terça-feira, 28 de outubro de 2025

A ação evangelizadora à luz das Bem-Aventuranças



A ação evangelizadora à luz das Bem-Aventuranças

 “Bem-Aventurados os pobres em espírito,
porque deles é o Reino dos Céus...”

Reflexão à luz da passagem do Evangelho (Mt 5, 1-12), em que Jesus nos apresenta, no alto da Montanha, as Bem-Aventuranças.

Na realização das atividades pastorais, é sempre oportuno rever objetivos e estratégias para melhor anunciarmos e testemunharmos a Boa-Nova do Evangelho.

Sem dúvida, somente na vivência das Bem-Aventuranças, é que realizaremos o Projeto de vida no encontro da verdadeira felicidade, que é, ao mesmo tempo, o caminho de santidade que todos somos chamados a trilhar, rumo a glória da eternidade.

Conduzidos e iluminados pelas Bem-Aventuranças, seremos pobres em espírito, com absoluta e incondicional confiança em Deus; possuiremos a mansidão necessária para enfrentarmos as situações adversas; viveremos as aflições cotidianas, certos de que Deus jamais nos desampara, e nos dá Seu consolo, força e proteção.

Nossa fome e sede de justiça serão saciadas, e não nos omitiremos nos sagrados compromissos por um novo céu e uma nova terra, com relações que expressem maior fraternidade e comunhão.

Viveremos a misericórdia, expressa na acolhida, no perdão, na solidariedade, capacitando-nos e nos colocando com alegria como instrumentos da paz, para sinalizar a presença do Reino de Deus em nosso meio.

Iluminados por elas, teremos a pureza de coração e de alma necessária, gerando e formando Cristo em nós e nos outros, com maturidade e coragem para suportar eventuais insultos, calúnias, tormentos, perseguições e, até mesmo a morte, se ela se fizer presente, ainda que indesejável, como assim testemunharam os profetas, apóstolos, mártires e tantos cristãos, nesta longa história de amor e fidelidade ao Senhor.

Pelas Bem-Aventuranças iluminados evangelizaremos com amor, zelo e alegria, com a presença do Espírito do Senhor que repousa sobre nós (Lc 4,18).

Evidentemente, viver as Bem-Aventuranças, como projeto e desafio permanente, exige que carreguemos a cruz cotidianamente com suas necessárias renúncias, o que somente será possível se crermos piamente que Jesus viveu, morreu e desceu à mansão dos mortos, mas Ressuscitou triunfalmente ao terceiro dia.

Crendo no Cristo vivo e Ressuscitado, glorioso, sentado à direita do Pai, renovemos a alegria de combatermos o bom combate da fé, no tempo presente, (como Igreja militante), rumando ao céu, para nos juntarmos àqueles que já se encontram na glória da eternidade (Igreja triunfante), sem deixar de elevarmos orações por aqueles que entre nós viveram, mas ainda não podem contemplar a face divina, devido aos seus pecados (Igreja padecente).

Sejamos sempre conduzidos e iluminados pelas Bem-Aventuranças, com a convicção de que seremos julgados por Deus: “No entardecer de nossa vida seremos julgados pelo amor” (São João da Cruz).

Os Santos contemplam a glória dos céus

Os Santos contemplam a glória dos céus

Celebrando a Solenidade de todos os Santos, reflitamos um dos Sermões do Abade São Bernardo (Séc. XII), em que nos ilumina sobre a frutuosa devoção aos Santos e Santas.

"Para que louvar os Santos, para que glorificá-los? Para que, enfim, esta solenidade? Que lhes importam as honras terrenas, a eles que, segundo a promessa do Filho, o mesmo Pai celeste glorifica?

De que lhes servem nossos elogios? Os Santos não precisam de nossas
homenagens, nem lhes vale nossa devoção. Se veneramos os Santos, sem dúvida nenhuma, o interesse é nosso, não deles. Eu por mim, confesso, ao recordar-me deles, sinto acender-se um desejo veemente.

Em primeiro lugar, o desejo que sua lembrança mais estimula e incita é o de gozarmos de sua tão amável companhia e de merecermos ser concidadãos e comensais dos espíritos bem-aventurados, de unir-nos ao grupo dos patriarcas, às fileiras dos Profetas, ao senado dos Apóstolos, ao numeroso exército dos mártires, ao grêmio dos confessores, aos coros das virgens, de associar-nos, enfim, à comunhão de todos os Santos e com todos nos
alegrarmos.

A assembleia dos primogênitos aguarda-nos e nós parecemos indiferentes! Os Santos desejam-nos e não fazemos caso; os justos esperam-nos e esquivamo-nos. 

Animemo-nos, enfim, irmãos. Ressuscitemos com Cristo. Busquemos as realidades celestes. Tenhamos gosto pelas coisas do alto.

Desejemos aqueles que nos desejam. Apressemo-nos ao encontro dos que nos aguardam. Antecipemo-nos pelos votos do coração aos que nos esperam. Seja-nos um incentivo não só a companhia dos Santos, mas também a sua felicidade.

Cobicemos com fervoroso empenho também a glória daqueles cuja presença desejamos. Não é má esta ambição nem de nenhum modo é perigosa a paixão pela glória deles.

O segundo desejo que brota em nós pela comemoração dos Santos consiste em que Cristo, nossa vida, tal como a eles, também apareça a nós e nós juntamente com ele apareçamos na glória.

Enquanto isto não sucede, nossa Cabeça não como é, mas como Se fez por nós, se nos apresenta. Isto é, não coroada de glória, mas com os espinhos de nossos pecados.

É uma vergonha fazer-se de membro regalado, sob uma cabeça coroada de espinhos. Por enquanto a púrpura não lhe é sinal de honra, mas de zombaria. Será sinal de honra quando Cristo vier e não mais se proclamará Sua morte, e saberemos que nós estamos mortos com Ele, e com Ele escondida nossa vida.

Aparecerá a Cabeça gloriosa e com ela refulgirão os membros glorificados, quando transformar nosso corpo humilhado, configurando-o à glória da Cabeça, que é Ele mesmo.

Com inteira e segura ambição cobicemos esta glória. Contudo para que nos seja lícito esperá-la e aspirar a tão grande felicidade, cumpre-nos desejar com muito empenho a intercessão dos Santos.

Assim, aquilo que não podemos obter por nós mesmos, seja-nos dado por sua intercessão".

O Abade confessa sentir acenderem-se desejos veementes:

- O primeiro desejo: gozar de tão amável companhia,e por isto, Ressuscitados com Cristo, busquemos as realidades celestes, com gosto pelas coisas do alto.

- O segundo desejo: que Cristo, nossa vida, tal como a eles, também apareça a nós e, nós, juntamente com Ele, apareçamos na glória.

Para tanto, exorta-nos para que cobicemos esta glória, contando com a intercessão dos Santos
, e tê-los como companhia enquanto vivemos o tempo do combate, enquanto peregrinamos no tempo presente, é para nós motivo de júbilo e certeza de vitória.

Na fidelidade ao Senhor, temos Santos e Santas que viveram a graça do Batismo; lavaram suas vestes no Sangue do Cordeiro; alvejaram-nas; viveram as Bem-Aventuranças como um Projeto de Vida que o Senhor nos apresentou na montanha, e hoje veem a face de Cristo, contemplam a glória de Deus na comunhão com o Santo Espírito.

Contemos com a intercessão dos Santos e Santas, procurando imitar suas virtudes, para não incorrermos em estéril devoção, e um dia fazermos nosso encontro definitivo na glória dos céus, onde eles já se encontram.

Vendaval de fé, esperança e caridade

                                                       

Vendaval de fé, esperança e caridade

Lágrimas que se misturam e se escondem nas gotas da chuva.

Desilusão e desencanto por vezes querem fincar raízes, teimosamente, no mais profundo de nós.

Pesadelo prolongado de uma pandemia que persiste e nos rouba forças, projetos, sonhos e a vida de tantos que amamos e para sempre amaremos.

Arautos mentem e fazem adeptos e fiéis discípulos ao lado e virtualmente.

Lágrimas que se misturam e se escondem nas gotas da chuva.

Dói a alma tantas páginas de histórias desterradas, em migração para sobrevivência e em busca de sonhos e liberdade.

Corrói a alma, os que “moram sem morar” nas ruas e praças, ao relento e frutos de uma sociedade, em números dia a dia em aumento.

Cenário de desmatamento, queimadas, frutos de práticas sem escrúpulos, onde se objetiva apenas o lucro, capital, pois isto tão apenas interessa.

Rios e matas e vales gemem em dores de parto, na espera da reconciliação, a fim de que sejam preservados como obra divina da Criação.

Lágrimas que se misturam e se escondem nas gotas da chuva.

É tempo de secar as lágrimas e deixar que as gotas da chuva venham fecundar nossa fé na Palavra do Senhor, que assim falou à viúva de Naim diante da morte de seu único filho:

“O Senhor ao vê-la, ficou comovido e disse-lhe: ‘Não chores!’. Depois aproximando-se, tocou o esquife, e os que o carregavam pararam. Disse Ele então: ‘Jovem, Eu te ordeno, levanta-te” (Lc 7,13-14).

É tempo de ouvir o assobio do sopro da fé nos vãos de nossas janelas,

Que aos poucos vai se tornando um vendaval incontrolável de vigorosa fé.

Fé que, ainda pequena, como um grão de mostarda, move montanhas, que em Deus confia e se entrega, em resposta fiel e com o Reino comprometido.

Fé que ilumina os passos para que não tropecemos e nem os pés firamos, se a escuridão, teimosamente, se fizer no caminho.

Fé na promessa divina de que novo céu e nova terra, teremos e veremos, sem choro, dor, pranto, luto e lamento.

É tempo de secar as lágrimas, e deixar as gotas da chuva regar o chão fecundo do coração da humanidade.

É tempo de ouvir o assobio do sopro da esperança nos vãos de nossas janelas,

Que aos poucos vai se tornando um vendaval incontrolável de virtuosa esperança.

Esperança de ver a humanidade fortalecendo laços de fraternidade universal, em luminosa amizade social.

É tempo de secar as lágrimas com os raios do Sol Nascente;

É tempo de ouvir o assobio do sopro da caridade nos vãos de nossas janelas, que aos poucos vai se tornando um vendaval envolvente de caridade, abundante como chuva derramada em nós, porque assim é o amor de Deus.

É tempo incessante de ouvir o Apóstolo que nos diz:

“Ainda que eu falasse línguas, as dos homens e as dos anjos, se eu não tivesse a caridade, seria como bronze que soa ou como címbalo que tine. Ainda que eu tivesse o dom da profecia, o conhecimento de todos os mistérios e de toda a ciência, ainda que tivesse toda a fé, a ponto de transportar montanhas, se não tivesse a caridade, nada seria” (1 Cor 13,1-2)

Venha, Senhor, o tão esperado vendaval de fé, esperança e caridade.

Tão somente assim, promotores da beleza e sacralidade da vida, seremos.

Vossa luz faremos, pelas obras, resplandecer, porque assim é a fé que opera através da caridade (Gl 5,6), em renovada esperança contra toda falta de esperança. Amém.



PS: escrito em novembro de 2020


"O Senhor Jesus veio para endireitar as veredas daqueles que se propõem servi-Lo"

                                                         

"O Senhor Jesus veio para endireitar as veredas
daqueles que se propõem servi-Lo" (Sl 16,11)

“Acho tão gostoso falar de santidade. Talvez porque seja um tema de certa forma polêmico. Gosto tanto, pois não consigo entender qual o motivo de tanta polêmica se a Bíblia nos mostra claramente em vários pontos exemplos de pessoas que presenciaram a santidade de Deus e de Jesus e foram chamados à santidade assim como nós somos chamados também.
Isaías era um homem fiel ao Senhor, mas, contemplando a santidade divina, achou-se impuro e sentiu que iria perecer (Is 6, 3-5).
Veja bem, Isaías, um Profeta, um homem que temia e era fiel a Deus, sentiu que iria perecer ao contemplar a face de Deus. Hoje, tantas pessoas banalizando o Seu nome, param na frente da Eucaristia (o próprio Cristo Imolado) como se estivessem na frente de nada.
O Apóstolo Paulo nos alerta: “Sede meus imitadores como também eu sou de Cristo” (1Cor 11, 1). Fica a pergunta: o que estamos fazendo para imitar a Cristo e, assim, alcançar a Santidade?  
São Judas pôde bem responder a esta pergunta, e com toda certeza pode em todos os tempos, pois uma pessoa que opta pela santidade não vive apenas em sua época, seus ensinamentos fazem com que esteja vivo em cada um que tenta imitá-lo, assim como Paulo nos pede.
Uma coisa que me chamou muito a atenção foi o foco da brevíssima Carta de São Judas, apenas uma folha na Bíblia, antes do Apocalipse, ele nos alerta: “Não desanimem na fé Vocês, porém, amados, construam sobre o alicerce da fé que vocês têm; rezem motivados pelo Espírito Santo; mantenham-se no Amor de Deus, esperando que a misericórdia de Nosso Senhor Jesus Cristo lhes dê a vida eterna.” (Carta de São Judas: 1, 20-21).
Vida eterna que para nós significa santidade. Santidade nada mais é do que a justificação de Deus em nossas vidas, o reconhecimento de Deus para com as Suas obras, tudo que faz, busca e ama com sinceridade.    
Em Atos 2, Lucas, o autor, nos apresenta o que o Padre Otacilio chamou de “os quatro Pilares de uma boa comunidade”.
Ele inicia dizendo “Eram perseverantes em ouvir os ensinamentos dos Apóstolos” Uma comunidade que é comprometida com o projeto deve realizar uma evangelização constante, que é (ou deveria ser) o objetivo de cada cristão. Devendo estar sempre de ouvidos atentos para viver os ensinamentos que, através dos Apóstolos, Deus nos concedeu, para nunca perdermos o foco e o prazer de trabalhar numa pastoral.
Quando estava me preparando para hoje, tive o prazer de receber de uma amiga, um link de um blog chamado café com Deus”, nele o autor fala sobre o que é ser cristão, nos alerta que o simples fato de irmos a Igreja não faz de nós cristãos, e sim aquilo que praticamos durante a semana. É durante a semana que buscamos a santidade e não aos domingos nas Igrejas. Não adianta colocarmos uma máscara quando estamos dentro dela e lá fora, de segunda a sexta, não sermos nem um pouco o reflexo de Deus, verdadeiros templos do Espírito Santo.
E, ele continua, “na comunhão fraterna, no partir do pão e nas orações” e quando falamos em comunhão fraterna logo pensamos em um simples abraço na hora de dar a paz nas Missas. Vai muito além disso. Ter coragem de levantar cedo e vir até a Igreja distribuir leite, cestas básicas ou sair da sua casa para levar o Corpo de Cristo para um irmão enfermo, isso é comunhão fraterna, você se preocupar com a condição do outro e, por amor, se colocar a serviço do mesmo.
Voltando a reflexão do Padre Otacilio: na Fração do Pão, o próprio Deus, foi Alimento de salvação e perdão. A fração do pão se faz aqui todos os domingos na celebração eucarística, e cadê o valor? Cadê a verdadeira importância que tem que ser dada a este momento tão sublime? É como falei no início, o que faz de você um cristão são os seus atos e não o fato de ir à Missa todos os domingos. A Missa é a carga, é aonde vamos nos recarregar para cumprir nossa missão no mundo.
Que possamos dar o verdadeiro valor à Eucaristia que edifica a nossa Igreja, que é muito mais do que um prédio, e sim pessoas que amam a Cristo e tentam viver buscando a santidade.
A Oração. Jamais poderia falar de oração sem citar três pessoas, três santos que marcam a minha vida em uma história que para mim é fantástica. Lucia, Jacinta e Francisco, os três pastorinhos de Nossa Senhora de Fátima. 
Antes de ver Nossa Senhora eles foram visitados por um anjo, para serem preparados para encontrar com Nossa Senhora, e em uma destas preparações estas crianças ficaram de joelhos o dia todo, horas e horas, a pedido do anjo repetindo a mesma oração: Meu Deus eu creio, espero, adoro e amo, peço perdão por todos aqueles que não creem, não esperam, não adoram e não vos ama". Tudo isso para receber a mãe de Cristo, e nós como estamos nos preparando para a vinda do próprio Cristo?
Reze, ore, converse com Deus, peça perdão assuma-se pecador que é. É no diálogo no aparente silêncio de Deus, que você se prepara para a santidade...
Lembre-se sempre, seja qual for o seu pecado, Cristo está de braços abertos esperando você voltar: “O Senhor Jesus veio para endireitar as veredas daqueles que se propõem servi-Lo”.”

PS: Reflexão escrita pelo jovem Hugo, Catequista de Crisma da Paróquia, apresentada no Tríduo em louvor a São Judas Tadeu, logo após a Missa - outubro de 2011.

Perseveremos na Doutrina dos Apóstolos, na Comunhão Fraterna, na Fração do Pão e na Oração

                                                           

Perseveremos na Doutrina dos Apóstolos,
na Comunhão Fraterna, na Fração do Pão e na Oração

Frente aos grandes desafios que o mundo nos apresenta, é importante olharmos o exemplo das primeiras comunidades cristãs. O jeito de viver daquelas comunidades poderá aumentar nossa esperança e nos dar pistas para enfrentarmos com mais ousadia os atuais desafios.

Seguindo o livro dos Atos dos Apóstolos, podemos perceber:

 Ø   Perseverantes aos ensinamentos dos Apóstolos: A convivência com Jesus levou os apóstolos a aprenderem o Seu jeito de ser e viver. Eles aprenderam do Coração dEle. Assimilaram Suas palavras, Seu modo de comunicar-Se e relacionar-Se com o Pai e com as pessoas. Aprenderam com Ele a dar preferência aos mais necessitados, a ser fiel ao Projeto do Pai. Os apóstolos ensinavam às comunidades o que aprenderam na convivência. O bonito é que as comunidades perseveravam fiéis a estes ensinamentos e "com grande energia davam testemunho da Ressurreição do Senhor Jesus”.

 Ø   Perseverantes à comunhão fraterna: Todos os que abraçaram a fé estavam unidos e tudo partilhavam. Vendiam as suas propriedades e os seus bens para repartir entre todos, segundo as necessidades de cada um. A perseverança na comunhão fraterna aumentava a unidade entre os membros da comunidade. A multidão dos fiéis tinha uma só alma e um só coração. Não chamavam de própria nenhuma de suas posses: ao contrário, tinham tudo em comum. Além da unidade, a comunhão fraterna suprimia as carências da comunidade: Não havia indigentes entre eles...  A cada um era repartido segundo a sua necessidade. De fato, a solidariedade era uma prática constante na vida das primeiras comunidades.

 Ø   Perseverantes à fração do pão: “Em comum acordo, partiam o pão, tomando o alimento com alegria e simplicidade de coração". Este é um testemunho explícito da partilha do pão na vida dos primeiros  cristãos. A partilha ou "fração do pão" era realizada nas casas com alegria e simplicidade. Alegria e simplicidade são características comuns às pessoas que vivem sua fé com fidelidade. Esta partilha era uma celebração nova: a Eucaristia. Portanto, é importante ressaltar que a Celebração Eucarística na vida das primeiras comunidades cristãs era uma prática constante.

 Ø   Perseverantes na oração: a oração é, também, um elemento fundamental na vida dos primeiros cristãos: Iam diariamente ao Templo.  Frequentar o Templo era uma prática dos fiéis que buscavam fazer suas orações. Uma das práticas de oração muito comum e aceita pelo povo era o louvor: "Louvavam a Deus e eram aceitos por todo o povo".

 Ø   Atrair outras pessoas: A perseverança nos Ensinamentos dos Apóstolos, na Comunhão Fraterna, na Fração do Pão (Eucaristia) e na Oração, atraía outras pessoas para a comunidade. E assim, o Senhor reunia a cada dia à comunidade os que encontravam salvação. O testemunho comove o coração humano e o arrasta para a conversão.

Vendo o exemplo das primeiras comunidades, é oportuno nos questionarmos:

Ø Nossas comunidades ou grupos são fiéis ao Evangelho e à doutrina da nossa mãe Igreja?
Ø Como é a prática da solidariedade e da comunhão fraterna em nossas comunidades ou grupos?
Ø Qual é a frequência com que os cristãos de hoje buscam participar da Eucaristia?
Ø Como está nossa vida de oração?  Somos capazes de agradecer e louvar a Deus?
Ø O jeito de ser e viver de nossas comunidades ou grupos está arrastando outras pessoas?



PS: Reflexão preparada pela Luciana da Paróquia Nossa Senhora do Bonsucesso - Diocese de Guarulhos - Agente da Pastoral da Comunicação, apresentada na terceira noite do Tríduo em louvor a São Judas Tadeu - V. Tijuco outubro de 2011.

Perseveremos na Doutrina dos Apóstolos e na Eucaristia

                                                     

Perseveremos na Doutrina dos Apóstolos e na Eucaristia

Perseveremos nos quatros pilares sólidos da nossa Igreja: Doutrina dos Apóstolos, Comunhão fraterna, Eucaristia e Oração.

À luz desta reflexão estarão presentes a Eucaristia e a Doutrina dos Apóstolos. O Pão da Palavra e o Pão da Eucaristia, a unidade de duas Mesas.

Refletir sobre doutrina ou ensinamento dos Apóstolos é anunciar a Palavra de Deus, seguir os passos dos Apóstolos, cumprindo a ordem do Senhor: Vão ao mundo inteiro e anunciem a Boa Nova para toda humanidade.”

São Judas Tadeu, fiel Apóstolo, foi um missionário por excelência, sua pregação tinha força, pois era acompanhada do testemunho de sua vida. Ele acreditava e vivia o que pregava, era coerente de fé e de vida, e os pagãos admirados com o exemplo se convertiam ao Evangelho.

Ontem, a Igreja nascente perseverou com os Apóstolos, com os seus ensinamentos, através da evangelização dos povos, e na Eucaristia, recordando a Nova Aliança que Jesus realizou através de Seu sofrimento, morte e Ressurreição.

Hoje, iluminados pelo Espírito Santo, continuamos a missão herdada pelos Apóstolos, ser fiel aos ensinamentos de Jesus.
Viver estes ensinamentos é viver como Jesus, em ações e palavras, é ser fiel ao Evangelho, é amar a Palavra de Deus.

Palavra que tem a missão de ser presença viva, frutificar, unir famílias, fortalecer pastorais, tornar o nosso país mais justo, pois ela está carregada de sentimento, de amor. Deus Se manifesta através da Palavra e dialoga conosco, um verdadeiro diálogo de amor, que nos conduz ao Grande Banquete.

Precisamos estar vigilantes, para que a alienação do dia a dia não interrompa esse diálogo de amor, e que Cristo não se perca em nossas indiferenças e a nossa caminhada evangelizadora não seja frustrada.

Portanto, devemos perseverar nos ensinamentos, ser missionários por excelência, anunciando o Evangelho como São Judas Tadeu anunciou, vivendo o Evangelho como São Judas viveu, ser seduzidos pela Palavra de Deus, que também é pão, e Se faz carne na Eucaristia.

Na Eucaristia encontramos o mais Sublime dos Sacramentos, a presença de Jesus Cristo, verdadeiro Deus, verdadeiro homem, com Corpo, Sangue, Alma e divindade, fonte de verdadeiro Amor.

A busca incessante desta fonte de verdadeiro Amor me fez recordar a Última Ceia, na véspera de Sua Paixão, Jesus faz-Se alimento, pão e vinho, transubstanciado em Corpo e Sangue, Corpo e Sangue de Cruz. Na Cruz, Jesus nos inicia no Mistério do Amor de Deus, um Amor que supera a morte, Amor que faz nossa vida digna de ser vivida. Ao comer o Pão e beber do Cálice, alcançamos a mais pura e sólida Comunhão: Cristo em nós. Permanecemos em Jesus Cristo e Ele em nós. Neste momento estamos repletos do Seu Amor, Amor do Amado, Amor divino, Amor que cura, alimenta e fortalece.

Amor que cresce ainda mais com a presença da mãe Nossa Senhora, mulher eucarística, que viveu a Eucaristia na sua totalidade, desde o ventre até a primeira Eucaristia com os Apóstolos na partilha do pão. Mulher de fé e de amor.

Agora, somos privilegiados, pois Jesus está presente em nossa vida, no Pão da Palavra, na Hóstia Consagrada, no Banquete Eucarístico, presença que nos leva a comunhão com Cristo, presença que leva ao encontro íntimo com Deus, a busca e ao encontro do outro, nosso irmão.

A Eucaristia é o compromisso com as pessoas. A comunhão com Cristo nos leva a ser solidário com o nosso irmão, nos leva à partilha, pois “partilhando nossa vida na Eucaristia, criamos espaço para a vida comunitária e para a hospitalidade. Criam-se laços, calor humano e a caridade.”

Acrescentando: “A partilha do Pão é ao mesmo tempo um convite para abrir mutuamente, romper nossa barreira afetiva e abrir nossos corações uns aos outros.”

Que esta reflexão seja um passo para a nossa caminhada cristã, que a exemplo de São Judas Tadeu, sejamos missionários da Palavra, e personagens da vida eucarística, que tem como o principal protagonista Nosso Senhor Jesus.


PS: Reflexão preparada pela senhora Izabel Araujo, Agente de Pastoral da Paróquia, apresentada no Tríduo em louvor a São Judas Tadeu - outubro de 2011.

Santificar e santificar-se, eis a missão do Presbítero!

                                                       

Santificar e santificar-se, eis a missão do Presbítero!

É sempre tempo oportuno de refletir a razão de ser da Igreja, bem como a missão do Presbítero nela. Cada tempo possui seu contexto, desafios, interpelações, mas a missão é a mesma, na irrenunciável e intransferível fidelidade ao Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo, jamais conformando com este século, como nos falou São Paulo em suas Epístolas.

Na missão evangelizadora caberá ao Presbítero participar da santificação dos fiéis a ele confiados. Mas, como favorecer esta santificação  se não se propuser também a colocar-se neste mesmo caminho de santificação?

Para aprofundamento, retomo parte da catequese do Papa Bento XVI sobre esta Missão de santificação do Padre, principalmente mediante os Sacramentos e o culto da Igreja.

Mas em que consiste a santidade? O que é ser santo se não a qualidade específica do ser de Deus, isto é, absoluta verdade, bondade, amor, beleza, pura luz? Conforme as palavras do Papa:

“... Santificar uma pessoa significa, portanto, colocá-la em contato com Deus, com este seu ser luz, verdade e amor puro. É óbvio que tal contato transforma a pessoa...”.

Nessa afirmação está implícito um precioso desafio para o próprio Presbítero: fazer ele próprio a experiência do ser de Deus, deixando-se envolver por Seu amor puro; iluminando-se por Sua Palavra que, além de luz para o escuro dos caminhos, é a verdade que o liberta de tudo que o impossibilita de, alegremente e com o fogo da caridade, colocar-se a serviço do Amor Maior: Deus.

Evidentemente, o Presbítero ao celebrar os Sacramentos deve fazer este profundo contato, possibilitando que os fiéis também o façam. Celebrando com zelo e piedade cada Sacramento introduz os fiéis, ao mesmo tempo em que é introduzido, no Mistério do Amor Trinitário, experimentando o amor salvífico do Senhor, em profunda vivência do Mistério Pascal, sobretudo no augustíssimo Sacramento da Eucaristia. E quando do Banquete Eucarístico participamos, de amor nos envolvemos, de alegria nos inebriamos e com um novo mundo mais que sonhado nos comprometemos!

Sacramentos bem celebrados, e na vida prolongados, farão o Presbítero e os fiéis mais santos, e consequentemente, santificarão o mundo, no empenho irrenunciável e incansável porque, por amor, se cumprirá o que o Senhor disse - seremos sal da terra que dá sabor, luz que ilumina e fermento de um mundo novo.

Não há modo mais sublime de corresponder à bondade e ternura divina: Deus quer apenas nossa resposta de amor na missão assumida, com alegria, confiança e serenidade...

Santidade assim entendida jamais será evasão do mundo, o fugir das emaranhadas teias da realidade política, cultural, econômica, religiosa, pelo contrário, será inserção concreta e solidária, impregnando o mundo com os valores do Evangelho para que um novo céu e uma nova terra aconteçam.

O Apóstolo Paulo dirigindo-se a Timóteo assim diz: “Tu, porém, ó homem de Deus, foge destas coisas. Segue a justiça, a piedade, a fé, o amor, a perseverança, a mansidão. Combate o bom combate da fé, conquista a vida eterna, para a qual fostes chamado, como reconheceste, numa bela profissão de fé, diante de muitas testemunhas...” (1 Tim 6,11-12).

A vida do Presbítero e dos fiéis deve transbordar nestas palavras exortadas pelo Apóstolo Paulo: justiça, piedade, fé, amor, perseverança, mansidão.  Somente assim a santidade poderá ser vivida e a esperança da eternidade alcançada no amor que se traduz em partilha, solidariedade e sensibilidade com os clamores dos que mais precisam.

Que a justiça seja compreendida como retidão em relação às pessoas, em relação ao nosso próximo; a piedade como a nossa relação de retidão para com Deus em estreita intimidade e fidelidade; a  como a nossa adesão incondicional e plena a Jesus Cristo; o amor seja a bela e desejável concretização de nossa fé e norma de comportamento em tudo e em todos os momentos e lugares.

Que a perseverança se renove na capacidade de superação de conflitos internos e externos, e a mansidão, como desejável virtude, nos identifique como cristãos, como o Senhor no-la apresentou no Sermão da Montanha. E assim indubitavelmente seremos sinais do Bom Pastor.

Nunca é demais repetir: na Missão de Santificar os fiéis o Presbítero deve também se santificar...

Em todo tempo, santificar e santificar-se é preciso!
Eis a meta, a vocação e o ideal de cada vida cristã: tornar-se
um prolongamento de Jesus - Presbíteros e fiéis.

Quem sou eu

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