terça-feira, 28 de outubro de 2025

Contemplamos o Mistério Pascal

                                                         

Contemplamos o Mistério Pascal

Uma reflexão à luz da passagem da Carta de Paulo aos Romanos:

– “A Palavra está perto de ti, em tua boca e em teu coração, Essa Palavra é a Palavra da fé, que nós pregamos. Se, pois, com tua boca confessares Jesus como Senhor e, no teu coração, creres que Deus o ressuscitou dos mortos, será salvo. É crendo no coração que se alcança a justiça e é confessando a fé com a boca que se consegue a salvação” (Rm 10,8b-10).

Jesus Cristo, Aquele que foi transpassado pela lança, morto na Cruz, por amor de nós e pela nossa redenção vive para sempre glorioso,  sentado à direita do Pai, e, no fim dos tempos, virá nos julgar.

A Ele, Jesus Cristo Ressuscitado, Princípio e fim, toda honra, glória e louvor por toda a eternidade. Ele que:

- Curava as feridas de nossa alma e sempre nos curará, pois nada pode impedir a ação curativa de Seu Divino Amor e poder;

- Chamou a muitos pelo nome e continuará nos chamando;

- Promoveu a paz, e fez dos Seus discípulos também dela promotores,  ao enviá-los em missão;

 - Multiplicou os pães, saciando a fome da multidão, ensinando que o gesto de amor e partilha gera um mundo novo, e em cada Eucaristia, esta lição nos deu;

- Ressuscitou o filho da viúva de Naim, Lázaro, Seu amigo e também todo aquele que n’Ele viver e crer;

- Acolheu os pecadores e comunicou o perdão, destruindo o pecado, renovando a vida do pecador por Sua misericórdia, e conosco, sobretudo pelo Sacramento da Penitência, alcançando -nos, o divino perdão;

- Deu a Sua vida por amor a nós e nos ensinou o mesmo a fazer, e ao mundo, este amor e doação os discípulos também haverão de fazer;

- Amou e perdoou Seus inimigos, e o mesmo, espera que façamos em todo tempo e lugar;

- Amou-nos e nos viu para além das nossas aparências, e espera que também tenhamos sempre novos olhares de ternura, perdão, solidariedade e misericórdia;

- Suportou todas as dores, angústias, traições, abandono, despojamento, aniquilamento, mas pelo Pai glorificado; e diante d’Ele todo joelho se dobrará e toda língua proclamará que Ele é o Senhor.

Contemplamos o Mistério Pascal:

- E renovemos nossa fé na Ressurreição do Senhor, que regenera continuamente a nossa fé e a nossa experiência de fé cristã;

- Acolhendo na fé Deus Pai, que Se dá a nós pelo Cristo Ressuscitado e no Espírito presente em nossos corações;

- E sejamos envolvidos por este movimento intenso, imenso e profundo de amor, para viver a vida nova dos que professam com os lábios e creem com o coração, e assim, obteremos a salvação;

- Multiplicando pequenos e grandes gestos de amor que Deus multiplicou e haverá de multiplicar sempre.

Amém. Aleluia! 

Em poucas palavras...

                                                


A esperança nossa de cada dia, nos dai hoje

“A esperança cristã manifesta-se, desde o princípio da pregação de Jesus, no anúncio das Bem-Aventuranças.

As Bem-Aventuranças elevam a nossa esperança para o céu, como nova terra prometida e traçam-lhe o caminho através das provações que aguardam os discípulos de Jesus.

Mas, pelos méritos do mesmo Jesus Cristo e da sua paixão, Deus guarda-nos na «esperança que não decepciona» (Rm 5, 5). A esperança é «a âncora da alma, inabalável e segura» que penetra [...]«onde entrou Jesus como nosso precursor» (Hb 6, 19-20).

É também uma arma que nos protege no combate da salvação: «Revistamo-nos com a couraça da fé e da caridade, com o capacete da esperança da salvação» (1 Ts 5, 8).

Proporciona-nos alegria, mesmo no meio da provação: «alegres na esperança, pacientes na tribulação» (Rm 12, 12). Exprime-se e nutre-se na oração, particularmente na oração do Pai-Nosso, resumo de tudo o que a esperança nos faz desejar.” (1)

 

(1) Parágrafo do Catecismo da Igreja Católica – n.1820

Peregrinar na penumbra da fé

                                                               

Peregrinar na penumbra da fé

“Festejamos a cidade do céu, a Jerusalém do alto,
nossa mãe, onde nossos irmãos, os Santos,
Vos cercam e cantam eternamente o Vosso louvor.
Para esta cidade caminhamos pressurosos,
peregrinando na penumbra da fé”

Assim rezamos no Prefácio da Missa de todos os Santos e retomamos para reflexão.

Temos um desejo, temos uma esperança: participar da Jerusalém do alto, nossa mãe. Cidade celestial precedida pela cidade terrena onde nos encontramos, ainda nos preparando e capacitando para tal, tornando o mundo mais justo, fraterno, mais conforme os desígnios de Deus. Existimos, caminhamos comprometidos, esperando um novo céu e uma nova terra.

Professamos pela fé a “comunhão dos santos”. Cremos que junto de Deus está uma multidão (144 mil); todos aqueles que lavaram e alvejaram as vestes no Sangue do Cordeiro, como nos anunciou o autor do Apocalipse. De roupa branca, com palmas na mão, vitoriosos porque professaram a fé no Cordeiro, Aquele que Venceu a morte, a quem damos toda honra, glória, louvor e poder.

Cantam louvores nos céus, porque também cantaram enquanto no nosso meio. Cantaram na esperança, hoje cantam na presença. Contemplam o que desejaram ver, alcançaram o que buscaram: o prêmio, a coroa que para o justo é reservada, porque combateram o bom combate da fé; intrépidos, confiantes, com a força, presença e ação do Santo Espírito.

Nós, por enquanto, caminhamos pressurosos, na penumbra da fé. Empenhados, ansiosos, desejosos de a mesma graça alcançar. Peregrinamos na penumbra, entre a luz e a sombra, na verdade acolhida, acreditada, anunciada, testemunhada.

Embora na penumbra caminhemos,
Temos a Luz que nos guia, para que não nos percamos nesta longa via.

Peregrinamos na penumbra da fé,
Entregando-nos confiantemente nas mãos de Deus, fazendo o grande mergulho em Sua bondade, amor, ternura.

Na penumbra da fé,
Com renúncias permanentes necessárias, carregamos nossa cruz para Segui-Lo; felizes, porque assim Ele mesmo disse a Tomé: "Porque viste, creste. Felizes os que os que jamais viram, e creram!" (Jo 20,29).

Vamos caminhando na penumbra da fé,
Até que possamos contemplar a Luz Plena nos céus e a Sua Eterna Divina Fonte, na maravilhosa comunhão da Trindade Santíssima que nos criou, redimiu.

Por ora, na penumbra da fé,
Cremos que dela viemos, nos movemos e somos, e um dia, com a morte/passagem voltaremos, porque temos em nós a semente da eternidade.

Deus em nós habita, somos obras de Suas mãos, Sua morada. Assim cremos. Amém.

Em poucas palavras...

                                                          


 

   “Um santo...”

        “Um santo é um pecador de quem Deus teve misericórdia” (1)

 

 

(1)Essa frase é frequentemente atribuída a Santo Agostinho. 


“Presença universal”

                                                     

“Presença universal”

Ao celebramos a Solenidade de todos os Santos, ouvimos a passagem do Evangelho de Mateus (Mt 5,1-12a), em que Jesus nos apresenta as Bem-Aventuranças, no alto da montanha.

Para reflexão e aprofundamento, e para bem celebrarmos, sejamos enriquecidos por este “Salmo” de Benjamin Gonzáles Buelta:

 

“Presença universal

Te anuncias na Palavra

e apareces no silêncio.

Manifestas Teu amor no dom da vida,

esgotas Tua entrega no dom de Tua morte.

És deslumbrante no prodígio do dia,

nos fascinas no mistério da noite.

O cume de Tua criação são os homens mais santos,

e de Tua fidelidade, os homens mais perversos.

Expressão de Tua força libertadora, os oprimidos,

e de Tua paciência e respeito os opressores.

Inesgotável artista em todo o belo,

presença calada e forte no disforme.

Tuas possibilidades sem fim nos assinalam os gênios,

Teu questionamento solidário os homens quebrados.

Só nos revelarás Tua obra quando haja girado toda a história, / mas já podes iluminar de plenitude a fugacidade do instante.

Tu nos chamas sem fim desde o horizonte,

nos enches de Tua presença em cada canto do caminho.

Nunca Te agarrarei na cobiça da perfeição,

mas já transbordas de luz e futuro todo o meu limite.” (1)

 

 

(1) Benjamin González Buelta - “Salmos para sentir e saborear as coisas internamente” 

Em poucas palavras...

 


A Ressurreição de Cristo

“A Ressurreição de Cristo não foi um regresso à vida terrena, como no caso das ressurreições que Ele tinha realizado antes da Páscoa: a filha de Jairo, o jovem de Naim e Lázaro. 

Esses fatos eram acontecimentos milagrosos, mas as pessoas miraculadas reencontravam, pelo poder de Jesus, uma vida terrena «normal»: em dado momento, voltariam a morrer.

A Ressurreição de Cristo é essencialmente diferente. No seu corpo ressuscitado, Ele passa do estado de morte a uma outra vida, para além do tempo e do espaço. 

O corpo de Cristo é, na ressurreição, cheio do poder do Espírito Santo; participa da vida divina no estado da sua glória, de tal modo que São Paulo pode dizer de Cristo que Ele é o «homem celeste» (1 Cor 15,35-50).”(1)

 

(1) Catecismo da Igreja Católica – parágrafo n. 646

Lavemos nossas vestes no Sangue do Cordeiro

Lavemos nossas vestes no Sangue do Cordeiro

A Solenidade de Todos os Santos nos convida a viver intensamente a realidade mais profunda e misteriosa da Igreja, que ainda peregrina na terra (Igreja militante), saboreia e vive os bens do céu (Igreja triunfante).

Unimo-nos, pela Celebração da Eucaristia, jubilosos, com todos os santos, ou seja, com aqueles que percorreram o caminho das Bem-Aventuranças, acolheram Jesus Cristo e a Boa-Nova do Reino, lavaram as “vestes no Sangue do Cordeiro”, e agora estão na glória celeste.

Estão diante de Deus e do Cordeiro de vestes brancas (símbolo de glória celeste), e com as palmas nas mãos (símbolo de martírio, da vitória e da alegria).

Adoram a Deus e ao Cordeiro, continuamente, pois d’Eles receberam a Salvação e a eternidade, e a graça de contemplar a face divina, de alcançar o que professaram.

Celebrando esta Solenidade, renovemos a graça de também nos inserir na mesma caminhada, peregrinando na sombra da fé, até que um dia alcancemos a luminosidade eterna, vivendo as Bem-Aventuranças, sendo pobres, mansos, misericordiosos, pacificadores, corajosos nas adversidades provações e perseguições por causa de Jesus e Seu Evangelho, como Igreja que somos.

Sejamos discípulos e missionários do Senhor; d’Ele que “foi tão pobre, que nasceu numa estrebaria; tão manso, que se propôs como modelo desta virtude (cf.Mt 11,29; 21,5); tão misericordioso, que pôde afirmar: ‘Quero misericórdia e não o sacrifício’ (Mt 9,13; cf Os 6,6); tão pacificador, que Se tornou ‘a nossa paz’ (Ef 2,14); tão puro de coração, que pôde afirmar: ‘O Meu alimento é fazer a vontade d’Aquele que Me enviou e realizar a Sua Obra’ (Jo 4,34); tão ‘perseguido’, que acabou por morrer mártir” (1)

Tenhamos o olhar fixo em Jesus, Aquele que não somente nos deu as Bem-Aventuranças como um projeto de vida, mas as viveu perfeita e plenamente.

Vivamos a vocação à santidade, que é de todos os membros da Igreja, e assim, que os pensamentos, sentimentos e atitudes de Jesus sejam para nós fonte de graça, e as Bem-Aventuranças, um caminho em direção à santidade. 

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