terça-feira, 5 de novembro de 2024

Em poucas palavras...

                                              


Amar como Jesus, empenhar-se na comunhão

“Em particular, a comunhão nos leva a conciliar duas necessidades: o acolhimento a todos, inclusive aos que nos parecem menos motivados; a exigência de aproximar os mais empenhados nos caminhos do Senhor e no esforço social. Só vivendo o amor de Cristo ressuscitado, poderemos viver em comunhão.”  (1)

 

 

(1) Missal Cotidiano – Comentário da passagem (1 Cor 12,12-14.27.31a) – pág. 1275

Em poucas palavras... (05/11)

                                    


Arautos contemplativos e enamorados de Deus

“São necessários arautos do Evangelho, peritos em humanidade, que conheçam a fundo o coração do homem de hoje, participem das suas alegrias e esperanças, das suas angústias e tristezas, e ao mesmo tempo sejam contemplativos, enamorados de Deus.

Para isso são precisos novos santos [...]. Devemos suplicar ao Senhor que aumente o espírito de santidade na Igreja e nos envie novos santos para evangelizar o mundo de hoje” (1)

 

(1)Discurso ao Simpósio de Bispos europeus pelo Papa São João Paulo II - 25 de dezembro de 1985

Em poucas palavras...

 


Perfeitamente configurados a Jesus 

“‘Dar a vida pelos irmãos’ pode ser mera frase feita, se a experiência de evangelho vivido pessoalmente não nos der um mínimo de base vital comum com Cristo encarnado, crucificado e ressuscitado” (1)

 

(1)               Missal Cotidiano – Comentário da passagem da Carta de Paulo aos Filipenses (Fl 2,5-11) – pág. 1453

Peregrinar na penumbra da fé

                                                               

Peregrinar na penumbra da fé

“Festejamos a cidade do céu, a Jerusalém do alto,
nossa mãe, onde nossos irmãos, os Santos,
Vos cercam e cantam eternamente o Vosso louvor.
Para esta cidade caminhamos pressurosos,
peregrinando na penumbra da fé”

Assim rezamos no Prefácio da Missa de todos os Santos e retomamos para reflexão.

Temos um desejo, temos uma esperança: participar da Jerusalém do alto, nossa mãe. Cidade celestial precedida pela cidade terrena onde nos encontramos, ainda nos preparando e capacitando para tal, tornando o mundo mais justo, fraterno, mais conforme os desígnios de Deus. Existimos, caminhamos comprometidos, esperando um novo céu e uma nova terra.

Professamos pela fé a “comunhão dos santos”. Cremos que junto de Deus está uma multidão (144 mil); todos aqueles que lavaram e alvejaram as vestes no Sangue do Cordeiro, como nos anunciou o autor do Apocalipse. De roupa branca, com palmas na mão, vitoriosos porque professaram a fé no Cordeiro, Aquele que Venceu a morte, a quem damos toda honra, glória, louvor e poder.

Cantam louvores nos céus, porque também cantaram enquanto no nosso meio. Cantaram na esperança, hoje cantam na presença. Contemplam o que desejaram ver, alcançaram o que buscaram: o prêmio, a coroa que para o justo é reservada, porque combateram o bom combate da fé; intrépidos, confiantes, com a força, presença e ação do Santo Espírito.

Nós, por enquanto, caminhamos pressurosos, na penumbra da fé. Empenhados, ansiosos, desejosos de a mesma graça alcançar. Peregrinamos na penumbra, entre a luz e a sombra, na verdade acolhida, acreditada, anunciada, testemunhada.

Embora na penumbra caminhemos,
Temos a Luz que nos guia, para que não nos percamos nesta longa via.

Peregrinamos na penumbra da fé,
Entregando-nos confiantemente nas mãos de Deus, fazendo o grande mergulho em Sua bondade, amor, ternura.

Na penumbra da fé,
Com renúncias permanentes necessárias, carregamos nossa cruz para Segui-Lo; felizes, porque assim Ele mesmo disse a Tomé: "Porque viste, creste. Felizes os que os que jamais viram, e creram!" (Jo 20,29).

Vamos caminhando na penumbra da fé,
Até que possamos contemplar a Luz Plena nos céus e a Sua Eterna Divina Fonte, na maravilhosa comunhão da Trindade Santíssima que nos criou, redimiu.

Por ora, na penumbra da fé,
Cremos que dela viemos, nos movemos e somos, e um dia, com a morte/passagem voltaremos, porque temos em nós a semente da eternidade.

Deus em nós habita, somos obras de Suas mãos, Sua morada. Assim cremos. Amém.

O Senhor nos chama de múltiplas formas


O Senhor nos chama de múltiplas formas

Santo Antão (séc. IV) nos apresenta três formas de se começar na conversão, chamados pelo amor de Deus, antes de chegar nela a graça e a vocação de filhos de Deus, sejam homens, sejam mulheres.

“Saudação a vossa caridade no Senhor. Irmãos, julgo que existem três tipos de pessoas entre aquelas a quem o Amor de Deus chama: homens ou mulheres.

Alguns são chamados pela Lei do Amor depositada em sua natureza e pela bondade original que forma parte dela em seu primeiro estado, e em sua primeira criação. Quando ouvem a Palavra de Deus não existe nenhuma vacilação; prontamente a seguem.

Assim ocorreu com Abraão, o patriarca. Deus viu que ele sabia amá-Lo, não em consequência de um ensinamento humano, mas seguindo a lei natural inscrita nele, e conforme a qual ele mesmo o havia modelado ao princípio.

E revelando-Se Ele disse: ‘Sai de tua terra e de tua casa, e vem para a terra que Eu te mostrarei’. Sem vacilar, foi-se impulsionado por sua vocação. Isto é um exemplo para os principiantes: se sofrem e buscam o temor de Deus na paciência e na tranquilidade, recebem em herança um comportamento glorioso porque são compelidos a seguir o Amor do Senhor. Este é o primeiro tipo de vocação.

Eis aqui o segundo. Alguns ouvem a Lei escrita, que dá testemunho a respeito dos sofrimentos e suplícios preparados para os ímpios e das promessas reservadas para quem dá fruto no temor de Deus.

Estes testemunhos despertam neles o pensamento e o desejo de obedecer a sua vocação. Davi o testifica dizendo: ‘A Lei do Senhor é perfeita, e é descanso da alma; o Preceito do Senhor é fiel, e instrui ao ignorante’. Assim como em muitas outras passagens que não temos intenção de citar.

E eis aqui o terceiro tipo de vocação: alguns, quando ainda estão começando, têm o coração duro e permanecem nas obras do pecado, Porém Deus, que é todo misericórdia, atrai sobre eles provas para corrigi-los, até que desanimem (daquele caminho) e, comovidos, voltem a Ele.

Doravante O conhecem, e seu coração se converte. Também eles obtêm o dom de um comportamento glorioso como os que pertencem às duas categorias anteriores.

Estas são as três formas de se começar na conversão, antes de chegar nela a graça e a vocação de filhos de Deus.

Alguns há que começam com todas as suas forças, dispostos a desprezar as tribulações, a resistir e manter-se firmes em todos os combates que lhes aguardam, e a triunfar neles.

Creio que o Espírito Se adianta a eles para que o combate seja rápido, e doce a obra de sua conversão. Mostra-lhes os caminhos da ascese, corporal e interior, como converter-se e permanecer em Deus, seu Criador, que faz perfeitas as suas obras. Ensina-lhes como fazer violência, ao mesmo tempo à alma e ao corpo, para que ambos se purifiquem e juntos recebam a herança.

Primeiro se purifica o corpo por jejuns e vigílias prolongadas; e depois o coração mediante a vigilância e a Oração, assim como toda prática que debilita o corpo e corta os desejos da carne” (1).

Como vimos, Deus nos chama de três modos:

- Prontamente e sem vacilação, quando escutamos Seu chamado;

- Tocados pela escuta e acolhida da Palavra de Deus, que nos chama também a viver a mesma fé;

- Acolhidos pela misericórdia divina, que dobra a dureza de nosso coração, aquece e ilumina com o Fogo do Espírito; conhecendo o Senhor, nosso coração se converte.

Neste Tempo Quaresmal, cada um de nós temos a graça de avaliar, rever e reorientar nossos passos na fidelidade ao Senhor.

Podemos ser mais solícitos e prontos para o chamado do Senhor, sem vacilações, letargias que nos retardam aos sagrados compromissos.

Podemos ser mais tocados e iluminados pela Palavra de Deus, que deve ser lida, ouvida, meditada, crida e na vida em prática colocada.

Podemos ainda suplicar ao Senhor que tire nosso coração de pedra e nos dê um coração de carne (cf. Ez 36,26), mais terno, manso e humilde, como assim é o Sagrado Coração de Jesus (cf. Mt 11,29).

Supliquemos a Deus a graça de uma frutuosa caminhada quaresmal, marcada pela conversão de nossa mente e coração, para que tenhamos mesmos sentimentos do Senhor (cf. Fl 2,5-11), impulsionados e iluminados pela Luz do Espírito Santo.


(1) Lecionário Patrístico Dominical – Ed Vozes – 2013 - pp.310-311 

Percorramos o itinerário da fé

                                                     

Percorramos o itinerário da fé

Reflitamos sobre o itinerário da fé, que se faz necessário para que nos tornemos discípulos missionários do Senhor, como vemos na passagem do Livro dos Atos dos Apóstolos (At 8,26-40).

Inicialmente, vemos o Diácono Filipe, na atenção ao anjo e atento às inspirações de Deus (At 8,26), coloca-se a caminho para anunciar a Boa-Nova Salvação.

Na abertura à mensagem do Anjo, parte com confiança, ainda que não saiba o que ou quem irá encontrar, colocando a sua vida entregue ao Senhor Jesus, por meio da Igreja, na comunhão ministerial dos Apóstolos (At 6, 35).

O Diácono coloca-se como um instrumento, para que a verdade de Cristo chegue aos corações, aqui representado pelo eunuco apresentado na passagem.

Note-se, que agora o diálogo do Diácono com o eunuco se dá sob a ordem do Espírito: – “Chega-te, e ajunta-te a esse carro (At 8,29). De fato o principal protagonista da evangelização é o Espírito Santo, como afirmou o Patriarca Atenágoras (1948-1972):

“Sem o Espírito Santo, Deus está distante, o Cristo permanece no passado, o Evangelho é uma letra morta, a Igreja uma simples organização, a autoridade um poder, a missão uma propaganda, o culto um arcaísmo, e a ação moral uma ação de escravos.

Mas no Espírito Santo o cosmos é enobrecido pela geração do Reino, o Cristo Ressuscitado está presente, o Evangelho se faz força do Reino, a Igreja realiza a Comunhão Trinitária, a autoridade se transforma em serviço, a Liturgia é memorial e antecipação, a ação humana se diviniza”.

O eunuco, Ministro da rainha da Etiópia, lia sem entender o Profeta Isaías, e cabe a Filipe, levar o mesmo a reconhecer a partir do texto lido, a identificação com a pessoa de Jesus Cristo (At 8,32-35), e fazendo o itinerário da fé recebe o batismo ministrado pelo Diácono.

Temos aqui explicitado o itinerário da fé feito antes da recepção do Batismo:

1º - o anúncio de Jesus pelo ministro da Igreja;
2º - a adesão do ouvinte à pregação, pois a fé vem pelo ouvido (Rm 10,17);
3º - a recepção do Batismo, adesão à comunidade dos crentes, e a alegria da vida nova em Cristo.

Evidentemente, pressupõe um momento permanente após o Batismo, que é a sua vivência, o testemunho, não podendo se viver de qualquer modo, mas perfeitamente configurados a Cristo Jesus, tendo dele mesmos sentimentos ( Fl 2,5-11), vivendo mortos para o pecado e vivos para Deus (Rm 6,11), em contínua conversão, buscando as coisas que vem do alto, como nos falou o Apóstolo Paulo (Cl 3,1-11).

Vivendo o Tempo Pascal, marcado pelo transbordamento da alegria da Ressurreição do Senhor, renovemos constantemente a escuta atenta da Palavra do Senhor, em adesão à mesma, colocando-a em prática, revigorados pelo Corpo e Sangue do Senhor, ainda que na comunhão espiritual, como têm sido neste tempo.

Oportuno retomar e aprofundar a Carta do Papa Francisco para a Celebração do 57º dia Mundial de Oração pelas vocações, em que ele nos apresenta a vocação a partir de quatro palavras: tribulação, gratidão, coragem e louvor (1).



Fonte: Igreja em Oração – Nossa Missa no dia a dia - abril 2020 – p.139.

Desculpas demais, amor de menos!

                                                       

Desculpas demais, amor de menos!

Uma reflexão inspirada nas passagens da Carta do Apóstolo Paulo aos Filipenses (Fl 2,5-11), e do Evangelho de São Lucas (Lc 14,15-24).

Deus, por meio de Seu Filho, nos chama e nos convida para assentar à Sua mesa, na comunhão do Espírito. Mas, assentar-se à Mesa Sagrada implica em sagrados compromissos que dela brotam; que nela se nutrem  Eucaristia fonte e ápice da vida cristã.

Ao convite feito por Jesus para participar do Banquete do Reino e para comer de Seu Pão, muitas são as desculpas que encontramos (e com a maior facilidade). Sem muito pensar justificamos compromissos inadiáveis, desviamos olhares e caminhos, e até fugimos de maiores responsabilidades: “não tenho tempo”, “não sou capaz”,“estou sobrecarregado”, “quem sou eu?” (falsa modéstia), “um dia eu vou assumir um compromisso, mas agora não dá, é que...” etc.

Resposta positiva ao convite implica em diversas atitudes. Apresento cinco:

- Prontidão:
Quando Deus nos chama, devemos ser prontos; alegremente disponíveis para o trabalho da messe. Evidentemente, prontidão não significa imediatismos inconsequentes e inconstantes.

Prontidão consciente e perseverante. O seguimento a Jesus não pode ser fruto de uma emoção momentânea, circunstancial e sem enraizamento, mas fruto de um constante enamoramento e apaixonamento, que compromete toda a vida e a vida toda.

- Gratuidade:
Seguir Jesus e anunciar Sua Boa Nova não tem sentido, se não for movido pelo mais sincero e puro sentimento de gratuidade. É este sentimento que deve estar impregnado em toda a nossa vida.

O menor gesto feito com gratuidade é infinitamente superior ao maior dos gestos que não esteja acompanhado da mesma. Há grandes gestos inumeráveis que não expressam gratuidade, mas expressão de segundas, terceiras intenções. A Boa Nova do Evangelho prima pela gratuidade vivida a cada instante e em todo tempo.

- Imitadores dos sentimentos de Jesus:
Sim ao Seu convite implica em nos configurarmos a Ele. A ponto de dizermos, como São Paulo disse: “eu vivo, mas é Cristo que vive em mim...” (Gl 2,20).  Imitar Seus sentimentos, rever pensamentos, atitudes, critérios. Mente e coração moldados e iluminados pelos Seus ensinamentos.

Com muita facilidade podemos misturar dentro de nós sentimentos que são contraditórios e incompatíveis. Configurar-se a Jesus, para que vejam Cristo em nós.

É possível? Passo a passo, e não como quem já tenha ao ponto máximo chegado. Primeiros passos dados no batismo e que, somente, na eternidade encontram seu ponto de chegada; culminância; desejada perfeição.

- Obediência:
Jesus: A maior expressão de obediência aos desígnios de Deus. Obediência que implica em esvaziamento, aniquilamento, sofrimento, doação de Si mesmo, entrega da própria vida. Sangue por Amor derramado; Amor ao extremo. Vida pela vida sacrificada. Amor por Amor, puro Amor.

Obediência que não mede sacrifícios, motivada por uma causa maior, que faz tudo se tornar pequeno. A obediência deve ser nossa marca.

Ser Igreja é o aprendizado constante da obediência que, num primeiro momento, nem sempre compreendida e agradável, mas com maturidade assumida, renúncias assumidas, alegrias realizadas.

A Igreja prima pela obediência, não como míope servilismo, mas como certeza de que ela nos desafia ao amadurecimento daqueles que sabem até mesmo seus ideais renunciar, seus desejos sacrificar.

A obediência pede o desinstalar, o rever, o recomeçar, o reconsiderar. Ela muitas vezes assusta, porque nos coloca frente ao novo; e o novo via de regra nos incomoda.

A obediência vivida por amor à Igreja é caminho de santificação, que não dispensa diálogos, carinho e compreensão, mas abertura ao sopro do Espírito. Ela pode ser a morte da vaidade, da mediocridade, acerto de aparas. A obediência carrega em si a luminosidade pascal.

- Humildade:
Somos pó, verdade que jamais podemos esquecer: do pó viemos e ao pó retornaremos. Conscientes de nossa pequenez, fragilidade, haveremos de nos colocar nas mãos de Deus.

É a humildade no coração de Maria que a levou a participar da obra da redenção. É a sua humildade uma das fontes do Magnificat. Não cantará a glória de Deus, não reconhecerá as maravilhas de Deus, quem não reconhecer sua pequenez, seus limites.

Humildade jamais será sinal de fraqueza, pois quando somos fracos, então que nos tornamos fortes (2 Cor 12,10). Ela nos coloca como criaturas diante do Criador, e assim nossa vida somente tem sentido quando colocada em constante atitude amical e dialogal com Ele.

A atitude de humildade nos pede constante vigilância, para que não tenhamos conceito maior de nós mesmos, mas que, na exata medida, saibamos nos colocar nas mãos divinas; e, fortalecidas possam ser as milhões de mãos humanas estendidas.

Muitos são os chamados, poucos os escolhidos.

Reflitamos:

- Estaremos incluídos entre os escolhidos?
- A prontidão, gratuidade, imitação de Nosso Senhor, obediência e humildade estão presentes em nossa caminhada de fé?

Quando todas as virtudes citadas se fazem presente em nosso coração, e deixamos o amor falar mais alto, as desculpas deixarão de ser demais, não se multiplicarão com tamanha facilidade, porque haverá amor demais. Amor demais! Será que existe amor demais?

Como Deus é Amor, o amor nunca será demais!
Assim, Deus jamais será demais, porém, sem
Ele e Seu amor, seremos cada vez menos! 

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