Sejamos testemunhas da compaixão divina
Reflexão à luz da passagem do Evangelho de Marcos (Mc 6,34-44, sobre Amor e a solicitude de Deus para com o Seu rebanho, verdadeiramente, uma compaixão incomparável, na Pessoa e ação de Jesus Cristo, o Bom Pastor esperado.
Deus mesmo é quem promete ser o próprio Pastor, conforme anunciara o Profeta Jeremias (Jr 23,1 -6).
O Profeta Jeremias foi uma voz incompreendida que clamou pela conversão e fidelidade do Povo a Deus e ao Seu Divino Projeto Libertador. Por isto é considerado o “Profeta da desgraça”.
Ele denunciou a ação dispersiva dos pastores do seu tempo, e anunciou a pertença do Povo a Deus.
Falou da intervenção divina através da repatriação dos exilados (a volta do exílio); a escolha de pastores exemplares e a vinda do Messias.
Já não mais ficariam perdidos e abandonados ao sabor dos ventos e dos mares, dos interesses inescrupulosos de seus pastores, de suas autoridades.
Com Jeremias, aprendemos a confiar em Deus mantendo, nas adversidades, a alegria, a serenidade, a esperança e a paz, e, de modo muito especial, a não usar o povo que nos foi confiado em benefício próprio.
Retomando a passagem do Evangelho, refletimos sobre o regresso dos discípulos que foram enviados em missão, entusiasmados pelos resultados, mas cansados, naturalmente.
Jesus compreende e os convida ao recolhimento, a gozar da intimidade com Ele, recuperando as forças, para não caírem num ativismo que esvazia a vida de sentido e dinamismo.
É preciso estar sempre refeito e disposto para colocar-se com alegria a serviço do rebanho sofrido do Senhor, e nisto consiste a essência de toda atividade pastoral. De modo que podemos dizer tal Cristo, tal cristão.
Reflitamos:
- Vivemos num ativismo descontrolado?
- Nossas atividades não são, por vezes, de funcionários eficientes tão apenas?
- Nossas atividades são revigoradas por uma genuína espiritualidade?
- Qual o perigo da fadiga, cansaço, desânimo, diante dos muitos desafios e das respostas que devemos dar diante do povo?
- Diante do rebanho, temos a humanidade e a sensibilidade de Jesus?
- Nosso coração e consciência doem diante dos clamores que brotam da vida do povo simples de nossas comunidades?
- O que procuramos fazer em resposta a estes clamores?
- Como acolhemos e vivemos a proposta de Jesus no cuidado daqueles que nos foram confiados, dentro e fora da Igreja?
- Nossa comunidade deixa-se transformar pela proposta amorosa de Deus?
Deste modo, como discípulos de Jesus, o Bom Pastor, somos continuadores da Missão do Senhor, unidos por amor, sem barreiras e divisões, porque estas foram superadas pela vida e missão do Senhor Jesus.
Nisto consiste o eterno ciclo na vida do discípulo missionário do Senhor por força de seu Batismo: envio, missão, cansaço, descanso, renovação, continuidade.
Começar e recomeçar sempre, sem desânimo, revigorados no Banquete da Palavra e da Eucaristia, a serviço do Reino, até que alcancemos a glória da eternidade, e então brilharemos com os justos, conforme o Senhor nos assegurou.


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