terça-feira, 28 de outubro de 2025

Em poucas palavras...

                                                          


 

   “Um santo...”

        “Um santo é um pecador de quem Deus teve misericórdia” (1)

 

 

(1)Essa frase é frequentemente atribuída a Santo Agostinho. 


“Presença universal”

                                                     

“Presença universal”

Ao celebramos a Solenidade de todos os Santos, ouvimos a passagem do Evangelho de Mateus (Mt 5,1-12a), em que Jesus nos apresenta as Bem-Aventuranças, no alto da montanha.

Para reflexão e aprofundamento, e para bem celebrarmos, sejamos enriquecidos por este “Salmo” de Benjamin Gonzáles Buelta:

 

“Presença universal

Te anuncias na Palavra

e apareces no silêncio.

Manifestas Teu amor no dom da vida,

esgotas Tua entrega no dom de Tua morte.

És deslumbrante no prodígio do dia,

nos fascinas no mistério da noite.

O cume de Tua criação são os homens mais santos,

e de Tua fidelidade, os homens mais perversos.

Expressão de Tua força libertadora, os oprimidos,

e de Tua paciência e respeito os opressores.

Inesgotável artista em todo o belo,

presença calada e forte no disforme.

Tuas possibilidades sem fim nos assinalam os gênios,

Teu questionamento solidário os homens quebrados.

Só nos revelarás Tua obra quando haja girado toda a história, / mas já podes iluminar de plenitude a fugacidade do instante.

Tu nos chamas sem fim desde o horizonte,

nos enches de Tua presença em cada canto do caminho.

Nunca Te agarrarei na cobiça da perfeição,

mas já transbordas de luz e futuro todo o meu limite.” (1)

 

 

(1) Benjamin González Buelta - “Salmos para sentir e saborear as coisas internamente” 

Em poucas palavras...

 


A Ressurreição de Cristo

“A Ressurreição de Cristo não foi um regresso à vida terrena, como no caso das ressurreições que Ele tinha realizado antes da Páscoa: a filha de Jairo, o jovem de Naim e Lázaro. 

Esses fatos eram acontecimentos milagrosos, mas as pessoas miraculadas reencontravam, pelo poder de Jesus, uma vida terrena «normal»: em dado momento, voltariam a morrer.

A Ressurreição de Cristo é essencialmente diferente. No seu corpo ressuscitado, Ele passa do estado de morte a uma outra vida, para além do tempo e do espaço. 

O corpo de Cristo é, na ressurreição, cheio do poder do Espírito Santo; participa da vida divina no estado da sua glória, de tal modo que São Paulo pode dizer de Cristo que Ele é o «homem celeste» (1 Cor 15,35-50).”(1)

 

(1) Catecismo da Igreja Católica – parágrafo n. 646

Lavemos nossas vestes no Sangue do Cordeiro

Lavemos nossas vestes no Sangue do Cordeiro

A Solenidade de Todos os Santos nos convida a viver intensamente a realidade mais profunda e misteriosa da Igreja, que ainda peregrina na terra (Igreja militante), saboreia e vive os bens do céu (Igreja triunfante).

Unimo-nos, pela Celebração da Eucaristia, jubilosos, com todos os santos, ou seja, com aqueles que percorreram o caminho das Bem-Aventuranças, acolheram Jesus Cristo e a Boa-Nova do Reino, lavaram as “vestes no Sangue do Cordeiro”, e agora estão na glória celeste.

Estão diante de Deus e do Cordeiro de vestes brancas (símbolo de glória celeste), e com as palmas nas mãos (símbolo de martírio, da vitória e da alegria).

Adoram a Deus e ao Cordeiro, continuamente, pois d’Eles receberam a Salvação e a eternidade, e a graça de contemplar a face divina, de alcançar o que professaram.

Celebrando esta Solenidade, renovemos a graça de também nos inserir na mesma caminhada, peregrinando na sombra da fé, até que um dia alcancemos a luminosidade eterna, vivendo as Bem-Aventuranças, sendo pobres, mansos, misericordiosos, pacificadores, corajosos nas adversidades provações e perseguições por causa de Jesus e Seu Evangelho, como Igreja que somos.

Sejamos discípulos e missionários do Senhor; d’Ele que “foi tão pobre, que nasceu numa estrebaria; tão manso, que se propôs como modelo desta virtude (cf.Mt 11,29; 21,5); tão misericordioso, que pôde afirmar: ‘Quero misericórdia e não o sacrifício’ (Mt 9,13; cf Os 6,6); tão pacificador, que Se tornou ‘a nossa paz’ (Ef 2,14); tão puro de coração, que pôde afirmar: ‘O Meu alimento é fazer a vontade d’Aquele que Me enviou e realizar a Sua Obra’ (Jo 4,34); tão ‘perseguido’, que acabou por morrer mártir” (1)

Tenhamos o olhar fixo em Jesus, Aquele que não somente nos deu as Bem-Aventuranças como um projeto de vida, mas as viveu perfeita e plenamente.

Vivamos a vocação à santidade, que é de todos os membros da Igreja, e assim, que os pensamentos, sentimentos e atitudes de Jesus sejam para nós fonte de graça, e as Bem-Aventuranças, um caminho em direção à santidade. 

Em poucas palavras...

                                                      


Povo santo e pecador

“«Enquanto que Cristo, santo e inocente, sem mancha, não conheceu o pecado, mas veio somente expiar os pecados do povo, a Igreja, que no seu próprio seio encerra pecadores, é simultaneamente santa e chamada a purificar-se, prosseguindo constantemente no seu esforço de penitência e renovação» (Lumen Gentium n.8).

Todos os membros da Igreja, inclusive os seus ministros, devem reconhecer-se pecadores (1Jo 1,8-10). Em todos eles, o joio do pecado encontra-se ainda misturado com a boa semente do Evangelho até ao fim dos tempos (Mt 13,24-30).

A Igreja reúne, pois, em si, pecadores abrangidos pela salvação de Cristo, mas ainda a caminho da santificação:

A Igreja «é santa, não obstante compreender no seu seio pecadores, porque ela não possui em si outra vida senão a da graça: é vivendo da sua vida que os seus membros se santificam; e é subtraindo-se à sua vida que eles caem em pecado e nas desordens que impedem a irradiação da sua santidade. 

É por isso que ela sofre e faz penitência por estas faltas, tendo o poder de curar delas os seus filhos, pelo Sangue de Cristo e pelo dom do Espírito Santo» (São Paulo VI).” (1)

 

 

(1) Catecismo da Igreja Católica – parágrafo n. 827

Todos somos chamados à Santidade

                                                         


Todos somos chamados à Santidade

Todos somos convidados a refletir sobre a Santidade, para vivermos mais intensamente a graça do Batismo.

Deus nos predestinou a sermos Santos, de modo que a Santidade é a nossa única vocação.

Viver a Santidade não é a ausência do pecado, mas a presença da graça de Deus que nos santifica. Ele nos criou para sermos Santos, e a Santidade deve ser vista como um presente de Deus.

A Santidade é uma iniciativa de Deus e uma resposta nossa. Portanto, é impossível ser de Deus e não ser feliz.

Mas o que é ser santo?

É viver o grande milagre do amor. Sendo assim, a Santidade não é uma tarefa acabada, mas um projeto infinito, numa edificação incansável de um mundo mais justo e fraterno.

Viver a Santidade é subir uma escada com muitos degraus que não tem fim, ou melhor, leva-nos para o céu. E, através de nossas atitudes cotidianas de amor, almejamos a graça de um dia contemplar a Deus.

Santidade implica na acolhida da Graça Divina, enfrentando as dificuldades, os sofrimentos, de modo que o sofrer possa se tornar uma graça santificante, nos fortificando, ainda que não curados de uma eventual enfermidade, mas fortalecidos em todos os aspectos, e com a cura da alma que nos faz experimentar a força divina, como bem falou o Apóstolo: 

"Por isto, me comprazo nas fraquezas, nos opróbrios, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias por causa de Cristo. Pois quando sou fraco, então é que sou forte" (2 Cor 12,10).

Ao final de cada dia, devemos nos perguntar: 

Quantos degraus subi ou desci na escada da Santidade?

Oremos:

Ao celebrarmos, Ó Deus, Todos os Santos, nós Vos adoramos e admiramos, porque só Vós sois o Santo, e imploramos que a Vossa Graça nos santifique na plenitude do Vosso Amor, para que, desta mesa de peregrinos, passemos ao Banquete do Vosso Reino. Por Cristo, Nosso Senhor. Amém!”

A ação evangelizadora à luz das Bem-Aventuranças



A ação evangelizadora à luz das Bem-Aventuranças

 “Bem-Aventurados os pobres em espírito,
porque deles é o Reino dos Céus...”

Reflexão à luz da passagem do Evangelho (Mt 5, 1-12), em que Jesus nos apresenta, no alto da Montanha, as Bem-Aventuranças.

Na realização das atividades pastorais, é sempre oportuno rever objetivos e estratégias para melhor anunciarmos e testemunharmos a Boa-Nova do Evangelho.

Sem dúvida, somente na vivência das Bem-Aventuranças, é que realizaremos o Projeto de vida no encontro da verdadeira felicidade, que é, ao mesmo tempo, o caminho de santidade que todos somos chamados a trilhar, rumo a glória da eternidade.

Conduzidos e iluminados pelas Bem-Aventuranças, seremos pobres em espírito, com absoluta e incondicional confiança em Deus; possuiremos a mansidão necessária para enfrentarmos as situações adversas; viveremos as aflições cotidianas, certos de que Deus jamais nos desampara, e nos dá Seu consolo, força e proteção.

Nossa fome e sede de justiça serão saciadas, e não nos omitiremos nos sagrados compromissos por um novo céu e uma nova terra, com relações que expressem maior fraternidade e comunhão.

Viveremos a misericórdia, expressa na acolhida, no perdão, na solidariedade, capacitando-nos e nos colocando com alegria como instrumentos da paz, para sinalizar a presença do Reino de Deus em nosso meio.

Iluminados por elas, teremos a pureza de coração e de alma necessária, gerando e formando Cristo em nós e nos outros, com maturidade e coragem para suportar eventuais insultos, calúnias, tormentos, perseguições e, até mesmo a morte, se ela se fizer presente, ainda que indesejável, como assim testemunharam os profetas, apóstolos, mártires e tantos cristãos, nesta longa história de amor e fidelidade ao Senhor.

Pelas Bem-Aventuranças iluminados evangelizaremos com amor, zelo e alegria, com a presença do Espírito do Senhor que repousa sobre nós (Lc 4,18).

Evidentemente, viver as Bem-Aventuranças, como projeto e desafio permanente, exige que carreguemos a cruz cotidianamente com suas necessárias renúncias, o que somente será possível se crermos piamente que Jesus viveu, morreu e desceu à mansão dos mortos, mas Ressuscitou triunfalmente ao terceiro dia.

Crendo no Cristo vivo e Ressuscitado, glorioso, sentado à direita do Pai, renovemos a alegria de combatermos o bom combate da fé, no tempo presente, (como Igreja militante), rumando ao céu, para nos juntarmos àqueles que já se encontram na glória da eternidade (Igreja triunfante), sem deixar de elevarmos orações por aqueles que entre nós viveram, mas ainda não podem contemplar a face divina, devido aos seus pecados (Igreja padecente).

Sejamos sempre conduzidos e iluminados pelas Bem-Aventuranças, com a convicção de que seremos julgados por Deus: “No entardecer de nossa vida seremos julgados pelo amor” (São João da Cruz).

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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG