domingo, 20 de abril de 2025

A Alegria Pascal

                                                 


A Alegria Pascal

O Tempo Pascal tem matiz exponencial de Alegria:

A Alegria é um dos temas característicos de Lucas e dos Atos dos Apóstolos: manifestação do Espírito, ela não consiste numa simples ausência de sofrimento ou numa alegria esfuziante, mas numa Alegria interior tranquila pela salvação recebida, fruto da fé.

Como já a comunidade Jerusalém (At 2,46), e depois os pagãos (cf. At 13,48-52), também a Samaria se abre à alegria. A alegria, tal como a vida, já está presente na História, no mundo dos homens: espera a nossa fé para ser libertada, e difundir-se”. (1)

Quando nos atemos ao Livro dos Atos dos Apóstolos, vemos o clima de Alegria contagiante das primeiras comunidades, que as leva a multiplicar os sinais do Ressuscitado, continuadoras que são de Sua Missão:

Cura, libertação, conversões, Batismos, Eucaristias, Orações, Comunhão Fraterna, partilha, viagens missionárias, sinais inumeráveis...

Mas, esta Alegria não nasce nem floresce sem a marca da Cruz, da perseguição, do martírio, do sangue derramado em libação.

Alegria Pascal que não passa e não nasça da Cruz, não é a verdadeira Alegria que o Senhor prometera, ainda que paradoxalmente pareça.

Alegria Pascal implica necessariamente no carregar da cruz, exemplo do corajoso testemunho dado pelos Apóstolos das primeiras comunidades.

Romper às portas fechadas por medo, colocar-se a caminho, confiante na ação e força do Ressuscitado, certeza de paz e alegria, porque nos comunica com o sopro a assistência do Espírito Santo.

A Alegria Pascal não consiste, jamais, em ver tudo a partir de um prisma róseo. Ela pode ser vislumbrada no horizonte próximo ou longínquo, mas não separadamente da Cruz.

Ela é a superação da tristeza, do pranto, da dor, do luto, da morte que anda par em par com a história, no cotidiano de cada um de nós. 

Alegria Pascal é não sucumbir no mar da desesperança, da ausência de perspectivas; é não submergir nas lágrimas que se multiplicam, porque não foram secas pela confiança na promessa do Ressuscitado.

A Alegria Pascal consiste em sorver as Delícias Divinas, mas não como ópio que nos afaste de compromissos inalienáveis com a justiça e a paz. 

Não consiste num frenesi, num delírio dos inconsequentes e descomprometidos com a solidificação de laços mais fraternos.

A Alegria Pascal vem quando nossa alma vive a serenidade, não vacilando na fé, não esmorecendo na esperança e tão pouco esfriando na caridade.

Ela é vista no coração daqueles que permitiram que o Senhor lhes falasse ao coração, para ser sentida e irradiada.

É Páscoa!
Que o transbordamento da Alegria não seja apenas força de expressão, mas a mais Bela Notícia, que nos move e que cremos: do Senhor, a Ressurreição! Aleluia! Aleluia!


(1) Lecionário Comentado - Editora Paulus - Lisboa - 2011 - p. 467.

Páscoa e a Oração dos sentidos


Vida nova somente no Senhor (IDTP)


Vida nova somente no Senhor

À luz da passagem da Carta de Paulo aos Colossenses (Cl 3,1-5.9-11), somos convidados, como homens novos pelo Batismo, a abandonar os falsos deuses, identificando-nos com Cristo que nos basta para a nossa Salvação. 

A comunhão vivida entre nós com o Cristo Ressuscitado exige que tenhamos esta identificação, como o próprio Paulo dirá em outra passagem aos Gálatas – “Eu vivo, mas não eu, é Cristo que vive em mim “(Gl 2, 20) e aos Filipenses –“Tenhamos em nós os mesmos sentimentos e pensamentos de Cristo Jesus “ (Fl 2,10), deste modo estaremos buscando as coisas do alto, as coisas celestiais.

Vivendo o Batismo, renascemos a cada dia como homem novo, e assim verão Cristo em nós. O batizado revela a face de Cristo para o mundo, por seus pensamentos, palavras e ação.

Eis o grande desafio: nos momentos adversos, manter a firmeza da fé,  acompanhado da renovada esperança que nos impulsiona na prática concreta da caridade.

Urge manter sempre a confiança, serenidade e fidelidade ao Senhor, por mais sombrias que sejam os momentos por que passamos.

Crer no Ressuscitado é certeza de paz!


sábado, 19 de abril de 2025

Celebremos a Vigília Pascal

                                                  

Celebremos a Vigília Pascal

Para bem celebrar a Vigília Pascal, a antiquíssima Vigília, a Mãe de todas as Vigílias, sejamos enriquecidos pelo Sermão de São João Crisóstomo (séc. IV) – (Este texto pertencente a Liturgia Bizantina era lido no princípio da Celebração).

“Que todo o homem piedoso e amante de Deus goze desta bela e luminosa Solenidade. Que todo o servo fiel participe da alegria do Seu Senhor. Que quem se esforçou por jejuar receba agora o salário que lhe corresponde.

Quem trabalhou desde a terceira hora que celebre esta festa com gratidão. Se alguém só chegou à sexta hora que não duvide, pois não perderá nada. E, se alguém se atrasou até a nona hora, que não se sinta vergonha pela sua tibieza porque o Senhor é generoso e dá ao último o mesmo que ao primeiro...

Saboreai todos o banquete da fé. Saboreai todos as riquezas da misericórdia. Que ninguém se queixe pela sua pobreza, pois apareceu o nosso Reino comum. Que ninguém se lamente pelos seus pecados, pois da tumba brotou o perdão. Que ninguém tema a morte, já que a morte do Salvador nos libertou...

Cristo Ressuscitado de entre os mortos tornou-Se como primícias dos que morreram. A Ele a glória e o poder pelos séculos dos séculos. Amém.”.

Ao participar da Vigília Pascal, sintamos, aos poucos, o crescimento da alegria que haverá de ser transbordante com a Ressurreição do Senhor.

Aos poucos, a escuridão cedará lugar à luminosidade do Mistério central de nossa fé: a Ressurreição do Senhor; então, cantaremos exultantes de alegria o Aleluia Pascal.


Fonte: Missal Quotidiano e Dominical – Editora Paulus – Lisboa – 2012 – p.560

Quando o Senhor desceu à mansão dos mortos...

                                                      

Quando o Senhor desceu à mansão dos mortos...

Sejamos iluminados pela antiga Homilia do grande Sábado Santo (Séc. IV), sobre a descida do Senhor à mansão dos mortos, com Sua morte!

“Que está acontecendo hoje? Um grande silêncio reina sobre a terra. Um grande silêncio e uma grande solidão. Um grande silêncio, porque o Rei está dormindo; a terra estremeceu e ficou silenciosa, porque o Deus feito homem adormeceu e acordou os que dormiam há séculos. Deus morreu na carne e despertou a mansão dos mortos.

Ele vai antes de tudo à procura de Adão, nosso primeiro pai, a ovelha perdida. Faz questão de visitar os que estão mergulhados nas trevas e na sombra da morte. Deus e Seu Filho vão ao encontro de Adão e Eva cativos, agora libertos dos sofrimentos.

O Senhor entrou onde eles estavam levando em Suas mãos a arma da cruz vitoriosa. Quando Adão, nosso primeiro pai, o viu, exclamou para todos os demais, batendo no peito e cheio de admiração:

'O meu Senhor está no meio de nós'. E Cristo respondeu a Adão: 'E com teu espírito'.

E tomando-o pela mão, disse: 'Acorda, tu que dormes, levanta-te dentre os mortos, e Cristo te iluminará. Eu sou o teu Deus, que por tua causa me tornei teu filho; por ti e por aqueles que nasceram de ti, agora digo, e com todo o meu poder, ordeno aos que estavam na prisão: ‘Saí!’; e aos que jaziam nas trevas: ‘Vinde para a luz!’; e aos entorpecidos: ‘Levantai-vos!’

Eu te ordeno: Acorda, tu que dormes, porque não te criei para permaneceres na mansão dos mortos. Levanta-te dentre os mortos; eu Sou a vida dos mortos. Levanta-te, obra das minhas mãos; levanta-te, ó minha imagem, tu que foste criado à minha semelhança. Levanta-te, saiamos daqui; tu em mim e Eu em ti, somos uma só e indivisível pessoa.

Por ti, Eu, o teu Deus, me tornei teu filho; por ti, Eu, o Senhor, tomei tua condição de escravo. Por ti, Eu, que habito no mais alto dos céus, desci à terra e fui até mesmo sepultado debaixo da terra; por ti, feito homem, tornei-me como alguém sem apoio, abandonado entre os mortos. Por ti, que deixaste o jardim do paraíso, ao sair de um jardim fui entregue aos judeus e num jardim, crucificado.

Vê em meu rosto os escarros que por ti recebi, para restituir-te o sopro da vida original. Vê na minha face as bofetadas que levei para restaurar, conforme à minha imagem, tua beleza corrompida.

Vê em minhas costas as marcas dos açoites que suportei por ti para retirar de teus ombros o peso dos pecados. Vê minhas mãos fortemente pregadas à árvore da Cruz, por causa de ti, como outrora estendeste levianamente as tuas mãos para a árvore do paraíso.

Adormeci na Cruz, e por tua causa a lança penetrou no meu lado, como Eva surgiu do teu, ao adormeceres no paraíso. Meu lado curou a dor do teu lado. Meu sono vai arrancar-te do sono da morte. Minha lança deteve a lança que estava dirigida contra ti.

Levanta-te, vamos daqui. O inimigo te expulsou da terra do paraíso; Eu, porém, já não te coloco no paraíso, mas num trono celeste. O inimigo afastou de ti a árvore, símbolo da vida; Eu, porém, que sou a vida, estou agora junto de ti. Constituí anjos que, como servos, te guardassem; ordeno agora que eles te adorem como Deus, embora não sejas Deus.

Está preparado o trono dos querubins, prontos e a postos os mensageiros, construído o leito nupcial, preparado o banquete, as mansões e os tabernáculos eternos adornados, abertos os tesouros de todos os bens e o Reino dos céus preparado para ti desde toda a eternidade'”.

Contemplemos o Senhor falando de Si mesmo com imensa ternura sobre tudo o que passou e sofreu, por amor que ama até o fim, e por isto, não poderia ter sido vencido: Ressuscitou como celebraremos alegremente!

Verdadeiramente Jesus morreu e desceu à mansão dos mortos, para ir ao encontro dos que jaziam no leito da morte para trazê-los à vida.

Deste modo, um dia, passando pela inevitabilidade da morte, possamos ser dignos do sono provisório da morte despertar, trilhando no único Caminho que é a Verdade em nossa Vida!

Com Ele, Senhor Glorioso, 
na fidelidade morrer,
para com Ele Ressuscitar.
Aleluia haveremos de cantar. 
Amém.

Embora ainda seja noite!

Embora ainda seja noite! 

Embora ainda seja noite, eu creio,
A escuridão cederá lugar à luz,
Não há lugar para medo e receio,
Já nos alertara Cristo Jesus.


Irromperá a luz no auge da escuridão desta noite.
A Alegria brotará em cada coração,
Na mais bela aurora, esperamos vigilantes,
O Anúncio da Boa Notícia da Ressurreição.


“Ele Ressuscitou! Não está aqui”, o anjo anuncia.
Contemplar o túmulo vazio sem lamentos e tristeza,
Pois se renova em nós a mais pura alegria,
Dúvidas, receios cedem lugar para confiança e certeza. 


Embora ainda seja noite!

Aleluia! A vida venceu a morte
Para quem na Ressurreição crer,
Bem outra será a nossa sorte,
Avançar no amor sem retroceder.


O abismo da morte foi visitado,
A mansão dos mortos foi iluminada,
Almas que jaziam nas trevas do pecado,
Das correntes, por Ele, foram libertadas.


Aleluia! A obediência e doação não foram em vão.
O
 que era aparência de fracasso e decepção,
Com Sua morte, a morte da morte, irmã e irmão:
Para nós é dinamismo de vida, é força na Missão!


Embora ainda seja noite!

O encontro dos três Amores Eternos venceu,
O Eterno Amante Pai Criador, não O abandonou.
O Eterno Amado Jesus Cristo, não esmoreceu. 
O Eterno Amor Espírito Santo jamais decepcionou.

Como Igreja que seu lado trespassado nasceu,
Por amor gerada foi, por amor alimentada é.
Água que jorrou abundante, Batismo inaugurou,
Sangue do resgate; Alimento de nossa fé.


Coração transbordante de alegria,
Escuridão do pecado cede lugar à luz da graça.
Como o coração da Mãe querida Maria,
Amor que nos envolve, Amor que jamais passa.


Embora ainda seja noite!

Sinais de morte ainda nos rodeiam,
Clamando por Páscoa, Passagem, transformação.
Sejamos Testemunhas vivas do Evangelho,
Portadores da Boa Nova da Ressurreição!


Quem ama chega primeiro,
Ensinou-nos o discípulo João.
Não percamos mais tempo.
Amor que ama é fidelidade, doação.


Nosso coração palpita mais forte:
Aleluia, irmãos e irmãs!
O Amor venceu o ódio,
A Vida venceu a morte!


Aleluia! Aleluia! Aleluia!
 

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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG