terça-feira, 1 de outubro de 2024

“No coração da Igreja minha vocação é o amor...”

“No coração da Igreja minha vocação é o amor...” 

No dia 1º de outubro, celebramos a memória de uma grande testemunha do Senhor, Santa Teresinha do Menino Jesus (séc. XIX), sejamos enriquecidos por sua autobiografia. 

“Meus imensos desejos me eram um autêntico martírio. Fui, então, às cartas de São Paulo a ver se encontrava uma resposta. Meus olhos caíram por acaso nos capítulos doze e treze da Primeira Carta aos Coríntios. 

No primeiro destes, li que todos não podem ser ao mesmo tempo apóstolos, profetas, doutores, e que a Igreja consta de vários membros; os olhos não podem ser mãos ao mesmo tempo. Resposta clara, sem dúvida, mas não capaz de satisfazer meu desejo e dar-me a paz.

Perseverei na leitura sem desanimar e encontrei esta frase sublime: Aspirai aos melhores carismas. E vos indico um caminho ainda mais excelente (1Cor 12,31).

O Apóstolo esclarece que os melhores carismas nada são sem a caridade, e esta caridade é o caminho mais excelente que leva com segurança a Deus. Achara enfim o repouso.

Ao considerar o Corpo místico da Igreja, não me encontrara em nenhum dos membros enumerados por São Paulo, mas, ao contrário, desejava ver-me em todos eles. A caridade me deu o eixo de minha vocação. 

Compreendi que a Igreja tem um corpo formado de vários membros e neste corpo não pode faltar o membro necessário e o mais nobre: entendi que a Igreja tem um coração e este coração está inflamado de amor. 

Compreendi que os membros da Igreja são impelidos a agir por um único amor, de forma que, extinto este, os apóstolos não mais anunciariam o Evangelho, os mártires não mais derramariam o sangue. 

Percebi e reconheci que o amor encerra em si todas as vocações, que o amor é tudo, abraça todos os tempos e lugares, numa palavra, o amor é eterno. 

Então, delirante de alegria, exclamei: Ó Jesus, meu amor, encontrei afinal minha vocação: minha vocação é o amor. Sim, encontrei o meu lugar na Igreja, Tu me deste este lugar, meu Deus. No coração da Igreja, minha mãe, eu serei o amor e desse modo serei tudo, e meu desejo se realizará”. 

Santa Terezinha pouco viveu, mas teve tamanha intensidade e amor, que ficará para sempre viva, presente em nossa memória. Ela foi declarada a “Padroeira das Missões”, por Pio XI, em 1927. 

Entre as quatros doutoras da Igreja, ela está ao lado de Santa Teresa de Ávila e Santa Catarina de Sena e Santa Hildegarda de Bingen. 

Em oração atenta, deleitando-se com a Palavra Divina, descobriu seu lugar na Igreja, e sua exclamação ressoa no nosso: "No coração da Igreja minha vocação é o amor!” 

Reflitamos:

- “Qual é a minha vocação na Igreja?”

Responderemos que somos padre, religiosa, primeiros educadores da fé, pelo exemplo e palavra aos filhos, por Deus, confiados (pai e mãe).

Com toda certeza, diremos o que somos, o que fazemos, os títulos que possuímos, o trabalho que já fizemos ou faremos etc. 

Somente uma jovem com intenso amor no coração, pelo Amado seduzido, com o fogo do Amor do Espírito, em fidelidade ao Pai de Amor, poderia ter dito de forma tão singular e tão marcante:

“No coração da Igreja minha vocação é o amor...”

Sejamos ou façamos o que for, mas façamos vocacionados para o Amor e pelo Amor, somente assim seremos fiéis e amados Discípulos Missionários do Senhor!

Síntese da mensagem de Sua Santidade o Papa Francisco para o Dia Mundial das Missões - 2021

 


Síntese da mensagem de Sua Santidade o Papa Francisco para o
Dia Mundial das Missões - 2021 

A mensagem tem como motivação bíblica a passagem do Livro dos Atos dos Apóstolos – “Não podemos deixar de afirmar o que vimos e ouvimos” (At 4, 20), tendo como contexto uma situação de pandemia que “...evidenciou e aumentou o sofrimento, a solidão, a pobreza e as injustiças de que já tantos padeciam, e desmascarou as nossas falsas seguranças e as fragmentações e polarizações que nos dilaceram silenciosamente. Os mais frágeis e vulneráveis sentiram ainda mais a sua vulnerabilidade e fragilidade. Experimentamos o desânimo, a decepção, o cansaço; e até a amargura conformista, que tira a esperança, se apoderou do nosso olhar”. 

A situação da pandemia evidenciou e aumentou o sofrimento, a solidão, a pobreza e as injustiças de que já tantos padeciam, e desmascarou as nossas falsas seguranças e as fragmentações e polarizações que nos dilaceram silenciosamente.

A experiência dos apóstolos do encontro com o Messias tornou-se fundamental para o ardor na missão:  - “O amor está sempre em movimento e põe-nos em movimento, para partilhar o anúncio mais belo e promissor: «Encontramos o Messias» (Jo 1, 41).

O Papa dirige um convite a cada um de nós: cuidar e dar a conhecer aquilo que tem no coração, pois esta missão é, e sempre foi, a identidade da Igreja: «ela existe para evangelizar» (São Paulo VI, Exort. ap. Evangelii nuntiandi, 14).

É preciso viver a missão num contexto marcado pelas alegrias, sofrimentos, anseios e angústia, com a necessidade de redenção, em atenção à Palavra de Jesus Cristo - “«Ide às saídas dos caminhos e convidai todos quantos encontrardes» (cf. Mt 22, 9), vivendo um amor de compaixão em que ninguém se sinta estranho ou afastado.

Assim como os apóstolos e os primeiros cristãos, também nós «não podemos deixar de afirmar o que vimos e ouvimos» (At 4, 20) – “Como os apóstolos que viram, ouviram e tocaram a Salvação de Jesus (cf. 1 Jo 1, 1-4), também nós, hoje, podemos tocar a carne sofredora e gloriosa de Cristo na história de cada dia e encontrar coragem para partilhar com todos um destino de esperança, esse traço indubitável que provém de saber que estamos acompanhados pelo Senhor.  Como cristãos, não podemos reservar o Senhor para nós mesmos...”

Vivemos tempos novos, que suscitam uma fé capaz de estimular iniciativas e plasmar comunidades a partir de homens e mulheres, que aprendem a se ocupar da fragilidade própria e dos outros.

O ardor missionário dos discípulos consiste num colocar-se “em estado de missão”, como reflexo da gratidão, fazendo florir o milagre da gratuidade, do dom de si mesmo.

Urge que aprendamos com os primeiros discípulos que transformaram cada incômodo, contrariedade e dificuldade em oportunidade para a missão – “Possuímos o testemunho vivo de tudo isto nos Atos dos Apóstolos, livro que os discípulos missionários sempre têm à mão. É o livro que mostra como o perfume do Evangelho se difundiu à passagem deles, suscitando aquela alegria que só o Espírito nos pode dar. O livro dos Atos dos Apóstolos ensina-nos a viver as provações unindo-nos a Cristo, para maturar a «convicção de que Deus pode atuar em qualquer circunstância, mesmo no meio de aparentes fracassos», e a certeza de que «a pessoa que se oferece e entrega a Deus por amor, seguramente será fecunda (cf. Jo 15, 5)» (Francisco, Exort. ap. Evangelii gaudium, 279).

Somos chamados, cientes que “não nos pregamos a nós mesmos, mas a Cristo Jesus, o Senhor, e nos consideramos Vossos servos por amor de Jesus” (2 Cor 4, 5).

O contexto que vivemos tem a urgente necessidade de missionários de esperança que, ungidos pelo Senhor, sejam capazes de lembrar profeticamente que ninguém se salva sozinho.

O Papa nos convida a recordar com gratidão todas as pessoas, cujo testemunho de vida nos ajuda a renovar o nosso compromisso batismal de sermos apóstolos generosos e jubilosos do Evangelho.

Lembrar especialmente aqueles que foram capazes de partir, deixar terra e família para que o Evangelho pudesse atingir sem demora e sem medo aqueles ângulos de aldeias e cidades onde tantas vidas estão sedentas de bênção.

Supliquemos ao Senhor que mande trabalhadores para a Sua messe (Lc 10, 2), cientes de que a vocação para a missão não é algo do passado nem uma recordação romântica de outrora.

O Papa fala da necessidade de corações que sejam capazes de viver a vocação como uma verdadeira história de amor, que os faça sair para as periferias do mundo e tornar-se mensageiros e instrumentos de compaixão, cada qual a seu modo, nas periferias que estão perto de nós, no centro duma cidade ou na própria família, com a abertura universal do amor que não é geográfico, mas existencial.

Conclui nos convidando a viver a missão como o “...aventurar-se no cultivo dos mesmos sentimentos de Cristo Jesus e, com Ele, acreditar que a pessoa ao meu lado é também meu irmão, minha irmã. Que o seu amor de compaixão desperte também o nosso e, a todos, nos torne discípulos missionários”, contando com Maria, a primeira discípula missionária, a fim de que faça crescer em todos os batizados o desejo de ser sal e luz nas nossas terras (cf. Mt 5, 13-14).


Se desejar, leia a mensagem na integra:

https://www.vatican.va/content/francesco/pt/messages/missions/documents/papa-francesco_20210106_giornata-missionaria2021.html


segunda-feira, 30 de setembro de 2024

Oração do(a) Secretário(a) Paroquial

                                                     


Oração do(a) Secretário(a) Paroquial 

Ó Deus, Vos peço a assistência do Espírito Santo, para que, como secretário(a), seja sinal da presença do Vosso Filho Jesus Cristo, a quantos vierem ao nosso encontro. 

Enriquecido (a) pelos dons da Sabedoria, Entendimento, Conselho, Fortaleza, Ciência, Temor e Piedade, corresponda à missão que fui agraciado (a), sem mérito algum, mas porque sois infinitamente misericordioso. 

Que ao terminar o dia, diga apenas: fui um(a) simples servo(a) e fiz apenas o que devia fazer (cf. Lc 17,10), no pensamento, palavra e ação. Amém.

Em poucas palavras...

 


Quedas e tentações

“‘O diabo ronda como leão rugidor procurando a quem devorar’ (1 Pd 5,8). Nesta vida, não está o cristão de modo algum isento, um instante que seja, de tentações e quedas.

Estas, porém, podem ser superadas, porque Deus conhece nossas forças e não permite que as tentações as superem. O homem encontra força na comunhão com Deus. Jó é modelo em toda provação e tentação.” (1)

 

(1)               Comentário do Missal Cotidiano – Editora Paulus – passagem do Livro de Jó (Jó 1,6-22) – pág. 1323

A eficácia da Palavra no caminho de conversão

                                                     

A eficácia da Palavra no caminho de conversão

A Palavra de Deus é fonte inesgotável de conversão para todos os cristãos e, sobretudo para nós, Presbíteros.

Como sermos autênticos discípulos missionários credíveis do Verbo que se fez Carne se não nos propusermos a trilhar o frutuoso caminho da conversão sincera, silenciosa, contínua...?

Para que possamos avançar neste santo e inadiável propósito é preciso dar passos firmes na acolhida sincera da “Verbum Domini”  Exortação Apostólica do Papa Bento XVI sobre a Palavra de Deus na vida e na Missão da Igreja   e, como presbíteros, termos a coragem de “puxar a fila” na certeza de que construiremos comunidades mais sólidas e instrumentos do Reino, porque firmadas e alimentadas pela Palavra Divina.

Neste caminho, temos que superar as tentações sedutoras, e aqui, lembramos as fundamentais e também nascentes de outras: ter, ser e poder, que bem sabemos o Senhor as venceu no deserto e nos ensinou que também nós podemos vencê-las.

Se a elas sucumbirmos esvaziaremos o sentido de nosso ministério, ofuscaremos inexoravelmente a face do Cristo que nos chamou,  consagrou e enviou com a força do Espírito.

Como amantes do Verbo que Se fez Carne, temos que encontrar na Palavra a fonte de conversão para todos nós... Nela inspirados e iluminados há de ser superado todo o cansaço; recuperadas as perdas de horizontes que nos motivam a caminhar partícipes da civilização do amor em prol da cultura da vida; estéreis fechamentos serão rompidos; esvaziamentos encontrarão seu conteúdo existencial e vital; compensações não serão necessárias; não correspondência ao que o rebanho de nós espera será impensável...

Vale ressaltar que muito do que me refiro aos presbíteros é absolutamente indispensável para todos os cristãos leigos. A conversão é, portanto, imperativo para todos!

Assim como pedimos o pão de cada dia na oração que o Senhor nos ensinou,  podemos intuir que a graça da conversão também é suplicada, para que melhor correspondamos à vontade de Deus.

Sendo a Palavra de Deus o centro e fonte de nossa espiritualidade e da ação evangelizadora, jamais poderemos separá-la da Eucaristia que celebramos, bem como não poderemos nos acomodar em seu conhecimento, acolhimento e vivência. Bem disse são Jerônimo: “Ignorar as Escrituras é ignorar o próprio Cristo”.

Palavra de Deus não apenas para ser conhecida, mas acolhida, encarnada e vivida, como sementes que se plantam para florescer já no tempo presente, reconstruindo o paraíso não como estéril saudosismo, mas como compromissos intransferíveis...

Urge que nos empenhemos arduamente e decididamente no caminho da conversão, que não consiste num ponto de chegada em si, mas como um caminho permanente a ser percorrido. Sempre alimentados pela Palavra Divina, daremos razão de nossa esperança ao mundo; artífices da caridade porque crentes em sua força, eficácia e penetração no mais profundo de nós mesmos (1Pd 3).

Supliquemos: “A conversão de cada dia nos dai hoje, Senhor!". Amém.

Em poucas palavras...

 


Pequeninos e disponíveis para o Reino

“Jesus não teme aqueles que dispõem secretamente de Seu nome para exorcizar; só podem fazê-lo, crendo em Seu poder salvífico.

Na ação apostólica, é preciso saber aceitar que também outros trabalhem em nome de Cristo. Para isso, cada um deve fazer-se pequenino, sem pretensões, com plena disponibilidade.” (1)

 

(1)Missal Cotidiano – Editora Paulus – 1995 – pág. 1324 – passagem do Evangelho – Lc 9,46-50

O Amor de Deus cura as feridas da alma

                                                             

O Amor de Deus cura as feridas da alma

Há Missas que ecoam para sempre,
Como deve ecoar sempre o Mistério celebrado,
A Palavra proclamada, na homilia explicada...
Quero então a uma delas voltar.

À Missa se volta? Desde quando?
A Missa continua, prolonga-se, eterniza-se...
Momento de graças vivenciado,
Para sempre eternizado.

O Profeta Isaías cantou a missão do Servo,
Sobre o qual pousaria o Espírito do Senhor,
Para o ano da graça anunciar
E a libertação dos cativos propiciar.

Nesta missão algo maravilhoso fará.
A mais preciosa cura que precisamos
Em grau maior ou menor, vejamos:
“Ele vem curar a ferida da alma”

“Ferida da alma” Sem espiritualizações fúteis.
Quantas vezes ela nos marca e teima permanecer...
O que fazer para curá-la, cicatrizá-la?
Haverá ferida mais difícil a ser curada?

Desconheço, pois ela está no mais profundo do nosso ser.
Para curá-la somente o Seu Extremo Amor.
Reconhecê-la, assumi-la, desejar curá-la.
Sem reminiscências, cicatrizes ardentes.

Somente o Amor de Deus tem poder pleno para curá-la.
O Amor de Deus cura as feridas da alma.
O Amor de Deus cura todas as feridas.
Se assumidas, pelo Amor Divino serão redimidas.

Seu Extremo e Indizível Amor
Que contemplamos em Suas chagas e feridas.
Amor, bondade, mansidão, ternura exaladas,
Para que tantas almas feridas sejam curadas.

Sejamos curados pelo Amor Divino
Destas indesejáveis feridas do íntimo.
Sejamos também desta cura instrumentos.
Bem ao lado há alguém que dela precisa.

Curados para curar com a ação do Santo Espírito.
Curados de nossas feridas para curar do outro as feridas.
Haverá graça maior que Deus possa por nós realizar?
Por isto, Seu Espírito age revitalizando nossas vidas.

Para quem em Deus confia
Não há feridas eternas.
Que Seu Amor imensurável
Nos acompanhe a cada dia!

Quem sou eu

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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG