sábado, 2 de agosto de 2025

Se te sentires enfraquecido...

                                                           

Se te sentires enfraquecido...

Sejamos enriquecidos pela reflexão escrita pela Bispo e Mártir Santo Inácio de Antioquia a Policarpo, muito oportuna, sobretudo quando nos sentirmos debilitados, enfraquecidos; quando algum problema se nos apresentar querendo a paz nos roubar.

“Escutai o Bispo para que Deus vos escute. Estou pronto a dar minha vida por aqueles que são submissos ao Bispo, aos Presbíteros, aos Diáconos.

Oxalá tenha eu parte com eles em Deus. Colaborai uns com os outros... Juntos lutai, juntos correi. Padecei juntos. Adormecei em união, em união levantai-vos, como administradores, familiares e servos de Deus que sois... Nenhum seja desertor.

Vosso batismo seja a vossa arma; a fé o vosso capacete; a caridade, a vossa lança; a paciência, a vossa armadura completa. As vossas obras sejam vosso depósito para receberdes em justiça o que vos é devido.

Sede generosos e longânimes uns com os outros, com mansidão, assim como Deus em relação a vós. Quem me dera gozar para sempre de vosso convívio!...

O cristão não tem poder sobre si: é todo de Deus. Esta é obra de Deus e vossa, quando a tiveres realizado...”.

Uma carta memorável escrita no primeiro século da Era Cristã, tempo de perseguições e martírios; tempo de sangue derramado que gerou e fecundou a Igreja, suscitando novos cristãos.

A meditação nos faz mais corajosos, valentes, pacientes e configurados à vontade divina, que não nos imobiliza.

Deus não se relaciona conosco condenando-nos ao infantilismo espiritual, e assim o O Bispo compara a vida cristã à vida de um soldado.

Reflitamos:

- Vivemos o batismo com alma, com entusiasmo e coragem?
- A fé é o capacete que nos protege no bom combate da nossa vida?

- Amor que tudo transforma e tudo supera! Será a caridade a nossa verdadeira lança, para atingirmos amigos e inimigos?
- Do que nos revestimos para o êxito na missão por Deus confiada?

- Quais são as outras armaduras das quais devemos nos revestir para o bom combate da fé?

- Quais são as obras de misericórdia que temos a apresentar diante do Senhor, quando a Ele tivermos que nos submeter ao julgamento final?

Supliquemos a Deus a graça de bem viver o Batismo, que um dia recebemos como dom, para que Dele sejamos sal e luz. Vivendo a graça batismal sejamos:
                    
- Iluminados para Sua Luz irradiar;
- Amados para Seu infinito e imensurável amor comunicar;
- Agraciados para graças transbordar;
- Protegidos para a verdadeira proteção testemunhar;
- Fortalecidos para a verdadeira fonte de toda força anunciar;
- Alimentados pelo Pão da Palavra para a fome do mundo saciar;
- Inebriados pelo Vinho da Salvação, para que na redenção do mundo possamos participar! 

Deus é, enfim a saciedade plena de tudo quanto possamos desejar, e quem d’Ele se alimenta nem fome, nem sede jamais terá: a não ser a sede d’Ele mesmo, porque somos incapazes de esgotar as maravilhas que Ele pode nos conceder.

Com o Salmista digamos: “A minha alma tem sede de Deus...” (Sl 41, 1-12). 

O Amor de Deus experimentado, jamais será renegado, tão pouco exaurido, de modo que tudo o que temos e somos, de Deus procede. Quando partilhados, não nos diminui em nada, absolutamente nada, ao contrário, multiplica-se.

Com Deus quando o que de bom partilhado, aparentemente, subtraído:
 Multiplica-se, aumenta, transborda. Mais uma vez, de fato, a matemática de Deus nos surpreende!

No Banquete da Eucaristia, somos refeitos

                                                                 



No Banquete da Eucaristia, somos refeitos

“Ó Deus, ao participarmos da alegria da Salvação que encheu de júbilo são Mateus, recebendo o Salvador em sua casa, concedei sejamos sempre refeitos à mesa d’Aquele que veio chamar
à salvação não os justos, mas os pecadores.
Por Cristo, Nosso Senhor. Amém!”(1)

Mateus, a mesa para o Senhor e os pecadores preparou.
Pouco mais tarde é o Senhor quem o mesmo faria,
Mas não apenas a mesa prepararia...

Mais que mesa preparada, servo na Santa Ceia Se fez
E melhor Alimento a Mateus e a nós ofereceu:
Seu Corpo verdadeira Comida, Seu Sangue verdadeira Bebida.

No banquete de Mateus há um sustento necessário, provisório,
No Banquete do Divino, o Cordeiro, Alimento de eternidade,
Que nos compromete com o presente, Reino de Fraternidade.

No banquete de Mateus, acolhida e amizade partilhadas;
Refazem-se os laços fraternos, sinaliza-se a urgência da comunhão,
Banquete da misericórdia, sem barreiras e exclusão.

No Banquete do Deus da Vida, Eucaristia recebida,
Refeitos nós somos para continuarmos longa travessia,
Comprometidos com a defesa da vida, com a Força da Eucaristia.

Em cada Eucaristia celebrada, somos refeitos!
Refeitos para o sonho, o canto, a luta, a poesia;
Refeitos na coragem para reavivar a chama da profecia.

Em cada Eucaristia celebrada, somos refeitos!
Refeitos para atenta escuta aos clamores que procedem
Dos esmagados, pisoteados, marginalizados, sofridos.

Em cada Eucaristia celebrada, somos refeitos!
Refeitos, renovados, restaurados, reconciliados,
Pecados destruídos, vida nova celebrada e vivida.

Em cada Eucaristia celebrada, somos refeitos!
Refeitos, olhos abertos para caminhos novos,
Enriquecidos para viver as divinas virtudes.

Em cada Eucaristia celebrada, somos refeitos!
Refeitos, porque nossa alma tão bem enriquecida
De todos os dons preciosos, tão divinos, tão necessários.

Em cada Eucaristia celebrada, somos refeitos!
Refeitos para as mãos generosas estender,
Aquecer, abençoar, cuidar, plantar...

Em cada Eucaristia celebrada, somos refeitos!
Refeitos para a alegria da solidariedade, da comunhão...
Compromissos renovados para construir mundo mais irmão.


PS: Inspirado na  Oração pós-Comunhão da Festa de São Mateus (1) 

“Se calarem a voz dos Profetas...”

                                                            

“Se calarem a voz dos Profetas...”
 
Reflexão à luz da passagem do Evangelho de Mateus (Mt 14,1-12), em que Herodes manda cortar a cabeça de João Batista, num ímpio banquete de morte.
 
“Também na morte o Batista é ‘precursor’, e Jesus o põe em relevo. Esta morte é um típico exemplar do que muitas vezes acontece no mundo: a supressão violenta dos inocentes, dos verdadeiros heróis, por parte dos seres abjetos, cobertos de prestígio e poder, e por motivos inconfessáveis: ambição, cálculo, inveja, ciúme, falsa moral...
 
Triste espetáculo é ver-se a opinião pública (os convidados) assistir impassível, se não divertida, ao fato de exatamente o honesto, que corajosamente denuncia o adultério e a expoliação, ser trucidado pelos desonestos e delinquentes.
 
Cumpre criar uma opinião pública contrária, ter a coragem de desmascarar o erro de quem julga tudo lícito, porque pode fazê-lo com franqueza.
 
João não era inimigo de Herodes e este o estimava (Mc 6,20); no entanto, por covardia, fá-lo calar para sempre. Engano! Aquele martírio jamais se calará” (1)
 
João foi o último dos Profetas, e o Precursor do Senhor, tanto do nascimento, como de sua morte, ao derramar sangue por causa da Verdade e da incondicional fidelidade à Palavra do Senhor.
 
Ontem como hoje, Deus suscita profetas para falarem em seu nome, para serem a sua divina voz a denunciar tudo quanto fira a vida, roubando-lhe a beleza e a sua sacralidade, desde sua concepção ao seu declínio natural.
 
Vozes proféticas no campo e na cidade, em defesa de princípios éticos dos quais não podemos prescindir; denúncia de tudo aquilo que fomenta o consumismo, bem como a exploração de nossa Casa Comum, a Terra; vozes que não se calam em tantas outras situações que possam ser mencionadas.
 
Renovemos a graça da vocação profética, que Deus nos concedeu no dia de nosso Batismo, para termos a coragem de João Batista, em amor e fidelidade incondicional à vontade divina.
 
Lembremos as palavras de Santo Agostinho: João é a voz no tempo; Cristo é, desde o princípio, a Palavra eterna.”
 
Um canto para finalizar: “Se calarem a voz dos profetas, as pedras falarão...”
 
 
(1) Missal Cotidiano – Editora Paulus – p.1099
PS: Proclamado no sábado do 17º sábado do Tempo Comum, e oportuno para a Celebração da Memória do Martírio de São João Batista, quando se proclama a passagem do Evangelho de Marcos (Mc 6,14-29).
 

sexta-feira, 1 de agosto de 2025

Proximidade e separação

                                                          

Proximidade e separação

Maria viveu “uma mistura de
proximidade e de dolorosas separações”

Retomo parte da reflexão feita pelo Bispo Dom Bruno Forte, na 52ª Assembleia dos Bispos do Brasil (2014), em que retrata os diversos testemunhos da fé, dentre os quais Maria:

“Maria é capaz de um amor atento, concreto, alegre e terno... Maria se aproxima sob o signo da ternura, isto é, do amor que gera alegria, que não cria distâncias, que antes aproxima os distantes, fazendo com que se sintam acolhidos e os enche com o espanto e a beleza de descobrir-se objeto de puro dom...

Mãe atenta e terna, vive as expectativas, os silêncios, as alegrias e as provas que toda mãe é chamada a atravessar: é significativo que nem sempre compreenda tudo sobre Ele.

Mas vai adiante, confiando em Deus, amando e protegendo a seu modo aquele Filho, tão pequeno e tão grande, numa mistura de proximidade e de dolorosas separações, que a tornam modelo de maternidade: os filhos são gerados na dor e no amor por toda a vida”.

- Do que se trata esta mistura de “proximidade e dolorosas separações” com seu Filho, a partir do que nos dizem os Evangelhos?

- Quando aconteceu, nos diversos momentos, desde o anúncio do Anjo que Ela seria Mãe do Salvador por obra do Espírito, até a Morte do seu Filho?

Proximidade e separação, já subentendida no medo sentido e no diálogo, quando do anúncio do Anjo. Maria não deu ouvidos ao medo, mas confiou na promessa de Deus. Ele ficou tão próximo no ventre de Maria, mais do que em qualquer outra criatura, e ela teve que suportar a dolorosa separação, no momento ápice da Morte de Seu Filho.

Proximidade e separação, já experimentada na fuga para o Egito, ao lado do esposo José, na defesa do Menino, tão cedo, tão pequeno, tão frágil, mas já causando medo aos poderosos de Seu tempo.

Proximidade e separação, indiscutivelmente sentida, acolhida e meditada no silêncio do coração, quando da apresentação do Menino Jesus no templo, e as palavras do justo Simeão: “Quanto a você, uma espada há de atravessar-lhe a alma.” (Lc 2, 35).

Proximidade e separação, quando depois de três dias de procura O encontra discutindo com os doutores e sábios no Templo, e guarda, contemplativa, as Palavras do Filho no coração: “Por que me procuravam? Não sabiam que Eu devo estar na casa do meu Pai?” (Lc 2, 49).

Proximidade e separação, quando vê os parentes mais próximos e conterrâneos ficarem estupefatos e escandalizados pelos sinais que o Filho realizava: Esse homem não é o carpinteiro, o filho de Maria e irmão de Joset, de Judas e de Simão? E Suas irmãs não moram aqui conosco? E ficaram escandalizados por causa de Jesus.” (Mc 6, 3).

Proximidade e separação, quando começa a chamar discípulos para O seguirem; multidões arrebanhando, mas na hora decisiva, abandonado, negado, traído, solitário. Ela, porém, como Mãe inseparável, irredutível, acompanhando passo a passo o ápice da alma e do corpo vivido pelo Filho.

Proximidade e separação, acompanhada de lágrimas, dor tão intensa, profunda e indescritível. Como podem crucificar e matar o Amor que um dia se Fez Carne em Seu Ventre? Matam Aquele que se fez Carne em seu Ventre pela ação do Espírito Santo.

Proximidade, separação, pranto, lágrimas...
Quem suportaria tamanha dor?

Lá, ao pé da Cruz...
Proximidade do Filho para ouvir Suas últimas Palavras:
“Mulher, eis aí o seu Filho”; “Filho, eis aí a sua Mãe” (Jo 19, 26).

Desde então, Maria se tornou Mãe da Igreja e Mãe de toda a humanidade.

E lá, nas primeiras páginas dos Atos dos Apóstolos, encontramos Maria, tão próxima, novamente unida ao seu Filho, em Oração, junto com Seus Apóstolos: “Todos eles tinham os mesmos sentimentos e eram assíduos na Oração, junto com algumas mulheres, entre as quais Maria, mãe de Jesus, e com os irmãos de Jesus.” (At 1, 14).

Como a Igreja nos ensina, cremos que, se na proximidade suportou a separação, isto a fez merecedora de com Ele para sempre estar, na glória da eternidade, Assunta ao céu e Coroada Mãe e Rainha por toda a eternidade.

Com Maria aprendamos a viver imensurável proximidade, com a maturidade de também suportar a dor da separação, das renúncias, do peso e exigências da cruz cotidiana.

Tão somente assim, desejosos de um dia vê-la no céu, e o encontro definitivo com o Pai, o Filho e o Espírito Santo, comunhão profunda e eterna de amor viver, na plenitude de luz mergulhar, com os Anjos e Santos que nos precederam. 

Maria, sempre Maria!
Proximidade, separação, pranto, lágrimas...
Proximidade, comunhão, eterna e plena alegria.
Amém.

Rezando com o Salmos - Sl 71 (72)

 


Ao Senhor, toda honra, glória e poder

“–1 Dai ao Rei Vossos poderes, Senhor Deus,
Vossa justiça ao descendente da realeza!
–2 Com justiça Ele governe o Vosso povo,
com equidade Ele julgue os Vossos pobres.

–3 Das montanhas venha a paz a todo o povo,
e desça das colinas a justiça!
=4 Este Rei defenderá os que são pobres,
os filhos dos humildes salvará,
e por terra abaterá os opressores!

–5 Tanto tempo quanto o sol há de viver,
quanto a lua através das gerações!
–6 Virá do alto, como o orvalho sobre a relva,
como a chuva que irriga toda a terra.

–7 Nos Seus dias a justiça florirá
e grande paz, até que a lua perca o brilho!
–8 De mar a mar estenderá o Seu domínio,
e desde o rio até os confins de toda a terra!

–9 Seus inimigos vão curvar-se diante d’Ele,
vão lamber o pó da terra os Seus rivais.
–10 Os reis de Társis e das ilhas hão de vir
e oferecer-lhes Seus presentes e Seus dons;

– e também os reis de Seba e de Sabá
hão de trazer-Lhe oferendas e tributos.
–11 Os reis de toda a terra hão de adorá-Lo,
e todas as nações hão de servi-Lo.

–12 Libertará o indigente que suplica,
e o pobre ao qual ninguém quer ajudar.
–13 Terá pena do indigente e do infeliz,
e a vida dos humildes salvará.

–14 Há de livrá-los da violência e opressão,
pois vale muito o sangue d’Eles a Seus olhos!
=15 Que Ele viva e tenha o ouro de Sabá! †
Hão de rezar também por Ele sem cessar,
bendizê-Lo e honrá-Lo cada dia.

–16 Haverá grande fartura sobre a terra,
até mesmo no mais alto das montanhas;
– as colheitas florirão como no Líbano,
tão abundantes como a erva pelos campos!

–17 Seja bendito o Seu nome para sempre!
E que dure como o sol Sua memória!
– Todos os povos serão n’Ele abençoados,
todas as gentes cantarão o Seu louvor!

–18 Bendito seja o Senhor Deus de Israel,
porque só Ele realiza maravilhas!
–19 Bendito seja o Seu nome glorioso!
Bendito seja eternamente! Amém, amém!

O Salmo 71(72) retrata o poder régio do Messias, e anuncia um  reino que haverá de vir:

“Anúncio de um reino justo e benéfico, tempo de felicidade para os pobres. Este salmo é considerado uma profecia messiânica, que para nós se realiza em Cristo.” (1)

Somos remetidos a passagem do Evangelho de Mateus (Mt 2,11), quando aos magos vindo do oriente oferecem a Jesus, ouro, incenso e mirra.

Como vemos, os magos do Oriente dão ao Menino Deus o que têm de melhor. Reconhecem na Criança a realeza (Ouro), Ele é o grande Rei; a divindade (Incenso), porque Ele é o sumo Deus; a humanidade (Mirra), pré-anunciando a sepultura.

De fato, Jesus é divindade visibilizada na fragilidade de Sua humanidade e é Rei e Senhor de todas as nações: n’Aquela Criança, reconheçamos a realeza, a divindade e a humanidade.

Cremos e adoramos Jesus, a verdadeira e imprescindível riqueza (ouro), único mediador (incenso) e Aquele que garante que exalemos o mais belo Perfume de Amor (mirra).

Tão somente assim. mais que ouro, ofereçamos a Ele o melhor que temos, em nossas famílias, comunidade e sociedade.  Juntamente com os incensos nas Solenes Liturgias e orações, ofereçamos santos desejos que sobem aos céus, acompanhados de sagrados compromissos, para que se tornem uma realidade; e quanto à mirra, seja as unções tantas que possamos multiplicar, curando feridas, perseverando e salvaguardando a dignidade e sacralidade da vida, desde sua concepção ao seu declínio natural.

A exemplo dos Magos, ofereçamos nossos presentes a Jesus, o que de melhor possuímos, pois quem ama dá o melhor de si em tudo e em favor de todos. Amém.

 

 

(1) Comentário da Bíblia Edições CNBB – pág. 785

Senhor, sois para mim...

                                                     

Senhor, sois para mim...

Senhor, sois para mim o Messias desde sempre esperado,
E na plenitude dos tempos, na história da humanidade encarnado.

O descendente de Abraão,
E exulto por Vos conhecer, crer e testemunhar.

Sois muito mais do que Moisés,
Pois por ele veio a Lei, por Vós, Amor e fidelidade.

Sois o Filho de Davi prometido,
A quem clamo Hosana no mais alto dos céus;

A grande promessa por Deus feita,
E em nada decepcionastes a promessa, em fidelidade incondicional.

Senhor, sois a Divina Fonte da Sabedoria,
Muito mais que qualquer humano, até mesmo Salomão;

Mais do que João Batista,
Porque ele a voz no tempo, Vós a Palavra eterna, desde sempre...

Sois a máxima expressão do Amor de Deus,
Que, desde sempre, pelos Profetas anunciado, promessa realizada;

Aquele que entra em nossos sonhos e desejos,
Não para sufocá-los, mas para ampliá-los, elevá-los e realizá-los.

Sois o Dom do Pai ao mundo enviado,
E para sempre em nosso meio, com o Santo Espírito, Ressuscitado.

Sois o Amor perene e irrevogável,
Que suporta inconstâncias e infidelidades.

A Palavra que se fez Carne,
Palavra que vivifica e garante a perfeita liberdade;

Sois a revelação maravilhosa de Deus Pai,
Pois dissestes: “Quem me vê, vê o Pai que me enviou”.

Sois um Deus incompreendido, rejeitado,
Que esperais como resposta tão apenas ser amado;

Um Deus que Se fez homem, por Amor;
Entrastes no mundo com humildade e o transformou, renovou...

Sois a mais bela História da Salvação Divina,
E a cada dia que vivo, posso escrever uma página nesta história.

Sois Aquele que, assumindo a natureza humana,
Sem pecado, a elevou a uma esfera mais alta, a desejada esfera divina.

Senhor, sois para mim o meu Tudo,
Porque sem Vós, sou simplesmente nada.

Sois Aquele de quem ainda que muito tenha falado
Ainda nada disse, porque Mistério inesgotável.

Aquele que está sempre comigo.
Quantas vezes esta presença suave tenho sentido:

Presença na Palavra e no Pão,
Mas também presença em cada irmã e irmão.

Sois Aquele que me chama,
Me envia, me acompanha no carregar da cruz cotidiana.

Aquele que não me deixa desfalecer,
Porque há um mundo a ser iluminado, fermentado.

Senhor, sois Aquele que não permite minha insipidez,
Porque há um mundo que precisa o sabor de Deus conhecer. Amém.

O indizível Amor de Deus

                                                          

O indizível Amor de Deus

Celebramos no dia primeiro de agosto, a Memória de Santo Afonso Maria de Ligório, Bispo (séc. XVII), e a Liturgia das Horas nos apresenta um texto de suas obras, que nos fala sobre o que há de mais fundamental na vida cristã: o amor a Jesus Cristo.

“Toda santidade e perfeição consiste no amor a Jesus Cristo, nosso Deus, nosso sumo bem e nosso redentor. É a caridade que une e conserva todas as virtudes que tornam o homem perfeito.

Será que Deus não merece todo o nosso amor? Ele nos amou desde toda a eternidade. ‘Lembra-te, ó homem, – assim nos fala – que fui Eu o primeiro a te amar. Tu ainda não estavas no mundo, o mundo nem mesmo existia, e Eu já te amava. Desde que sou Deus, Eu te amo’.

Deus, sabendo que o homem se deixa cativar com os benefícios, quis atraí-lo ao Seu Amor por meio de Seus dons. Eis por que disse:  'Quero atrair os homens ao meu Amor com os mesmos laços com que eles se deixam prender, isto é, com os laços do amor'.

Tais precisamente têm sido todos os dons feitos por Deus ao homem. Deu-lhe uma alma dotada, à Sua imagem, de memória, inteligência e vontade; deu-lhe um corpo provido de sentidos; para ele criou também o céu e a terra com toda a multidão de seres; por Amor do homem criou tudo isso, para que todas as criaturas servissem ao homem e o homem, em agradecimento por tantos benefícios, O amasse.

Mas Deus não Se contentou em dar-nos tão belas criaturas. Para conquistar todo o nosso amor, foi ao ponto de dar-Se a Si mesmo totalmente a nós. O Pai eterno chegou ao extremo de nos dar Seu único Filho. Vendo-nos a todos mortos pelo pecado e privados de Sua graça, que fez Ele?

Movido pelo imenso, ou melhor – como diz o Apóstolo – pelo seu demasiado Amor, enviou Seu amado Filho, para nos justificar e nos restituir a vida que havíamos perdido pelo pecado.

Ao dar-nos o Filho, a quem não poupou para nos poupar, deu-nos com Ele todos os bens: a graça, a caridade e o paraíso. E porque todos estes bens são certamente menores do que o Filho, Deus, que não poupou a Seu próprio Filho, mas o entregou por todos nós, como não nos daria tudo junto com Ele? (Rm 8,32)".

Somos remetidos à passagem do Evangelho de João:

"Pois Deus amou tanto o mundo, que entregou o
Seu Filho único, para que todo o que n’Ele crê
não pereça, mas tenha a vida eterna" (Jo 3,16).

Contemplemos e correspondamos com palavras e obras ao imensurável, indescritível e  indizível Amor de Deus. 
Amemo-Lo como Ele nos ama, o quanto mais possamos. Amém.

Quem sou eu

Minha foto
4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG