Capítulo
III
VÓS SOIS O AGORA DE DEUS
Os
jovens são o futuro e o presente do mundo, por isto devemos nos perguntar
(n.64):
-
Como são os jovens hoje e o que sucede agora com eles?
Como
Igreja, é preciso abandonar esquemas rígidos, abrindo-se à escuta pronta e
atenta dos jovens, de modo que esta empatia a enriquece, porque permite que os
jovens deem a sua colaboração à comunidade, ajudando-a a abrir-se para novas
sensibilidades, e perguntas inéditas. (n.65)
O
comportamento de apenas apontar os defeitos da juventude atual, uma lista de
desastre, é preciso encontrar caminho que favoreça maior proximidade e ajuda
mútua. (n. 66)
“... o coração de
cada jovem deve ser considerado ‘terra santa’, diante da qual nos devemos
‘descalçar’ para poder aproximar-nos e penetrar no Mistério”. (n.67)
O
Sínodo fala de juventude no plural: “muitas juventudes”, pois “Existe uma pluralidade de mundos juvenis, a
ponto de se tender, nalguns países, a usar o termo ‘juventude’ no plural. Além
disso, a faixa etária considerada pelo presente Sínodo (16-29 anos) não
representa um todo homogêneo, mas compõe-se de grupos que vivem situações
peculiares”. (n.68)
Diferentes
realidades dos jovens: países com mais jovens, outro com menos; alguns países
são objeto de perseguição; em alguns em alguns países maior inclusão e noutros
são excluídos e descartados. (n.69.70)
O
Papa aponta algumas coisas que sucedem aos jovens com suas vidas concretas, e
muitos sujeitos ao sofrimento e manipulação. (n.71), vivendo num mundo em crise
(n.72):
-
Muitos em contextos de guerra e padecem a violência numa variedade incontável
de formas: raptos, extorsões, criminalidade organizada, tráfico de seres
humanos, escravidão e exploração sexual, estupros de guerra, etc.
-
Outros, por causa da sua fé, têm dificuldade em encontrar um lugar nas suas
sociedades e sofrem vários tipos de perseguição, que vai até à morte.
-
Numerosos que, por constrangimento ou falta de alternativas, vivem perpetrando
crimes e violências: crianças-soldado, gangues armados e criminosos, tráfico de
droga, terrorismo, etc.
“Esta
violência destroça muitas vidas jovens. Abusos e dependências, bem como
violência e extravio contam-se entre as razões que levam os jovens à prisão,
com incidência particular nalguns grupos étnicos e sociais” (n.72)
Muitos
jovens são mentalizados, instrumentalizados e utilizados como carne de canhão
ou como força de choque para destruir, intimidar ou ridicularizar outros.
(n.73)
Numerosos
no mundo são os jovens que padecem formas de marginalização e exclusão social,
por razões religiosas, étnicas ou económicas. Lembramos a difícil situação de
adolescentes e jovens que ficam grávidas e a praga do aborto, bem como a
propagação do SIDA/HIV, as várias formas de dependência (drogas, jogos de azar,
pornografia, etc.) e a situação dos meninos e adolescentes de rua, que carecem
de casa, família e recursos econômicos. (n.74)
Quando
se trata de mulheres, estas situações de marginalização tornam-se duplamente
dolorosas e difíceis. (n.74)
Como
Igreja que é Mãe, não podemos nos habituar com isto, mas “chorar”, chorar para
que a própria sociedade seja mais mãe, a fim de que, em vez de matar, aprenda a
dar à luz, a ser promessa de vida.
“Choramos ao
recordar os jovens que morreram por causa da miséria e da violência e pedimos à
sociedade que aprenda a ser uma mãe solidária. Esta dor não passa,
acompanha-nos, porque não se pode esconder a realidade. A pior coisa que
podemos fazer é aplicar a receita do espírito mundano, que consiste em
anestesiar os jovens com outras notícias, com outras distrações, com
banalidades”.
(n.75)
É
preciso limpar nossos olhos pelas lágrimas; aprender a chorar:
“A misericórdia e
a compaixão também se manifestam chorando. Se o pranto não te vem, pede ao
Senhor que te conceda derramar lágrimas pelo sofrimento dos outros. Quando
souberes chorar, então serás capaz de fazer algo, do fundo do coração, pelos
outros”.
(n.76)
Há
contextos de colonização ideológica que prejudicam de forma especial os jovens;
favorecendo a cultura do descarte, onde os próprios jovens acabam transformados
em material descartável. (n.78)
Manipulação
consumista – corpo juvenil como modelo. (n.79)
Conflitos
geracionais: tradições familiares, valores, transmissão da fé... (n. 80)
Jovens
vivem num mundo em que se destaca excessivamente a sexualidade, tornando
difícil manter uma boa relação com o próprio corpo e viver serenamente as
relações afetivas. (n.81)
Em
tempos de progressos da ciência e das tecnologias biomédicas que incidem
fortemente na percepção do corpo, induzindo a pensar que se pode modificar sem
limites, não se pode perder de vida que a vida é um dom, que somos seres
criados e limitados, podendo facilmente ser instrumentalizados por quem detém o
poder tecnológico. (n.82)
A
Igreja como instrumento neste percurso rumo à cura interior e à paz do coração
de tantos jovens, marcados por tantas feridas ao longo de suas histórias.
(n.83)
O
que encontramos nos jovens:
-
em alguns, reconhecemos um desejo de Deus, embora não possua todos os
delineamentos do Deus revelado;
-
em outros, o sonho de fraternidade;
-
em muitos, existe um desejo real de desenvolver as capacidades de que são
dotados para oferecerem algo ao mundo;
-
em alguns, vemos uma sensibilidade artística especial, ou uma busca de harmonia
com a natureza;
-
em outros, uma grande necessidade de comunicação;
-
em muitos deles, desejo profundo duma vida diferente.
O
Sínodo tratou de maneira especial três temas de grande importância:
a)
O ambiente digital (nn 86-90);
b)
Os migrantes como paradigma do nosso tempo (nn 91-94);
c)
Acabar com todas as formas de abuso (nn 95-102).
Há
uma via de saída, pois há sinais de esperança e os jovens podem colaborar neste
sentido.
É
o caso do jovem Venerável Carlos Acutis, que deu grande testemunho no mundo das
comunicações. Conhecidos dos mecanismos da comunicação, da publicidade e das
redes sociais que podem ser utilizados para nos tornar sujeitos adormecidos,
dependentes do consumo e das novidades que podemos comprar, obcecados pelo
tempo livre e fechados na negatividade. (n.105).
Dizia
Carlos – “Todos nascem como originais,
mas muitos morrem como fotocópias». E o Papa exorta aos jovens e à nós: “Não
deixes que isto te aconteça!” (n.106)
“Não deixes que
te roubem a esperança e a alegria, que te narcotizem para te usar como escravo
dos seus interesses”
(n.107)
Ser
jovem, nos diz o Papa, não significa apenas procurar prazeres transitórios e
sucessos superficiais.
Para
a juventude desempenhar a finalidade que lhe cabe no curso da vida, deve ser um
tempo de doação generosa, de oferta sincera, de sacrifícios que custam, mas
tornam-nos fecundos.
Cita
o grande poeta Francisco Luís Bernárdes, e seu Sonetto: “Cielo de tierra –
Buenos Aires, 1937). (n.108)
«Se,
para recuperar o que recuperei,
tive
de perder primeiro o que perdi,
se, para obter o que obtive,
tive
de suportar o que suportei,
se,
para estar agora enamorado,
tive
que ser ferido,
considero justo ter sofrido o que sofri,
considero
justo ter chorado o que chorei.
Porque
no fim constatei
que
não se goza bem do gozado
senão
depois de o ter padecido.
Porque
no fim compreendi
que
quanto a árvore tem de florido
vive
do que ela tem de enterrado”.
Jesus
está sempre pronto a ajudar, para que valha a pena ser jovem, de modo que todo
o jovem dará uma contribuição indispensável porque cada jovem é único e
irrepetível. (n. 109)
No
entanto, é preciso caminhar juntos, pois, se estivermos demasiado sozinhos,
facilmente perderemos o sentido da realidade, a clareza interior e sucumbimos.
Jovens
unidos têm uma força admirável:
“Quando
vos entusiasmais por uma vida comunitária, sois capazes de grandes sacrifícios
pelos outros e pela comunidade; ao passo que o isolamento vos enfraquece e
expõe aos piores males do nosso tempo”. (n.110)
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