terça-feira, 8 de abril de 2025

Troca de olhares...

                                                                 

Troca de olhares...

...dirijamos nosso olhar para Deus,
em correspondência de olhares de paixão mútua...

A Liturgia da terça-feira da quinta Semana da Quaresma nos apresenta como passagem bíblica: Números 21, 4-9.

A Mensagem central: Aquele que for mordido e olhar para a serpente de bronze viverá.

O comentário do Missal Cotidiano“Penso no olhar cheio de confiança de quem se voltava para a serpente para obter a cura: aquele olhar era uma vida voltada para a salvação.

Penso no olhar de quantos no Calvário contemplavam Jesus erguido entre o céu e a terra pela salvação do mundo; nos olhares que diariamente se voltam para o Crucifixo.

E penso no olhar que Jesus, no Calvário, pousou sobre todos e cada um dos presentes, com que abraçou toda a humanidade e continua hoje a olhar-nos, no  desejo de cruzar com o nosso olhar para lhe transfundir a riqueza infinita de Seu Amor. E um olhar rico de todos os matizes que pode assumir a vida no concreto de suas manifestações, e que não pousa em vão sobre aqueles que se voltam para Ele na fé e no amor.” (1)

A História da Salvação é uma História de troca de olhares: Deus desde sempre Se dirige para toda obra de Sua criação com olhar de contentamento.

Ele viu que tudo que fez era muito bom, como nos dizem as primeiras páginas da Sagrada Escritura. E o olhar divino voltou-se, desde então, apaixonadamente para a criatura humana, homem e mulher, feitos à Sua imagem e semelhança, e portadores do sopro vital que de Deus Criador procede.

O olhar apaixonado de Deus por nós é retratado nas histórias dos Patriarcas, dos Reis e dos Profetas, nas páginas do Antigo Testamento.

Mas Deus, que nos olha com olhar de Amor, porque nos criou, quis fazer-Se um de nós, exceto no pecado, e nos enviou o Seu Filho.

Vindo habitar em nosso meio, dirigiu Seu olhar de modo preferencial pelos empobrecidos, pecadores, marginalizados, a quem os olhos do mundo, mormente, eram de condenação, exclusão e desprezo.

O olhar de Jesus voltou-se para as realidades sombrias e de morte, dentre elas: doença, fome, abandono da multidão como ovelhas sem pastor, discriminação de diversos nomes.

O olhar de Jesus voltou-se para o limite da morte do amigo Lázaro, que lhe fez estremecer interiormente e levando-O a chorar (Jo 19,35)

Seu olhar voltado para a Jerusalém que mata os Profetas, também fez verter lágrimas de Seus olhos (Lc 19,41).

Que nesta Quaresma, curados de nossa cegueira pelo colírio da fé no Senhor, dirijamos nosso olhar para Deus, em correspondência de olhares de paixão mútua, ainda que incomparável o Amor de Deus por nós, porque eterno, infinito e imensurável.

Que esta troca de olhares de Amor entre o Criador e Suas criaturas também nos leve a não fecharmos nossos olhos para a realidade humana, de modo especial, às situações que clamam por luz, vida, alegria e paz.

(1) Missal Cotidiano - Editora Paulus - pág.  296.

Não há luto sem esperança!

                                                          

Não há luto sem esperança!

“Para os tímidos e vacilantes tudo é impossível,
porque assim lhes parece”  (Walter Scott)

Na terça-feira da quinta Semana da Quaresma, assim rezamos na Oração sobre as oferendas:

“Nós vos oferecemos, ó Deus o Sacrifício que nos reconcilia convosco, para que perdoeis os nossos pecados e orienteis os corações vacilantes. Por Cristo, nosso Senhor”

Em cada Banquete Eucarístico, somos reconciliados com Deus, somos envolvidos por sua imensurável Misericórdia.

Também à luz da Palavra, somos exortados a rever nossos caminhos e o Senhor orienta os “corações vacilantes”.

Todos de um modo ou outro podemos “vacilar” na fé, sobretudo quando as dificuldades se apresentam, ou quando temos que tomar uma decisão.

Vacilamos quando não temos firmeza nem segurança quando falamos ou agimos, por isto o Senhor vem em nosso socorro, para que, com sabedoria, decidamos e menos erros possíveis cometamos.

Vacilamos quando as paixões desordenadas falam mais alto em nós, acompanhado da instabilidade que dificulta relacionamentos, então percebemos que somente o Senhor e a Sua graça nos basta, e como o Apóstolo, podemos dizer que tudo consideramos como “lixo” para que conheçamos melhor o Senhor, com Ele viver maior comunhão nos sofrimentos, e nos tornemos semelhantes a Ele e mereçamos a glória da Ressurreição (Fl 3,8-14).

Vacilamos quando oscilamos como velas ao vento, entre as verdades eternas e as transitórias, porque nos afastamos da Verdade que nos liberta, que é o Senhor e Sua Palavra, que nos faz verdadeiramente livres.

Vacilamos como barco ao sabor das ondas, se não sentimos a presença do Senhor na barca de nossa vida, da família, da comunidade.

Vivemos Momentos difíceis, sobretudo considerando o cenário mundial da pandemia do novo coronavírus, e não podemos permitir que nossos corações sejam vacilantes; que o desespero, o desânimo, a apatia ou qualquer sentimento semelhante tome conta de nós.

Peçamos a Deus que, em nosso coração frágil onde Deus fez Sua morada, renasça sempre a esperança. Que conceda-nos, também, que sejamos inquebrantáveis na fé, para que a chama eterna do Amor acesa em nosso coração não nos deixe perder a graça de reencantar o mundo e retomar o rumo querido por Deus em nossa história.

De fato, “Para os tímidos e vacilantes tudo é impossível, porque assim lhes parece”, como afirmou Walter Scott; e nossa querida Mãe assim ouviu do Anjo: “Para Deus nada é impossível” (Lc 1,37).

Todo momento adverso, não favorável, é propício para o renascer de algo novo, sem repetir erros já cometidos no passado.

Para quem crê em Jesus Ressuscitado e n’Ele vive, nunca é tempo para o luto sem esperança, porque cremos que a Vida Nova da Ressurreição já pode ser experimentada, testemunhada.

“Orientai, Senhor, nossos corações vacilantes” Amém.

Estarão nossos corações preparados?

                                                          

Estarão nossos corações preparados?

O Texto “Das Catequeses de São Cirilo de Jerusalém”, Bispo (Séc. IV) muito nos ajuda na vivência do Tempo da Quaresma para bem celebrar a Semana Santa.

“O céu se rejubile e exulte a terra (Sl 95,11), por causa dos que serão aspergidos e purificados com o hissopo espiritual, pelo poder daquele que durante a Paixão, também com um hissopo colocado na ponta de uma cana, saciou Sua sede.

Rejubilem também os poderes celestes e preparem-se as almas que vão se unir ao divino Esposo; pois uma voz grita no deserto: Preparai o caminho do Senhor (Mt 3,3).

Obedecei, portanto, filhos da justiça, à advertência de João, que diz: Endireitai o caminho do Senhor (Mc 1,3). Afastai de vós todo impedimento e obstáculo, a fim de que, por um caminho reto, chegueis à vida eterna.

Preparai vossas almas com fé sincera, como vasos puros, para receber o Espírito Santo. Começai por lavar vossas vestes pela penitência, a fim de que o Espírito celeste vos encontre purificados quando fordes chamados a Sua presença.

O Esposo chama a todos sem discriminação. Sua graça é ampla e generosa. Todos são convocados pela voz de Seus arautos. Mas depois, Ele próprio escolhe aqueles que entrarão para as núpcias, que são uma imagem do Batismo. 

Não aconteça agora que algum daqueles que já deram seu nome ouça estas palavras: Amigo, como entraste aqui sem o traje nupcial? (Mt 22,12). Ao contrário, que todos possam ouvir:
Muito bem, servo bom e fiel! Como foste fiel na administração de tão pouco, eu te confiarei muito mais. Vem participar da alegria do teu Senhor! (Mt 25,21.23).

Até agora ficastes do lado de fora da porta; que todos vós possais dizer: O rei introduziu-me nos seus aposentos (Ct 1,4).

Minha alma exulta de alegria no Senhor; Ele me vestiu com as vestes da salvação, envolveu-me com o manto da justiça e adornou-me como um noivo com sua coroa, ou uma noiva com suas joias (Is 61,10).

Seja a alma de todos vós encontrada sem mancha nem ruga ou coisa semelhante. Não que já esteja assim antes de terdes recebido a graça – pois, do contrário, não teríeis sido chamados à remissão dos pecados! – mas procedei de modo que vossa consciência nada tenha para vos condenar quando receberdes o Batismo, e possa desta maneira dispor-se para os efeitos da graça.

Na verdade, irmãos, trata-se de um acontecimento da maior importância: Aproximai-vos do Batismo com grande cuidado. Cada um de vós se apresentará diante de Deus, na presença da multidão inumerável de anjos.

O Espírito Santo marcará as vossas almas com o Seu sinal; vós sereis recrutados para o exército do grande rei. Por conseguinte, preparai-vos e ficai a postos; não apenas com a brancura resplandecente de vossas vestes, mas com o fervor de vossas almas conscientes da própria inocência”.

A caminhada Quaresmal e a Páscoa, como tempos fortíssimos de espiritualidade, nos preparam para a acolhida do Espírito Santo em Pentecostes, como momento culminante, fundante de nosso Itinerário de fé...

Que nossos corações estejam preparados 
para celebrar e acolher o transbordante Amor de Deus, 
na celebração da Semana Santa, 
e exultarmos de alegria na Páscoa,
 com a mais bela e doce espera:
A vinda do Espírito, 
Dom Maior de Deus!

Estarão nossos corações preparados, 
como vasos puros, para receber o Espírito Santo?

segunda-feira, 7 de abril de 2025

Eis a nossa missão: ser uma Voz Viva de Deus

                                                          

Eis a nossa missão: ser uma Voz Viva de Deus

“A quem Eu te enviar, irás” (Jr 1, 7b)

A ação evangelizadora é a principal razão de ser da nossa, e por isso Deus continua a chamar e a enviar pessoas para anunciar a Boa Notícia de Jesus a todos os povos. 

No Antigo Testamento, chamou a tantos para a missão profética, dentre os quais destacamos Jeremias, que teve o coração seduzido por Deus, e cumpriu com zelo e ardor indescritível a sua missão: “Mas Javé me disse: ‘Não digas: eu sou ainda criança!’ Porque a quem Eu te enviar, irás, e o que Eu te ordenar falarás. Não temas diante deles, porque Eu estou contigo para te salvar, oráculo de Javé” (Jr 1, 7-8).

Por meio de Jesus, também os discípulos foram chamados e feitos Apóstolos, enviados pelo mundo para anunciar a Boa Nova do Evangelho – “Ide por todo o mundo, proclamai o Evangelho a toda criatura” (Mc 16,15)

Hoje, Ele não apenas continua nos chamando e nos enviando em missão, mas nos assiste com Seu Espírito, para que sejamos alegres e convictos missionários do Verbo que Se fez carne habitou e fez Sua morada entre nós.

Além da comunicação pessoal e direta, na convivência e proximidade, na inserção dos dramas e alegrias, angústias e esperanças das pessoas, há outras formas da realização desta missão, através dos diversos meios de comunicação social, que podemos utilizar com sabedoria e discernimento, para levar ao mundo a mais bela Notícia!

É nossa missão fazer a comunicação dos raios da luz divina, luz da verdade, irradiando esperança de um mundo novo possível; sempre empenhados em oferecer um pouco de água cristalina para saciar a sede de justiça e liberdade, bem como um bom pedaço de pão para saciar a fome de amor e fraternidade.

Atentos sempre à voz do Espírito Santo, proclamemos a Boa Notícia, para que nossa fé seja incandescente, jamais morna, porque por Deus indesejável e repugnável. 

Somente assim nossa fé será uma janela aberta para o céu, na expressão da virtude divina da esperança, que se realiza na prática da maior de todas as virtudes, a caridade.

Que não nos omitamos e avancemos, com coragem, na missão e, como profetas, atentos à Palavra de Deus, também digamos: “Tu me seduziste, Senhor, e eu me deixei seduzir; Tu me tornaste forte demais para mim, Tu me dominaste” (Jr 20,7).

Em poucas palavras...

                                                    


Cremos em Jesus, o Redentor de toda a humanidade

Este amor é sem exclusão. Jesus lembrou-o ao terminar a parábola da ovelha perdida: «Assim, não é da vontade do meu Pai, que está nos céus, que se perca um só destes pequeninos» (Mt 18, 14).

E afirma «dar a Sua vida em resgate pela multidão» (Mt 20, 28). Esta última expressão não é restritiva: simplesmente contrapõe o conjunto da humanidade à pessoa única do Redentor, que Se entrega para a salvar (Rm 5,18-19).

No seguimento dos Apóstolos (2 Cor 5,15; 1 Jo 2,2), a Igreja ensina que Cristo morreu por todos os homens, sem excepção: «Não há, não houve, nem haverá nenhum homem pelo qual Cristo não tenha sofrido» (1).” (2)

 

 

(1) Concílio de Quiercy (ano 853). De libero arbitrio hominis et de praedestinatione, canon 4: DS 624.

(2) Parágrafo do Catecismo da Igreja Católica – n. 605

Em poucas palavras...

                                      



                                         Santidade...

Ser Santo significa ser totalmente de Deus, vivendo um cristianismo libertado, esperançoso, comprometido e exigente, numa vida espiritual sólida e permanente.



Em poucas palavras...

                                                           


A Hora de Jesus

“Este desejo de fazer seu o plano do amor de redenção do seu Pai, anima toda a vida de Jesus (Lc 12,50; 22,15; Mt 16,21-23).

A Sua paixão redentora é a razão de ser da Encarnação: «Pai, salva-Me desta hora! Mas por causa disto, é que Eu cheguei a esta hora» (Jo 12, 27).

«O cálice que o Pai Me deu, não havia de bebê-lo?» (Jo 18, 11). E ainda na cruz, antes de «tudo estar consumado» (Jo 19, 30), diz: «Tenho sede» (Jo 19, 28).”  (1)

 

(1) Catecismo da Igreja Católica - parágrafo n. 607

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