sexta-feira, 26 de dezembro de 2025

Senhor, angustiados Te buscamos... (Ano C)

                                                         

Senhor, angustiados Te buscamos...

Quinto Mistério Gozoso, tendo como passagem do Evangelho (Lc 2, 41-52): Jesus, aos 12 anos, estando com Seus pais, foi perdido e encontrado no templo.

Um versículo para nossa reflexão:
Quando O viram, Seus pais ficaram comovidos, e Sua mãe lhe disse: ‘Filho por que agistes assim conosco? Olha, Teu pai e eu estávamos, angustiados, à Tua procura!”

Um pequeno trecho do Sermão de Orígenes (séc. III), aludindo ao momento em que os pais O encontraram no templo:

“Convém que aquele que busca a Jesus não O busque com negligência, dissoluta ou eventualmente, como fazem muitos que, por isso, não conseguem encontrá-Lo. Digamos, pelo contrário: ‘Angustiados Te buscamos!”, e uma vez pronunciado, Ele mesmo responderá à nossa alma que o busca laboriosamente e em meio à angústia, dizendo: ‘Não sabias que devo estar na casa de meu Pai?” (1)

Oremos:
Senhor, angustiados Te buscamos,
Em meio às fadigas, dores e lágrimas por vezes.

Inquieta fica nossa alma enquanto não Te encontra, porque “Fizeste-nos para Ti e inquieto está nosso coração, enquanto não repousa em Ti” (2)

Senhor, como é bom encontrar-Te cuidando das coisas do Pai,
Presente no silêncio do Templo, pronto a nos ouvir e nos falar.

Senhor, angustiados Te buscamos,
Exauridos e consumidos pelo muito fazer.

Senhor, como é bom Te encontrar, na comunhão com o Pai e o Espírito,
Também quando nos silenciamos na presença do Santíssimo.

Senhor, angustiados Te buscamos,
Nas inúmeras atividades pastorais que realizamos.

Senhor, como é bom Te encontrar presente em cada pessoa,
Onde quiseste fazer morada, sobretudo nos mais empobrecidos.

Senhor, angustiados Te buscamos,
E paz e alegria, força e coragem, em Ti, encontramos.

Senhor, angustiados te buscamos,
Faça nosso coração semelhante ao Teu: manso e humilde.

Senhor, angustiado Te buscamos.
Fortalecei nossa esperança e paciência.
Senhor, angustiado Te buscamos.
Renovai nossa fé, reavivai a chama de nossa caridade.

Senhor, angustiado Te buscamos.
Revela-nos o rosto misericordioso do Teu Pai.

Senhor, angustiado Te buscamos.
Ajudai-nos a revelar também Tua presença misericordiosa.

Senhor, angustiado Te buscamos.
Dai-nos Teu Espírito, para maior fidelidade à vontade de Teu Pai. Amém.


(1) Lecionário Patrístico Dominical – Editora Vozes - 2013 - pp. 546-547
(2) As Confissões de Santo Agostinho

Famílias, eternas aprendizes da Sagrada Família

                                                      


Famílias, eternas aprendizes da Sagrada Família
 
Reflitamos sobre o papel fundamental que tem a família no Plano de Salvação que Deus nos propõe, à luz da passagem do Evangelho de Mateus (Mt 2,13-18).
 
Vemos retratada a fuga da Sagrada Família para o Egito,  conforme a mensagem do Anjo do Senhor a José – “Levanta-te, pega o menino e sua mãe e foge para o Egito”.
 
Vemos quão inserida se encontra a Sagrada Família na tragédia e dificuldades humanas. Dentre elas a condição de refugiados, fugindo de terrível ameaça de morte contra o Menino Jesus por Rei Herodes.
 
Vemos que a Sagrada Família viveu uma realidade de muitas outras famílias, de modo que o Filho de Deus, o recém-nascido vem partilhar o destino de toda a humanidade, com seus dramas e vicissitudes.
 
Vejamos o que nos diz o Lecionário Comentado:
 
“O amor de Deus salva os homens, mas não os subtrai à história do homem, e nem sequer à história de violência. Deus acompanha-os e ajuda-os nas dificuldades. Assim fez com Jesus, não O subtraiu à morte, mas acompanhou-O na morte.” (1)
 
Sagrada Família, única e irrepetível, por sua composição e pela importância na história da Salvação da Humanidade, e é para todo o sempre, o mais perfeito modelo para nossas famílias.
 
Hoje, mais do que nunca, nossas famílias precisam ter a Sagrada Família como modelo no enfrentamento de tantos ventos contrários que teimam em destruí-la, desmoroná-la.
 
A família é, portanto,  uma pequena Igreja, e nela devem estar presentes algumas características já encontradas nas famílias descritas em trechos do Antigo Testamento, sobre as quais se modelam as nossas famílias: paz, abundância de bens materiais, concórdia e a descendência numerosa, como sinais da bênção do Senhor (cf. Eclo 3,3-7.14-17a).
 
Ela, como uma espécie de Igreja Doméstica, inspirada na Sagrada Família, vivendo a dimensão da memória, atualização e sacrifício da História da Salvação, será espaço para:
 
- enraizamento e solidificação da fé;
- aprendizado do Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo;
 
- acolhida e amadurecimento nos princípios sagrados da beleza e sacralidade da vida, desde sua concepção até seu declínio natural;
 
- aprendizado de criação e fortalecimento de laços fraternos de amor e solidariedade;
- aprendizado de coragem e fidelidade incondicional em Deus, não obstante as provações e dificuldades que se fizerem presentes.
 
Oremos:
 
“Ó Deus de bondade, que nos destes a Sagrada Família como exemplo, concedei-nos imitar em nossos lares as suas virtudes para que, unidos pelos laços do amor, possamos chegar às alegrias da vossa casa. Por N.S.J.C. Amém.” (2)
 
 
(1) Lecionário Comentado – Tempo do Advento/Natal – Editora Paulus – Lisboa – pág.. 249
(2) Oração do dia da Missa da Sagrada Família
 

Que encontrem o Senhor em nossa companhia (Sagrada Família - Ano C)

                                                             

Que encontrem o Senhor em nossa companhia

A passagem do Evangelho: Lucas 2,41-52

Quinto Mistério gozoso – Jesus é procurado por Seus pais, e é encontrado no templo discutindo com os doutores.

A afirmação de Orígenes (séc. III) em seu Sermão sobre esta passagem:
“Tu também, busca a Jesus no templo, busca-O na Igreja, busca-O junto aos mestres que existem no templo e não saem dele. Se desta forma O buscas, O encontrarás. 

Se alguém se considera mestre e não possui a Jesus, este é mestre somente de nome e, em consequência, Jesus não poderá ser encontrado em sua companhia”.

Estas palavras podem ser dirigidas a todo Presbítero, Pastor ou qualquer liderança religiosa, Agente de Pastoral, pais e mães, que são os primeiros catequistas de seus filhos.

Que aqueles que nos são confiados, e em nós depositam confiança e apreço, consigam encontrar Jesus em nós, não somente quando d’Ele falamos, mas quando geramos e formamos Cristo em nós, para formar e gerar no outro.

Que Deus nos dê a graça de favorecer o encontro do outro com Jesus através de nossa vida, de nosso anúncio e, sobretudo, pelo nosso testemunho, como Seus discípulos missionários.

Celebrando a Festa da Sagrada Família, quando ouvimos esta passagem, elevemos, de modo especial, orações por todos os pais e mães, para que, conduzidos pelo Espírito, pela palavra e pelo exemplo, sejam inesquecíveis e indispensáveis primeiros catequistas de seus filhos

Elevemos também orações por todos os padres, pelos religiosos e religiosas, para que, com o apoio e exemplo, com a palavra e a vida, ajudem nesta sagrada missão de santificar todas as famílias.

PS: Lecionário Patrístico Dominical - Editora Vozes - 2013 - pág. 546–547 

Que nossas famílias se espelhem na Sagrada Família (Sagrada Família - Ano C)

                                                     

Que nossas famílias se espelhem na Sagrada Família

Reflitamos sobre a Sagrada Família e multipliquemos esforços pela santificação de nossas famílias à luz das passagens bíblicas:  1 Sm 1,20-22.24-28;  Sl 83; 1 Jo 3,11-2.21-24; Lc 2, 41-52.

O espelho no qual a família deve se inspirar todos os dias, e imitar as suas divinas virtudesa Sagrada Família.

Uma rica citação da Exortação: A Missão da família cristã no mundo de hoje (1981), do Papa São João Paulo II:

“... Os esposos são, portanto, para a Igreja o chamamento permanente daquilo que aconteceu sobre a Cruz; são um para o outro, e para os filhos, testemunhas da salvação da qual o Sacramento os faz participar.

Deste acontecimento de salvação, o matrimônio como cada Sacramento, é memorial, atualização e profecia:

«Enquanto memorial, o Sacramento dá-lhes a graça e o dever de recordar as grandes obras de Deus e de as testemunhar aos filhos;

enquanto atualização, dá-lhes a graça e o dever de realizar no presente, um para com o outro e para com os filhos, as exigências de um amor que perdoa e que redime;

enquanto profecia, dá-lhes a graça e o dever de viver e de testemunhar a esperança do futuro encontro com Cristo...»” (n.13).

Enquanto memorial, o Sacramento do Matrimônio dá a graça e o dever aos pais de transmitirem a fé aos filhos, como primeiros catequistas que são.

Iniciá-los na caminhada de fé, buscando na Igreja os Sacramentos próprios. Tornar viva a memória a História da Salvação no coração dos filhos, de modo que seja perpetuada pelos filhos dos filhos, numa Catequese Permanente, da qual os pais também se inserem.

A família precisa ter no seu centro a Sagrada Escritura, e para ajudar a vivê-la, é preciso que tenha, conheça, aprofunde o Catecismo da Igreja Católica.

Enquanto atualização, tem a graça e o dever de ensinar e viver:
O Mandamento do Amor a Deus e ao próximo;

A supremacia da Eucaristia na mais bela comunhão das Mesas (da Palavra, da Eucaristia e do cotidiano);

Ter os mesmos sentimentos de Cristo Jesus, numa configuração total ao Senhor (Fl 2,5-11);

Vivenciar as virtudes da Sagrada Família tão iluminadoras para todo o tempo: acolhida, relacionamento, amor, doação, perdão, solidariedade, obediência e fidelidade ao Projeto Divino...

Enquanto profecia, a graça e o dever de serem testemunhas vivas de um mundo novo possível, que se consuma na eternidade, fazendo da família uma espécie de Igreja doméstica, em grande comunhão com a Igreja do Senhor.

Também empenhar-se para que a família seja uma experiência antecipada do céu, não obstante todas as dificuldades que possa viver. 

Bem se sabe que não há família perfeita ou sem problemas, porém vencendo as dificuldades e construindo relações sólidas de amor mútuo, é uma sinalização do céu que começa no tempo presente.

Reflitamos:

De que modo nossa família vive o Sacramento do Matrimônio, enquanto memorial, atualização e profecia?

Oremos:  

“Ó Deus, que nos deixastes um modelo perfeito de vida familiar
vivida na fé e na obediência à Vossa vontade na Sagrada Família,
Damo-Vos graças pela nossa família.

Concedei-nos a força para permanecermos unidos no amor,
na generosidade e na alegria de vivermos juntos.

Ajudai-nos na nossa missão de transmitir a fé
que recebemos de nossos pais.

Abri o coração dos nossos filhos
Para que cresça neles a semente da fé
Que receberam no Batismo.

Fortalecei a fé dos nossos jovens,
Para que cresçam no conhecimento de Jesus.

Aumentai o amor e a fidelidade em todos os casais,
Especialmente naqueles que atravessam sofrimentos
Ou dificuldades.

Derramai a Vossa graça e a Vossa Bênção
Sobre todas as famílias do mundo.

Unidos a José e a Maria,
Nós Vo-lo pedimos por Jesus Cristo
Vosso Filho, Nosso Senhor. Amém” (1)

Juntos, rezemos a Oração do Senhor:
Pai Nosso que estais nos céus...


(1) Oração do V Encontro Internacional das Famílias, Valência, julho de 2006 – citada no Leccionário Comentado – pág. 262 – Advento/Natal.

A sagrada missão da família (Sagrada Família - Ano C) (Homilia)

                                                     


A sagrada missão da família
 
Celebrar a Festa da Sagrada Família (ano C) é ocasião favorável, para refletirmos sobre o papel fundamental que tem a família no Plano de Salvação que Deus nos propõe.
 
A família é uma pequena Igreja e deve ter algumas características já encontradas nas famílias descritas em trechos do Antigo Testamento: paz, abundância de bens materiais, concórdia e a descendência numerosa, como sinais da bênção do Senhor.
 
Assim vemos na passagem da primeira Leitura (Eclo 3,3-7.14-17a): a obediência e o amor eram imprescindíveis no cumprimento da Lei; sinal e garantia de bênção e prosperidade para os filhos, mas também um modo de honrar a Deus nos pais, como encontramos no Livro do Êxodo (Ex 20,12) – “Honra teu pai e tua mãe”.
 
Os pais são instrumentos de Deus e fonte de vida, e como recompensa da prática deste Mandamento, os filhos obtêm o perdão dos pecados, a alegria, a vida longa e a atenção de Deus:
 
"Com razão se diz hoje que a família é o primeiro lugar da evangelização, provavelmente o mais decisivo.
 
Com efeito, é na família que a criança, mesmo muito pequenina, respira ao vivo a fé ou a indiferença.
 
Por aquilo que vê e vive, ela adverte se em sua casa - e na vida - há lugar para Deus ou não. Nota se a vida se projeta pensando só em si mesmos, ou também nos outros. Tudo isto para dizer que normalmente o modo de viver encontra as suas raízes na família.”  (1)
 
Na passagem da Carta de Paulo aos Colossenses (Cl 3,12-21), o Apóstolo, depois de apresentar Jesus Cristo como Aquele que nos faz homens e mulheres renovados, porque ocupa lugar proeminente na criação e redenção da humanidade, exorta sobre o novo modo de relacionamento na família, onde os esposos e os filhos cristãos vivem a vida familiar como se já vivessem na família do Pai Celeste.
 
Revestidos do “Homem novo”, as relações são marcadas pela misericórdia, bondade, humildade, doação, serviço, compreensão, respeito pelo outro, partilha, mansidão, paciência e perdão.
 
Com a passagem do Evangelho (Lc 2,41-52), refletimos sobre a Sagrada Família, a fim de que sejamos fortalecidos na multiplicação de esforços pela santificação de nossas famílias.
 
A fim de aprofundarmos sobre a missão da família retomemos a Exortação – “A Missão da família cristã no mundo de hoje” - Papa São João Paulo II:
 
“... Os esposos são, portanto, para a Igreja o chamamento permanente daquilo que aconteceu sobre a Cruz; são um para o outro, e para os filhos, testemunhas da salvação da qual o Sacramento os faz participar.
 
Deste acontecimento de salvação, o matrimônio como cada Sacramento, é memorial, atualização e profecia:
 
«Enquanto memorial, o Sacramento dá-lhes a graça e o dever de recordar as grandes obras de Deus e de as testemunhar aos filhos;
 
enquanto atualização, dá-lhes a graça e o dever de realizar no presente, um para com o outro e para com os filhos, as exigências de um amor que perdoa e que redime;
 
enquanto profecia, dá-lhes a graça e o dever de viver e de testemunhar a esperança do futuro encontro com Cristo...»” .(2)
 
Enquanto memorial, o Sacramento do Matrimônio dá a graça e o dever aos pais de transmitirem a fé aos filhos, como primeiros catequistas que são.
 
Iniciá-los na caminhada de fé, buscando na Igreja os Sacramentos próprios. Tornar viva a memória da História da Salvação no coração dos filhos, de modo que seja perpetuada pelos filhos dos filhos, numa Catequese Permanente, da qual os pais também se inserem.
 
A família precisa ter no seu centro a Sagrada Escritura, e para ajudar a vivê-la, é preciso que tenha, conheça, aprofunde o Catecismo da Igreja Católica.
 
Enquanto atualização, tem a graça e o dever de ensinar e viver:

- O Mandamento do Amor a Deus e ao próximo;
 
- A supremacia da Eucaristia na mais bela comunhão das Mesas (da Palavra, da Eucaristia e do cotidiano);
 
- Os mesmos sentimentos de Cristo Jesus, numa configuração total ao Senhor;
 
- As virtudes da Sagrada Família: acolhida, relacionamento, amor, doação, perdão, solidariedade, obediência e fidelidade ao Projeto Divino.
 
Enquanto profecia, a graça e o dever de serem testemunhas vivas de um mundo novo possível, que se consuma na eternidade, fazendo da família uma espécie de Igreja doméstica, em grande comunhão com a Igreja do Senhor.
 
Também empenhar-se para que a família seja uma experiência antecipada do céu, não obstante todas as dificuldades que possa viver. 

Bem se sabe que não há família perfeita ou sem problemas, porém vencendo as dificuldades e construindo relações sólidas de amor mútuo, é uma sinalização do céu que começa no tempo presente.
 
Reflitamos:
 
- De que modo nossa família vive o Sacramento do Matrimônio, enquanto memorial, atualização e profecia?
- Como santificamos e solidificamos nossas famílias em sua sagrada missão?
 
Oremos:  
 
“Ó Deus, que nos deixastes um modelo perfeito de vida familiar, vivida na fé e na obediência à Vossa vontade na Sagrada Família, damo-vos graças pela nossa família.

Concedei-nos a força para permanecermos unidos no amor, na generosidade e na alegria de vivermos juntos.
 
Ajudai-nos na nossa missão de transmitir a fé que recebemos de nossos pais.
 
Abri o coração dos nossos filhos para que cresça neles a semente da fé que receberam no Batismo.
 
Fortalecei a fé dos nossos jovens, para que cresçam no conhecimento de Jesus.
 
Aumentai o amor e a fidelidade em todos os casais, especialmente naqueles que atravessam sofrimentos ou dificuldades.
 
Derramai a Vossa graça e a Vossa Bênção sobre todas as famílias do mundo.
 
Unidos a José e a Maria, nós Vo-lo pedimos por Jesus Cristo Vosso Filho, Nosso Senhor. Amém” (3)
 
 
 
Fontes de pesquisa:
Missal Dominical, pp.100-101 e  www.dehonianos.org/portal
 
(1) Lecionário Comentado – Editora Paulus – Lisboa - Volume Advento Natal – 2011 - p.255
(2) Exortação a Missão da família cristã no mundo de hoje – Papa São João Paulo II – 1981 -  parágrafo n.13
(3) Oração do V Encontro Internacional das Famílias, Valência, julho de 2006 – citada no Leccionário Comentado – pág. 262 – Advento/Natal.

Adoremos a Luz das Nações

 


Adoremos a Luz das Nações

Ao celebrarmos a Festa da Sagrada Família, sejamos enriquecidos pelos escritos de São Cirilo de Alexandria (séc. V).

“Acabamos de ver ao Emanuel recostado em um presépio como um menino recém-nascido, envolto em panos conforme o costume humano, porém divinamente celebrado pelo santo exército dos anjos.

Serão eles os encarregados de anunciar aos pastores o Seu nascimento, pois Deus Pai concedeu aos espíritos celestes este altíssimo privilégio: serem os primeiros em anunciar a Cristo.

Também acabamos de ver hoje como Cristo Se submete às leis mosaicas; ainda mais, temos visto como Deus, o legislador, se submetia como um homem comum a suas próprias leis. Esta é a razão pela qual o sapientíssimo Paulo nos dá esta lição: Quando éramos menores estávamos escravizados pelo rudimentar do mundo. Porém, quando se cumpriu o tempo, enviou Deus a seu Filho, nascido de mulher, nascido debaixo da lei, para resgatar aos que estavam sob a lei.

Assim, Cristo resgatou da maldição da lei aos que estavam debaixo dela, porém não aos que eram observantes da lei. E como os resgatou? Cumprindo-a, ou, dito de outra forma, mostrando-Se e obediente em tudo a Deus Pai, a fim de reparar os pecados de prevaricação cometidos em Adão. Pois está escrito que assim como pela desobediência de um só homem todos foram estabelecidos como pecadores, assim também pela obediência de um só todos serão constituídos justos. Portanto, submeteu como nós a cerviz ao jugo da lei, e o fez por razões de justiça.

Convinha, na realidade, que Ele cumprisse toda a justiça. Pois ao assumir realmente a condição de servo, ficava, por Sua humanidade, inscrito no número dos súditos: pagou, como muitos, aos que cobravam o imposto das duas dracmas, e mesmo quando por Sua qualidade de Filho era naturalmente livre e isento do tributo.

Contudo, ao ver-lhe observar a lei, cuidado, não te escandalizes nem o classifique entre os servos, a Ele que é livre; esforça-te mais em penetrar a profundidade do plano divino. Ao cumprir-se, pois, os oito dias, em cuja data e por prescrição da lei era costume praticar a circuncisão da carne, impuseram-lhe um nome, e precisamente o nome de Jesus, que significa salvação do povo.

Tal foi, de fato, o nome que Deus Pai escolheu para Seu Filho, nascido de mulher segundo a carne. Pois foi certamente nesse momento, quando de maneira muito singular se levou a bom termo a salvação do povo: e não só de um povo, mas de muitos, ou melhor, de todas as nações e da universalidade da terra. Ao mesmo tempo foi circuncidado e lhe impuseram o nome, convertendo-Se Cristo realmente em luz que ilumina as nações e, ao mesmo tempo, em glória de Israel.

E embora existissem em Israel alguns injustos, obstinados e insensatos, apesar disso houve um resto que foi salvo e glorificado por Cristo. As primícias foram os discípulos do Senhor, cuja glória resplandece em todo o mundo. Outra glória de Israel é que Cristo, segundo a carne, procede de sua raça, se bem que, enquanto Deus, está acima de todos e é bendito pelos séculos. Amém.

Presta-nos, pois, um bom serviço o sábio Evangelista ao relatar-nos tudo o que por nós e para nós suportou o Filho feito carne, sem fazer pouco caso em assumir a nossa pobreza, a fim de que o glorifiquemos como Redentor, como Senhor, como Salvador e como Deus, porque a Ele, e, com Ele a Deus Pai, lhe é devida a glória e o poder, juntamente com o Espírito Santo pelos séculos dos séculos. Amém.” (1)

Contemplemos o indizível Mistério da Encarnação do Verbo, que veio para iluminar a humanidade que jazia nas trevas.

Veio, vem e virá sempre para iluminar nossos caminhos, porque Ele é a luz das nações que os profetas anunciaram, e o que era promessa, com a Encarnação do Verbo, torna-se realidade.

Mais tarde Aquele que se fez Menino numa manjedoura e no templo apresentado, dirá - “Eu sou a luz do mundo, quem me segue não andará nas trevas, nas terá a luz da vida” (Jo 8,12).

Que a Luz das Nações ilumine nossas famílias, para que cada vez mais sejam reflexo da Sagrada Família, na qual Ele, o menino Jesus, cresceu em sabedoria, em estatura e em graça diante de Deus e dos homens (cf. Lc 2,52).

  

(1) Lecionário Patrístico Dominical - Editora Vozes - 2013 - pp. 292-293


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