sábado, 22 de novembro de 2025

Espírito Santo: “Fogo Devorador”

                                                         

Espírito Santo: “Fogo Devorador”

Contemplo-Te, Espírito Santo, que subvertes os planos humanos, como o fizestes em relação aos planos do Apóstolo Paulo, que deu tudo de si a serviço do Evangelho, a fim de que Jesus Ressuscitado fosse conhecido, amado e acreditado em todas as nações.

Contemplo-Te, “Fogo devorador”, que entras na vida de cada um de nós e não deixas para nós nenhum ângulo ou qualquer dobra do nosso espírito sem o esplendor de Tua Luz Divina, que ilumina e nos conduz em passos mais firmes e seguros em meio às obscuridades da vida.

Contemplo-Te e Te adoro, porque me transpassas pelo Teu Fogo que jamais se apaga, e me purifica, tornando-me transparente à Palavra Encarnada, Jesus Cristo, em plena fidelidade no testemunho do Reino de amor e vida do Pai, que a todos cria e recria por amor.

Contemplo e Te adoro presente na Eucaristia, o Pão da Eternidade, Pão Vivo descido do céu, pão de imortalidade, antídoto para que não morramos, destruindo nossos pecados, enriquecendo-nos com todas as virtudes, e enriquecendo nossa alma com todos os dons (1).

Contemplo e Te adoro, presente na Eucaristia, que é verdadeiramente um pedaço do céu que se abre, e os raios de glória da Jerusalém Celeste atravessam as nuvens da história e vem iluminar nossos caminhos (2), e assim as trevas se tornam claras como a luz do dia. Amém.

Fonte Atos dos Apóstolos (At 22,30; 23,6-11)
(1) Santo Tomás de Aquino
(2) Papa São João Paulo II

A consolação divina

                                                        

A consolação divina

“Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai das misericórdias e Deus de toda consolação” (2 Cor 1,3)

Jesus assim nos falou no Sermão da Montanha ao nos apresentar a terceira Bem-aventurança: “Bem-aventurados os aflitos, porque serão consolados” (Mt 5, 5).

Esta Bem-Aventurança nos remete ao Apóstolo Paulo (2 Cor 1,1-7), na qual ele nos fala de Deus como “o Pai das misericórdias e Deus de toda consolação” (2 Cor 1,3).

Acompanhado de uma bênção, o Apóstolo agradece a Deus que “gratifica com as Suas consolações àqueles que estão aflitos por causa do Evangelho, para que eles sejam por sua vez anunciadores da consolação” (vv.3-7). (1)

Em poucos versículos menciona nada menos do que dez vezes a palavra “consolação”. Esta consolação consiste na “libertação interior” diante da dor, com a certeza da presença do Pai de misericórdia que sustenta a quem sofre, e assim “o sofrimento é embebido de amor e serenidade”. (2)

O Apóstolo tendo experimentado a misericórdia e bondade divinas, aprendeu a ser também instrumento destas para com seus irmãos: “Paulo agradece a Deus não só porque foi consolado, mas porque agora sabe como consolar”. (3)

Da mesma forma, como discípulos missionários do Senhor, haveremos de comunicar aos outros a experiência de amor vivida em relação ao próximo: “A experiência é convincente, porque transmite alguma coisa de vivo, de pessoal”. (4)

Deste modo, suportar com maturidade e confiança o sofrimento com Cristo, permite que aprofundemos a solidariedade e alcancemos a promessa da consolação que nosso Senhor fez, e sejamos bem-aventurados.

Ressoe também o Salmo 33, com seu refrão que, por vezes, retomamos na Celebração da Ceia Eucarística, ao apresentar o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo: “Provai e vede quão suave é o Senhor!”.


(1) Lecionário Comentado – Tempo Comum – volume I – Editora  Paulus – Lisboa – p.479
(2) (3) (4) Missal Cotidiano – Editora  Paulus – p.874 

Em poucas palavras...

                                                      

Os frutos da caridade

“Os frutos da caridade são: a alegria, a paz e a misericórdia; exige a prática do bem e a correção fraterna; é benevolente; suscita a reciprocidade, é desinteressada e liberal: é amizade e comunhão:

‘A consumação de todas as nossas obras é o amor. É nele que está o fim: é para a conquista dele que corremos; corremos para lá chegar e, uma vez chegados, é nele que descansamos’ (Santo Agostinho)”.(1)  

 

(1) Catecismo da Igreja Católica n. 1829

“Creio na vida eterna”

                                                     

“Creio na vida eterna”

“Com muita propriedade se põe a consumação de todos os nossos desejos, a vida eterna, no final do Símbolo dado aos fiéis, dizendo: ‘Na vida eterna. Amém’.

Em primeiro lugar, a vida eterna une-nos a Deus. Pois Deus mesmo é o prêmio e a consumação de nossos esforços todos: Eu sou teu protetor e tua imensa recompensa (Gn 15,1). Esta união consiste na visão perfeita: Vemos agora como por espelho, em enigma; depois, face a face (1Cor 13,12).

Comporta ainda o máximo louvor, segundo o Profeta: Gozo e alegria nela haverá, ação de graças e voz de louvor (Is 51,3).

E também a perfeita satisfação do desejo, porque lá cada bem-aventurado terá muito além do desejado e esperado. A razão está em que, nesta vida, ninguém pode contentar perfeitamente seu desejo, e criatura alguma sacia o anseio do homem; só Deus o sacia e o excede infinitamente. Por isto, o ser humano não descansa senão em Deus. Santo Agostinho disse: ‘Tu, Senhor, nos fizeste para ti e inquieto está nosso coração enquanto não repousa em ti’.

Já que, na pátria, os santos possuirão a Deus perfeitamente, é evidente que seu desejo será saciado e ainda a glória o excederá. Assim diz o Senhor: Entra no gozo de teu Senhor (Mt 25,21). Agostinho diz por sua vez: ‘O gozo inteiro não entrará nos que se alegram, mas os que se alegram entrarão inteiros nesse gozo. Sereis saciados quando aparecer tua glória’; e outra vez: ‘Quem cumula de bens teu desejo’.

Quanto há de delicioso, tudo ali está com superabundância. Se procuramos delícias, lá haverá o máximo e perfeitíssimo prazer, porque brotando do sumo bem, de Deus: Delícias a tua destra para sempre (Sl 15,11).

Consiste ainda na suave companhia de todos os santos; sociedade agradável a mais não poder, porque cada um terá, em companhia de todos os bem-aventurados, todos os bens. Um amará o outro como a si mesmo, então se alegrará com o bem do outro como se fosse próprio. O que terá por resultado que crescerá a alegria e o gáudio de um, na medida do gáudio de todos”.

Na vida eterna, portanto, seremos saciados quando o Senhor aparecer em Sua Glória.

Por ora, continuemos o peregrinar da fé, rumo à eternidade, construindo relações fraternas entre nós, vivendo o Mandamento do amor a Deus e ao próximo, essência da fé cristã, que nos credencia e nos prepara para a eternidade, a plenitude do amor e da comunhão, com Deus e todos os anjos e santos.

Peregrinando longe do Senhor, aos nossos olhos, mas tão perto de nós, mais do que nós de nós mesmos, como também falou Santo Agostinho, edifiquemos nossas comunidades e a própria existência, fortalecendo os pilares de nossa vida cristã, como vemos expressas nas Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (2019-2023): pilares da Palavra, do Pão da Eucaristia, da Caridade e da Ação Missionária.

PS: Oportuno para reflexão da passagem do Evangelho de Lucas (Lc 20,27-40)

O enigma da dor e da morte

                                                            

O enigma da dor e da morte

“Creio na Ressurreição da carne, na vida eterna”

Reflitamos sobre o Mistério da morte, à luz da Constituição Pastoral “Gaudium et spes” sobre a Igreja no mundo de hoje (n.18-22), do Concílio Vaticano II (séc. XX).

A morte, o enigma da condição humana, chega ao seu ápice:
“Em face da morte, o enigma da condição humana atinge o seu ponto máximo. O homem não apenas é atormentado com a dor e o progressivo declínio do corpo, mas com muito maior força pelo temor da destruição perpétua. Pelo acertado instinto de seu coração, afasta com horror e rejeita a ideia da total ruína e da morte definitiva de sua pessoa”.

Nada pode garantir a perenidade da vida de uma pessoa, nem mesmo a técnica:
"A semente de eternidade que traz em si, irredutível à pura matéria, insurge-se contra a morte. Todas as conquistas da técnica, por mais úteis que sejam, não conseguem acalmar a angústia humana, pois o prolongamento biológico da vida não pode satisfazer o desejo inelutavelmente presente em seu coração de viver sempre”.

Fomos criados para um fim feliz, no entanto, o pecado e a morte irromperam por nossa culpa:
“Já que diante da morte toda imaginação fracassa, a Igreja, instruída pela Revelação, afirma ter sido o homem criado por Deus para uma finalidade feliz, para além dos limites da miséria terrena. E não só, mas a fé cristã ensina que a morte corporal, que lhe seria poupada se não houvesse pecado, será vencida quando o homem recuperar a salvação, perdida por culpa sua, pelo onipotente e compadecido Salvador”.

Pela da Morte e Ressurreição de Jesus, fomos libertos da morte e introduzidos na plena comunhão divina:
“Com efeito, Deus chamou e continua a chamar o homem a aderir com sua natureza integral à perpétua comunhão na incorruptível vida divina. Cristo conseguiu esta vitória, libertando o homem da morte por meio de Sua morte e ressurgindo para a vida”.

Pela fé, abre-se a possibilidade da contemplação da vida futura, na qual podemos alcançar:
“Para quem reflete, a fé baseada em sólidos argumentos oferece uma resposta a sua ansiedade sobre a sorte futura”.

A fé na Ressurreição e a Comunhão dos Santos (que estão na glória eterna) que professamos:
“Ao mesmo tempo dá a possibilidade de comunicar-se com os caros irmãos já arrebatados pela morte em Cristo, despertando a esperança de possuírem eles, desde agora, a verdadeira vida junto de Deus”.

Os cristãos e todos de boa vontade, têm que lutar contra o mal, tribulações e aceitar a morte no Mistério Pascal, não tendo ela a palavra última:
“Certamente incumbe ao cristão o dever urgente de lutar contra o mal através de muitas tribulações e de aceitar a morte; mas unido ao mistério pascal, configurado à morte de Cristo, firme na esperança, chegará à ressurreição.

Tudo isto vale para os cristãos e também para todos os homens de boa vontade em cujos corações a graça age invisivelmente”.

A ação do Espírito Santo nos une ao Mistério Pascal de Jesus, na realização de nossa vocação divina:
“Tendo, pois, Cristo morrido por todos, e sendo uma só a vocação última do homem, isto é, a divina, devemos afirmar que o Espírito Santo oferece a todos a possibilidade, de modo só conhecido por Deus, de se associarem ao Mistério Pascal”.

Em Cristo, ilumina-se o enigma da dor e da morte:
“De tal valia e tão grande é o mistério do homem, que se esclarece pela Revelação cristã aos fiéis. Por conseguinte, por Cristo e em Cristo, ilumina-se o enigma da dor e da morte que, fora de Seu Evangelho, nos esmaga”.

Cremos em Jesus Cristo, que morreu e por Deus foi Ressuscitado e está sentado à direita de Deus. Juiz é Senhor da História, Rei do Universo, e por Seu Espírito, podemos clamar a Deus como Pai:
“Cristo Ressuscitou, por sua morte destruiu a morte e deu-nos a vida para que, filhos no Filho, clamemos no Espírito: Abá, Pai!”.

Crer no Mistério da Fé, na Ressurreição de Jesus, dá um novo sentido para a existência humana e seu fim último, a vida eterna, passando necessariamente pela morte.

A fé na Ressurreição do Senhor abre sempre novas perspectivas para quem crê n’Ele, em premente atitude de resistência a dor e a morte, num encantamento pela vida, com sagrados compromissos com a Boa-Nova do Reino, para que tenhamos vida plena desde já, e, um dia, eternamente na glória dos céus.

Concluo professando a fé, à luz do Símbolo Niceno-constantinopolitano:

“Creio em um só Deus, Pai todo-poderoso, criador do céu e da terra, de todas as coisas visíveis e invisíveis. Creio em um só Senhor, Jesus Cristo...”

PS: Oportuno para reflexão da passagem do Evangelho de Lucas (Lc 20,27-40)

“Creio na Ressurreição da Carne”

“Creio na Ressurreição da Carne”

A morte morrerá em Vossa morte, 
assim cremos, Senhor.
Vós, o Verbo de Deus, que tudo vivifica,
Que assumistes a carne, 
restituístes à carne o seu próprio bem:
 a vida e vida plena e eterna.

Vós que estabelecestes com ela uma comunhão indizível,
e a tornastes fonte de vida.
Vós que repelistes a morte de todos nós
que estávamos sujeitos à corrupção e destruição eterna.

Vós, Senhor, com Vossa Morte, 
tivestes força Para eliminá-la eternamente.
E crendo e vivendo em Vós,
Viveremos eternamente junto de Vós.
Amém. 
Aleluia! 

PS: Oportuno para reflexão da passagem do Evangelho de Lucas (Lc 20,27-40)

“Creio na Ressurreição da carne, na vida eterna...”


 

“Creio na Ressurreição da carne, na vida eterna...”

Reflexão da passagem do Evangelho de São João (Jo 12,20-33), proclamado no quinto Domingo da Quaresma, à luz do Sermão escrito por São João Crisóstomo (séc. IV).

“O que significa: Se o grão de trigo não cai na terra e não morre?  Ele fala da crucificação. Para que não se perturbassem ao ver que Ele condenava a morte, justamente quando os gentios se aproximavam d’Ele, lhes diz: ‘É precisamente isto que os fará vir a mim; isto é o que estenderá o anúncio’.

Em seguida, como não conseguia persuadi-los totalmente com as Suas palavras, os estimula colocando-lhes diante da experiência e lhes diz: ‘O mesmo acontece com o trigo, que quando morre aí é que frutifica; Se nas sementes acontece isso, muito mais acontecerá em mim’.

Porém, os discípulos não entenderam Suas palavras. E o evangelista repete com frequência este dado, para escusá-los, visto que se dispersarão. Também Paulo fez alusão ao grão de trigo quando falou da ressurreição.

Que desculpa terão os que não creem na ressurreição? Porque cada dia podemos vê-la nas sementes, nas plantas e nas gerações humanas. Primeiro é necessário que a semente se corrompa, para que a partir disso ocorra a brotação.

Falando de forma geral, quando é Deus quem realiza algo, não se necessitam explicações. Como Ele nos criou do nada? Isto eu digo aos cristãos que professam crer nas Escrituras. Porém, acrescentarei algo mais do raciocínio humano.

Alguns homens são maus; outros são bons. Dos que são maus, muitos chegaram à idade avançada com prosperidade, enquanto que aos bons lhes aconteceu tudo ao contrário. Então quando, em que momento cada um receberá o que merece? Tu insistes dizendo: ‘Sim!, porém os corpos não ressuscitam’.

Estes não ouvem a Paulo que diz: ‘E necessário que o corruptível se revista de imortalidade. Ele não fala da alma, pois a alma não é corruptível; e a ressurreição é própria de quem morreu; e é o corpo que morreu.

Mas por que não admites a ressurreição da carne? Será, por acaso, impossível pra Deus? Afirmá-lo seria recorrer o extremo da necessidade. Mas não convém? Por que não convém que este elemento corruptível, que padeceu os sofrimentos e a morte, participe das coroas?

Se não conviesse, nos princípios nem sequer teria sido criado o corpo. Nem Cristo teria assumido nossa carne. Porém, Ele de fato a assumiu e ressuscitou, ouve como ele mesmo o afirma: Coloca aqui teus dedos e vede que os espíritos não têm carne nem ossos.

Por que ressuscitou a Lázaro desta forma, se era melhor ressuscitar sem corpo? Por que colocou a ressurreição no número dos milagres e dos benefícios? Por que para a ressuscitada lhe proporcionou alimentos?

Em consequência, caríssimos, que os hereges não vos enganem. Existe a ressurreição, existe o juízo. Os negam todos os que não querem dar conta de suas obras. É necessário que a ressurreição seja como foi a de Cristo. Ele é primícia e o primogênito dentre os mortos.” (1)

A fé na Ressurreição é o mistério central da nossa fé, que nos move em todos os momentos, sobretudo nos momentos adversos, e o cume deles, a morte.

Crer no Mistério da Fé, na Ressurreição de Jesus, dá um novo sentido para a existência humana e seu fim último, a vida eterna, passando necessariamente pela morte.

Crer na Ressurreição do Senhor, como rezamos ao professar a fé, abre sempre novas perspectivas para quem crê n’Ele, em premente atitude de resistência a dor e a morte, num encantamento pela vida, com sagrados compromissos com a Boa-Nova do Reino, para que tenhamos vida plena desde já, e, um dia, eternamente na glória dos céus.

Crendo na Ressurreição, empenhemo-nos para que um dia também possamos nos céus, com aqueles que nos antecederam, nos encontrarmos, na plenitude do Amor Trinitário com todos os anjos e santos. Amém.

Renovemos em nós a graça batismal, e, assim, vivamos o tempo presente com inadiáveis e santos compromissos com a vida e sua sacralidade, e professemos nossa fé, à luz do Símbolo Niceno-Constantinopolitano:

“Creio em um só Deus, Pai todo-poderoso, criador do céu e da terra, de todas as coisas visíveis e invisíveis. Creio em um só Senhor, Jesus Cristo...”

 

 

(1) Lecionário Patrístico Dominical - Editora Vozes - 2013 - pp.321-322




PS: Oportuno para reflexão da passagem do Evangelho de Lucas (Lc 20,27-40)

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