sexta-feira, 21 de junho de 2024

Envolvidos pelo amor divino

                                                        

Envolvidos pelo amor divino

O cristão é, fundamentalmente, alguém que descobriu que Deus o ama. Por isso, enfrenta a cada dia o bom combate da fé com serenidade e alegria. 

Possui uma esperança que brota da certeza fundamental: o Amor de Deus, que deve ser para nós o grande tesouro de que nos fala o Evangelho (Mt 6,19-23):

“… ajuntai tesouros no céu, onde a traça e a ferrugem não destroem, nem os ladrões assaltam e roubam… Pois onde estiver teu tesouro, aí estará também o teu coração”. 

O cristão condiciona e fundamenta toda sua vida nesta certeza, de modo que, a alegria de quem encontrou e experimentou o Amor de Deus o faz discípulo missionário, sal da terra e luz do mundo, numa espiritualidade Eucarística.

A missionariedade consistirá em corresponder ao Amor de Deus. Somente no verdadeiro encontro e apaixonamento por Cristo e Seu Evangelho estaremos, como os profetas, dentre eles, João Batista, vivendo nossa vocação profética, ontem, hoje e sempre.

Com a Palavra, Jesus Cristo revelou o Deus Bíblico: Deus de Amor, pois o Espírito do Senhor repousava sobre Ele na mais perfeita relação de comunhão e Amor.

Vivamos a Aliança de Amor de Deus por nós, um amor no exato sentido da Palavra, pois Deus é Amor e ama Seu Povo e o tem como Seu tesouro, Sua propriedade e o constitui povo de sacerdotes e nação santa (Ex 19,2-6a).

Ama apesar de toda infidelidade, traição, idolatria, abandono, morticínios, sacrifícios inúteis, abominações, reclamações sem fundamento, provocação, lamentações infundadas, ingratidão, atrocidades cometidas, amor não correspondido…

Deus ama na contra mão da história, pois ama um povo pequeno, aos olhos humanos, absolutamente desprezível, frágil e insignificante. 

Encarna-Se para redimi-lo e não somente este povo, mas toda a humanidade, em Cristo Jesus, e perpetua Seu Amor na presença do Espírito Santo, não nos deixando órfãos!  

Ainda mais, Deus habita em cada um de nós como templo Seu, sendo para nós o mais belo Hóspede!

Deste modo, como definir o Amor de Deus? Verdadeiramente o amor de Deus é: 
Idealizador,
Idílico, Ilimitado,
Ilógico, Iluminador, Ilustre, Imaculado,
Imortal, Impecável, Imperante, Imperdível, Imperturbável, 
Implacável, Impressionante, Imutável, Imprescindível, Inalienável, 

Inalterável, 
Incandescente, Incansável, 
Incendiário, Incessante, Incomensurável, 
Incomparável,  Incondicional, Inconfundível, Incontestável, Incorruptível,  Indelével,  Indiscutível,Indispensável, Indissociável, Incrível, 
Indubitável, Indulgente, Inédito, Inerente, Inesgotável, Inesquecível, Inestimável, 
Inexplicável, Infalível, 
Infinito, Inflamável, Inigualável, 

Iniludível, Inimitável, Inovador, Inqualificável, 
Inquebrável, Insaciável, Insigne, Insondável, Inspirador, Insubstituível, 
Inteligente, Interminável, Íntimo, Inusitado, Inviolável,
Irradiante, Irrecusável, 
Irrenunciável, Irresistível, 
Irrestrito, Irretocável, Irreversível, 
Irrevogável, Irrigador...

Contemplemos na Cruz o Mistério do Encontro/presença de um Deus que é eterno Amante (Pai), eterno Amor (Espírito Santo), eterno Amado (Filho). 

“Intrigas palacianas”

                                                   

“Intrigas palacianas”

A passagem bíblica proclamada na primeira Leitura da sexta-feira da 11ª Semana do Tempo comum (Ano par), (2Rs 11,1-4.9-18.20), retrata um período muito conturbado da história do Povo de Deus, no Antigo Testamento (ano 841 A.C.).

A história do povo de Israel corre o risco do desaparecimento devido às contínuas intrigas e morticínios.

Sejamos enriquecidos por este comentário do Lecionário Comentado:

 “A descrição das comuns intrigas palacianas, pretende fazer-nos compreender como o desígnio de Deus e a fidelidade divina caminham dentro das tortuosidades da História humana: as tristes figuras históricas, que nós somos, tão longe de poder satisfazer a necessidade de salvação do homem, fazem lembrar o Rei ideal que encarnará na Sua Pessoa a salvação e a paz.

Portanto, não é a bens materiais ou a salvadores de todos os gêneros (quantos se apresentam hoje!) que podemos apegar o nosso coração, mas sim ao Bem eterno, ‘todo o Bem, o sumo Bem’ (São Francisco de Assis), porque, como lemos no Evangelho, ‘onde está o teu tesouro, aí estará o seu coração’ (Mt 6,21)...

Com efeito, este tesouro, no texto evangélico é o Reino, mas o Reino é afinal uma Pessoa, o Senhor, o Rei que pede para tomar posse do nosso coração de forma a enchê-lo de luz e de vida”  (1)

Esta reflexão nos remete às tentações que Jesus venceu nos quarenta dias e quarenta noites no deserto: ser, ter, poder.

São estas tentações que geram outras tantas e que, seduzindo o coração humano, levam à multiplicação de páginas de sofrimento, intrigas, injustiças, fraudes, roubos e mortes, que mancham a história da humanidade com o pecado, e muitas vezes com o sangue dos inocentes.

Assim como na história do Povo de Deus, hoje também estas “intrigas palacianas” se repetem, nos diversos espaços em que circulamos: família, escola, trabalho, política e também dentro de nossas comunidades.

A cada um de nós cabe a vigilância para que estas tentações não nos seduzam, e não nos ceguem diante das necessidades do próximo, e tão pouco nos ensurdeçam diante dos clamores dos empobrecidos, que carregam as marcas da injustiça sofrida.

Urge por fim às “intrigas palacianas”, vivendo a Boa Nova do Evangelho de Jesus, buscando em primeiro lugar o Reino e a sua justiça, e tudo mais nos será acrescentado, como nos alertou e prometeu o Senhor.

Deste modo o desígnio de Deus e a fidelidade divina encontrarão em nós correspondência maior de amor e fidelidade ao Seu Projeto de amor, vida, alegria e paz.

Supliquemos ao Senhor que não sejamos envolvidos pelas “intrigas palacianas de cada dia”, para que assim nossa vida seja marcada pela doação, serviço, partilha e simplicidade de coração, confiando em Deus, e tão somente a Ele amar e adorar, pois assim, nosso amor ao próximo ganhará conteúdo e expressão autênticos.


(1) Lecionário Comentado - Editora Paulus - Lisboa - p. 551.

"Morte, ó morte! Onde está tua vitória?" (Parte I)

                                            

"Morte, ó morte! Onde está tua vitória?"
 
É possível não nos atemorizarmos diante da morte?
Como ver a morte a partir da fé?
 
Sejamos enriquecidos pela Carta que São Luiz Gonzaga, escreveu à sua mãe, antes de sua morte.
                                    
Ilustríssima senhora, peço que recebas a graça do Espírito Santo e a Sua perpétua consolação. Quando recebi tua carta, ainda me encontrava nesta região dos mortos.
 
Mas agora, espero ir em breve louvar a Deus para sempre na terra dos vivos. Pensava mesmo que a esta hora já teria dado esse passo.
 
Se é caridade, como diz São Paulo, chorar com os que choram e alegrar-se com os que se alegram (Rm 12,15), é preciso, mãe ilustríssima, que te alegres profundamente porque, por teus méritos, Deus me chama à verdadeira felicidade e me dá a certeza de jamais me afastar do Seu temor. 
 
Na verdade, ilustríssima senhora, confesso-te que me perco e arrebato quando considero, na Sua profundeza a bondade divina.
 
Ela é semelhante a um mar sem fundo nem limites, que me chama ao descanso eterno por um tão breve e pequeno trabalho; que me convida e chama ao céu para aí me dar àquele bem supremo que tão negligentemente procurei, e me promete o fruto daquelas lágrimas que tão parcamente derramei.
 
Por conseguinte, ilustríssima senhora, considera bem e toma cuidado em não ofender a infinita bondade de Deus. Isto aconteceria se chorasses como morto aquele que vai viver perante a face de Deus e que, com Sua intercessão, poderá auxiliar-te incomparavelmente mais do que nesta vida.
 
Esta separação não será longa; no céu nos tornaremos a ver. Lá, unidos ao autor da nossa salvação seremos repletos das alegrias imortais, louvando-O com todas as forças da nossa alma e cantando eternamente as Suas misericórdias.
 
Se Deus toma de nós aquilo que havia emprestado, assim procede com a única intenção de colocá-lo em lugar mais seguro e fora de perigo, e nos dar aqueles bens que desejamos Dele receber.
 
Disse tudo isto, ilustríssima senhora, para ceder ao desejo que tenho de que tu e toda a minha família considereis minha partida como um feliz benefício.
 
Que tua bênção materna me acompanhe na travessia deste mar, até alcançar a margem onde estão todas as minhas esperanças.
 
Escrevo com alegria para dar-te a conhecer que nada me é bastante para manifestar com mais evidência o amor e a reverência que te devo, como um filho à sua mãe”. (1)
 
Celebramos sua Memória no dia 21 de junho, e este jovem santo é um luminar da Igreja.
 
Durante seus estudos de teologia, ocupando-se com o serviço dos doentes nos hospitais, contraiu uma doença que o levou à morte, que muito cedo ceifou a sua vida: aos 23 anos, apenas.
 
Este jovem religioso, que viveu no século XVI, na Itália, quando enfermo, acometido da gravíssima enfermidade que o levou à morte, cuidando dos doentes, escreveu uma carta à sua mãe.
 
A carta, escrita por um filho, certamente, com próprio punho e dores, levou alívio e consolo para sua mãe.
  
A fé explícita e implícita na carta refaz, amplia e eterniza horizontes transcendentes, aparentemente limitados pela morte! A morte, para quem crê, não possui a última palavra, tampouco é o limite, e atos últimos.
 
Densa de conteúdo e expressando uma fé verdadeiramente pascal, é uma luz que se acende no mais profundo de nosso coração, iluminando as noites escuras que acompanham a morte de um ente querido.
 
Qual mãe não estremeceria ao ler esta Carta?
 
Ela pode ser lida por qualquer pessoa que tenha de recuperar o olhar Pascal, para refazer-se das feridas que uma morte provoca, das lacunas a serem preenchidas com fé na Ressurreição.
 
São Luiz, ao invés de ser consolado por sua mãe, ele, é que, moribundo, encontra forças divinas para consolá-la, porque possui uma fé verdadeiramente Pascal.
 
Dedico esta Carta a tantas mães com quem converso dia a dia, e que não tiveram a graça de receber uma Carta com tamanha beleza, com expressivo teor e tão cheia de fé e amor.
 
Dedico, também, às que choram seus filhos em túmulos frios de pedra, e mais ainda, choram seus filhos no vácuo que possam ter deixado em seu coração.
 
Reflitamos:
 
- O que mais chama a atenção nesta Carta?
- Como enfrento a morte de uma pessoa querida?
- Quais os textos bíblicos que me inspiram e que me dão seguras respostas para a realidade da morte?
 
Que a morte não nos atemorizemas reacenda em nós a fé na Ressurreição. Aleluia. Amém!
 
(1) Liturgia das Horas – vol. III - pp. 1361-1362
 

“Morte, ó morte! Onde está tua vitória?” (Parte II)

                                                  

“Morte, ó morte! Onde está tua vitória?”

Para quem ainda precisar de uma palavra...

“Ó morte que separas os casados e, tão dura e cruelmente, separas também os amigos!”

Outro luminar da Igreja, Bispo São Bráulio de Saragoça, exclamou, expressando nossa fragilidade e impotência diante da morte. Seu domínio impiedoso foi aniquilado por Aquele que te ameaçou com o brado de Oseias:

“Ó morte, eu serei a tua morte” (Os 13,14).

Nós também podemos desafiar-te com as palavras do
Apóstolo Paulo:

“Ó morte, onde está tua vitória?
Onde está o teu aguilhão?” (1 Cor 15,55);

A fé na Ressurreição moveu São Luiz Gonzaga (como vimos) e tantos outros no consumir-se da vida momentânea, transitória, que traz em si o germe de eternidade.

A vida é a possibilidade de um alvorecer na eternidade!
A semelhança que possa haver entre a morte e a noite,
É a mesma encontrada entre a vida e a luz da aurora da Ressurreição!

Além da noite, no auge da mesma, inicia-se um novo dia. Além da morte, no transpor da mesma, irrompe a Vida eterna, a plenitude da luz!

Uma vida que se consome como vela sobre o altar,
só pode continuar a brilhar no esplendor da luz eterna,
na plenitude do amor e  luz divina: céu!
Amém. 

quinta-feira, 20 de junho de 2024

Enviai-nos o Espírito Santo, o Paráclito, o Consolador

                                                         


Enviai-nos o Espírito Santo, o Paráclito, o Consolador

“Senhor Jesus Cristo,
Enviai também sobre nós o Espírito,
Que nos dá o conhecer e o querer,
E concedei-nos cooperar,
Em quanto nos for possível,
Com tudo o que depende de nós,
De modo a tornarmo-nos templos do mesmo Espírito.

Enviai-nos o Paráclito, o Consolador,
Por meio do qual podemos reconhecer-Vos e amar-Vos,
De modo a sermos dignos de chegar até Vós,
Que sois bendito pelos séculos dos séculos.
Amém”.



P S: Oração ao Espírito Santo de Santo Antônio de Lisboa – citado pelo Lecionário Comentado – Editora Paulus – Lisboa – Volume Quaresma/Páscoa – página 522

Oração para a Comunhão Espiritual (1)

                                                      

Oração para a Comunhão Espiritual

Neste tempo de recolhimento, de isolamento social, para que juntos possamos vencer a pandemia que coloca em risco a nossa vida, as Missas não têm sido com participação presencial, e muitos não podem receber a Comunhão. 

No entanto, podem fazer a Comunhão Espiritual, revigorando a fé, para fazermos a travessia do mar, enfrentando os ventos e tempestades.

De outro lado, estamos redescobrindo o valor e a importância da Igreja Doméstica, a Família, reunida em oração, convivência, diálogo, mútua ajuda.

Entretanto, a muitos faz falta receber a Santa Comunhão, e uma forma é a Comunhão Espiritual, muito preciosa para nós, sobretudo neste momento que vivemos.  

Àqueles que não podem participar presencialmente da Santa Missa, ofereço esta Oração de Comunhão Espiritual, do Bispo Santo Afonso de Maria Ligório (séc. XVIII):

“Meu Jesus, eu creio que estais presente no Santíssimo Sacramento. Amo-Vos sobre todas as coisas e minha alma suspira por Vós. Mas como não posso receber-Vos agora no Santíssimo Sacramento, vinde, ao menos espiritualmente, ao meu coração.

Abraço-me convosco como se já estivésseis comigo: uno-me convosco inteiramente. Ah! Não permitais que torne a separar-me de Vós! Ó, sumo bem e doce amor meu, vulnerai e inflamai o meu coração, a fim de que esteja abrasado em Vosso amor para sempre. Amém”.

Continuemos juntos na oração, renovando no Senhor nossa confiança:

“Provai e vede como o Senhor é bom, feliz de quem n’Ele encontra o seu refugio” (Sl 34,8).


PS: Postado em abril de 2020

Oração para a Comunhão Espiritual (2)

                                   

                     Oração para a Comunhão Espiritual

“Aos Vossos pés, ó meu Jesus, me prostro e Vos ofereço o arrependimento do meu coração contrito que mergulha no Vosso e na Vossa santa presença. Eu Vos adoro no Sacramento do Vosso amor, desejo receber-Vos na pobre morada que meu coração Vos oferece.

À espera da felicidade da comunhão sacramental, quero possuir-Vos em Espírito. Vinde a mim, ó meu Jesus, que eu venha a Vós. Que o Vosso amor possa inflamar todo o meu ser, para a vida e para a morte. Creio em Vós, espero em Vós. Eu vos amo. Assim seja”. (1)


(1) Cardeal Rafael Merry del Val

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