segunda-feira, 4 de dezembro de 2023

Advento: Aprofundemos a autenticidade do Testemunho!

                                                      


Advento: Aprofundemos a autenticidade do Testemunho!

Iniciando o Tempo do Advento, sejamos iluminados pela preciosa reflexão “Da Exposição da Fé”, escrita pelo Presbítero São João Damasceno (séc. VIII), cuja Memória celebramos no dia quatro de dezembro.

“Tu me criaste, Senhor, do corpo de meu pai e me formaste no seio de minha mãe; me trouxeste à luz, criancinha nua, porque as leis da nossa natureza seguem perpetuamente os Teus decretos.

Com a bênção do Espírito Santo, ordenaste minha criação e existência, não por vontade do homem ou desejo da carne, mas por Tua graça inefável. Ordenaste o meu nascimento com um cuidado superior ao das leis naturais; adotando-me como filho, conduziste-me à luz e me incluíste entre os discípulos da Tua Igreja Santa e Imaculada.

Tu me alimentaste com o leite espiritual de Tuas palavras divinas. Tu me sustentaste com o alimento sólido do corpo de Jesus Cristo, nosso Deus, Teu santíssimo Unigênito, e me inebriaste com o cálice divino do Seu Sangue vivificante, derramado pela salvação do mundo inteiro.

Porque nos amaste, Senhor, deste o Teu único e amado Filho para nossa redenção, que Ele aceitou voluntária e livremente. E ainda mais: Ele mesmo Se ofereceu em sacrifícios como cordeiro inocente; porque, sendo Deus, 

Se fez homem e por Sua vontade humana submeteu-Se, obediente a Ti, Deus, Seu Pai, até a morte e morte de Cruz (Fl 2, 8).

E assim, ó Cristo, meu Deus, Te humilhaste, levando-me em Teus ombros como ovelha perdida, e me apascentaste em verdes pastagens; Tu me refizeste com as águas da verdadeira doutrina por meio de Teus pastores que, alimentados por Ti, alimentam por sua vez o Teu nobre e escolhido rebanho.

Agora me chamas, Senhor, pela imposição das mãos de Teu pontífice para servir os Teus discípulos. Não sei por que razão me escolheste; só Tu sabes.

Torna, Senhor, mais leve o peso de meus pecados, porque Te ofendi tão gravemente. Purifica minha inteligência e meu coração. Sê para mim como uma lâmpada luminosa que me conduz pelo caminho reto.

Dá-me palavra fácil e concede-me uma linguagem clara e fluente, mediante a língua de fogo de Teu Espírito, a fim de que Tua presença sempre me assista.

Sê meu pastor, e apascenta comigo, Senhor, para que meu coração não se incline nem para a direita nem para a esquerda; que o Teu Espírito bom me conduza pelo caminho reto e as minhas obras se realizem segundo Tua vontade, até à última delas.

E tu, nobre vértice da mais íntegra pureza, ilustre assembleia da Igreja, que esperas o auxílio de Deus, Igreja onde Deus habita, recebe de nós a doutrina da fé isenta de erro, que fortifica a Igreja, tal como foi transmitida por nossos pais”

Iluminados por esta reflexão, preparemo-nos para celebrar a alegria transbordante do Natal, como experimentamos em cada Eucaristia, para que testemunhemos uma fé mais transparente, sólida, fecunda e coerente, sobretudo neste tempo fecundo de vigilância e Oração. 

Sejamos revigorados pelo leite espiritual da Palavra proclamada, saciados com o sólido e diviníssimo Alimento da Eucaristia e inebriados com o Vinho Sagrado do Sangue do Senhor, prolongando com gestos concretos no quotidiano.

Eucaristia bem celebrada é aquela que transforma todo o nosso viver. Um dos pecados mais graves que possamos cometer é esvaziar o conteúdo daquilo que celebramos e, com certeza, Deus, a nós todos, pedirá contas...

Sem autenticidade do testemunho seremos como que lâmpadas apagadas, portanto, incapacitados para entender o esplendor da Luz Divina que se aproxima.

Sem a Eucaristia, seremos como o sal que perde o sabor, de modo que  a mais deliciosa ceia, sabor algum terá.

Sem ela, o fermento do amor jamais levedará um novo tempo... Sem ela, a Semente cairá, lamentavelmente onde não deveria: à beira do caminho, terreno pedregoso ou espinhoso.

Seja o Tempo do Advento para avaliarmos a veracidade do que celebramos e vivemos.

Que a Semente do Verbo encontre em nosso coração,
canteiro mais que precioso, querido por Deus,
para cair, morrer e frutos novos e
abundantes produzir.

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