quarta-feira, 1 de janeiro de 2025

“Mãezinha do Céu, cuida da gente”

                                                                   


“Mãezinha do Céu, cuida da gente”

“Então disse Jesus:
Deixem vir a mim as crianças e não as impeçam,
pois o Reino dos céus pertence aos que são semelhantes a elas"
(Mt 19,4).

Hoje, diante da imagem de Nossa Senhora, em silêncio, fiquei pensando nos últimos dias, e em tudo o que estamos vivendo, e me veio à lembrança um canto tão conhecido, que faz parte da religiosidade de nosso povo:

“Mãezinha do céu, eu não sei rezar.
Eu só sei dizer, que eu quero te amar.
Azul é o teu manto, branco é o teu véu.
Mãezinha eu quero te ver lá no céu.
Mãezinha eu quero te ver lá no céu...”

A Maria, Mãe de Deus e nossa, a “Mãezinha do céu”, fiz minha prece, dedicando de modo especial às crianças e a todos que cultivam a infância espiritual, com pureza de coração e confiança incondicional no amor de Deus.

Mãezinha do céu, cuida da gente!
Está muito difícil tudo que estamos vivendo.
Esta pandemia mudou tudo em nossa vida.

As escolas, Igrejas, lojas, clínicas e muitas outras coisas fechadas...
Estamos todos dentro de casa, e sei que isto é necessário,
Ainda que, às vezes, dê vontade de sair e encontrar os amigos.
Muitos pais e mães estão sem dinheiro para pagar as suas dívidas,
e algumas famílias estão passando necessidades.

Mãezinha do céu, cuida da gente!
Tem amigos e amigas minhas que estão infectados com o vírus,
E alguns já partiram para o céu, cedo demais.
Peço-te que cuide dos médicos, enfermeiros, atendentes,
Todos que trabalham na área da Saúde,
Muitos colocando suas vidas em risco para cuidar e curar outras.
Muitos também vão ao encontro dos que estão nas ruas,
Solidários com os moradores em situação de rua,
Com um prato de sopa, uma coberta, um pouco de calor e amor.

Mãezinha do céu, cuida da gente!
Não deixa a gente perder a fé diante de tantas dificuldades.
Não deixa a gente deixar morrer a esperança de um amanhã melhor.
Não deixa a gente se omitir em gestos de amor, carinho e atenção,
Com quem moramos, e também com os que precisam de nós,
Estejam pertinho, ou bem longe de nós,
Porque o amor não conhece a distância.
Lembro o que um dia o padre falou na Missa:
‘O amor não desiste diante do impossível,
Nem desanima diante das dificuldades’.

Mãezinha do céu, cuida da gente!
Quero ouvir mais uma vez a senhora dizer,
Como nos diz em todos os momentos:
“Fazei tudo o que Ele vos disser” (Jo 2,5).
Tenho certeza, Mãezinha do céu,
que o vinho não vai faltar,
se nós obedecermos a voz do teu Filho,
Vamos continuar enchendo nossas talhas,
Para que Ele faça o milagre acontecer:
Voltaremos a nos encontrar com todos,
Valorizar as pessoas com quem convivemos,
as amizades, as Missas, os Encontros de Catequese,
as aulas da escola...

Mãezinha, acredito que tudo vai passar,
E amanhã todos seremos melhores.
Estamos aprendendo qual é o valor mais importante na vida.

Mãezinha do céu...
Vou agora ler um bom livro,
Ver um bom filme e depois brincar e falar com meus pais...
Vou...

Nossa! Quantas coisas que não fazíamos e agora voltamos a fazer.
É, Mãezinha, estamos todos aprendendo...


PS: Escrito em outubro de 2020

Em poucas palavras...

                                                      


Oremos pela Paz

Oremos:

“Deus da paz, vós sois a própria paz; os que promovem a discórdia não vos compreendem e os de espírito violento não vos recebem.

Concedei aos que vivem na concórdia a perseverança o bem, e aos que vivem na discórdia, o afastamento do mal.

 Por Nosso Senhor Jesus Cristo, que é Deus e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos. Amém.” (1) 

(1) Missal Romano - Missa pela paz - pág. 1106

A paz é fruto da justiça!


 A paz é fruto da justiça!

Em 2009, a Campanha da Fraternidade nos desafiou com um tema de extrema urgência: construir a paz, em irrenunciável compromisso com ela.

Passos foram dados, mas ainda temos um longo caminho a percorrer. Enquanto peregrinarmos neste mundo a paz será sempre a nossa grande busca, proponho ao leitor retomarmos as reflexões que escrevi na ocasião, reeditadas para facilitar a leitura.

Inicialmente, é importante termos claro qual é paz que a Igreja acredita e anuncia.

A Paz positiva, orientada por valores humanos como a solidariedade, a fraternidade, o respeito ao outro, a mediação pacífica dos conflitos, a promoção da dignidade humana e construção de uma sociedade justa e fraterna. Enfim, a paz fruto da justiça.

Precisamos dizer não à paz negativa, que se dá pelo uso da força das armas, da intolerância com os diferentes, e que tem como foco e meta os bens materiais, a busca inescrupulosa do poder.

Todos somos responsáveis pela paz. O exercício da cidadania é inadiável, e devemos colaborar no cultivo da cultura da paz e da vida, não apenas nas paredes de nossa Igreja, mas envolvendo todas as pessoas, todos os segmentos da sociedade, em todas as esferas de poder.

Lembro as oportunas e atualíssimas palavras do Secretário Geral da CNBB, D. Dimas L. Barbosa, naquele ano: “O caminho para a superação da insegurança passa, assim, pelo cultivo da cultura da paz, que supera a visão de guerra, seguindo a qual a violência se vence com violência.

A cultura da paz exige novos critérios para o relacionamento humano: a vivência da não violência ativa, a superação da vingança, a gratuidade, o perdão e a misericórdia. A prioridade tem que ser o valor da pessoa humana e sua dignidade”

A Oração do Salmista há de se tornar uma realidade: “O Amor e a Verdade se encontram, Justiça e Paz se abraçam, da terra germinará a Verdade, e a Justiça se inclinará do céu. O próprio Iahweh dará a felicidade e nossa terra dará seu fruto. A Justiça caminhará a sua frente, e com seus passos traçará um caminho” (Sl 85,11-14).

“A paz segundo São Leão Magno”

“A paz segundo São Leão Magno”

Iniciamos mais um ano, e é sempre oportuno retomar parte do Sermão deste grande Papa da Igreja , São Leão Magno (séc. V):

“Ora, no tesouro das liberalidades de Deus, que podemos encontrar de mais próprio para celebrar esta festa do que a paz, que o canto dos anjos anunciou em primeiro lugar no nascimento do Senhor?

É a paz que gera os filhos de Deus e alimenta o amor; ela é a mãe da unidade, o repouso dos bem aventurados e a morada da eternidade; sua função própria e seu benefício especial é unir a Deus os que ela separa do mundo...

O Natal do Senhor é o Natal da Paz. Como diz o Apóstolo, Cristo é a nossa paz, Ele que de dois povos fez um só (cf. Ef 2,14); judeus ou gentios, em um só Espírito, temos acesso junto ao Pai (Ef 2,18)”.

Com Jesus, nossa Paz, cerramos as cortinas de mais um ano e, 
ao mesmo tempo, abrimos as mesmas para Novo Ano.

Com Ele, nossa Paz, nossas forças sejam revigoradas;
Nossos sonhos se tornem mais próximos da realidade.
Com Ele, nossa vida de luz seja em maior intensidade.
Com Ele, nosso vigor, alegria, esperança renovadas!

Com Ela, Maria, terminamos longos dias de um ano,
Com a certeza de que por Ela desamparados jamais!
Com Ela, redescobrir o dulcíssimo gosto da paz!
Com Ela, aprender a fortalecer laços fraternos e humanos!

Feliz Ano Novo que no Natal do Senhor se anunciou!
Feliz Ano Novo, que não sejam palavras repetidas e frias,
Que expressem compromissos, sem coração e mãos vazias.
Somente transbordará no coração daquele que crê e testemunhou!

Graça e Paz da parte de Cristo Nosso Senhor!
Feliz Ano Novo acompanhado de bênçãos e alegria no Senhor.

Por uma Paz verdadeira!

Por uma Paz verdadeira!

As pessoas falam e procuram tanto a paz... Mas que paz?
Confunde-se muitas vezes o sentido mais profundo que possui a palavra paz.

Paz não é a ausência de problemas, tão pouco de desafios a serem enfrentados.
Paz não é a serenidade da ausência do dinamismo próprio da vida.
Paz não é ausência de conflitos a serem superados, 
Nem tão pouco a ausência de compromissos num imobilismo estéril.
Paz não pode ser reduzida a um sentimento intimista e sentimental. 

Paz não é fugir do mal ou os olhos ao mesmo fechar.
Paz não é viver fora da realidade, sinônimo de alienação total. 
Paz não é evasão do mundo numa ilha imaginária e irreal.
Paz não é o sossego aparente dos braços cruzados. 

Paz não é cegueira e indiferença que levam à morte.
Paz não é seguir sempre caminhos já trilhados. 
Paz não é viver num mundo sem contratempos.

As pessoas falam e procuram tanto a paz... Mas que paz? 
A paz que somente o Ressuscitado nos pode alcançar. 



Paz que é banir do coração medos e temores, 
Para manter sempre acesa a chama do fiel amor. 
Mantendo a chama mais bela sempre acesa, 
A chama da fidelidade na presença do Senhor. 

Paz que é experimentada por quem com Deus vive a comunhão. 
Paz de quem sabe que a alegria verdadeira não se rouba, 
Pois é construída na Verdade da Fé da Ressurreição. 
Paz saboreada e enraizada no mais profundo do coração. 

Paz, sentimento de quem alcançou a maturidade, 
De também na vida suportar sofrimentos, 
Pois sabe que do menor ao maior sacrifício, 
Com Cristo se configura, com paixão e sem lamentos. 

Esta paz verdadeira é o que desejo para você.
Esta paz que tanto procuro e espero alcançar...

Paz que não se compra e não se financia.
Paz nutrida pela Palavra e celebrada em cada Eucaristia.
Paz
 vislumbrada e contemplada no coração da Mãe Maria.

A Paz verdadeira somente Ele pode nos dar!

“Bendita sois vós entre as mulheres...”


“Bendita sois vós entre as mulheres...”

No Dia Internacional da mulher, e sempre, volto meu olhar e pensamento àquela que tenho como a mulher de todas as mulheres que o mundo conheceu: Maria, a Mãe de Jesus, pois, como afirmou Santo Amadeu:

“Maria está assentada no mais alto cume das virtudes,
repleta do oceano dos carismas divinos,
do abismo das graças, ultrapassando a todos,
derramava largas torrentes ao povo fiel e sedento...

Maria, como toda mulher, e mais que todas, nutriu sua fé em Deus, desde criança, tornou-se fecunda de esperança, porque o coração invadido pelo amor divino.

Maria cresceu com os pés no chão e com o olhar sempre voltado para Deus, sua alma ininterruptamente glorificava a Deus, não somente com palavras, mas com toda a sua vida.

Nela, o Espírito pode fazer maravilhas, fecundando-a para gerar o Autor da Vida.

Contemplo tantas “Marias” que voltam sempre seu olhar para Maria, a mulher virtuosa, carismática e cheia de graça, porque sabem que se não aprenderem com ela suas belas lições de amor e fidelidade, tornam-se pobre de tudo, em todos os sentidos.

De fato, todos nós, mulheres e homens, precisamos com Maria belas lições e gestos aprender, do contrário, teremos tudo a perder.

A Ela, que soube viver alegrias e dores, na fidelidade a Deus, irradiando por sua singela existência a luminosidade divina, e hoje está junto do Filho, coroada nos céus, como Mãe e Rainha nossa, elevamos orações por todas as mulheres do mundo, que fazem parte de nossa história, e que fazem renascer o sonho e a esperança de um mundo novo, como ela tão bem expressou no seu Canto do Magnificat:

“Minha alma glorifica o Senhor, exulta meu espírito em meu Deus meu Salvador, porque Ele olhou para a humildade de sua Serva...” (Lc 1, 46-56).


PS: Postado com vistas ao Dia 8 de março - Dia Internacional da Mulher

Política: a prática sublime da caridade (1)


Política: a prática sublime da caridade

Apesar das dificuldades e decepções, não podemos recuar, nem nos omitir dos sagrados compromissos com a atividade política, que deve ser a prática sublime da caridade, como nos ensina a Doutrina da Igreja, e como tão bem expressou o Papa São Paulo VI, na “Octogesima Adveniens”, em 1971: “A política é uma maneira exigente - se bem que não seja a única - de viver o compromisso cristão, ao serviço dos outros.” (n.46).

E ainda, retomando a preciosa citação da poetisa Gabriela Mistral: “Dai-me, Senhor, a perseverança das ondas do mar que fazem de cada recuo um ponto de  partida para um novo avanço”, façamos desta situação adversa que vivemos um momento favorável.

Se os fatos revelam um notável recuo, é a partir do recolhimento, reflexão, formação e diálogo, que juntos reencontraremos o caminho da construção e solidificação da democracia, com a preservação da liberdade de participação política de todos; transparência necessária na administração do bem público; fortalecimento dos espaços de participação e decisão dos rumos de nossa nação em todos os níveis (municipal, estadual, nacional). 

Portanto, que o “recuo das ondas” não seja sinônimo de apatia, indiferença, omissão diante da vocação política que todos possuímos.

Não nos foi dado um espírito de timidez e desânimo, e sim o Espírito do Senhor que nos orienta e conduz, para que avancemos no inadiável compromisso com o anúncio e testemunho da Boa-Nova de Jesus Cristo, participando alegres e corajosamente da construção de um mundo novo, justo e fraterno, com vida plena e feliz para todos.

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