terça-feira, 19 de novembro de 2024
Evangelizadores com espírito (Parte II)
Evangelizadores com espírito (Parte III)
Evangelizadores com espírito (Final)
Aprendamos com Zaqueu
Aprendamos com Zaqueu
Aprofundando a passagem do Evangelho de São Lucas (Lc 19,1-10), retomemos dois parágrafos do Catecismo da Igreja Católica:
- “Muitos pecados prejudicam o próximo. Há que fazer o possível por reparar esse dano (por exemplo: restituir as coisas roubadas, restabelecer a boa reputação daquele que foi caluniado, indenizar por ferimentos). A simples justiça o exige.
Mas, além disso, o pecado fere e enfraquece o próprio pecador, assim como as suas relações com Deus e com o próximo. A absolvição tira o pecado, mas não remedeia todas as desordens causadas pelo pecado.
Aliviado do pecado, o pecador deve ainda recuperar a perfeita saúde espiritual. Ele deve, pois, fazer mais alguma coisa para reparar os seus pecados: «satisfazer» de modo apropriado ou «expiar» os seus pecados. A esta satisfação também se chama «penitência».” (1)
- “Em virtude da justiça comutativa, a reparação da injustiça cometida exige a restituição do bem roubado ao seu proprietário:
Jesus louvou Zaqueu pelo seu compromisso: «Se causei qualquer prejuízo a alguém, restituir-lhe-ei quatro vezes mais» (Lc 19, 8). Aqueles que, de maneira direta ou indireta, se apoderaram de um bem alheio, estão obrigados a restituí-lo, ou a dar o equivalente em natureza ou espécie, se a coisa desapareceu, assim como os frutos e vantagens que o seu dono teria legitimamente auferido.
Estão igualmente obrigados a restituir, na proporção da sua responsabilidade e do seu proveito, todos aqueles que de qualquer modo participaram no roubo ou dele se aproveitaram com conhecimento de causa; por exemplo, aqueles que o ordenaram, o ajudaram ou o ocultaram.” (2)
Aprendamos com Zaqueu a firmar nossos passos no processo contínuo de conversão, tomando consciência da nossa condição pecadora, diante da Misericórdia Divina, a nós revelada pela Palavra e Pessoa de Jesus Cristo.
Seja a acolhida da Palavra do Evangelho sempre fonte de transformação de nossa vida, acompanhada de sinceros compromissos com a fraternidade, partilha, solidariedade, justiça e paz.
(1) Catecismo da Igreja Católica – parágrafo n.1459
(2)Idem – parágrafo n. 2412
“Hoje a salvação entrou em sua casa...” (18/11)
Quando acolhemos o Senhor, tudo se transforma!
O Senhor nos dirige Seu olhar de amor
O Senhor nos dirige Seu olhar de amor
Na terça-feira da 33ª Semana do Tempo Comum, ouvimos a passagem do Evangelho de Lucas, sobre a conversão de Zaqueu, o chefe dos cobradores de impostos (Lc 19,10).
Refletimos sobre o amor de Deus, sempre pronto a nos acolher e oferecer uma nova vida, desde que nos proponhamos à conversão, com salutares compromissos, com gestos de amor e partilha.
A acolhida de Jesus por Zaqueu, em sua casa, é marcante para a nossa espiritualidade e muito nos ajuda na caminhada de fé, como discípulos missionários do Senhor.
Os autores da Sagrada Escritura, de modo geral, não economizam tinta para descrever a face do Amor de Deus que nos transforma.
Zaqueu vendo a Misericórdia, e sendo por Ela visto, na sua expressão maior, que é o próprio Jesus, é transformado e faz sagrados propósitos: “… Senhor, eu dou metade dos meus bens aos pobres, e se defraudei alguém, vou devolver quatro vezes mais” (Lc 19,8).
Zaqueu não somente acolhe, mas se converte a partir da presença de Jesus. Ele é a representação de nossa miséria, nossa condição pecadora, que corre para ver a misericórdia.
Sua baixa estatura revela nossa pequenez, insignificância, nossa condição de criaturas diante do Criador, que apesar de nossas infidelidades, nossos pecados, jamais nos abandona, pois é próprio do amor não abandonar o amado.
Quando o homem corre para encontrar Deus (e não corre de Deus), por Ele é encontrado, e sente o desejo profundo de levar outros ao mesmo encontro. Verdadeiramente, o encontro com Deus nos transforma para sermos instrumentos de transformação na vida do outro.
Contemplemos, silenciosamente, a cena maior da história: Jesus é Deus, que veio ao encontro dos homens, no entanto, ainda há quem não queira encontrá-Lo, e deixar-se por Ele encontrar, porque não ama e não se sente amado, distanciando-se, assim, da vida e da felicidade.
Somente a experiência de amar e ser amado nos possibilita subir degraus na escada do conhecimento de Deus. Se assim não acontece, é porque ainda não O encontramos.
Quando abrimos as portas para a Salvação, a novidade se instaura em nosso coração e desejamos ardentemente comunicá-la, e escrevemos belas páginas de nossa história.
A experiência de Zaqueu pode ser a nossa experiência quotidiana, dependendo de cada um de nós.
A transformação acontece porque somos acolhidos pelo amor de Deus; e uma vez acolhidos e amados, transformados, somos revivificados e na comunidade reintegrados, para que nos tornemos partícipes da História da Salvação que, insistentemente, quer conosco escrever.
A História da Salvação é única e acolhe nossa realidade de pecado: em Deus o pecado cede lugar para a graça, a morte para a vida, a escuridão para a luz, o ódio para o amor, o rancor para o perdão, a carência do essencial para a abundância daquilo que é de fato vital.
Afinal, Ele veio para que tenhamos vida plena, consumando no seu ápice, o céu, a eternidade, a plenitude de seu Amor.
É próprio do amor de Deus não exterminar, não excluir, a fim de que todos sejam salvos.
Infinita é a superioridade da lógica de Deus em comparação com a lógica dos homens. A lógica do amor de Deus, passando pelo AT e NT, é sempre aquela que nos garante a verdadeira sabedoria e felicidade, e ninguém e nem nada nos poderá tirar desta lógica.
Nada poderá nos desviar do Caminho, porque n’Ele encontra-se a plena Verdade que nos garante a Vida abundante.
O rosto de Deus onipotente manifesta-se na grandiosidade de Sua tolerância e misericórdia, na Sua prontidão em conceder o perdão, no amor para com todas as criaturas, porque todas receberam o sopro da vida.
Falar de Seu rosto misericordioso não é romantismo inútil, estéril, discurso evasivo, ao contrário, crendo neste Deus bíblico, somos questionados na nossa capacidade de acolher o diferente, o pecador e a ele dirigir nosso perdão…
Esperando a Sua segunda vinda, é tempo favorável para o relacionamento e aprofundamento da nossa amizade com este Deus Amor que nos é revelado na Sagrada Escritura.
Acomodação, desistência, abandono do Mandamento do amor que nos dá vida nova, jamais!
O Senhor, aguardamos vigilantes, amando, e somente assim sentiremos Sua presença, plenamente mergulhado no Seu coração, no Seu Amor…
Finalmente, o encontro de Jesus com Zaqueu nos possibilita a reflexão sobre três olhares:
- O próprio olhar de Zaqueu, o olhar do pecador;
- O olhar dos olhares, o olhar de Jesus, o olhar d’Aquele que acolhe e ama, porque ama transforma;
- O olhar da multidão que recrimina e não compreende a intensidade e profundidade do amor de Deus pela humanidade, sobretudo a humanidade pecadora, que por Seu amor, amor extremado na Cruz a redimiu. Sim, por amor e por um amor filial, incondicional, fomos redimidos. Este é o nosso caminho: mais que o Deus de amor contemplar, Seu amor viver.
Que nossos olhares sejam como o olhar de Zaqueu, reconhecendo nossa condição pecadora, e fazendo a experiência da acolhida, amor e perdão divinos, por Deus enxergados, corações transformados. Somente assim os outros olhares também poderão se renovar…
É próprio do amor de Deus curar nossa cegueira. E curados, podemos ajudar a curar a cegueira do próximo. Curados de toda cegueira pelo Amor divino, podemos nos ver e nos relacionar como irmãos e irmãs.
“O amor do Senhor é uma chama devoradora, que se te pega te envolve todo, ainda antes que tu te percebas”, diz o teólogo Hans Urs Von Baltazar.
Reflitamos:
- Como amamos o pecador e o possibilitamos a se libertar de seu pecado?
- Qual a intensidade de perdão que somos capazes de viver?
- Como vivemos a lógica do amor que tem sua alta expressão na vivência do perdão?
- Como amar o pecador e odiar o pecado?
Somente o Amor de Deus transforma o mundo e o coração dos homens! É próprio do amor transformar o coração do amado!