sexta-feira, 5 de dezembro de 2025

No silêncio, a Santíssima Trindade agia...

                                                           

No silêncio, a Santíssima Trindade agia...

Retomo este artigo que fiz ao realizar o Encontro de Casais com Cristo (2012),  com o tema: “A Família é o Santuário da Vida e como Lema: “No silêncio orante, façamos a Palavra florescer”, quando Pároco da Paróquia Santo Antônio de Gopoúva - Diocese de Guarulhos - SP.

É sempre tempo de acolhermos na graça do silêncio orante, a Palavra de Deus para que ela floresça, para que de fato nossas famílias sejam um santuário da vida,  no qual se aprenda sagrados valores, para que tenhamos novos tempos mais humanos e fraternos, e assim, a Luz de Deus brilhe mais forte.

O Tema e lema iluminaram o ECC, com seus princípios: doação, pobreza, simplicidade, alegria e Oração. 

Ressoe em nosso coração as palavras da Igreja para o aprofundamento do Tema e lema:

“A Igreja é apresentada como Mistério a ser realizado entre os povos, como uma vontade Salvífica do Pai, realizada na missão do Filho e vivificada pelo Espírito Santo (LG n.4) – Mistério Trinitário: A Igreja vem da Trindade, vive da Trindade e caminha para a Trindade, o que chamamos de Comunhão Trinitária – A Santíssima Trindade é a melhor comunidade”. 

E ainda: “A Missão da Igreja é tornar-se lugar, espaço e comunidade onde a humanidade pode encontrar Deus em Jesus Cristo e ser santificada no Seu Espírito Santo.”

Sendo a família uma espécie de Igreja Doméstica, como nos ensina a “Lumen Gentium” (n.11), sem dúvida o ECC é um, entre tantos, precioso instrumento para ajudá-la a ser um reflexo da melhor comunidade: a Santíssima Trindade.

Neste tempo o Amor Trinitário agiu silenciosamente, desde os primeiros chamados para Dirigentes, Coordenadores, Palestrantes, Membros das diversas Equipes, assim como os Assessores Diocesanos. 

Quantos convites, quantas belas respostas, movidas pelo amor Trinitário que agia silenciosamente, e certamente com olhar contemplativo e a participação de nossa querida Mãe Maria!

Rendemos honra, glória e louvores à Trindade Santíssima que também agiu silenciosamente por meio de pessoas simples, disponíveis, alegres, que deram de sua pobreza, sempre movidos pela oração, na mais bela e frutuosa devoção, imitando as virtudes de nossa tão querida Mãe da Igreja, Mãe das Famílias – Maria.

A Santíssima Trindade agia silenciosamente? Agia, age e agirá sempre, num movimento contínuo de Amor, para que jamais deixemos de multiplicar compromissos pastorais na evangelização da família, para que seja, de fato, o Santuário da Vida. 

Sejam as famílias espaços para o silêncio orante, fecundo, em que as mais preciosas Sementes do Verbo, da Sua Palavra possam cair, florescer e maravilhosamente frutificar.

Urge que as mesas de nossos lares jamais se separem da Mesa Sagrada da Palavra e da Mesa da Santa Eucaristia, na comunhão maior, na vida da Igreja, Sacramento de Salvação para o mundo. Amém. 

Advento: Conversão e renovação pelo Fogo do Espírito (IIDTAA)

                                                    



Advento: Conversão e renovação pelo Fogo do Espírito

A Liturgia do 2º Domingo do Advento (ano A) nos convida a rever os valores que orientam a nossa vida, a fim de que coincidam com os valores do Reino, daí a necessidade permanente de conversão e amadurecimento, preparando a chegada do Senhor, em mais um Natal a ser celebrado.

Na passagem da primeira Leitura (Is 11,1-10), o profeta Isaías nos fala de um descendente de Davi sobre o qual repousa a plenitude do Espírito de Deus, um Messias.

Sua palavra profética é de fato uma poesia e o sonho de um mundo novo e melhor, numa realidade marcada pela opressão, sofrimento e desolação.

Nisto consiste a mensagem profética de Isaías: a vinda do Messias e a restauração da prosperidade do Reino, com a superação de divisões, conflitos, restaurando a verdadeira paz (Shalom), a plenitude de todos os bens de Deus para uma vida plena e feliz. Um tempo novo sem armas e sem guerras, numa paz sem fim.

E este Messias é o próprio Jesus, como veremos mais tarde, e que, como Igreja que somos, cremos, anunciamos e testemunhamos, e a Sua missão continuamos.

Quanto aos dons, o Messias será mais que Salomão (em sabedoria e inteligência); mais que Davi (conselho e fortaleza); mais que os patriarcas (conhecimento e temor).

Reflitamos:

- Como realizamos esta missão?
- Somos sinais de esperança na realidade em que nos encontramos inseridos?

- O que deve ser mudado em nós (enquanto indivíduos), família e sociedade, para que construamos um mundo novo, com novas relações de comunhão, partilha e fraternidade?

Na passagem da segunda Leitura (Rm 15,4-9), o Apóstolo Paulo exorta que os cristãos sejam o rosto visível do Cristo, testemunhando a união, a partilha e a comunhão, a harmonia, acolhida e a não discriminação, porque vive o amor mútuo.

Deste modo, a comunidade precisa viver a solidariedade com os  mais frágeis e necessitados; doando a vida em favor da vida do outro, promovendo e fortalecendo incansavelmente a unidade.

Reflitamos:

- De que modo nossa comunidade vive este testemunho?

- Quais atitudes acima precisam ser mais marcantes em nossas comunidades?

- Que esforço a comunidade faz para vencer o egoísmo e a autossuficiência?

Na passagem do Evangelho (Mt 3,1-12) destaca-se a pessoa de João Batista, uma voz a gritar no deserto, anunciando a proximidade da concretização do Reino, por isto, sua palavra é um forte grito profético que chama à conversão: “Convertei-vos, porque o Reino dos céus está próximo” (Mt 3,1). E ainda: “Esta é a voz que grita no deserto: preparai o caminho do Senhor, endireitai suas veredas” (Mt 3,2).

Com João Batista, somos exortados à mudança de valores para que se conformem aos valores do Reino; a deixar o supérfluo na procura do que seja, de fato, essencial para a nossa vida.

Podemos falar, então, de uma “metanoia”, uma mudança de mentalidade e atitudes, em total e incondicional retorno ao Deus da Aliança, numa contínua atitude de conversão.

Deste modo, para a acolhida do Messias é preciso esvaziar-se de todo o egoísmo, orgulho, autossuficiência e preocupação excessiva com os bens materiais.

Quanto ao Batismo de João Batista, é precedido pela pregação para um batismo de conversão, arrependimento, perdão dos pecados e agregação ao resto de Israel; o Batismo de Jesus será a introdução a uma relação de filiação divina, incorporação à vida da Igreja e participação ativa em sua missão (batismo no Espírito Santo e no fogo).

Reflitamos:

- Em que precisamos nos converter, neste Tempo do Advento, para bem celebrar o Nascimento do Salvador?
- Quais são os valores que orientam nosso pensar, falar e agir?

- São eles diferentes dos valores do mundo?
- O que significa, hoje, preparar o caminho do Senhor (em todos os âmbitos: pessoal, familiar, comunitário, social e planetário)?

Concluindo, permitamos que o Fogo do Espírito queime nossos pecados, e suas raízes sejam arrancadas de nosso coração, para que nele fiquem apenas entranhadas as raízes da misericórdia, e as obras corporais e espirituais sejam seus desejados frutos no cotidiano.

Sejamos transformados por este Fogo Divino do Espírito, para que celebremos um Natal cristão, recuperando o sentido Pascal do Natal, marcado pela conversão, pela passagem para uma nova atitude, mentalidade, compromissos com a Boa-Nova do Reino.

Somente a partir de corações e mentes renovadas, o mundo terá um novo coração e uma nova mentalidade.


Advento: rever o caminho feito (IIDTAA)

                                                               

Advento: rever o caminho feito

Reflexão sobre o Tempo do Advento, quando somos convidados a rever o caminho que estamos fazendo, como peregrinos da esperança:

“A Eucaristia proporciona aos cristãos a oportunidade de provar seu universalismo e recusar uma separação entre ‘fracos’ e ‘fortes’, uma vez que nesta Mesa o Senhor se oferece por todos. É o ‘vínculo da união’: união com os irmãos, união com Deus em Cristo.

O anúncio da libertação trazida por Cristo suscita uma grande esperança. A nossa geração espera ansiosamente um futuro de liberdade, apesar da fuga de muitos para um passado de recordações, ou para um presente de alienações.

O Povo de Deus mantém viva no mundo esta esperança quando, com os olhos no futuro, vive, no presente de modo a merecer confiança, isto é, com fé, caridade e firme esperança”. (1)

Assim ocorre conosco quando da Mesa da Eucaristia participamos: são fortalecidos os vínculos da união com Deus, mas também entre nós, e isto remete ao cotidiano, na superação de toda a desigualdade, para que se viva maior fraternidade, solidariedade, comunhão e partilha dos bens que passam, movidos pelos bens que não passam, os valores do Reino (amor, verdade, justiça, liberdade, fraternidade, perdão, acolhida, alegria...).

É graça e missão que Deus nos concede de sermos no mundo sinal desta nova realidade, porque são solidificados e revigorados os fundamentos de um novo futuro, as virtudes divinas: fé, Esperança e caridade.

Deste modo, não somamos com os que vivem sentimentos nostálgicos de um passado de possíveis boas recordações, até beirando um saudosismo sem fundamentos, que não tenham sido uma expressão concreta (como que fantasiando o passado), porque cada tempo tem seus desafios, suas dificuldades, provações, enfermidades, carências, tristezas, inquietações, superações e o mistério da cruz que nos acompanha.

Não podemos somar também com os que, no presente, se deixam levar pelas alienações, falsas promessas, messianismos sem consistência, promessas infundadas de felicidade, falsa prosperidade, ledo engano de soluções miraculosas ou mesmo mágicas, procura de respostas fundadas em superstições ou algo que não se justifique, até mesmo contradizendo e nos levando a negar a própria fé e os ensinamentos que devem orientar o rumo de nossa vida, de nossa história.

Devemos fixar nossos olhos no futuro, na espera de um novo céu e uma nova terra, mas com compromissos renovados cotidianamente na construção do Reino de Deus.

O Tempo do Advento é um Tempo fecundo de vigilância, conversão, oração, esperança, e, sobretudo, de nos deixarmos envolver pela misericórdia divina, revelada na Pessoa de Jesus, quando Se encarnou em nosso meio, cujo Nascimento, dentro de poucos dias, haveremos de celebrar.

Deste modo, o Natal não será reduzido a uma noite de comidas e bebidas, troca de presentes e amigo secreto, tão pouco reduzindo a montagem de um presépio, ainda que belo seja.

Natal será rever o passado, com seus erros e acertos, dar rumo novo ao presente, para que um novo amanhecer, num futuro cheio de alegria, vida e paz, possamos crer e esperar.

  
(1) Missal Dominical - Editora Paulus - p.11 

Nosso desejo mais profundo: encontrar o Senhor

                                                               

Nosso desejo mais profundo: encontrar o Senhor
 
Deus é Mistério profundo que não cabe nas limitações de nossa mente e coração, como veremos na reflexão de Santo Anselmo (séc. XII).
 
“Que pode fazer, Altíssimo Senhor, que pode fazer este exilado longe de Vós? Que pode fazer este Vosso servo, sedento do Vosso amor, mas tão longe de Vossa presença? Aspira ver-Vos, mas Vossa Face se esconde inteiramente dele. Deseja aproximar-se de Vós, mas Vossa morada é inacessível. Aspira encontrar-Vos, mas não sabe onde estais.
 
Tenta procurar-Vos, mas desconhece a Vossa face. Senhor, Vós sois o meu Deus, o meu Senhor, e nunca Vos vi. Vós me criastes e me redimistes, destes-me todos os Vossos bens e ainda não Vos conheço. Fui criado para Vos ver e ainda não fiz aquilo para que fui criado.
 
E Vós, Senhor, até quando? Até quando, Senhor, nos esquecereis, até quando nos ocultareis a Vossa Face? Quando nos olhareis e nos ouvireis? Quando iluminareis os nossos olhos e nos mostrareis a Vossa Face? Quando voltareis a nós?
 
Olhai-nos Senhor, ouvi-nos, mostrai-Vos a nós. Dai-nos novamente a Vossa presença para sermos felizes, pois sem Vós somos tão infelizes! Tende piedade dos rudes esforços que fazemos para alcançar-Vos, nós que nada podemos sem Vós.
 
Ensinai-me a Vos procurar e mostrai-Vos quando Vos procuro; pois não posso procurar-Vos se não me ensinais nem encontrar-Vos se não Vos mostrais. Que desejando eu Vos procure, procurando Vos deseje, amando Vos encontre, e encontrando Vos ame” (1).
 
Entremos no íntimo de nossa alma, afastando-nos de tudo, exceto de Deus ou daquilo que nos ajude a procurá-Lo, suplicando ao Senhor Deus que ensine nosso coração para que saibamos onde e como procurá-Lo, onde e como encontrá-Lo.
 
Bebamos desta fonte genuína de espiritualidade, fazendo germinar o que de melhor possamos plantar em nossos corações vigilantes e orantes.
 
Incansavelmente procuramos por Deus, a mais bela procura, porque jamais nos cansa, e uma vez encontrado, ainda falta tudo por encontrá-Lo, como disse Santo Agostinho.
 
Procuremos no mais profundo de nós mesmos Aquele que veio, vem e virá, Aquele que nos felicitou e nos divinizou com Sua morada em nós.
 
Reflitamos:
 
- Por que procurarmos fora de nós Aquele que em nós habita?
- Por que nos distanciarmos d’Aquele que é mais íntimo de nós do que nós de nós mesmos?
 
Concluímos repetindo suas palavras, na incansável procura por Deus:
 
“Ensinai-me a Vos procurar e mostrai-Vos quando Vos procuro; pois não posso procurar-Vos se não me ensinais, nem encontrar-Vos se não Vos mostrais. Que desejando eu Vos procure, procurando Vos deseje, amando Vos encontre,  e encontrando Vos ame”.
 
(1) Liturgia das Horas - Vol. I – pág. 151-152
 
 
PS: Oportuno para o Tempo do Advento, quando nos preparamos para a Vinda d’Aquele que veio, vem e virá, e que tanto esperamos e incansavelmente procuramos, revigorando nossa espiritualidade para frutos saborosos do Natal produzirmos: amor, vida, sorriso, felicidade, justiça, paz...
 
Advento: tempo de dar sabor à vida e fazer germinar aquilo que de bom possamos plantar em corações vigilantes que se predispuseram ao arado indispensável, pelo jugo da Cruz, pois não há Natal sem o Mistério da Paixão, Morte, e Ressurreição do Senhor.
 
 


João Batista: seu grito ressoa pelos séculos (IIDTAA)

                                                           


João Batista: seu grito ressoa pelos séculos

A Liturgia do 2º Domingo do Advento (ano A) nos apresenta a passagem do Evangelho de Mateus, em que João Batista encontra-se no deserto pregando o batismo de conversão, anunciando a proximidade do Reino de Deus e a necessária preparação do caminho do Senhor e o endireitar das veredas para a Sua chegada (Mt 3,1-12).

Vejamos esta afirmação:

“João Batista já não está nas margens do Jordão. Já desapareceram todos os que ele fustigava. Também Aquele que o Batista anunciava já deixou a terra, depois de ter cumprido a Sua missão. Mas a voz do Precursor continua a ressoar na Igreja, aos ouvidos dos que receberam o Batismo no Espírito Santo: ‘Praticai ações que se conformem ao arrependimento que manifestais!’ Porque essa conversão não é coisa de um dia; terá de continuar ao longo de toda a vida, com a esperança de que se mantém, graças à ‘paciência e consolação que vêm das Escrituras’, como diz São Paulo (Rm 15,4)”. (1)

A voz de João “continua a ressoar na Igreja” e “aos ouvidos dos que receberam o Batismo no Espírito Santo”.

Passaram-se os tempos, novos contextos, mas a voz de João não perde a força profética, porque ainda há muito que ser transformado, para que tenhamos uma nova realidade, em que a vida humana seja, de fato, um templo vivo onde Deus habita.

Uma passagem rápida pelos noticiários em todos os âmbitos, vemos que os valores efêmeros, transitórios, norteiam ações e decisões. Os interesses econômicos, as vantagens prevalecem em detrimento do bem comum, com desvios execráveis, corrupção, cumplicidade, propinas e um esforço conjunto de desmoralização de ações que venham passar a limpo o que for preciso.

A voz profética de João ressoa em todos os âmbitos, para que a conversão nos leve a produzir frutos bons e agradáveis que a fé exige: como pessoa, família, comunidade e sociedade.

Impossível que sua voz não seja ressoada, inadmissível que seja sufocada.

Tenhamos a coragem de afinar nossos ouvidos e captar seu grito, que chega a cada um de nós, certos de que quanto mais nos abrirmos à sua escuta, em sincera atitude de conversão, mais instrumentos de harmonia, concórdia e comunhão haveremos de ser, deixando-nos guiar pela Sagrada Escritura, que é para nós garantia de constância e conforto em todos os momentos, para que não recuemos no testemunho da fé, como tão bem nos exortou também o Apóstolo Paulo (Rm 15,4-9), na segunda Leitura também proclamada neste segundo Domingo do Advento.



(1) Missal Quotidiano e Dominical - Editora Paulus - Lisboa - 2012 p.63

Tempo de profetizar (IIDTAA)

                                                     

Tempo de profetizar

“O Senhor é o pastor que me conduz; não me falta coisa alguma.
Pelos prados e campinas verdejantes Ele me leva a descansar.
Para as águas repousantes me encaminha e restaura as minhas forças.

Ele me guia no caminho mais seguro, pela honra de Seu nome.
Mesmo que eu passe pelo vale tenebroso, nenhum mal eu temerei;
Estais comigo com bastão e cajado; eles me dão segurança”
(Sl 22, 1-4)

Por mais breve, simples e escondida que possa ser a vida de alguém,
Seria o bastante para lhe dar valor infinito, e remover, com coragem,
as pedras no caminho, aplainando a estrada para a vinda do Senhor.

Aprendamos com João Batista que, fortalecido na solidão do deserto,
Pela meditação e pela penitência, procurou esconder-se e  desaparecer, para que viesse e aparecesse para sempre Aquele que haveria de vir.

Sejamos como João, precursores de Jesus Cristo, em todo o tempo,
“uma voz que grita no deserto da cidade”, sem perda da esperança,
Porque sabe de quem é a Palavra que anuncia com toda a confiança.

Assim age Deus na vida de todos nós, enriquecendo-nos com Sua pobreza, para obras maiores ainda, que realizou por meio do Filho, pelo Espírito: por isto para Ele nossa voz, nossas forças e toda a nossa vida e esperança.

Mesmo que a chama enfrente ventos que a queiram apagar,
Permitamos ser invadidos pelas chamas de Seu divino amor,
E assim nos deixaremos queimar, e as chamas, mais fortes, crepitar.

Mesmo que as provações, inquietações, incertezas nos acompanhem,
Não suficientes para ofuscar a Luz de Deus a resplandecer.
E assim, a chama da caridade, calor, ternura e amor irradiar.

Imaculada Conceição de Maria

                                                                



Imaculada Conceição de Maria

Dogma a partir de 1854, por Pio IX, mas desde longos séculos verdade. Vivido e assumido por toda a Igreja, pelo que Maria significa na espiritualidade cristã, no papel fundamental que desempenha no Plano de Salvação de Deus.

Maria na Liturgia oriental é chamada de Intemerata, ou seja, pura, integra.

Toda bela e formosa, cheia de graça, lírio da inocência, mais pura que os anjos, e mais esplendorosa que o sol!

O Prefácio da Missa da Imaculada assim rezamos:

“… Puríssima deveria ser na verdade aquela da qual nos nasceria o Salvador, Cordeiro sem mancha, que tira os nossos pecados. Escolhida entre todas as mulheres, modelo de santidade e advogada nossa, ela intervém constantemente em favor de Vosso povo…”.

Deus quis que Seu Filho tivesse uma mãe especial, toda de Deus, toda cheia de Graça, toda cheia do Espírito Santo. Inteiramente para Deus, traduzindo sua vida em fidelidade, amor, confiança, disponibilidade e serviço…

Deus quis preparar para Seu Filho uma habitação pela Imaculada Conceição da Virgem Maria, preservando-a de todo pecado, em previsão dos méritos d'Ele.

Assim Deus escolheu e predestinou Maria, a Mãe Imaculada, sem mácula, sem pecado, preservada de toda mancha, para viver total fidelidade a Deus e nos conceder a graça da acolhida do Salvador.

Como Nova Eva nos ensina a romper toda autossuficiência simbolizada pela serpente desde a origem do mundo na criação:

“Do antigo adversário nos veio a desgraça, mas do seio virginal da Filha de Sião germinou Aquele que nos alimenta com o Pão do Céu e garante para todo o gênero humano a salvação e a paz. Em Maria, é nos dada de novo a graça que por Eva tínhamos perdido. Em Maria, mãe de todos os seres humanos, a maternidade, livre do pecado e da morte, se abre para uma nova vida…” (cf. Prefácio II advento – Maria, a nova Eva).

Celebrar a Festa da Imaculada é ao mesmo tempo celebrar a Festa da Santidade vivida por Maria plenamente, e querida por Deus para todos nós.

Maria nos aponta o seu Filho como Aquele que deve ser ouvido, e se fizermos tudo o que Ele disser, não há dúvida que já estaremos no caminho da santidade, no caminho da santificação do mundo, e consequentemente a caminho da glória dos céus, onde ela já está junto de seu Filho, pois assunta ao céu é Mãe e Rainha do Céu.

Finalizando, fiquemos com as palavras de Santo Anselmo, (Bispo século XII) que se encontra ao longo de toda a Liturgia da Festa da Imaculada Conceição:

“Ó mulher cheia e mais cheia de graça, o transbordamento de tua plenitude faz renascer toda criatura! Deus deu a Maria o Seu próprio Filho, único gerado de Seu coração, igual a Si, a quem ama como a Si mesmo.

No seio de Maria, formou Seu Filho, não outro qualquer, mas o mesmo, para que, por natureza, fosse realmente um só e o mesmo Filho de Deus e de Maria! Toda a criação é obra de Deus, e Deus nasceu de Maria.

Deus criou todas as coisas e Maria deu à luz Deus! Deus que tudo fez, formou-Se a Si próprio no seio de Maria. E deste modo refez tudo o que tinha feito. Ele que pode fazer tudo do nada, não quis refazer sem Maria o que fora profanado.

Por conseguinte, Deus é o Pai das coisas criadas, e Maria é a mãe das coisas recriadas. Deus é o Pai da criação universal e Maria a mãe da redenção universal. Pois, Deus gerou Aquele por quem tudo foi feito, e Maria deu à luz Aquele por quem tudo foi salvo.

Deus gerou Aquele sem o qual nada absolutamente existe, e Maria deu à luz Aquele sem o qual nada é absolutamente bom. Verdadeiramente o Senhor é contigo…” (cf. Lit. Horas Vol. I - p. 1043).

Que Deus ao vir neste Natal nos encontre vigilantes, preparando a Sua chegada, numa vida santa pura, sem mancha, piedosa e na paz, como nos exortou o Apóstolo Pedro (2Pd 3,8-14).

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