segunda-feira, 14 de abril de 2025

Itinerário Quaresmal vivido, Alegria Pascal celebrada!

                                                            


Itinerário Quaresmal vivido, Alegria Pascal celebrada!

Como a Liturgia Quaresmal nos enriquece numa autêntica espiritualidade Pascal, levando-nos cada dia a um mergulho no Mistério do Amor de Deus vivenciado e celebrado em cada Banquete da Eucaristia e, na vida, expresso com palavras e ações, sem o que esvaziaremos a beleza do Mistério!

Como Igreja, estamos em permanente travessia do deserto, enfrentando as tentações do Maligno (ter, ser, poder), mas subindo ao Monte Tabor para escutar o que o Filho Amado de Deus, Jesus, tem a nos dizer para sua Palavra na planície vivermos.

Também como Igreja presente na Cidade, com seus inúmeros clamores e desafios, nos sentamos à beira do poço para saciar nossa sede de eternidade, ouvindo o que o Senhor tem a nos dizer.

Sua Palavra acolhida é o colírio de nossa fé, para que nosso olhar não se desvie e deixemos de perceber os sinais de morte que estão diante de nossos olhos e clamam por uma resposta. O Senhor é a Ressurreição e a Vida, n’Ele vivendo e crendo teremos a vida eterna.

Com o Domingo de Ramos, iniciaremos a Semana Santa, firmando nossos passos no fortalecimento de nossa fé em Jesus Cristo que, por amor a nós,  Sua vida entregou; Seu Sangue derramou para nos redimir e nos reconciliar com Deus.

No Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor, O acolhemos não mais em Jerusalém, mas em nosso coração, em nossos lares e em todos os lugares; aclamaremos que Jesus: “Bendito o que vem em nome do Senhor. Hosana nas alturas!”. Um Rei diferente, que ama doando a vida e Se entregando por todos nós por amor, no crudelíssimo Sacrifício da Cruz, enfrentando toda maldade humana.

Na Quinta-Feira Santa iniciaremos o Tríduo Pascal, celebrando a Instituição da Eucaristia, na qual Jesus nos dá o Mandamento do amor e nos ensina, com o lava-pés, a atitude de serviço em favor da vida de nosso semelhante, num gesto supremo de humildade.

Na Sexta-Feira Santa, celebraremos o Mistério de Sua Paixão e Morte na Cruz, por amor extremo e infinito por todos nós, e mergulharemos em intenso e profundo silêncio, contemplando imensurável Mistério que se prolongará até a noite do Sábado. A Celebração no recolhimento, o vermelho da Liturgia, o silêncio profundo... Tudo se cala diante do Mistério do Amor que ama até o fim. Amor, que incrível o Amor de Deus por nós!

E começando lentamente a Celebração na noite da Vigília do Sábado Santo, celebraremos, ainda que seja noite, a Sua gloriosa Ressurreição, e então voltaremos a dar glória a Deus, com exultação e alegria, os sinos voltarão a soar, as flores embelezarão nossos altares, o branco da Liturgia nos convidará a sentir a leveza da paz, alcançada pela Vitória da Vida que venceu a morte. O Aleluia! cantado com júbilo será a expressão grandiosa de tudo isto.

E, quando a manhã do Domingo irromper, já estaremos dentro do longo e alegre Tempo Pascal.

Itinerário Quaresmal percorrido com fidelidade, Páscoa celebrada, amor e alegria, no coração, transbordados. Aleluia aclamaremos! 

Em poucas palavras...

                                               



Celebremos e vivamos O Mistério da Semana Santa

 

Somos discípulos missionários do Senhor, do Servo Sofredor e vencedor, porque o Pai O Ressuscitou, e em Seu nome, nos enviou o Seu Espírito: acreditemos, contemplemos e imitemos a Paixão do Senhor, morrendo com Ele, para com Ele também ressuscitarmos.

 

 

domingo, 13 de abril de 2025

Em poucas palavras...

 


Semana Santa: Acreditar, contemplar e imitar

 

Peregrinos da esperança “Tende em vós o mesmo sentimento de Cristo Jesus”  (Fl 2,5), pois “A esperança não decepciona” (cf. Rm 5,5)

Em poucas palavras...

 

 


“Somente...”

Somente a água que damos de beber ao próximo poderá saciar nossa sede.

Somente a roupa que doamos poderá vestir nossa nudez. 

Somente o doente que visitamos poderá nos curar.

Somente o pão que oferecemos ao irmão poderá nos satisfazer.

Somente a palavra que suaviza a dor poderá nos consolar.

Somente o prisioneiro que libertamos poderá nos libertar”. (1)

 

(1)             Autor desconhecido

 

Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor (Domingo de Ramos - Ano C)

Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor (Ano C)
 
                              “Contemplemos e fiquemos abismados diante da mais bela História do Amor de Deus por nós:
Jesus Cristo, 0 Filho Amado do Pai.”
 
Com a Santa Missa do Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor, iniciamos a Semana Santa, que culminará na Ressurreição do Senhor.
 
A Liturgia (Ano C) nos convida a contemplar a ação de Deus que veio ao encontro da humanidade, por meio de Jesus Cristo, que Se fez Servo, em doação total de Sua vida por amor, não fugindo do horizonte da Cruz sempre presente em Sua missão.
 
A passagem da primeira Leitura (Is 50,4-7) nos apresenta o terceiro Cântico de Javé, e a figura do Servo sofredor, que a fé cristã identifica perfeitamente com a Pessoa de Jesus Cristo no Mistério de Sua Paixão e Morte:
 
“A vida de Jesus realiza plenamente esse destino de dom e entrega da vida em favor de todos; e a Sua glorificação mostra que uma vida vivida deste jeito não termina no fracasso, mas na Ressurreição que gera vida nova” (1)
 
O Servo sofredor escuta, sofre, resiste e confia na intervenção de Deus que jamais abandona aqueles a quem chama. O Profeta tem convicção de que não está só, e que a força de Deus é sempre mais forte do que a dor, o sofrimento e a perseguição, e que jamais ficará decepcionado.
 
Reflitamos:
 
- Temos coragem de fazer da nossa vida uma total entrega ao Projeto de Deus, no compromisso de libertação de tudo que seja sinal de morte e opressão?
 
- De que modo vivemos a vocação profética que Deus nos concedeu pela graça do Batismo?
 
- Temos confiança na força de Deus, como o Servo sofredor que é o próprio Senhor?
 
O Apóstolo Paulo, na passagem da segunda Leitura (Fl 2, 6-11), nos apresenta o exemplo de Jesus Cristo que viveu obediência, fidelidade e amor total ao Pai por amor à humanidade.
 
Embora a comunidade de Filipos, gozando de afeto especial do Apóstolo, seja entusiasta, generosa e comprometida, é exortada a aprofundar sua prática de desprendimento com maior humildade e simplicidade, como pode acontecer com toda comunidade que adere ao Senhor.
 
Paulo nos apresenta, portanto, numa breve e densa passagem, a missão de Jesus:
 
“Em traços precisos, o hino define o ‘despojamento’ (‘Kenosis’)  de Cristo: Ele não afirmou com arrogância e orgulho a Sua condição divina, mas aceitou fazer-Se homem, assumindo com humildade a condição humana, para servir, para dar a vida, para revelar totalmente aos homens o Ser e o amor do Pai.
 
Não deixou de ser Deus, mas aceitou descer até aos homens, fazer-Se servidor dos homens, para garantir vida nova para os homens. Esse ‘abaixamento’ assumiu mesmo foros de escândalo: Jesus aceitou uma morte infamante – a Morte de Cruz – para nos ensinar a suprema lição do serviço, do Amor radical, da entrega total da vida” (2).
 
Em consequência disto, Deus o fez “Kyrios” (Senhor), para reinar sobre toda a terra e sobre toda a humanidade.
 
A comunidade dos seguidores de Jesus haverá de fazer sempre este mesmo caminho de despojamento, amor, doação e fidelidade total a Deus, para alcançar a glória da eternidade.
 
A passagem do Evangelho (Lc 22,14-23,56) nos apresenta a Paixão de Nosso Senhor Jesus. Com Lucas, o terceiro Evangelista, contemplamos a Paixão de Jesus: uma vida feita dom e serviço, culminando na morte de Cruz, em que revela o Amor de Deus que nada guarda para Si, que Se faz um dom total para que sejamos redimidos.
 
A mensagem central: a morte de Jesus é a consequência lógica do anúncio do Reino, que provocou tensões, resistências pelos que detinham o poder religioso, econômico, político e social do Seu tempo.
 
A morte de Jesus é o culminar de Sua vida: “é a afirmação última, porém, mais radical e mais verdadeira (porque marcada com Sangue), daquilo que Jesus pregou com Palavras e com gestos: o amor, o dom total, o serviço” (3).
 
Sua morte deve ser entendida no contexto do que foi a Sua vida. Sendo assim, o Seu projeto libertador entrou em choque com as autoridades de Seu tempo: as autoridades políticas e religiosas se sentiram incomodadas com Sua denúncia, palavra e ação.
 
Em Sua morte na Cruz, aparece o Homem Novo, modelo para todo aquele que ama radicalmente e que faz de sua vida um dom de si para todos.
 
O Evangelista acentua alguns aspectos: a ceia como dom total de Jesus; a atitude de serviço (Lc 22,24-27); Deus não abandona Jesus, com a presença do anjo, quando Ele derrama “suor de sangue” (Lc 22, 42-44); Deus vem ao nosso encontro e manifesta Sua presença em gestos de bondade, revelando a misericórdia divina; somente Lucas menciona Simão de Cirene para levar a cruz de Jesus atrás d'Ele (Lc 23,26), os demais mencionam a solicitação apenas de Simão de Cirene para levar a cruz de Jesus (Mt 27,32; Mc 15,21).
 
Contemplemos a Paixão e Morte de Jesus como a concretização do amor de Deus, que veio ao nosso encontro, assumiu nossos limites, experimentou a fome, o sono, o cansaço, venceu as tentações, tremeu perante a morte, suou sangue antes de aceitar a vontade do Pai:
 
“...estendido no chão, esmagado contra a terra, atraiçoado, abandonado, incompreendido, continuou a amar. Desse amor resultou vida plena, que Ele quis repartir conosco até o fim dos tempos: esta é a mais espantosa história de amor que é possível contar; ela é a boa notícia que enche de alegria o coração dos crentes. Por isto, Dante definiu São Lucas como o 'escriba da misericórdia divina'”. (4)
 
Que a celebração da Semana Santa, rica em espiritualidade, repleta de ritos significativos, renove nosso apaixonamento por Jesus, assim como Ele foi um apaixonado de Deus Pai, com a força e presença do Espírito Santo, em todos os momentos.
 
Contemplemos a misericórdia de Deus, na ação e Pessoa de Jesus, e sejamos misericordiosos como o Pai (Lc 6,36).
 
 
 
(1) (2) (3) (4) www.dehonianos.org.br
 

“Acreditar, contemplar, imitar” a Paixão do Senhor! (Domingo de Ramos)


“Acreditar, contemplar, imitar” a Paixão do Senhor! 

Com a Liturgia do Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor, iniciaremos a Semana Santa, em que celebramos o Mistério da Paixão, Morte e Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Sejamos iluminados pelas palavras do Papa São Leão Magno (séc. V):

“Através d’Ele (Jesus Cristo morto na Cruz) é dado aos crentes a força na fraqueza, a glória na humilhação, a vida na morte”.

De fato a glória de Deus manifesta-Se incompreensivelmente através do insucesso, do fracasso. É o grande paradoxo que mantém e desperta a esperança no carregar de nossas cruzes cotidianas, nas várias formas de manifestação da morte.

Na Semana Santa somos convidados, pela Igreja e como Igreja, a vivenciar estes três verbos: acreditar, contemplar e imitar a Paixão de Nosso Senhor, para que na madrugada do Domingo, quando ainda for escuro, Sua Ressurreição possamos contemplar e ao mundo anunciar e testemunhar. Será o nosso grande Aleluia, guardado ao longo de toda a Quaresma.

Devemos vivê-la com prolongado tempo de recolhimento, de Oração, participando dos Mistérios e riqueza Litúrgica que a Igreja nos oferece, e assim teremos nossas forças renovadas, porque é próprio do Amor de Deus vir em socorro de nossas fraquezas, limitações, misérias, com a expressão máxima de Sua Misericórdia, Jesus Cristo.

Nossa aparente humilhação, dificuldades serão configuradas ao Cristo Servo Sofredor, e assim, corajosamente carregando o peso de nossa cruz, trilharemos para o caminho da glória.

Nossos sinais de morte cederão aos sinais da Páscoa. A vida venceu a morte, o amor sempre fala mais forte. Esta é a Páscoa cotidiana que nos move, impulsiona, faz com que na vida de fé jamais recuemos, mas avancemos para o horizonte do inédito de Deus, e o melhor de Deus venhamos a alcançar.

É a Grande Semana para renovarmos aquilo que acreditamos, que nos faz comprometidos e apaixonados por Jesus e pelo Seu Reino. Crer na força da Palavra proclamada, lida, meditada, vivida para que nossa vida seja, enfim, transformada. Crer no Santo Sacramento da Eucaristia, que é força em nossa silenciosa e corajosa travessia no mar da vida, sem jamais submergir no mar das dificuldades, mas antes mergulhados no mar infinito de Deus que é Sua bondade, ternura, amor e misericórdia.

É a Grande Semana para em silêncio frutuoso e orante contemplarmos o imensurável Amor de Deus, cujas dimensões são impossíveis de serem abarcadas por nossas categorias do pensamento. Contemplarmos Cristo, mais que num crucifixo, nos crucificados da história: doentes, desanimados, famintos, despossuídos das condições dignas de existência, nos que estão bem ao nosso lado (Mt 25).

É a Grande Semana para imitarmos Jesus Cristo e o Mistério de Sua Vida, Paixão e Morte. 

Caminhar com Ele, seguir Seus passos, morrer com Ele e Ressuscitar com Ele. 

Imitá-Lo, tendo d’Ele os mesmos sentimentos (Fl 2,5): Amar, perdoar, viver, sonhar, sorrir, partilhar, doar a vida por amor, expressa no serviço, humildade, paciência...

Acreditemos, contemplemos e imitemos o Senhor. Amém. 

Contemplar a bondade de Deus e ampliar nossos horizontes!

                                                    


Contemplar a bondade de Deus e ampliar nossos horizontes!

Amor, verdade e justiça são os horizontes do Salmista e de todo aquele que por Deus é conduzido; e no coração os mesmos valores mantém vivos:

“Vosso Amor chega aos céus, ó Senhor,
Chega às nuvens a Vossa verdade.
Como as altas montanhas eternas
É a Vossa justiça, Senhor!”.
(Sl 35,6-7)

Contemplar mencionados valores em relação a Deus não nos permite dizer que o mesmo pode ser dito de todos nós, da humanidade, em todo e qualquer tempo; mas, nem por isto a desilusão, a miserável condição de entediados, pusilânimes, derrotados...

Deus é Amor! O Amor de Deus chega aos céus, o nosso amor por Ele deveria ter mesma altura e para com nosso próximo, a mesma medida. O Amor de Deus, que é incomensurável, faz pensar na pequena medida do nosso amor.

Se o amor humano fosse vivido em todos os níveis e espaços; os relacionamentos, como o Amor de Deus que chega aos céus,não se falaria em ódio avassalador, rancores e ressentimentos entristecedores.

Se o amor na família se aproximasse do Amor de Deus que chega aos céus, a família retomaria a vitalidade do espaço sagrado, da perfeita harmonia, ternura, alegria...

Se o Amor de Deus tomasse em cada um de nós as mesmas medidas e proporções a história da humanidade seria bem outra: sem guerras, massacres, mortalidade infantil, violência contra a vida, destruição do espaço comum em que habitamos, sem extermínios e tudo aquilo que mancha a história de sangue, pranto, luto e dor...

Verdade!
Ele é a Verdade que chega às nuvens, Jesus. Chega e ultrapassa porque adentrou nos céus, na eternidade de Deus.

Se a Verdade marcasse nossos relacionamentos, bem outra seria nossa sorte, bem outros seriam nossos dias...

A mentira ainda marca nossos relacionamentos, as máscaras teimam em cobrir nossos rostos.

Ainda não aprendemos a conviver com a dor frutuosa da Verdade, mas preferimos nos anestesiar com as gotas e às vezes torrentes de mentiras...

Se pela Verdade pautássemos nossa vida, nossas atitudes, nossos pensamentos, dormiríamos muito mais tranquilos.

Foi Ele mesmo quem nos disse: “Conhecereis a Verdade e a Verdade vos libertará” (cf. Jo 8,32).

A mentira e aquele que a assumiu, com legítima paternidade, nos rouba a liberdade, a originalidade...

Ainda nos escusamos em viver a verdade, para nos encobrirmos com pequenas e às vezes grandes mentiras.

Justiça!
 Por ela viveu, por ela Se comprometeu... Ele que não conheceu o pecado, injustamente morreu. Mas, a justiça divina prevaleceu: O Pai O Ressuscitou.

Se a justiça humana alcançasse as alturas da justiça divina, como montanhas eternas!
             
Se a justiça humana assim o fosse, não falaríamos mais em desigualdades, egoísmos, omissões, indiferenças, abandonos...

Se a justiça humana fosse da altura das montanhas eternas, a fraternidade não seria tão apenas desejo, mas de todos compromisso e para todos realidade. A paz uma real e utópica realidade...

Rezando com o Salmista, empenhemo-nos em, sem demora, ampliar os horizontes de nosso amor, verdade e justiça.

Concluo com outro Salmo, na firme esperança e propósito de que estas palavras se tornem realidade:

“O Amor e a Verdade se encontram,
Justiça e Paz se abraçam,
da terra germinará a Verdade,
e a Justiça se inclinará do céu.

O próprio Iahweh dará a felicidade
e nossa terra dará seu fruto.
A Justiça caminhará a sua frente
e com seus passos traçará um caminho”
(Sl 85,11-14).

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