O Sol Nascente veio nos visitar
Com a Liturgia do Natal, celebramos o Nascimento do Salvador que, naquela frágil Criança, é verdadeiro Deus e verdadeiro Homem; o Filho de Deus feito Carne. E com a Liturgia da Solenidade da Epifania do Senhor, celebramos este Mistério da Encarnação, mas como manifestação do Salvador de todos os povos, Luz de todas as nações.
O Povo de Deus e o mundo inteiro precisam se alegrar e acolher Aquele que fora esperado e anunciado pelos Profetas: a esperança que foi nutrida por muitos anos e, por vezes, com laivos de impaciência da parte do povo, se tornou realizada.
Esta mancha de impaciência somada à infidelidade, abandono, desânimo, distanciamentos, muitas vezes presentes na História do Povo de Deus, não foram suficientes para que Deus deste desistisse, pois é próprio do Amor de Deus não desistir de quem ama, pois também é próprio do amor criar o bem no coração do amado, como expressou Santo Tomás de Aquino.
O Povo de Deus, consciente da eleição divina, compreendeu progressivamente que o Amor de Deus não é excludente, mas deve ser estendido a todos os povos:
“Haveria de chegar um dia em que todas as nações da terra acorreriam a Jerusalém, a cidade-farol, onde se congregariam, com alegria, todos os filhos dispersos. Então, prestar-se-ia uma homenagem unânime ao Senhor do Universo, cujo esplendor iluminaria a cidade e todos cantariam:
‘E de Sião dir-se-á: Todos os homens lá nasceram’ (Sl 87)... Essa Jerusalém para onde caminham homens de todas as raças, línguas, povos e nações, para os quais o Todo-poderoso enviou o Seu Filho, não é uma cidade desta terra: descerá do Céu enviada por Deus, trazendo a glória de Deus (Ap 21,10-12).” (1)
Neste contexto, os magos do Oriente, lugar do sol nascente, vieram adorar o Sol Nascente que não conhece ocaso − “O Sol Nascente que nos veio visitar” (Lc 1,78) −, guiados pela estrela que iluminava os caminhos; no entanto, tendo encontrado a Luz Divina não mais precisaram da estrela e voltaram por outro caminho, para que Herodes, com a maldade e medo que cegava o coração, não eliminasse a Luz que acabara de nascer:
“Depois de terem encontrado o Salvador, no final de uma grande viagem, desviaram-se por outro caminho, guiados agora, não por uma estrela, mas pelo reflexo da Luz nascida da Luz, que tinha brilhado diante dos seus olhos e que agora iluminava o mundo inteiro.” (2)
Toda Eucaristia que celebramos, bem como todos os Sacramentos, é uma Epifania, uma manifestação da presença e bondade do Senhor. Ele Se faz presente sob a forma de humildes sinais (pão, vinho, água, óleo, sal, gestos simples e palavras).
Ao participarmos da Celebração Eucarística e recebermos a Bênção Divina, somos enviados em missão, “Glorificai a Deus com a vossa vida. Ide em paz, e o Senhor vos acompanhe”.
Deste modo, o que os magos vivenciaram deve acontecer em nosso coração: exultação de alegria, adoração, acompanhada da conversão, da busca de novos caminhos para manifestar ao mundo que encontramos Alguém que mudou e muda sempre a nossa vida, desde que o procuremos de coração sincero e permitamos que Ele nos encontre e nos transforme com a Sua Divina Graça e Luz. Pois, tão somente assim seremos uma “Igreja em saída”, verdadeiramente missionária, vivendo o que constitui a sua essência.
Que a Luz da Luz nos acompanhe todos os dias, de modo especial, quando o sol nos agracia com novos amanheceres, para que sejamos sinal do Sol Nascente que veio iluminar a escuridão da humanidade para sempre.
(1) Missal Quotidiano Dominical e Ferial – Editora Paulus – Lisboa - p.218
(2) Idem


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