amor.
 
Conclui convidando-nos a rezar, para que o Povo de Deus, no meio das dramáticas adversidades da história, corresponda cada vez mais a esta vocação, com a luz do Espírito Santo, e que todos possamos encontrar o respectivo lugar e dar o melhor de si neste grande desígnio divino.
 
Desejando conferir a mensagem na integra, acesse:
http://www.vatican.va/content/francesco/pt/messages/communications/documents/20220124-messaggio-comunicazioni-sociali.html
 

A fraqueza do rebanho e a fortaleza do Pastor (IVDTPA)

                                                          

A fraqueza do rebanho e a fortaleza do Pastor

Reflexão à luz da passagem dos Atos dos Apóstolos (At 2, 14a.36-41), um discurso catequético sobre a atitude correta para que se acolha a proposta de Salvação que Deus nos faz, por meio de Jesus Cristo.

Professar a fé em Cristo, o Bom Pastor, requer conversão, para que se viva o Batismo como vida nova: adesão, seguimento, acolhida do Espírito Santo para deixar recriar, vivificar e se transformar por esta  presença divina em nós.

A conversão (metanoia) é consequência de ter sentido “pontadas no coração”, a aflição e o remorso por ter feito algo contrário à justiça.

A “metanoia” implica na atitude que conduz ao arrependimento. É o primeiro passo para a mudança de vida:

“É a atitude de quem reconhece a verdade das acusações que lhe são imputadas, de quem admite os seus erros e limitações e de quem está verdadeiramente disposto a reequacionar a vida, a corrigir os esquemas errados que têm orientado, até aí, a sua existência [...]

Significa a mudança radical da mente, dos comportamentos, dos valores, de forma a que o coração do crente se volte de novo para Deus [...]

É a renúncia ao egoísmo e a autossuficiência, e o aceitar a proposta de Salvação que Deus faz através de Jesus. Implica o acolher Jesus como o Salvador e segui-Lo, no caminho do amor, da entrega, do dom da vida.” (1)

Por isto, dirigem a pergunta a Pedro e aos outros Apóstolos: “O que havemos de fazer, irmãos?” (At 2,37).

Ao que Pedro responde – “Convertei-vos e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para o perdão dos vossos pecados. E vós recebereis o dom do Espírito Santo” (At 2, 38).

Receber o Batismo implica no desejo de conversão e receber o Espírito Santo, optando por Cristo, acolhendo-O no coração, de modo que a vida daquele que crê ganha um dinamismo divino, e a cada instante é recriado, vivificado e transformado.

Deus, que deseja nossa mudança, acredita no bom propósito de nossa conversão. É preciso tomar consciência dos caminhos errados que possam ter sido trilhados, da ausência de sentido em certas opções que se tenha feito.

A “metanoia” nos pede atitude corajosa, porque é mais fácil viver comodamente instalados, na autossuficiência, do que com humildade reconhecer os erros, “dar o braço a torcer”.

Ela exige a eliminação dos preconceitos mais diversos, de esquemas mentais; admissão das falhas, limites e incoerências que marcam a condição humana.  E trata-se de um processo ininterrupto.

Na passagem da segunda Leitura (1 Pd 2, 20b-25), Pedro  nos diz como deve agir aquele que segue o Bom Pastor, respondendo à injustiça com o amor, ao mal com o bem.

O contexto vivido pela comunidade na década de 80 era de perseguição, dificuldades, hostilidade por parte daqueles que defendiam a ordem romana:

“O autor da carta conhece perfeitamente a situação de debilidade em que estas comunidades estão e prevê que, num futuro próximo, o ambiente se vá tornar menos favorável ainda.

Recorda, pois, aos destinatários da carta, o exemplo de Cristo, que sofreu e morreu, antes de chegar à Ressurreição. É um convite à esperança: apesar dos sofrimentos que têm de suportar, os crentes estão destinados a triunfar com Cristo; por isso, devem viver com alegria e coragem o seu compromisso batismal.” (2)

Jesus é o modelo para os que creem, conduz e guarda a todos que n’Ele confiam. O cristão segue e testemunha a fidelidade a este Jesus que sofreu sem culpa e que suportou os sofrimentos com Amor, rejeitando absolutamente o recurso da violência, com total mansidão, porque tão somente o amor gera a vida nova e transforma o mundo:

'Ele sofreu (v. 21) sem ter feito mal nenhum (v. 22); maltratado pelos inimigos, não respondeu com agressão e vingança (v. 23); pelo dom da Sua vida, eliminou o pecado que afastava os homens de Deus e uns dos outros (vs. 24); por isso, Ele é o Pastor que conduz e guarda os crentes (v. 25)’" (3)

A passagem do Evangelho (Jo 10,1-10): Jesus é o Bom Pastor que conduz a humanidade às pastagens verdejantes e às fontes cristalinas de onde brota vida em plenitude.

A imagem do Bom Pastor, que nos remete ao Livro do Profeta Ezequiel (Ez 34), é a mensagem catequética de que a promessa de Deus se cumpriu em Jesus Cristo: o Bom Pastor, esperado e prometido por Deus, agora presente no meio da humanidade.

No entanto, esta presença é recusada pelas autoridades de Seu tempo, quando Jesus cura o cego de nascença (cf. Jo 9).

As autoridades religiosas não somente preferiram continuar nas trevas da autossuficiência, como também impediram o Povo que lhes foi confiado de descobrir a luz libertadora que Jesus tinha para oferecer:

“Jesus não usa meias Palavras: os dirigentes judeus são ladrões e bandidos (cf. Jo 10,1), que se servem das suas prerrogativas para explorar o povo (ladrões) e usam a violência para o manter sob a sua escravidão (bandidos).

Aproximam-se do Povo de Deus de forma abusiva e ilegítima, porque Deus não lhes confiou essa missão (“não entram pela porta”): foram eles que a usurparam. O seu objetivo não é o bem das “ovelhas”, mas o seu próprio interesse”. (4)

Diferentemente, Jesus estabelece com as pessoas uma relação pessoal de Amor e proximidade: Suas ovelhas reconhecem a Sua voz e O seguem, porque encontram segurança, liberdade e vida plena e definitiva (Jo 10,10).

Jesus não somente caminha diante das ovelhas, mas Se fez o próprio Caminho (Jo 14, 6).

Estabelece uma relação de respeito à dignidade de cada um, à sua individualidade. Relaciona-Se de forma humana, tolerante, amorosa e que também deve ser vivida pelo Seu rebanho, no cumprimento do Mandamento do Amor a Deus e ao próximo, de tal modo que se possa dizer: “tal Cristo, tal Pastor...”, numa coerência entre o crer, pregar e viver.

O rebanho reconhece a Sua voz e não se deixa seduzir pelo “canto da sereia”.

Jesus também diz que Ele é a “Porta”, e quem por ela entrar será salvo. Passar por esta "Porta" é encontrar a liberdade desejada e a vida em plenitude, numa total e incondicional adesão a Ele e seguimento até o fim, acolhendo e vivendo a Sua proposta, numa vida marcada pela doação, entrega e serviço por amor.

Ao celebrarmos o Dia do Bom Pastor, como Igreja Sinodal, Povo de Deus caminhando juntos, renovemos a alegria de pertencermos ao rebanho do Senhor, com maior solicitude e fidelidade à Sua Voz para que nos empenhemos no caminho da santidade a serviço no mundo, cada vez mais comprometidos com a ação evangelizadora.

Oremos:

“Deus eterno e Todo-Poderoso, conduzi-nos à comunhão das alegrias celestes, para que o rebanho possa atingir, apesar de sua fraqueza, a fortaleza do Pastor. Por N. S. J. C. Amém”.

(1) (2) (3) (4) www.Dehonianos.org/portal


PS: Apropriado para o Domingo do Pastor (IVDTPA) e terça-feira da oitava da Páscoa, quando se proclama a passagem dos Atos dos Apóstolos (At 2,36-41)

sábado, 10 de maio de 2025

Com Maria, aprendemos a peregrinar na esperança

 


Com Maria, aprendemos a peregrinar na esperança

Com a passagem do Evangelho de São Lucas (cf. Lc 1,39-56), contemplamos a visita de Maria que vai ao encontro de Isabel, saúda-a e fica com ela como mensageira da Paz, uma peregrina da esperança, e com ela há muito a  aprender.

Maria foi primeira portadora da Glória de Deus, da Boa Notícia de Sua Presença, levando em seu ventre Jesus, e a sua fé lhe torna uma alegre mensageira do Verbo, da Palavra que se fez Carne e habitou entre nós (cf. Jo 1,14).

No encontro inusitado, contemplamos a palavra, a voz de Maria, que transforma as pessoas e suscita a alegria dos últimos tempos.

Deste modo, por acolher a Palavra e crer nela, Maria proclama o Magnificat, que é o canto de alegria, confiança e esperança dos pobres em espírito, que se abrem aos projetos, à vontade e aos desígnios divinos.

O Magnificat fala de um acontecimento passado com futuro, e Maria não apenas o canta, mas vive cada palavra de suas linhas e entrelinhas.

Maria profetiza a subversão messiânica de todos os valores: uma inversão em todos os planos.

Proclama que Deus cumpriu a tríplice derrubada de situações humanas falsas, restaurando a humanidade na salvação:  no campo religioso, a derrubada da autossuficiência humana, da soberba; no campo político, a derrubada dos poderosos e a exaltação dos humildes; no campo social, a despedida dos ricos e a promoção da verdadeira partilha, solidariedade e fraternidade.

Vivendo o Ano Jubilar, como peregrinos da esperança, contemplemos e louvemos Maria, e com ela edifiquemos uma Igreja decididamente missionária, a serviço do Reino, como alegres e convictos mensageiros da Paz, Jesus, Seu Amantíssimo Filho e Redentor de toda a humanidade.

 

Em poucas palavras...

                                                              


Trigo de Deus

“Sou trigo de Deus,

serei triturado pelos dentes das feras

para tornar-me o puro pão de Cristo.

Rogai a Cristo por mim,

para que por este meio

me torne sacrifício para Deus”. (1)

(1)Santo Inácio de Antioquia (séc .I)

 


Amor de mãe

                                                                


Amor de mãe
 
Assim são mães, invariavelmente:
Sempre solícitas em nossas dores,
Percepção ímpar de nossos sentimentos,
E atentas em ouvir e responder aos nossos lamentos.
 
Mãe tem sempre algo pronto
para enxugar nossas lágrimas,
aquecer nossa alma em aflição,
ainda que sem lenço, com o calor da mão.
 
Ó amor de mãe, que tanto bem faz,
Que tanta segurança nos alcança.
Que tanto bem faz para nossa alma,
Nos acolhe, escuta, ampara, acalma...


Ave Maria, cheia de graça...
 


Quem sou eu

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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG