quinta-feira, 17 de abril de 2025

A frutuosa participação Eucarística

                                                                 

A frutuosa participação Eucarística

“Vem, come com alegria teu Pão
e bebe com coração feliz o teu Vinho,
porque tuas obras já agradaram a Deus”.

Sejamos enriquecidos pelo Comentário sobre o Livro do Eclesiastes, escrito pelo Bispo São Gregório de Agrigento (séc. VI), que nos convida a exultar nossa alma no Senhor, a quem rendemos toda honra, glória, poder e louvor.

“‘Vem, come com alegria o teu Pão e bebe com coração feliz o teu Vinho, porque tuas obras já agradaram a Deus’.

A explicação mais simples e óbvia desta frase parece-me ser uma justa exortação que nos dirige o Eclesiastes: abraçando um tipo de vida simples e apegados à instrução de uma fé sincera para com Deus, comamos o Pão com alegria e bebamos o Vinho de coração feliz; sem resvalar para as palavras maldosas, nem nos comportarmos com duplicidade.

Pelo contrário, pensemos sempre o que é reto, e, quanto nos seja possível, auxiliemos com misericórdia e liberalidade os necessitados e mendigos, isto é, atentos aos desejos e ações com que o próprio Deus Se deleita.

No entanto, o sentido místico nos leva a mais altos pensamentos e ensina-nos a ver o Pão celeste e sacramental, que desceu do céu e trouxe a vida ao mundo.

Ensina-nos, também, com o coração feliz, a beber o Vinho espiritual, aquele Vinho que jorrou do lado da verdadeira vide, no momento da paixão salvífica.

Destes fala o Evangelho de nossa salvação: ‘Tendo Jesus tomado o pão, abençoou-o e disse a Seus santos discípulos e apóstolos: Tomai e comei: isto é meu Corpo que por vós é repartido para a remissão dos pecados; o mesmo fez com o Cálice e disse: Bebei todos dele; este é o meu Sangue da nova Aliança, que por vós e por muitos é derramado em remissão dos pecados.’

Aqueles que comem deste Pão e bebem o Vinho sacramental, na verdade enchem-se de alegria, exultam e podem exclamar: ‘Deste alegria a nossos corações’.

Ainda mais – julgo eu – este pão e este vinho designam, no livro dos Provérbios, a sabedoria de Deus, subsistente por si mesma, Cristo, o nosso salvador, quando diz: Vinde, comei do meu Pão e bebei do Vinho que preparei para vós; indicando assim a mística participação do Verbo.

Aqueles que são dignos desta participação trazem em todo o tempo vestes ou obras não menos luminosas do que a luz, realizando o que o Senhor diz no Evangelho:

Que vossa luz brilhe diante dos homens, para que vejam vossas obras boas e glorifiquem vosso Pai que está nos céus.

Igualmente se percebe que em suas cabeças corre sempre o óleo, isto é, o Espírito da verdade que os protege e defende contra todo dano do pecado”.

De fato, a verdadeira alegria pode ser encontrada tão somente no Senhor, como nos disse o Apóstolo Paulo: Alegrai-vos sempre no Senhor. Repito: alegrai-vos!” (Fl 4, 4).

Na participação autêntica, ativa, piedosa e frutuosa da Mesa da Palavra e da Eucaristia, somos iluminados pela Palavra Divina, que é luz para nosso caminho; somos nutridos pelo Diviníssimo Corpo e Sangue do Senhor.

Evidentemente esta participação não termina em si mesma, pois, como lembra o Bispo, exige daqueles que das Mesas sagradas participam a não “duplicidade de vida”, e a não multiplicação de “palavras maldosas”, e tão somente assim, a luz de Deus brilhará diante da humanidade, e o Pai que está nos céus será glorificado.

Supliquemos o Espírito da verdade, que vem socorro de nossa fraqueza, para que a participação eucarística seja sempre acompanhada de gestos concretos de solidariedade, amor e partilha, para que sal da terra e luz sejamos, e o Sermão da Montanha, que deve pautar nossa vida, seja, com ousadia e coragem, no chão do cotidiano vivido.

Quinta-feira Santa: conhecer bem, para celebrar melhor

                                          


Quinta-feira Santa: conhecer bem, para celebrar melhor
 
Reflitamos sobre a Quinta-feira Santa, com a qual iniciamos o Tríduo Pascal que nos envolve completamente, e se intensamente vivido, muda substancialmente a vida de quem o celebra ativa, consciente, piedosamente, com abundantes frutos de alegria, vida, amor e paz.
 
Com a Missa do Crisma normalmente celebrada pela manhã (pode ser antes, conforme a realidade de uma Diocese, como acontece conosco, quando celebramos na quinta-feira que antecede a Semana Santa), agradecemos a Deus a graça da Instituição do Sacerdócio, e somos enriquecidos com a bênção dos Santos Óleos dos Catecúmenos para o Sacramento do Batismo, o Óleo dos Enfermos e a Consagração do Óleo do Santo Crisma para também ser usado nas Ordenações Presbiterais, Episcopais, dedicação de altar e igrejas.
 
Na noite de quinta-feira, iniciamos o Tríduo Pascal, celebrando a Missa da Ceia do Senhor, e agradecemos a Deus de infinita bondade, a Instituição da Eucaristia, como memorial da Sua Nova e Eterna presença; recebemos o Mandamento Novo do Amor e aprendemos com Jesus, numa lição de humildade, a nos colocarmos sempre a serviço, quando lavou os pés dos discípulos.
 
Nessa Missa, a Palavra de Deus nos convida a refletir sobre a Eucaristia, ponto alto e fonte da vida cristã.
 
A Missa não tem fim em si mesma, continua em todo o nosso existir. Somos a presença d’Aquele que recebemos no mundo. Transformamo-nos n’Aquele que recebemos, vivendo o Novo Mandamento que Ele nos deu, criando laços mais humanos, belos e fraternos em atitude de servidores do Reino da Vida.
 
Em resumo, há um estreito vínculo indissolúvel entre a Eucaristia, a fraternidade universal, o amor e o serviço. Eucarísticos que somos, testemunhas críveis do amor também o seremos quando nossa vida for marcada por compromissos solidários em favor da vida, sobretudo dos mais empobrecidos – “Dei-vos o exemplo, para que façais a mesma coisa que Eu fiz...” (Jo 13,15).
 
Após a Missa, a Igreja fica em Vigília, em intensa adoração, recolhidos diante do Amor visível e tangível no Santíssimo Sacramento, a ser transladado para lugar oportuno.
 
As portas dos Sacrários ficam abertas e vazias, assim como Ele aniquilou-Se, despojou-Se de tudo para nos enriquecer de todos os bens e de toda graça, nos devolvendo a condição filial perdida, fazendo resplandecer a face sem brilho pelo pecado de nossos primeiros pais.
 
E assim, damos o início ao maravilhoso Tríduo Pascal, culminando na Celebração da Páscoa do Senhor, a Sua Gloriosa Ressurreição, então cantaremos o Aleluia.

Ó Mistério da Eucaristia e a religião pura querida por Deus

                                                               

Ó Mistério da Eucaristia e a religião pura querida por Deus

Ó Mistério da Santa  Eucaristia que piamente celebramos.
Nela  a mente e o coração são esvaziados de toda impureza,
Ressoando no mais profundo de nossa alma a Palavra proclamada,
Plenificados do amor, graça, luz e paz das duas Divinas Mesas.

Quando num coração puro a Palavra divina é plantada,
A fidelidade aos preceitos é inadiável e inviolável;
Frutos da caridade se multiplicam abundantemente,
Expressão da religião pura e sem mancha a Deus agradável.

Ó Mistério da Santa Eucaristia que ardorosamente prolongamos
Em pequenos grandes gestos de amor e solidariedade;
Em inadiável compromisso com os que pela vida clamam,
Desde sua concepção até o declínio, possuidores de mesma dignidade. Amém.

O Mandamento do Amor

                                                   

O Mandamento do Amor

“Amai-vos uns aos outros como Eu vos amei”
(Jo 15,12)

Gostar demais e amar de menos pode ser uma possível explicação para compreendermos os fatos nos diversos níveis e instâncias de nossa vida.

Nos centros de decisões políticas do mundo, gosta-se demais do capital, do lucro, do poder, do aparente êxito do neoliberalismo (aparente, pois vai se criando um abismo cada vez maior e problemas sociais assustadores, quase uma centena de conflitos/guerras por dia, processo dilacerador de exclusão e empobrecimento).

É preciso amar mais as pessoas, imagem e semelhança de Deus, o novo Mandamento de Nosso Senhor...

Em Brasília, no Poder Executivo, Legislativo e Judiciário, de modo geral, os que dirigem a nação, gostam demais do atual modelo econômico, curvando-se à cartilha do neoliberalismo mundial e ao processo de globalização, que em si, não é todo ruim. Péssimo é quando não se globaliza a riqueza, a fraternidade, a  solidariedade, os bens da criação, as riquezas das culturas...

É preciso amar mais, globalizando concretamente o amor em leis que não privilegiem alguns poucos e condenem milhões a um salário mínimo que não permite condições dignas de vida.

Nos Palácios do Governo dos Estados, nas Prefeituras, nas Câmaras, vale a mesma máxima: gostar menos dos privilégios, das mazelas, das falcatruas;

Amar mais o povo, investindo em educação, saúde, lazer, no pão nosso de cada dia... Isto somente acontecerá se colocarmos em prática o Novo Mandamento do Amor.

Deste modo, não haverá mais corrupção, desvio de verbas, mas sim a legítima aplicação dos impostos pagos pelo povo, assim, com certeza, daremos uma resposta para a suspensão da violência, bem como suas causas.

Nos meios de comunicação, é preciso não gostar de mentiras, das ilusões, da imposição de valores e práticas que atentam contra a vida (uma delas é a que retrata a Campanha da Fraternidade 2014 – tráfico de corpos e órgãos).

É preciso amar mais nos meios de comunicação, semeando a verdade do Evangelho, anunciando e denunciando, não se contentando em ocupar espaço na mídia apenas para músicas e danças, sem nenhuma alteração do quadro social em que nos encontramos. Canta-se e dança-se na mídia, enquanto ela quiser; enquanto não afetar os interesses dos grandes; enquanto se assegura alguns pontos no ibope...

Na escola, no trabalho, nos movimentos populares, partidos e sindicatos, nas ruas e estradas, em todo e qualquer lugar, de fato, não basta gostar demais. É preciso amar mais.

Quem ama percebe no colega de escola, de trabalho, a presença de Deus, vê no outro um templo do Espírito Santo. E, quanto mais amamos, mais estaremos entendendo e falando a linguagem de Deus: “o Amor”. Só quem ama conhece a Deus e guarda os Seus Mandamentos (Jo, 14-15)

Em primeiro lugar, amar mais nas famílias, ela que é como o “berço das vocações e santuário da vida”, é o espaço para se aprender, não apenas, “gostar demais, mas amar mais”.

Sem dúvida, a família é uma eterna escola do Mandamento do Amor. Se quisermos transformar o mundo, jamais poderemos nos esquecer de buscar e promover tudo aquilo que for possível para que a família venha a dar esta contribuição. Caso contrário, não teremos, como esperamos, um mundo justo e fraterno.

Em pleno Tempo Pascal, é preciso nos esforçarmos para não  apenas gostar das  pessoas, mas amar evangelicamente o próximo, como eternos aprendizes na escola do Amor que é a família e a Igreja, aos pés do Sublime e Diviníssimo Mestre, Jesus. 

“Chegou a hora...”

                                                        

“Chegou a hora...”

Assim nos falou o Senhor na passagem do Evangelho de João:

"Chegou a hora em que o Filho do Homem vai ser glorificado. Em verdade, em verdade Eu vos digo: Se o grão de trigo, lançado à terra, não morrer, fica só, mas se morrer, dará muito fruto” (Jo 12,23-24)

Contemplemos o que indica “esta hora”, segundo o quarto Evangelho:

- é a hora que não havia chegado ainda na realização do primeiro sinal, ao transformar a água em vinho nas bodas de Caná;

- o cume e chave de interpretação de toda a Sua missão salvífica - Ele veio para esta hora;

- a hora temida;

- a hora de agonia e, no entanto, profundamente desejada por ser a hora do sacrifício perfeito da Sua obediência ao Pai, hora da Sua glorificação;

- a hora em que os próprios pagãos reconhecerão n’Ele o Filho de Deus;

- a hora do olhar de fé para Aquele que foi trespassado, Ele que é o Caminho, a Verdade e a Vida (Jo 14,6), e nos garante a Salvação;

- a hora da Páscoa do Senhor.

Unamo-nos mais intimamente ao Senhor, em Seu Mistério de Paixão e Morte, para com Ele também ressuscitarmos.

Conceda-nos, Deus, coragem e fidelidade, para nos configurarmos ao Seu Filho, com a graça da ação do Espírito Santo, que nos anima, conduz, orienta e nos fortalece.

Nossas horas terão novos conteúdos, salutares e luminosos, se nos unirmos à “hora do Senhor”.



Fonte de pesquisa: Missal Quotidiano – dominical e ferial – Editora Paulus – Lisboa – p.445

Em poucas palavras...

                                                   


Como Igreja, revelar ao mundo o semblante de Deus

“Cristo, presente na Eucaristia, faz-nos participar em Sua fidelidade ao Pai, e pede à Igreja que tenha a mesma fidelidade, para mostrar ao mundo o semblante de Deus, o Deus da Aliança, presente nas vicissitudes humanas.”(1)

 

 

(1)        Comentário do Missal Cotidiano - Editora Paulus - passagem da Leitura Dt 26,16-19 - pág. 200

Em poucas palavras...

                                                                   


Missa da Quinta-feira Santa

“Nesta Missa, faz-se, portanto, memória: da instituição da Eucaristia, memorial da Páscoa do Senhor, na qual se perpetua no meio de nós, através dos sinais sacramentais, o sacrifício da nova Lei; da instituição do sacerdócio, pelo qual se perpetua no mundo a missão e o sacrifício de Cristo; e também da caridade com que o Senhor nos amou até a morte.” (1)



(1) Cerimonial dos Bispos – Cerimonial da Igreja – n.297

 


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