Amizade verdadeira!
Quem dela não precisa?
No dia 2 de janeiro, quando celebramos a memória de São Basílio Magno e São Gregório de Nazianzo, Bispos e Doutores da Igreja (séc. IV), acolhamos esta reflexão sobre a importância de amizades verdadeiras, por Deus queridas e abençoadas, e também por Ele, Jesus, vivenciadas:
“Encontramo-nos em Atenas. Como o curso de um rio, que partindo da única fonte se divide em muitos braços, Basílio e eu nos tínhamos separado para buscar a sabedoria em diferentes regiões.
Mas voltamos a nos reunir como se nos tivéssemos posto de acordo, sem dúvida porque Deus assim quis. Nesta ocasião, eu não apenas admirava meu grande amigo Basílio vendo-lhe a seriedade de costumes e a maturidade e prudência de suas palavras, mas ainda tratava de persuadir a outros que não o conheciam tão bem a fazerem o mesmo. Logo começou a ser considerado por muitos que já conheciam sua reputação. Que acontece então?
Ele foi quase o único entre todos os que iam estudar em Atenas a ser dispensado da lei comum; e parecia ter alcançado maior estima do que comportava sua condição de novato.
Este foi o prelúdio de nossa amizade, a centelha que fez surgir nossa intimidade; assim fomos tocados pelo amor mútuo. Com o passar do tempo, confessamos um ao outro nosso desejo: a filosofia era o que almejávamos.
Desde então éramos tudo um para o outro; morávamos juntos, fazíamos as refeições à mesma mesa, estávamos sempre de acordo aspirando aos mesmos ideais e cultivando cada dia mais estreita e firmemente nossa amizade.
Movia-nos igual desejo de obter o que há de mais invejável: A ciência; no entanto, não tínhamos inveja, mas valorizávamos a emulação. Ambos lutávamos, não para ver quem tirava o primeiro lugar, mas para cedê-lo ao outro. Cada um considerava como própria a glória do outro.
A única tarefa e objetivo de ambos era alcançar a virtude e viver para as esperanças futuras, de tal forma que, mesmo antes de partirmos desta vida, tivéssemos emigrado dela. Nesta perspectiva, organizamos toda a nossa vida e maneira de agir.
Deixamo-nos conduzir pelos mandamentos divinos estimulando-nos mutuamente à prática da virtude. E, se não parecer presunção minha dizê-lo, éramos um para o outro a regra e o modelo para discernir o certo e o errado.
Assim como cada pessoa tem um sobrenome recebido de seus pais ou adquirido de si próprio, isto é, por causa da atividade ou orientação de sua vida, para nós a maior atividade e o maior nome era sermos realmente cristãos e como tal reconhecidos.”
Um belo exemplo de amizade verdadeira, que são tão imprescindíveis em nossa vida, mesmo que bem poucas tenhamos, já teremos tesouros, como nos assegura a Palavra Divina.
Reflitamos sobre a amizade a partir desta bela e santa amizade. Sim, bela e santa amizade, sem qualquer sombra de malícia.
Na Bíblia Sagrada, também encontramos várias páginas de amizades que se tornaram eternas.
De fato, amizades edificadas sobre o altar e iluminadas pela Palavra têm o germe da eternidade. Amizades verdadeiras são como laços eternos, indestrutíveis.
Amizade verdadeira, onde Cristo Se faz presente. Lembra-nos o Livro do Eclesiastes: “O cordão de três dobras não se arrebenta com facilidade” (Ecl 4,12). A terceira dobra é Cristo!
Reflitamos:
- O que mais me toca em tão belo testemunho de amizade?
- Tenho amizades semelhantes a esta?
- Como cativar e cultivar verdadeiras amizades?
Urge que se multipliquem santas, belas, e verdadeiras amizades! Ainda que não muitas, substanciais.
Oremos pelos nossos amigos e amigas:
“Pai Nosso...”
PS: São Basílio morreu em 1º de janeiro de 379 e São Gregório em 25 de janeiro de 389.
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