terça-feira, 15 de abril de 2025

Fixemos nosso olhar na Cruz de Nosso Senhor

                                                            

Fixemos nosso olhar na Cruz de Nosso Senhor

Celebremos a Semana Santa, a semana do indizível e imenso amor de Deus por nós, e o poder radiante da Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo, como rezamos no Prefácio da Missa da Paixão do Senhor (I):

“Pois, pela paixão salvadora do vosso Filho, o mundo inteiro recebeu a missão de proclamar a vossa glória.

A força radiante da cruz, manifesta o julgamento do mundo e o poder de Jesus Crucificado.”(1)

Fixemos nossos olhos no Senhor, que é sempre uma graça que eleva nossos pensamentos e revigora nossas forças, e meditemos as palavras do Apóstolo Paulo aos Coríntios:

“Deus escolheu o que o mundo considera como fraco, para assim confundir o que é forte; Deus escolheu o que para o mundo é sem importância e desprezado, o que não tem nenhuma serventia, para assim mostrar a inutilidade do que é considerado importante, para que ninguém possa gloriar-se diante dele. É graças a Ele que vós estais em Cristo Jesus, o qual Se tornou para nós, da parte de Deus: sabedoria, justiça, santificação e libertação,” 
(1Cor 1,27b-30).

Oportunas as palavras do Papa São Leão Magno (séc V):

“Através d’Ele (Jesus Cristo morto na Cruz) é dado aos crentes a força na fraqueza, a glória na humilhação, a vida na morte”.

Olhos fixos no Senhor e vemos que em Sua “fraqueza”, deixou-se atraiçoar e crucificar, revelando e confiando no Seu amor oblativo e o amor do Pai que não O abandonará, mas O Ressuscitará.

Olhos fixos no Senhor, para ficar com Ele até o fim, no indizível amor que testemunha em nosso favor, ainda que imerecidamente.

Mantenhamos os olhos da alma fixos no Senhor e o coração em plena sintonia com o Seu Sagrado Coração trespassado e dilatado para que nele coubéssemos, como tão bem expressou São Pedro Crisólogo (séc V), na contemplação  da humanidade/divindade de Jesus:

“Talvez vos perturbe a enormidade de meus sofrimentos por vós. Não tenhais medo. Estes cravos não Me provocam dor, mas cravam mais profundamente em mim o amor por vós.

Estas Chagas não Me fazem soltar gemidos, mas vos introduzem ainda mais intimamente em Meu coração. O Meu corpo, ao ser estirado na Cruz, não aumenta o Meu sofrimento, mas dilata espaços do coração para vos acolher. Meu Sangue não é uma perda para mim, mas é o preço do vosso resgate”.

No silêncio e no recolhimento permaneçamos. Com os olhos e o coração fixos no Senhor, pois quem nos amou tanto assim?

Concluo com as palavras do Papa Francisco:

“Há tanto barulho no mundo. Aprendamos a estar em silêncio dentro de nós mesmos e diante de Deus”.

(1) Missal Romano - Edição antiga

Em poucas palavras...

 


Celebremos piedosamente o Tríduo Pascal

Partindo do Tríduo Pascal, como da sua fonte de luz, o tempo novo da Ressurreição enche todo o ano litúrgico da sua claridade.

Progressivamente, dum lado e doutro desta fonte, o ano é transfigurado pela liturgia.

Ele é realmente o ano da graça do Senhor (Lc 4,19). A economia da salvação realiza-se no quadro do tempo, mas a partir do seu cumprimento na Páscoa de Jesus e da efusão do Espírito Santo, o fim da história é antecipado, pregustado, e o Reino de Deus entra no nosso tempo.” (1)

 

 

(1) Catecismo da Igreja Católica – parágrafo n.1168

Rezando com os Salmos - Salmo 30 (31),2-6

 


O Senhor é nossa rocha e fortaleza

“–2 Senhor, eu ponho em Vós minha esperança;
que eu não fique envergonhado eternamente!
= Porque sois justo, defendei-me e libertai-me,
3 inclinai o Vosso ouvido para mim;
apressai-vos, ó Senhor, em socorrer-me!

– Sede uma rocha protetora para mim,
um abrigo bem seguro que me salve!

–4 Sim, sois Vós a minha rocha e fortaleza;
por Vossa honra orientai-me e conduzi-me!

–5 Retirai-me desta rede traiçoeira,
porque sois o meu refúgio protetor!

–6 Em Vossas mãos, Senhor, entrego o meu espírito,
porque Vós me salvareis, ó Deus fiel!

–7 Detestais os que adoram deuses falsos;
quanto a mim, é ao Senhor que me confio.

=8 Vosso amor me faz saltar de alegria,
pois olhastes para as minhas aflições
e conhecestes as angústias de minh’alma.

–9 Não me entregastes entre as mãos do inimigo,
mas colocastes os meus pés em lugar amplo!

=10 Tende piedade, ó Senhor, estou sofrendo:
os meus olhos se turvaram de tristeza,
o meu corpo e minha alma definharam!

–11 Minha vida se consome em amargura,
e se escoam os meus anos em gemidos!

– Minhas forças se esgotam na aflição,
e até meus ossos, pouco a pouco, se desfazem!

–12 Tornei-me o opróbrio do inimigo,
o desprezo e zombaria dos vizinhos,

– e objeto de pavor para os amigos;
fogem de mim os que me veem pela rua.

–13 Os corações me esqueceram como um morto,
e tornei-me como um vaso espedaçado.

–14 Ao redor, todas as coisas me apavoram;
ouço muitos cochichando contra mim;

– todos juntos se reúnem, conspirando
e pensando como vão tirar-me a vida.

–15 A Vós, porém, ó meu Senhor, eu me confio,
e afirmo que só Vós sois o meu Deus!

–16 Eu entrego em Vossas mãos o meu destino;
libertai-me do inimigo e do opressor!

–17 Mostrai serena a Vossa face ao Vosso servo,
e salvai-me pela Vossa compaixão!

–20 Como é grande, ó Senhor, Vossa bondade,
que reservastes para aqueles que vos temem!

– Para aqueles que em Vós se refugiam,
mostrando, assim, o Vosso amor perante os homens.

–21 Na proteção de Vossa face os defendeis
bem longe das intrigas dos mortais.

– No interior de Vossa tenda os escondeis,
protegendo-os contra as línguas maldizentes.

–22 Seja bendito o Senhor Deus, que me mostrou
seu grande amor numa cidade protegida!

–23 Eu que dizia quando estava perturbado:
“Fui expulso da presença do Senhor!”

– Vejo agora que ouvistes minha súplica, 
quando a Vós eu elevei o meu clamor.

=24 Amai o Senhor Deus, seus santos todos, 
ele guarda com carinho seus fiéis, 
mas pune os orgulhosos com rigor.

–25 Fortalecei os corações, tende coragem, 
todos Vós que ao Senhor vos confiais!

O Salmo 30(31),2-17.20-25 é uma súplica confiante do aflito:

“Mesmo assaltado por males sem conta, o salmista conserva sua confiança em Deus. Entrega nas Suas mãos o seu espírito, proclama a bondade de Deus e exorta os irmãos ao amor divino.”(1)

Este Salmo nos remete ao momento crucial da Paixão e Morte de Jesus Cristo – “Pai, em Tuas mãos entrego o meu espírito!” (Lc 23,46).

Também devemos colocar em Deus nossa total confiança, pois Ele é o abrigo bem seguro que nos salva,  nossa rocha protetora  e fortaleza, como tão bem expressou o Salmista.

Em nossas provações, angústias e aflições, recorramos ao Senhor Deus, e n’Ele coloquemos toda a nossa confiança, como assim o fez Nosso Senhor Jesus Cristo, confiantes nas promessas divinas, pois, de fato, “A esperança não decepciona” (Rm 5,5), e o amor de Deus é sempre derramado em nossos corações por meio do Espírito. Amém.

(1)  Comentário da Bíblia Edições CNBB – p.749

Imitar Jesus na vida e na morte sempre!

                                                           

Imitar Jesus na vida e na morte sempre!

Sejamos iluminados pelo texto “Do Livro sobre o Espírito Santo”, de São Basílio Magno, Bispo (Séc. IV).

"O desígnio de nosso Deus e Salvador em relação ao homem consiste em levantá-lo de sua queda e fazê-lo voltar, do estado de inimizade ocasionado por sua desobediência, à intimidade divina.

A vinda de Cristo na carne, os exemplos de Sua vida apresentados pelo Evangelho, a Paixão, a Cruz, o Sepultamento e a Ressurreição não tiveram outro fim senão salvar o homem, para que, imitando a Cristo, ele recuperasse a primitiva adoção filial.

Portanto, para atingir à perfeição, é necessário imitar a Cristo, não só nos exemplos de mansidão, humildade e paciência que Ele nos deu durante a Sua vida, mas também imitá-Lo em Sua morte, como diz São Paulo, o imitador de Cristo:

'Tornando-me semelhante a Ele na Sua morte, para ver se alcanço a ressurreição dentre os mortos' (Fl 3,10).

Mas como poderemos assemelhar-nos a Cristo em Sua morte?
Sepultando-nos com Ele por meio do Batismo.

Em que consiste este sepultamento e qual é o fruto dessa imitação?

Em primeiro lugar, é preciso romper com a vida passada. Mas ninguém pode conseguir isto se não nascer de novo, conforme a Palavra do Senhor, porque o renascimento, como a própria palavra indica, é o começo de uma vida nova. Por isso, antes de começar esta vida nova, é preciso por fim à antiga.

Assim como, no estádio, os que chegam ao fim da primeira parte da corrida, costumam fazer uma pequena pausa e descansar um pouco, antes de iniciar o retorno, do mesmo modo, era necessário que nesta mudança de vida interviesse a morte, pondo fim ao passado para começar um novo caminho.

E como imitar a Cristo na Sua descida à mansão dos mortos?
Imitando no Batismo o Seu sepultamento. Porque os corpos dos batizados ficam, de certo modo, sepultados nas águas.

O Batismo simboliza, pois, a deposição das obras da carne, segundo as palavras do Apóstolo:

'Vós também recebestes uma circuncisão, não feita por mão humana, mas uma circuncisão que é de Cristo, pela qual renunciais ao corpo perecível. Com Cristo fostes sepultados no Batismo' (Cl 2,11-12).

Ora, o Batismo, por assim dizer, lava a alma das manchas contraídas por causa das tendências carnais, conforme está escrito:

'Lavai-me e mais branco do que a neve ficarei'(Sl 50,9). 

Por isso, reconhecemos um só Batismo de salvação, já que é uma só a morte que resgata o mundo e uma só a ressurreição dos mortos, das quais o Batismo é figura”.

Somos convidados a imitar Cristo na mansidão, humildade e paciência que são atitudes que marcaram Sua vida. Imitá-Lo na Sua morte, assumindo o Mistério da Paixão e Cruz, de modo que se morrermos com Ele, com Ele também ressuscitaremos e poderemos celebrar a verdadeira Páscoa do Senhor em nossa vida. 

Eis a Boa Nova do Batismo que um dia recebemos: A semente de imortalidade!

Deste modo, urge que o imitemos, num amor incondicional, numa fidelidade expressa da mesma forma!

Reflitamos:

-  Quais são as atitudes de Jesus que devo intensificar mais em minha vida?

--- De que modo me configuro a Cristo no Mistério de Sua Paixão e Morte?

- -  O que significa morrer com Cristo para ressuscitar com Ele concretamente na vivência do meu Batismo?
- 
- - O que me falta ainda para uma rica e frutuosa preparação para a Celebração da Páscoa do Senhor?

Oremos:

"Concedei, ó Deus, ao vosso povo que desfalece, por sua fraqueza, recobrar novo alento pela Paixão do Vosso Filho. Que Convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo. Amém".

Fidelidade e amor ao Senhor

                                                        

Fidelidade e amor ao Senhor

A Liturgia, da terça-feira da Semana Santa, nos apresenta a passagem do Evangelho, em que Jesus, à mesa com Seus discípulos, prediz a negação de Pedro e a traição de Judas (Jo 13, 21-33.36-38).

Vejamos o que nos diz Comentário do Missal Cotidiano:

“Enquanto Jesus revela, com os gestos e Palavras da Ceia, a plenitude do Seu Amor, ganha um relevo extremo, pelo contraste, a fragilidade do homem.

A traição de Judas e a de Pedro são muito diferentes em sua motivação moral e em seu resultado. Ambas são, entretanto, sinal da fraqueza da carne em face da lógica do Reino de Deus.

Pode ser que Judas fosse dominado por interesses ignóbeis, como o dinheiro, ou por outros menos ignóbeis, como o nacionalismo fanático. Sua memória faz jus a toda a nossa capacidade de execrar!

Mas será que o entusiasmo puramente afetivo tem força para introduzir o homem no Mistério de Deus? Pedro tinha entusiasmo, mas aquela noite para ele foi noite de traição.

O que vale, portanto, é somente a fé. Só a fé pode compreender que para Jesus noite de traição é noite de glorificação, e o patíbulo da Cruz é já um trono de glória.

Entrar nesta ‘impossível’ identidade é milagre da fé. Observando que era noite, não pretende João dar indicações de tempo; quer sim dizer que Judas agora caiu, sem esperança de salvação, em poder das trevas (Lc 22,52). Agora veio a noite que pôs termo à ação de Jesus (Lc 9,4; 11,10; 12,35)". (1)

São duas traições distintas: Judas trai por ação, enquanto Pedro pela palavra, pela negação de conhecer Jesus.

Também distintas são as atitudes de ambos diante da Misericórdia de Deus que nos faz novas criaturas, pois Deus está sempre pronto a perdoar, a destruir o pecado e jamais o pecador: Judas não suporta o peso da traição. O vazio e o amargo da traição, o levaram ao suicídio.

Pedro, de outro lado, faz um salto qualitativo de reconhecimento de sua condição pecadora, e por três vezes também terá que confirmar o seu amor incondicional por Jesus, antes de lhe ser confiado o cuidado do rebanho (cf. Jo 21, 15-17).

Semana Santa é tempo de reflexão, de oração e de revermos também nossas atitudes diante de Jesus e do Evangelho; também nós podemos, de um modo ou de outro, negar e trair o Senhor.

É simplismo estéril lançarmos pedras em Judas e mesmo em Pedro, execrando suas fraquezas.

Trata-se de vermos o quanto as atitudes de ambos podem estar presentes dentro de nós, e erradicá-las totalmente, extirpando qualquer possibilidade de trair o Amor extremo e incondicional de Deus por nós, para que celebremos verdadeiramente a Páscoa do Senhor. 

(1) Missal Cotidiano - Editora Paulus - pág. 323

Semana Santa: Contemplemos e imitemos o Servo sofredor

                                                    

Semana Santa: Contemplemos e imitemos o Servo sofredor

Na primeira Leitura da terça-feira da Semana Santa, ouvimos a passagem do Livro do Profeta Isaías (Is 49,1-6).

Trata-se de uma parte do segundo canto do Servo sofredor de Javé, em que retrata o final do exílio e, à luz da Palavra, pode-se afirmar que a missão profética brota e se sustenta do próprio Deus. Sendo eleito vive da Palavra e para a Palavra de Deus.

O Profeta Isaías anuncia a ação divina, que fará do Servo Sofredor a luz das nações, para que seja a Salvação de Deus oferecida a toda a humanidade. 

A vocação do profeta é vivida como dom de Deus, pois é Ele quem toma a iniciativa, portanto, ele conta o derramamento de graça, bondade, amor divinos.

Vive uma especial relação de amizade e intimidade com Deus, tornando visível Sua ação salvadora, que fará nascer uma luz que iluminará todos os povos.

A Tradição cristã viu sempre nesta página o anúncio profético do Messias, que veio ao mundo como luz e Salvação para a Humanidade: Jesus Cristo.

Reflitamos:

- Como vivo a vocação profética que recebi no dia do meu Batismo?
- Qual tem sido a intimidade/amizade que vivo com Deus, para Sua Palavra com credibilidade anunciar?

- Como sinto a presença e a força de Deus no viver da vocação profética que me confiou?
- O que sou capaz de suportar para viver esta vocação?

Urge acolher, nas entranhas de nosso coração, o Amor de Deus e viver com ardor a vocação profética, reavivando a chama do Batismo que um dia foi acesa, e que jamais se apagando nos levará à plenitude da luz divina: Céu.

Em poucas palavras...

                                             


A boa e necessária política

“Fundamental na vida do Brasil, passados sessenta anos do início da ditadura, a democracia ainda precisa de cuidado.

Depois do período de sistemáticos e ostensivos ataques, temos a oportunidade de fortalecê-la nas eleições municipais de 2024, através do voto consciente e livre.

A consciência cívica deverá estar a serviço dos mais profundos interesses do nosso povo, pois há exigências éticas para a realização do bem comum.

Por isso, os cristãos, leigos e leigas, não podem 1abdicar da participação na política (Christifideles Laici, 42).

Preocupa-nos que extremismos, desprezando o projeto de fraternidade social, façam do processo eleitoral um palco de intolerância e de ainda mais violência.” (1)

 

(1) Mensagem dos Bispos CNBB na 61ª  Assembleia CNBB (16/04/24)

 

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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG