domingo, 21 de dezembro de 2025

Maria e José: confiança plena em Deus (IVDTAA)

                                                              

Maria e José: confiança plena em Deus

No quarto Domingo do Advento (ano A), ouvimos a passagem do Evangelho de Mateus (Mt 1,18-24), que nos fala do Mistério da Encarnação de Jesus, “Deus conosco”, que vem ao encontro da humanidade, com uma proposta de salvação para todos.

No entanto, é preciso acolher a salvação de coração e braços abertos deixando-se transformar por sua proposta.

Dediquemos especial atenção à participação de Maria e José neste Mistério do amor de Deus, ao Se encarnar entre nós, fazendo-Se um de nós, semelhante em tudo, exceto no pecado.

Contemplemos Maria:
“Maria calava, sofria e punha nas mãos de Deus a sua honra e as angústias por que José iria passar por sua causa; e Deus, que tinha revelado já a Isabel o mistério da concepção de Jesus, poderia igualmente vir a revelá-lo a José. De tudo isto fica para nós o exemplo de Maria e de José: não admitir suspeitas temerárias e confiar sempre em Deus”. (1)

Contemplemos São José, refletindo sobre o que nos dizem três santos da Igreja (São Bernardo, Santo Agostinho, e São João Crisóstomo, respectivamente):

“ São José  foi tomado dum assombro sagrado perante a novidade de tão grande milagre, perante a proximidade de tão grande mistério, que a quis deixar ocultamente… José tinha-se, por indigno…’”. (2)

- “A José não só se lhe deve o nome de pai, mas este é-lhe devido mais do que a qualquer outro. Como era pai? Tanto mais profundamente pai, quanto mais casta foi a sua paternidade… O Senhor não nasceu do germe de José. Mas à piedade e amor de José nasceu um filho da Virgem Maria, que era Filho de Deus”. (3)

- “Não penses que, por ser a concepção de Cristo obra do Espírito Santo, tu (José) és alheio ao serviço desta divina economia; porque, se é certo que não tens nenhuma parte na geração e a Virgem permanece intacta, não obstante, tudo o que pertence ao ofício de pai, sem atentar contra a dignidade da virgindade, tudo te entrego a ti, o pôr o nome ao filho. (…) Tu lhe farás as vezes de pai, por isso, começando pela imposição do nome, Eu te uno intimamente com Aquele que vai nascer”. (4)

Percebemos que nada foi tão simples e claro para Maria e José. E no diálogo e silêncio orante, souberam se abrir ao Mistério da ação divina, como mais expressivos modelos de confiança e abertura ao Plano da Salvação que Deus tinha para nós.

Vivendo este Tempo do Advento, temos a graça de rever nossa abertura aos planos e projetos que Deus tem para cada um de nós, e o quanto nos abrimos, em total confiança, para dele participar, como fizeram Maria e José.

Assim vivendo, nos preparamos melhor para celebrar o inaudito acontecimento da História: a Encarnação do Verbo, o Menino Deus, que vem ao nosso encontro para conosco caminhar, e não reduziremos o Natal à comemoração de um fato passado, mas um acontecimento que se dá todos os dias e nos renova para trilharmos caminhos de justiça, paz, vida, amor e luz.




Cremos na concepção virginal de Maria (IVDTAA)

                                                              


Cremos na concepção virginal de Maria

Na passagem do Evangelho de Mateus (Mt 1,18-24), que nos apresenta a origem de Jesus Cristo.

A título de aprofundamento, retomemos um parágrafo do Catecismo da Igreja Católica:

“Tem, por vezes, causado impressão o silêncio do Evangelho de São Marcos e das epístolas do Novo Testamento sobre a conceição virginal de Maria. Também foi questionado, se não se trataria aqui de lendas ou construções teológicas fora do âmbito da historicidade.

A isto há que responder: a fé na conceição virginal de Jesus encontrou viva oposição, troça ou incompreensão por parte dos não-crentes, judeus e pagãos (São Justino, Orígenes, Sacrosanctum Concilium n. 132, 270); mas não tinha origem na mitologia pagã, nem era motivada por qualquer adaptação às ideias do tempo.

O sentido deste acontecimento só é acessível à fé. que o vê no «nexo que liga os mistérios entre si» (Vaticano I), no conjunto dos mistérios de Cristo, da Encarnação até à Páscoa.

Já Santo Inácio de Antioquia fala deste nexo: «O príncipe deste mundo não teve conhecimento da virgindade de Maria e do seu parto, tal como da morte do Senhor: três mistérios extraordinários, que se efetuaram no silêncio de Deus».”  (1)

Concluamos professando nossa fé com o Credo Niceno constantinopolitano:

Creio em um só Deus,

Pai todo-poderoso,

Criador do céu e da terra,

de todas as coisas visíveis e invisíveis.

Creio em um só Senhor, Jesus Cristo,

Filho Unigênito de Deus,

nascido do Pai

antes de todos os séculos:

Deus de Deus,

Luz da luz,

Deus verdadeiro de Deus verdadeiro,

gerado, não criado,

consubstancial Pai.

Por Ele todas as coisas foram feitas.

E, por nós, homens,

e para a nossa salvação,

desceu dos Céus.

E encarnou pelo Espírito Santo,

no seio da Virgem Maria,

e se fez homem.

Também por nós foi crucificado

sob Pôncio Pilatos;

padeceu e foi sepultado.

Ressuscitou ao terceiro dia,

conforme as Escrituras;

E subiu aos Céus,

onde está sentado à direita de Deus Pai.

De novo há de vir, em sua glória,

para julgar os vivos e os mortos;

e o Seu reino não terá fim.

Creio no Espírito Santo,

Senhor que dá a vida,

procede do Pai e do Filho;

e com o Pai e o Filho

é adorado e glorificado:

Ele que falou pelos profetas.

Creio na Igreja

Una, Santa, Católica e Apostólica.

Professo um só batismo

para remissão dos pecados.

Espero a ressurreição dos mortos;

E a vida do mundo que há de vir.

Amém.


(1)         Catecismo da Igreja Católica – parágrafo n. 498

Contemplemos o Mistério da Encarnação do Verbo (IVDTAA)

                                                          

Contemplemos o Mistério da Encarnação do Verbo

Aprofundando o quarto Domingo do Advento (ano A), sejamos enriquecidos pelo Sermão do Venerável e Doutor da Igreja, São Beda (séc. VIII), em que nos fala do grande e insondável Mistério da Encarnação do Verbo no ventre de Maria:

“Em poucas palavras, porém cheias de realismo, o evangelista São Mateus descreve o nascimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo pelo qual o Filho de Deus, eterno antes do tempo, apareceu no tempo como Filho do Homem.

Conduzindo o evangelista à sucessão genealógica, partindo de Abraão até chegar a José, o esposo de Maria, e enumerar – conforme o modo costumeiro de narrar às gerações humanas – a totalidade seja dos genitores como dos gerados, e dispondo-se a falar do nascimento de Cristo, ressaltou a enorme diferença que existe entre Ele e os demais nascimentos: os outros nascimentos ocorrem através da união normal do homem e da mulher, enquanto que Ele, por ser o Filho de Deus, veio ao mundo através de uma virgem. E era conveniente sob todos os aspectos que Deus, ao decidir tornar-Se homem para salvar os homens, não nascesse senão de uma virgem, pois era impensável que uma virgem não gerasse a nenhum outro, senão a um que, sendo Deus, ela O gerasse como Filho.

Eis que, disse o profeta, a Virgem conceberá, e dará à luz um filhoe lhe porá o nome de Emanuel (que significa ‘Deus conosco’). O nome que o profeta dá ao Salvador, ‘Deus conosco’, indica a dupla natureza de Sua única Pessoa.

Na verdade, Aquele que é Deus nascido do Pai antes de todos os séculos, é o mesmo que, na plenitude dos tempos tornou-se, no seio materno, no Emanuel, isto é, em ‘Deus conosco’, porque Se dignou assumir a fragilidade de nossa natureza na unidade de Sua Pessoa, quando a Palavra se fez carne e habitou entre nós, quando de modo admirável começou a ser o que nós somos, sem deixar de ser o que era, assumindo de tal forma nossa natureza que não ficasse obrigado a deixar de ser o que Ele era.

Maria deu à luz, pois, a Seu Filho primogênito, isto é, ao Filho de Sua própria carne. Deu à luz Àquele que, antes da criação, nasceu Deus de Deus, e na humanidade, na qual foi criado, superava superabundantemente a toda criatura. E Ele lhe pôs, diz, o nome de Jesus.

Jesus é nome do filho que nasceu da Virgem; nome que significa – conforme a explicação angélica – que Ele salvaria o Seu povo de seus pecados. E Aquele que salva dos pecados salvará da mesma forma das corruptelas da alma e do corpo, que são sequelas do pecado.

A palavra ‘Cristo’ designa a dignidade sacerdotal ou régia. Na lei, tanto os sacerdotes como os reis eram chamados ‘cristos’ pela crisma, isto é, pela unção com o óleo sagrado: eram um sinal de alguém que, ao manifestar-se no mundo como verdadeiro Rei e Pontífice, foi ungido com o óleo de júbilo entre todos os seus companheiros.

Devido a esta unção ou crisma, é chamado Cristo; aos que participam desta unção, ou seja, desta graça espiritual, são chamados de ‘cristãos’. Que Ele, por ser nosso Salvador, nos salve de nossos pecados; enquanto Pontífice nos reconcilie com Deus Pai; na Sua qualidade de Rei; digne-se conceder-nos o Reino eterno de Seu Pai, Jesus nosso Senhor, que com o Pai e o Espírito Santo vive e reina e é Deus, por todos os séculos dos séculos. Amém.” (1)

O Sermão nos convida a contemplar e refletir sobre o grande e insondável Mistério da Encarnação do Verbo no ventre de Maria, mas também nos convida a refletir sobre a graça que recebemos de nos tornarmos “cristãos”.

Como cristãos que somos, seguidores de Jesus Cristo, somos ungidos, marcados, assinalados para a mais bela missão: a continuidade da missão de Jesus Cristo, cujo nascimento a poucos dias celebraremos.

Seja o Natal a Festa do Amor (o Espírito Santo), que veio ao encontro da humanidade por meio do Amado (Jesus Cristo), comunicador do pleno e infinito amor do Pai (o amante).

Natal é a Festa em que nos deixamos envolver, ou mergulhamos intensa e profundamente no amor de Deus, para deste amor sermos sinal e comunicadores.

Oremos:
Ó Deus de Amor e ternura, que por meio do Vosso Filho, nosso Salvador, sejamos salvos de nossos pecados, remidos pelo graça e ação do Santo Espírito.
Ó Deus de misericórdia e bondade, que por meio do Vosso Filho, nosso divino Pontífice, nos reconcilie convosco, e assim, vivamos relações mais humanas e fraternas.

Ó Deus onipotente e onipresente, que por meio do Vosso Filho Rei e Senhor de todos os povos; seja-nos concedida a graça da vinda do Vosso Reino, que é eterno e universal: Reino da verdade e da vida, Reino da santidade e da graça, Reino de justiça, do amor e da paz. Amém.

(1)         Lecionário Comentado – Editora Vozes – 2013 0 pp.32-33   

Natal: a luz do Menino Deus brilhará mais forte (IVDTAA)

                                                     

Natal: a luz do Menino Deus brilhará mais forte

Reflexão à luz da passagem do Evangelho de Mateus (Mt 1,18-24).

Trata-se de  um texto catequético, em que nos é apresentado Jesus, o Deus conosco, que, ao Se encarnar, traz à humanidade um Projeto de vida e salvação, e para tanto, Deus quis contar com a colaboração humana (Maria e José).

Temos a descrição cuidadosa da mensagem do Anjo, e da revelação de quem é Jesus:

- Ele vem de Deus, com origem divina, pois Maria está grávida por obra do Espírito Santo;

- Sua missão é a Salvação de toda a humanidade, como indica o Seu nome;

- Ele é o Messias de Deus, da descendência de Davi, como por séculos fora anunciado (aqui o papel preponderante de José, com a paternidade adotiva).

Vivamos o Tempo do Advento como a graça do encontro com Jesus e a acolhida de Sua Pessoa, Palavra e Projeto, que transforma a nossa vida, a fim de que celebremos e vivamos o verdadeiro Natal do Senhor, e que jamais seja o natal do consumismo, de troca de presentes apenas, ou refeições mais enriquecidas.

Mais que comemorar o Natal, celebremos o Natal do Senhor, aprendendo com Maria e José, que acolheram o Verbo e permitiram que Ele crescesse em tamanho, sabedoria e graça diante de Deus.

Que o sim de Maria e de José leve-nos a refletir sobre os “sins” que Deus espera de todos nós para que o Seu Projeto de amor, vida, luz e paz, chegue a todas as pessoas.

O verdadeiro Natal ocorrerá em nossa vida quando formos totalmente sim para Deus e Sua vontade, e se preciso for, rever nossos caminhos e projetos pessoais, colocando os Seus desígnios e vontade acima de nossas próprias vontades e caprichos.

Natal é a Luz de Deus que vem iluminar nossos caminhos obscuros, sobretudo quando vemos noticiários cotidianos em que a mentira, a maldade, o roubo, o desmando, a corrupção parecem prevalecer sobre as atitudes e pessoas de boa vontade. 

Advento: rejuvenescidos no Amor de Deus (IVDTAA)

                                                 

Advento: rejuvenescidos no Amor de Deus

Reflexão à luz da passagem do Evangelho de Mateus (Mt 1,18-24), em que somos convidados a intensificar a preparação desta Festa do Natal do Senhor, com conversão, renovação e fortalecimento de nossa fidelidade ao Senhor.

Urge a purificação de indesejáveis alianças com falsos deuses que não nos alcançam a verdadeira alegria, somente assim teremos a possibilidade de um Natal bem celebrado, como tão bem nos exortam os Profetas bíblicos.

É imperativo a eliminação destas alianças, pois a verdadeira alegria só pode vir da Fonte das fontes, a Fonte da plena alegria, Cristo Jesus. Não percamos tempo em renovar nossa aliança de amor e fidelidade com Deus. Ele toma a iniciativa e espera nossa resposta.

Na passagem do Evangelho vemos como  Deus gera Seu Filho, pelo orvalho do Espírito, no ventre de Maria. Uma vez gerado, acolhido, concebido, em vida doada no amor extremo de Cruz, e exaltado  por Sua gloriosa Ressurreição, nos reconciliará com Deus, fazendo-nos novas criaturas.       

Assim  é o Amor de Deus: gera a Fonte de amor - Jesus. Recria cada um de nós no Amor do Filho, por isto somos, d’Ele, amadas e preciosas criaturas... Em nós, faz morada pelo Espírito.

Cremos que não há Mistério mais belo e profundo a ser contemplado na Encarnação, Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus.

Como é belo o Natal quando não esvaziamos o seu conteúdo Pascal; quando não o reduzimos a um fato do passado, a imóveis imagens num presépio...

Contemplemos duas figuras exemplares do Evangelho: Maria e José. Por trás da aparente singeleza da narrativa do sim de ambos, evidencia-se a dramaticidade vivida, a angústia, o temor... Não marcados pela ausência divina, ao contrário, uma proximidade que arranca de Seus corações expressão de total confiança, um salto no escuro exigido pela fé para o reencontro com o esplendor da luz e da verdade. Entregam-se plenamente nas mãos de Deus, acolhem Seus desígnios que ultrapassam os limites humanos.

Maria e José, ainda que não compreendam os Mistérios e desígnios de Deus, confiam e não se contrapõem ao mesmo, exemplarmente mergulham na obscuridade do Mistério de Deus. E este é o grande convite de Deus para nós neste Natal: aceitar participar do Seu Plano de Salvação, não por nossos méritos, mas por Sua misericórdia.

A Salvação de Deus é possível, mas não dispensa nossa liberdade de resposta e participação.

Na escola de Maria e José aprendemos, a Deus, entregar todo nosso ser, nossa corporeidade, mente, espírito, tempo, fragilidade e nossa força na acolhida no mais profundo de nós, no presépio, mais ainda, na manjedoura de nosso coração Aquele que veio, vem e virá!

As atitudes e testemunhos de Maria e José convidam-nos a refletir sobre  quantas vezes titubeamos, tememos, oscilamos... A tibieza nos acompanha e ofuscamos o verdadeiro sentido do Natal, esvaziando-o de autêntico conteúdo, sobretudo quando marcado pelo consumismo, ceias que nada expressam, presentes que não são acompanhados de verdadeiro amor e carinho; cartões grafados sem a tinta imprescindível do Espírito; a tinta do amor...

Eis o que nos levará a uma autêntica devoção a Nossa Senhora e a seu justo e corajoso esposo José, aquele que tão bem soube cuidar da Fonte da Vida!

Que o Advento seja Tempo favorável de nos rejuvenescermos no amor de Deus, e assim no Natal saborearmos a alegria de nos doarmos aos irmãos, como tão bem fizeram Maria e José.

Deus vem ao nosso encontro... Abracemos com alegria esta proposta de Salvação. Fecharmo-nos a Deus, eclipsando-O de nossas vidas e negarmos Cristo, fará desaparecer o sentido e o valor da vida. A esperança dará lugar ao desespero, bem como a alegria sucumbirá dando lugar à depressão; afundaremos no lodaçal do pecado, da escuridão, do desamor, do rancor, da injustiça, da solidão... Desintegração pessoal, humano-afetiva, espacial e cósmica que trará funestas consequências, instaurando o caos indesejável, afastando-nos do sonho e desejo de Deus: o Reino, o reencontro do paraíso em passos firmes e certos para a plenitude do Seu amor – céu...

Diante do presépio, coloquemo-nos em adoração extática, e uma vez extasiados pela singeleza do mesmo, renovemos nossa fidelidade a Deus, revigoremo-nos no Banquete da Eucaristia; deixemo-nos iluminar pela Luz Divina que a Palavra resplandece...

Com Maria e José, aprendamos que a promessa da vinda do Salvador não foi uma promessa inócua, jamais realizada; aprendamos com eles que Deus promete, Deus cumpre, pois é próprio do amor de Deus cumprir Suas promessas. 

Com eles, busquemos a Salvação que se destina a todos, não por imposição, mas acolhida com amor e liberdade, maturidade e fidelidade. Depende do quanto, a ela, nos abrimos na acolhida do Verbo que em nós mais uma vez quer fazer morada...

Urge a preparação de um lugar digno para a presença do Deus Menino, no mais profundo de nós, do que nós de nós mesmos. Afinal, é próprio do amor de Deus querer habitar no coração daqueles que Ele ama!


Promessa, realização e participação (IVDTAC)

                                                         

Promessa, realização e participação
 
Promessa, realização e participação,
Contemplo na Liturgia do Advento
Quando o quarto Domingo celebramos.
 
O Profeta Miqueias anuncia a vinda da nossa Paz,
Esta é o próprio Jesus, nosso Salvador,
Que nasceria em Belém de Éfrata.
 
A promessa d’Aquele que dominaria Israel
E o povo jamais sentir-se-ia abandonado
Apascentaria com a força do amor.
 
Seu Reino de amor, verdade, justiça,
Fraternidade, liberdade, eterno e universal
Por toda a Terra se estenderia.
 
Promessa feita, que assim se cumpriu
Como nos diz o autor da Epístola aos Hebreus:
Eis que Ele veio para fazer a vontade de Deus.
 
Com a oferenda e sacrifício de Sua Vida
Nos resgatou, reconciliou e redimiu;
Por sua vontade livremente, santificados fomos.
 
Sacrifício realizado uma vez por todas,
Cuja Memória, em cada Eucaristia celebramos,
E deste Banquete de Vida Eterna participamos.
 
Mas para que a promessa se tornasse realidade
Deus quis contar com a  nossa participação
De modo notável, Maria sem comparação.
 
Com Seu sim, o Espírito nela agiu silenciosamente
E o Verbo em seu ventre concebeu divinamente:
A Luz do mundo, a Divina fonte da  Vida da Humanidade.
 
Promessa, realização e necessária participação
Contemplemos a visita de Maria, em sua visitação
Levando a sua prima, a alegria do Santo Espírito.
 
Trocam palavras de exultação que ressoam nos tempos
Com as crianças em seus ventres presentes:
Um o precursor, o outro o esperado Salvador.
 
Promessa, realização e participação:
Cada tempo estas palavras ganham conteúdo e forma.
Hoje é a nossa resposta que Deus espera.
 
Promessa, realização e participação
Tempo do Advento: tempo da vigilância,
Da conversão, da alegria, e de nossa prontidão.
 
Como Maria aprendamos, sem demora,
Prontamente nos pormos a caminho
Em santa viagem de amor, serviço e doação.
 
Dentro de poucas horas, nos reuniremos
Para celebrar inaudito acontecimento:
O Amor de Deus por nós, ainda que sem merecimento.
 
 
Liturgia do quarto domingo do Advento (ano C)
Mq 5,1-4a; Hb 10,5-10; Lc 1,39-45

PS: Apropriado para a Festa da Natividade d e Nossa Senhora

Ele está chegando... Alegremo-nos! (IVDTAC)

                                                              

Ele está chegando... Alegremo-nos!

A Liturgia do 4º Domingo do Advento (Ano C) em preparação do Natal do Senhor, convida-nos a refletir sobre o Projeto de Salvação e a fonte da verdadeira felicidade, com abertura do coração à ação do Espírito Santo, acorrendo ao encontro d’Aquele que vem nos comunicar vida, alegria e Salvação de Deus, o próprio Jesus, o Emanuel, o Deus conosco.

A divina fonte da felicidade veio ao mundo através de frágeis instrumentos nas mãos de Deus, como a Palavra nos revela.

A passagem da primeira Leitura (Mq 5,1-4a) nos fala da missão do Profeta Miqueias, que exerceu seu ministério em Judá, nos séculos VIII/VII a. C. 

Este Profeta vindo do meio campesino era conhecedor dos problemas dos pequenos agricultores, vítimas de latifundiários sem escrúpulos.

O Livro Sagrado retrata a grave situação em que vive o Povo de Deus, marcada pelo pecado social, infidelidade, sofrimento, frustração, desânimo.

Mas, também vem acompanhada da promessa messiânica, a vinda d’Aquele que vai restaurar a paz, a justiça e a vida abundante do Povo de Deus, numa palavra, felicidade plena.

Reflitamos:

- Quais são as realidades que retratam o sofrimento do povo hoje?
- O que pode e precisa ser transformado?

- Qual a nossa atitude: medo e conformismo ou coragem e profecia como o Profeta Miqueias?
- Percebemos a presença de Deus sempre preocupado conosco, e que nos indica a fonte da verdadeira felicidade: Jesus?

A passagem da segunda Leitura (Hb 10,5-10), escrita pouco antes do ano 70 por um autor anônimo, destina-se a uma comunidade constituída em sua maioria por cristãos vindos do judaísmo.

A marca desta comunidade, que tem fundação de maior tempo, é a perda do entusiasmo inicial, dando lugar a uma fé morna, sem compromissos com o próximo, e as dificuldades fazem provocam o desânimo, cansaço e o desvio da verdadeira doutrina.


O autor escreve para que esta retome a fé, reacenda o compromisso, num contínuo sacrifício de louvor, tendo o sacerdócio de Cristo como paradigma de toda a comunidade.

Jesus, que Se encarnou e Se entregou e foi fiel ao Projeto de Deus totalmente, é quem deve ser seguido, amado, adorado e imitado. Estas têm que ser as mesmas atitudes daqueles que O seguem.

Afinal, com Jesus inaugurou-se o Reino de amor e paz, e somos participantes desta construção, vivendo como Ele na obediência, fidelidade e disponibilidade, sendo como Ele o foi um sacrifício agradável ao Pai, vivendo um sim total e incondicional a Deus.

É preciso, portanto, despojar-se da acomodação, desesperança, apatia, indiferença e desânimo.

A passagem do Evangelho (Lc 1,39-47) faz parte do chamado “Evangelho da Infância de Jesus”. É uma “homologese” (gênero literário especial que não pretende ser um relato fidedigno sobre acontecimentos, mas antes uma catequese destinada a proclamar as realidades salvíficas que a fé prega sobre Jesus: que Ele é o Messias, o Filho de Deus, o Deus conosco). Em resumo é uma catequese sobre Jesus.

Nesta pequena passagem, três mensagens fundamentais:

- Jesus vem ao encontro da humanidade para redimi-la;

- Sua presença, fruto da ação do Espírito, provoca estremecimento incontrolável de alegria no coração dos que esperam a concretização das promessas divinas: alegria, vida, paz e felicidade;

- Vem ao encontro através da fragilidade e simplicidade dos pobres, que se constituem instrumentos de Deus para a realização da salvação e libertação da humanidade.

É necessário estremecer de alegria, porque somos portadores do Verbo que Se fez e Se faz Carne em nosso coração. Belém é aqui e agora, que acolhe o Salvador para se tornar uma alegre notícia de vida para os empobrecidos.

A luz brilhará nas trevas para os corações que temem a Deus!

Nascerá o Salvador no coração dos que amam e que anseiam pela paz e vida plena.

Acolher e anunciar a proposta de Jesus é o verdadeiro sentido do Natal que vamos celebrar. Demos mais um passo...

Ainda é tempo! Que o pouco tempo que nos separa da Noite do Natal seja marcado pelo silêncio, revisão e preparação do que ainda for preciso.

Ainda é tempo! Mais do que árvores de Natal, amigos secretos, pisca-pisca, ceias fartas, é preciso que nosso coração esteja totalmente limpo, aberto para a acolhida do Verbo que Se fez e Se faz carne sempre, para ficar conosco em qualquer circunstância.

É próprio de quem ama não se separar daquele que se ama. Sendo assim, Deus não Se separa de nós porque nos ama, ainda que não O amemos bastante.

Reflitamos:

- Qual a boa Nova que anunciamos aos pobres?
- Nosso modo de viver revela que nos preparamos para acolher o Verbo que quer fazer morada em nosso coração?

- Quais foram os esforços de conversão, mudança radical de pensamentos, atitudes em nossa vida em todos os seus âmbitos?

- Procuramos o Sacramento da Penitência para nos reconciliar com Deus e com os irmãos e irmãs, experimentando a alegria da misericórdia e do perdão divinos?

- Urge um cristianismo mais alegre e contagiante, experimentado e testemunhado na fragilidade de Maria, de Isabel e de tantos outros. Deste modo, somos instrumentos da mensagem de alegria ou instrumentos fúnebres do Evangelho?

Que o Natal seja a Festa de maior intensificação e correspondência ao Amor indizível, infinito, incompreensível de Deus.

Ainda é tempo...

PS: Oportuno para celebrarmos a Festa da Natividade da Bem-Aventurada Virgem Maria celebrada dia 08 de setembro, quando se proclama a passagem do Livro de Miqueias.

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