sábado, 31 de agosto de 2024

Amor de compaixão

                                                


Amor de compaixão

Senhor Jesus, Vós que jamais propusestes uma religião que adormeça a consciência dos pobres, dos aflitos, assegurando-lhes um futuro feliz; concedei-nos a graça de viver uma religião que se expresse em sagrados compromissos de amor e solidariedade para com nosso próximo, sobretudo os que mais necessitam.

Senhor Jesus, Vós não nos ensinastes a pensar apenas no depois, tanto que destes pães a quem tinha fome, consolastes os aflitos, acolhestes os marginalizados, curastes os doentes e jamais Vos vingastes das rejeições ou ofensas recebidas; ensinai-nos o mesmo fazer no tempo presente.

Senhor Jesus, Vós aos proclamardes que os pobres são bem-aventurados, revelastes que Vosso Pai é sensível à dor e à pobreza da humanidade, e que vem sempre ao encontro dos pobres; fazei-nos sensíveis à pobreza destes e tenhamos a compaixão, como expressão de participação na dor do outro.

Senhor Jesus, Vós nos ensinastes que, viver as bem-aventuranças, é crer no Deus que nos acompanha sempre, cheio de compaixão, não porque méritos tenhamos, mas porque nos ama, dai-nos olhos abertos e capazes de ver o rosto daquele que mais sofre, vivendo assim a religião da compaixão. Amém.


Fonte de inspiração – Lecionário Comentado – Editora Paulus – Lisboa 2011 – p.314

Em poucas palavras...

 


Os Dez Mandamentos

“A Lei antiga é o primeiro estádio da lei revelada. As suas prescrições morais estão compendiadas nos Dez Mandamentos.

Os preceitos do Decálogo assentam os alicerces da vocação do homem, feito à imagem de Deus: proíbem o que é contrário ao amor de Deus e do próximo e prescrevem o que lhe é essencial.

O Decálogo é uma luz oferecida à consciência de todo o homem, para lhe manifestar o apelo e os caminhos de Deus e o proteger contra o mal: Deus «escreveu nas tábuas da Lei o que os homens não fiam nos seus corações» (Santo Agostinho)” (1)

 

(1) Catecismo da Igreja Católica – parágrafo n.1962

A alegria e o serviço são marcas do discípulo do Senhor

                                           

A alegria e o serviço são marcas do discípulo do Senhor

Reflexão à luz da passagem do Evangelho de Mateus sobre a Parábola dos talentos (Mt 25,14-30), que tem como mensagem:  viver a alegria e o serviço, inseparavelmente, pois são elementos presentes na vida do discípulo missionário do Senhor, sobretudo quando, na Missa, a Palavra é proclamada, ouvida e acolhida, para no cotidiano ser anunciada e testemunhada.

O discípulo missionário precisa se despertar para o apelo de servir o Senhor, na alegria,  não pelo medo e tão pouco tristeza de nós mesmos, por causa da fragilidade e limitações que possuímos.

O Senhor quer que tão apenas que O sirvamos com alegria e generosidade.

Não podemos permitir que a preguiça nos acomode e nos acovarde na multiplicação dos talentos que Deus nos confia, e nisto consiste o apelo que o Senhor nos faz:

Este apelo desmente as novas e velhas recriminações feitas aos cristãos de que são gente triste, resignada, demissionária. Ao mesmo tempo, põe-nos de sobreaviso quanto a um dos vícios capitais e dos pecados mais graves contra a esperança: a preguiça, que a teologia interpreta como ‘tristeza da graça’ (tristitia gratiae)”.(1)

Esta atitude, encontramos no terceiro homem da Parábola que o Senhor nos apresenta na passagem do Evangelho (Mt 25,14-30): “o aborrecimento e o desgosto do dom recebido; a recusa em deixar-se amar; a incredulidade de quem duvida com obstinação de que o Senhor lhe dê confiança e o torne companheiro em dar forma e rosto ao Reino do Pai” (2).

Deste modo, precisamos passar do temor servil ao amor filial no discipulado e relacionamento com o Senhor, pois Ele manifesta a verdade e a fecundidade do dinamismo do amor com estas palavras:

“A todo aquele que tem, dar-se-á mais e terá em abundância, mas, àquele que não tem, até o pouco que tem lhe será tirado” (Mt 25,29).

Na relação de amor filial para com Deus, e na fidelidade ao Senhor, “quem ama torna-se cada vez mais capaz de amar; quem é fiel e responsável nas tarefas que lhe foram confiadas, sejam elas grandes ou pequenas, cresce na fidelidade e na liberdade dos filhos de Deus” (3).

No caminho do discipulado acontece, portanto, o amadurecimento da interioridade pessoal e fecundidade do testemunho, e assim, encontra-se a verdadeira felicidade desejada, e que Ele nos apresentou no Sermão da Montanha (Mt5,1-12), e podemos afirmar: – “nem toda a alegria entrará na felicidade, mas toda a felicidade entrará na alegria” (4)

Oremos:

“Pai Santo, que confiais nas mãos do homem todos os bens da Criação e da graça, fazei que a nossa boa vontade multiplique os frutos da Vossa Providência; tornai-nos sempre operosos e vigilantes na expectativa do Vosso regresso, na esperança de nos ouvirmos chamar de servos bons e fiéis, e assim entrarmos na alegria do Vosso Reino” .(4)



(1) (2) (3) (4) Lecionário Comentado – Editora Paulus – Lisboa – 2011 – pp.795-796

PS: Passagem par

Do temor servil ao amor filial

                                                        

 Do temor servil ao amor filial 

A Parábola (Mt 25,14-30) nos fala de três pessoas a quem foram confiados os talentos. 

O terceiro deles, que enterrou o talento, representa o perfeito servilismo, que deforma a imagem de si e do outro, porque se deixa dominar pelo terror. É próprio do terror não somente impedir qualquer iniciativa de certo fôlego, mas fazer abortar o realizar da possibilidade mais simples.

A Parábola revela o quanto Deus confia no homem e conta com sua liberdade responsável na participação da construção do Reino.

Entre a primeira e a segunda vinda há o tempo intermediário que estamos vivendo. Tempo que não pode ser vivido numa espera angustiosa, ociosa e tampouco agitada ou marcada pelo medo. 

Não podemos ser resignados, demissionários, gente entristecida, enfraquecidos pela preguiça e desorientados pelas dificuldades. Não há por que ficarmos aborrecidos e tampouco perdermos tempo no multiplicar os talentos que o Senhor nos confiou. Não importa quantos são, mas se os multiplicamos com intensa fidelidade e alegria.

Deve reinar uma alegria transbordante no coração dos discípulos missionários do Senhor. Sempre convictos de que é para o Senhor Jesus que trabalham, colocando a serviço os talentos, na fidelidade total e incondicional ao Pai, contando com a força, luz e sabedoria do Espírito Santo. 

A comunidade deve passar sempre do “temor servil” para o “amor filial”. Quando isto acontece, vigilante e sábia a comunidade se torna. 

No amor filial cada membro da comunidade não tem outra inquietação senão amar mais e verdadeiramente, colocando-se alegremente a serviço na construção do Reino. Nisto consiste a verdadeira sabedoria.

Quem ama torna-se cada vez mais capaz de amar. Quem é fiel e responsável em suas tarefas, sejam elas pequenas ou grandes, cresce na fidelidade e na liberdade dos filhos de Deus.

Caminhamos rumo à felicidade eterna prometida, já a experimentando no tempo presente. Somente quem serve o Senhor na alegria entrará na plenitude de Sua alegria no céu. 

PS: Passagem paralela do Evangelho de Lucas (Lc 1,11-28)

Templo e templos - Mesmo amor e zelo tenhamos!

                                                         

Templo e templos - Mesmo amor e zelo tenhamos!  
  
O zelo pela casa do Senhor e o amor pelos
Seus templos vivos, os pobres...

Retomemos a homilia escrita pelo Bispo São João Crisóstomo (séc. IV), sobre o Evangelho de São Mateus, que nos convida a refletir sobre o templo e os templos de Deus.

“Queres honrar o corpo de Cristo?
Não o desprezes quando nu, não o honres com vestes de seda e abandones fora no frio e na nudez o aflito.

Pois aquele que disse: Isto é o meu Corpo (Mt 26,2) e confirmou com a palavra, é o mesmo que falou: Tu Me viste faminto e não Me alimentaste (Mt 25,35); e: O que não fizeste a um destes mais pequeninos, não o fizeste a mim (Mt 25,45). Este não tem necessidade de vestes, mas de corações puros, aquele, porém, precisa de grande cuidado...

Aprendamos, portanto, a raciocinar e a reverenciar a Cristo como lhe agrada... Assim, honra-O tu com a honra prescrita em lei, distribuindo tua fortuna com os pobres. Deus não precisa de vasos de ouro, mas de almas de ouro.

Que proveito haveria, se a mesa de Cristo está coberta de taças de ouro e Ele próprio morre de fome? Sacia primeiro o faminto e, depois, do que sobrar, adorna sua mesa.

Fazes um cálice de ouro e não dás um copo de água? Que necessidade há de cobrir a mesa com véus tecidos de ouro, se não lhe concederes nem mesmo a coberta necessária? Que lucro haverá? Diz-me: se vês alguém que precisa de alimento e, deixando-o lá, vais rodear a mesa, de ouro, será que te agradecerá ou, ao contrário, se indignará? Que acontecerá se ao vê-lo coberto de andrajos e morto de frio, deixas de dar as vestes, mandas levantar colunas douradas, declarando fazê-lo em sua honra? Não se julgaria isto objeto de zombaria e extrema afronta? Pensa também isto a respeito de Cristo, quando errante e peregrino vagueia sem teto.

Não O recebes como hóspede, mas ornas o pavimento, as paredes e os capitéis das colunas, prendes com cadeias de prata as lâmpadas, e a Ele, preso em grilhões no cárcere, nem sequer te atreves a vê-Lo.

Torno a dizer que não proíbo tais adornos, mas que com eles haja também cuidado pelos outros. Ou melhor, exorto a que se faça isto em primeiro lugar. Daquilo, se alguém não o faz, jamais é acusado; isto porém, se alguém o negligencia, provoca-lhe a geena e fogo inextinguível, suplico com os demônios.

Por conseguinte, enquanto adornas a casa, não desprezes o irmão aflito, pois ele é mais precioso que o templo”

São João Crisóstomo possuía  uma capacidade excepcional para explicar a Boa Nova de Jesus Cristo, na linguagem e cultura do seu tempo.

Dava forte ênfase às consequências sociais do Evangelho; era, ao mesmo tempo, invejável o seu esforço para tornar bela a oração e para transmitir a reflexão teológica de forma poética.

É uma Homilia profundamente questionadora na indispensável necessidade de cuidar da beleza do templo e de tudo que ao culto se refira, sem deixar de lado o essencial do Evangelho, o cuidado e a promoção dos pobres.

Reflitamos

- De que modo cuidamos da Casa do Senhor e de tudo quanto esteja relacionado?

- Quanto de recurso financeiro e de tempo investimos no cuidado do Senhor, na pessoa dos pobres que nos interpelam, como Sua real presença?
- A preocupação que temos com o esplendor de nossos templos e liturgia é a mesma que temos com o resgate do esplendor do brilho dos olhos de nossos irmãos empobrecidos? 

Oremos:  
Senhor, que eu cuide de Ti em cada irmão e irmã empobrecido, com o mesmo amor com que cuido do culto e de Tua casa;

Senhor, que o zelo, a promoção da vida e da dignidade dos pobres me consuma como me consome o zelo pela Tua casa.

Senhor, que este zelo inseparável, irrenunciável e inadiável,
Por nós seja vivido, porque para Vós agradável e louvável!

Senhor, não permita que caiamos em omissões execráveis, 
detestáveis e lamentáveis, porque por Vós inadmissíveis e impensáveis!
Amém!

sexta-feira, 30 de agosto de 2024

“Tua Palavra é luz para o caminho”

                                                          


“Tua Palavra é luz para o caminho”

 “A Sagrada Escritura é para nos ajudar a decifrar o mundo; para
nos devolver o olhar da fé e da contemplação, e transformar
a realidade numa grande revelação de Deus”.

No mês de setembro, mês especialmente dedicado à Sagrada Escritura, fomos enriquecidos pela reflexão do  Livro do Deuteronômio, o quinto Livro do Pentateuco.

É fundamental, sobretudo no momento que estamos vivendo, com a proximidade das eleições, refletir, discernir, escolher com sabedoria aqueles que vão exercer o poder político em nossos Municípios nos próximos quatro anos.

Voltemo-nos à afirmação do Papa São Paulo VI, que em 1971 nos dizia:  “A política é uma maneira exigente - se bem que não seja a única - de viver o compromisso cristão, ao serviço dos outros.” ( Carta Apostólica Octogesima Adveniens - n.46).
 
Também são oportunas as palavras dos Bispos na Conferência Nacional do Brasil, realizada de 2016, através das Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora: “Promova-se cada vez mais a participação social e política dos cristãos leigos e leigas nos diversos níveis e instituições, por meio de formação permanente e ações concretas.

Com a crise da democracia representativa, cresce a importância da colaboração da Igreja no fortalecimento da sociedade civil, na luta contra a corrupção, bem como no serviço em prol da unidade e fraternidade dos povos, em especial na América Latina.” (n.123).

Urge que, no testemunho da fé, como discípulos missionários do Senhor, vivamos a atuação e compromisso político, como concretização e promoção do bem comum, para que sejamos sal, fermento e luz. 

Como Igreja, não nos é permitido omissão nestes sagrados compromissos de participação da construção do Reino de Deus inaugurado por Jesus, com a força do Espírito Santo.

Embora a nossa participação política não se esgote no período eleitoral, este é um momento privilegiado, sobretudo considerando a nossa realidade nacional, marcada por vezes pelo descaso do poder público, precariedade de serviços necessários à população, desvios ou não aplicação de verbas para o que é de fato essencial, e outros tantos fatos que clamam por mudanças efetivas.

Se dificuldades existem, a Palavra de Jesus, ontem, hoje e sempre, nos renova para os sagrados compromissos: “Não temais, pequeno rebanho, porque foi do agrado de vosso Pai dar-vos o Reino” (Lc 12,32).

E para que superemos os nossos medos, na desafiadora e necessária participação política, Ele afirma ainda: “Coragem, Eu venci o mundo” (Jo 16,33).

Enfim, encorajados pela Palavra do Senhor, luz para nosso caminho, assim como o Povo de Deus viveu e celebrou a noite da libertação da escravidão do Egito e a celebrou com cantos e júbilo, também nós, partícipes da Nova e Eterna Aliança, revigorados pelo Banquete de Eternidade, nos empenhemos concretamente nesta noite de libertação que se repete ao longo da história, quando não nos omitimos e nos comprometemos no escrever de novas linhas da história com vida plena, digna, abundante e feliz para todos.


PS: Escrito em agosto de 2020

Sejamos vigilantes na fé

                                                            

Sejamos vigilantes na fé
“Portanto, ficai vigiando, pois não
sabeis qual será o dia, nem a hora.” (Mt 25, 13)

Na Liturgia da Sexta-feira da 21ª Semana do Tempo Comum é proclamada a passagem do Evangelho em que Jesus nos fala do Reino de Deus a partir da conhecida Parábola das dez virgens (Mt 25, 1-13).

Enriquecedora é esta reflexão que encontramos no Missal Cotidiano:

“Jesus descreve a Bem-Aventurança eterna como uma festa de núpcias, em que o esposo é o Cristo. Mas a Parábola põe a tônica sobre as insensatas que encontram a porta fechada, porque não chegaram a tempo.

A Palavra que Jesus dirige a essas jovens é uma das mais terríveis de toda a Bíblia: ‘Não vos conheço’. Trata-se da separação total, se nos lembrarmos de que ‘conhecer’ implica na Bíblia um elemento afetivo.

Ser ‘repelido’ é o resultado da falta de ‘fé vigilante’. É terrível pensar que muitas vezes é salva a fachada, porém dentro está morto o amor, e com ele a esperança.

Continua-se por hábito, cansadamente, por comodismo ou por capricho, mas perdeu-se do ‘convite às bodas’. Falta no íntimo a espera vigilante e ativa (ter óleo) do encontro com Cristo, cuidadosamente preparado”. (1)

Na prática de uma fé vigilante, é preciso que, como discípulos missionários, não deixemos faltar o azeite da esperança, da justiça, da solidariedade, da confiança, do amor, da alegria: “As comunidades cristãs não devem permitir-se distrações ou superficialidades, mas são chamadas a alimentar a fé com o azeite da esperança e da paciência, que jamais podem abrandar em quem espera a sabedoria verdadeira e fecunda”. (2)

É preciso estar sempre vigilante nas pequenas atitudes:

“Acordar com o propósito de ser melhor, de agir melhor, de não dar tanta importância às pequenas coisas que nos desgastam por qualquer motivo, de sorrir mais, de ajudar mais o próximo, de cuidar mais da vida, pois, agindo assim, estaremos vigilantes e preparados”. (3)

Oremos: 

Senhor Deus, concedei-nos o dom da sabedoria que vem do Vosso Espírito, para acolhermos e vivermos a Palavra do Vosso Filho, para que um dia tenhamos a graça de sermos partícipes do Banquete da Eternidade.

Concedei-nos, também,  a graça de acrescentar cada vez mais o azeite em nossas lâmpadas, para que não se apague na espera, quando Vosso Filho vier gloriosamente pela segunda vez, e que o fogo do Espírito esteja crepitando em nossos corações, e assim sejamos dignos de correr ao mais desejado e esperado encontro. Amém. (4)


(1) Missal Cotidiano - Editora Paulus - p. 1211
(2)Lecionário Comentado - Editora Paulus - 2011 - p. 221
(3) Liturgia da Palavra I – reflexões para os dias da semana – Pe. José Carlos Pereira - Editora Paulus – p.253
(4) Livre adaptação Lecionário Comentado - Edit. Paulus - 2011 - p.223 

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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG