quinta-feira, 17 de abril de 2025

O Mandamento do Amor

                                                   

O Mandamento do Amor

“Amai-vos uns aos outros como Eu vos amei”
(Jo 15,12)

Gostar demais e amar de menos pode ser uma possível explicação para compreendermos os fatos nos diversos níveis e instâncias de nossa vida.

Nos centros de decisões políticas do mundo, gosta-se demais do capital, do lucro, do poder, do aparente êxito do neoliberalismo (aparente, pois vai se criando um abismo cada vez maior e problemas sociais assustadores, quase uma centena de conflitos/guerras por dia, processo dilacerador de exclusão e empobrecimento).

É preciso amar mais as pessoas, imagem e semelhança de Deus, o novo Mandamento de Nosso Senhor...

Em Brasília, no Poder Executivo, Legislativo e Judiciário, de modo geral, os que dirigem a nação, gostam demais do atual modelo econômico, curvando-se à cartilha do neoliberalismo mundial e ao processo de globalização, que em si, não é todo ruim. Péssimo é quando não se globaliza a riqueza, a fraternidade, a  solidariedade, os bens da criação, as riquezas das culturas...

É preciso amar mais, globalizando concretamente o amor em leis que não privilegiem alguns poucos e condenem milhões a um salário mínimo que não permite condições dignas de vida.

Nos Palácios do Governo dos Estados, nas Prefeituras, nas Câmaras, vale a mesma máxima: gostar menos dos privilégios, das mazelas, das falcatruas;

Amar mais o povo, investindo em educação, saúde, lazer, no pão nosso de cada dia... Isto somente acontecerá se colocarmos em prática o Novo Mandamento do Amor.

Deste modo, não haverá mais corrupção, desvio de verbas, mas sim a legítima aplicação dos impostos pagos pelo povo, assim, com certeza, daremos uma resposta para a suspensão da violência, bem como suas causas.

Nos meios de comunicação, é preciso não gostar de mentiras, das ilusões, da imposição de valores e práticas que atentam contra a vida (uma delas é a que retrata a Campanha da Fraternidade 2014 – tráfico de corpos e órgãos).

É preciso amar mais nos meios de comunicação, semeando a verdade do Evangelho, anunciando e denunciando, não se contentando em ocupar espaço na mídia apenas para músicas e danças, sem nenhuma alteração do quadro social em que nos encontramos. Canta-se e dança-se na mídia, enquanto ela quiser; enquanto não afetar os interesses dos grandes; enquanto se assegura alguns pontos no ibope...

Na escola, no trabalho, nos movimentos populares, partidos e sindicatos, nas ruas e estradas, em todo e qualquer lugar, de fato, não basta gostar demais. É preciso amar mais.

Quem ama percebe no colega de escola, de trabalho, a presença de Deus, vê no outro um templo do Espírito Santo. E, quanto mais amamos, mais estaremos entendendo e falando a linguagem de Deus: “o Amor”. Só quem ama conhece a Deus e guarda os Seus Mandamentos (Jo, 14-15)

Em primeiro lugar, amar mais nas famílias, ela que é como o “berço das vocações e santuário da vida”, é o espaço para se aprender, não apenas, “gostar demais, mas amar mais”.

Sem dúvida, a família é uma eterna escola do Mandamento do Amor. Se quisermos transformar o mundo, jamais poderemos nos esquecer de buscar e promover tudo aquilo que for possível para que a família venha a dar esta contribuição. Caso contrário, não teremos, como esperamos, um mundo justo e fraterno.

Em pleno Tempo Pascal, é preciso nos esforçarmos para não  apenas gostar das  pessoas, mas amar evangelicamente o próximo, como eternos aprendizes na escola do Amor que é a família e a Igreja, aos pés do Sublime e Diviníssimo Mestre, Jesus. 

“Chegou a hora...”

                                                        

“Chegou a hora...”

Assim nos falou o Senhor na passagem do Evangelho de João:

"Chegou a hora em que o Filho do Homem vai ser glorificado. Em verdade, em verdade Eu vos digo: Se o grão de trigo, lançado à terra, não morrer, fica só, mas se morrer, dará muito fruto” (Jo 12,23-24)

Contemplemos o que indica “esta hora”, segundo o quarto Evangelho:

- é a hora que não havia chegado ainda na realização do primeiro sinal, ao transformar a água em vinho nas bodas de Caná;

- o cume e chave de interpretação de toda a Sua missão salvífica - Ele veio para esta hora;

- a hora temida;

- a hora de agonia e, no entanto, profundamente desejada por ser a hora do sacrifício perfeito da Sua obediência ao Pai, hora da Sua glorificação;

- a hora em que os próprios pagãos reconhecerão n’Ele o Filho de Deus;

- a hora do olhar de fé para Aquele que foi trespassado, Ele que é o Caminho, a Verdade e a Vida (Jo 14,6), e nos garante a Salvação;

- a hora da Páscoa do Senhor.

Unamo-nos mais intimamente ao Senhor, em Seu Mistério de Paixão e Morte, para com Ele também ressuscitarmos.

Conceda-nos, Deus, coragem e fidelidade, para nos configurarmos ao Seu Filho, com a graça da ação do Espírito Santo, que nos anima, conduz, orienta e nos fortalece.

Nossas horas terão novos conteúdos, salutares e luminosos, se nos unirmos à “hora do Senhor”.



Fonte de pesquisa: Missal Quotidiano – dominical e ferial – Editora Paulus – Lisboa – p.445

Em poucas palavras...

                                                   


Como Igreja, revelar ao mundo o semblante de Deus

“Cristo, presente na Eucaristia, faz-nos participar em Sua fidelidade ao Pai, e pede à Igreja que tenha a mesma fidelidade, para mostrar ao mundo o semblante de Deus, o Deus da Aliança, presente nas vicissitudes humanas.”(1)

 

 

(1)        Comentário do Missal Cotidiano - Editora Paulus - passagem da Leitura Dt 26,16-19 - pág. 200

Em poucas palavras...

                                                                   


Missa da Quinta-feira Santa

“Nesta Missa, faz-se, portanto, memória: da instituição da Eucaristia, memorial da Páscoa do Senhor, na qual se perpetua no meio de nós, através dos sinais sacramentais, o sacrifício da nova Lei; da instituição do sacerdócio, pelo qual se perpetua no mundo a missão e o sacrifício de Cristo; e também da caridade com que o Senhor nos amou até a morte.” (1)



(1) Cerimonial dos Bispos – Cerimonial da Igreja – n.297

 


Em poucas palavras...

                                         


“A Eucaristia, memorial da condenação de Cristo...”

“A Eucaristia, memorial da condenação de Cristo, tem na Igreja um lugar central, também porque a paixão se renova continuamente, sob mil formas, na carne viva do corpo místico.” (1)

 

(1)        Comentário do Missal Cotidiano sobre a passagem do Livro da Sabedoria (Sb 2,1a.12-22)- pág. 276

Cremos na morte redentora do Senhor

 


Cremos na morte redentora do Senhor


“Pela Sua dolorosa Paixão, tende misericórdia de nós e do mundo inteiro”

Cremos que Jesus Cristo, pregado na Cruz, perdoou o ladrão arrependido, como também nos perdoa, se dos pecados de coração contrito e humilhado, a Ele acorremos com sincero arrependimento e compromisso de uma vida nova, na graça divina.

Cremos em Jesus Cristo, nosso Salvador, que nos remiu por Sua morte e Ressurreição, e por isto, subiu a Jerusalém para sofrer a Paixão, e assim entrar na glória.

Cremos que foi elevado na Cruz, e deixou a lança do soldado transpassá-Lo, e com Seu Sangue derramado, curou nossas feridas.

Cremos que, por Sua crudelíssima morte, transformou o madeiro da Cruz em árvore da vida, e dela nos concedeu os frutos, ao renascermos pelo Batismo.

Cremos que do Pai nos enviou o Espírito, para conduzir a Sua Igreja, enquanto peregrinamos rumo à Páscoa da eternidade.

Oremos:

“Ó Deus, assisti com Vossa bondade a penitência que iniciamos, para que vivamos interiormente as práticas externas da quaresma. Por nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.


(1) Fonte: Oração das Vésperas – Tempo da Quaresma.

quarta-feira, 16 de abril de 2025

Semana Santa: a dor de um amor não correspondido

                                                          

Semana Santa: a dor de um amor não correspondido

Na Quarta-feira da Semana Santa, ouvimos a passagem do Evangelho de Mateus (Mt 26, 14-25), que nos fala da traição de Judas, que entrega Jesus por trinta moedas.

Retomo um trecho do Sermão do Papa e Doutor da Igreja, São Gregório Magno (séc. VI):

“Nós sofremos menos pelos males causados por estranhos, porém nos são mais cruéis os tormentos que sofremos da parte daqueles em cujo amor confiávamos; porque, além do tormento do corpo, sofremos o amor  perdido, eis por que de Judas, Seu traidor, diz o Senhor pelo salmista:

Na verdade que, se o ultraje viesse de um inimigo meu, teria sofrido com paciência; e se a agressão partisse daqueles que me odeiam, poderia ter-me salvo deles; mas tu, meu companheiro, meu guia e meu amigo; com quem me entretinha em doces colóquios, que andávamos juntos na casa de Deus’.

E novamente: ‘Até o próprio amigo em quem Eu confiava, que partilhava do meu pão, levantou contra mim o calcanhar’. Como se de Seu traidor dissesse claramente: ‘sua traição me é tanto mais dolorosa quanto mais íntimo me parecia ser aquele de quem a sofri’”.

São Gregório retrata possíveis experiências que possamos já ter vivido e sofrido por um amor perdido, como assim vivenciou nosso Senhor, em relação à traição de Judas, a quem tanto amou, e não foi correspondido, e nem por isto deixou de amá-lo.

Quem mais poderia amá-lo e nos amar tanto assim?

Quanto ainda temos que nos converter e amadurecer para amar, incondicionalmente, como Jesus nos ama?

Vivendo a Semana Santa, temos que aprofundar nosso aprendizado na prática do Mandamento Maior do amor a Deus, que se expressa no amor ao próximo.

Aprofundar nossa espiritualidade genuinamente Pascal, para não incorrermos em infidelidades e traições ao amor de Deus por nós, para que não reescrevamos novas páginas de traição, como Judas o fez.

(1) Lecionário Patrístico Dominical - Editora Vozes – 2013 – P.755

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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG