quarta-feira, 1 de outubro de 2025

Ser cristão: “ser para os outros”

                                                           

Ser cristão: “ser para os outros”

 “Mestre, eu Te seguirei aonde quer que Tu vás”
(Mt 8,19)

Na segunda-feira da 13ª Semana do Tempo Comum, ouvimos a passagem do Evangelho de Mateus (Mt 8,18-22), em que Jesus nos apresenta as exigências para segui-Lo.

Na passagem, Jesus afasta toda e qualquer ilusão: sem medo da insegurança da própria vida, em confiança total no Senhor, acompanhado de despojamento, pobreza, simplicidade de vida, bem como abertura aos desafios que possam surgir no trilhar o caminho, ao segui-Lo.

Assim afirmou o Papa Bento XVI sobre o ser cristão na Carta Encíclica Deus Caritas Est (n.1):

“Ao início do ser cristão, não há uma decisão ética ou uma grande ideia, mas o encontro com um acontecimento, com uma Pessoa que dá à vida um novo horizonte e, desta forma, o rumo decisivo”.

De fato, a mensagem cristã é exigente e não se limita à adesão de uma doutrina, mas uma Pessoa, Jesus.

Com isto, é preciso que oriente, determine o modo de viver, muito mais do que o modo de pensar, tão apenas.

Para seguir Jesus Cristo, é preciso que se vá aonde Ele for, fazer o que Ele faz e como Ele faz, impregnando nossas atitudes de amor, para que estas ações sejam fecundas.

Múltiplas são as formas de ação de pessoas que se decidiram segui-Lo: evangelizando nas casas em todos os lugares (sobretudo em desafiadores espaços, como vilas e favelas, prédios e condomínios); com os enfermos nos hospitais, ou mesmo em suas casas; penitenciárias; em claustros, numa vida consagrada, na oração e serviço pela santificação do mundo; no trabalho com crianças, jovens e idosos e comunidades distantes de nossas cidades.

No testemunho da caridade sublime, participando da política, a fim de que ela seja, de fato, o exercício da promoção do bem comum; em tantas atividades sociais dentro e fora do espaço da Igreja; outros tantos que se dedicam nas inúmeras pastorais de nossas comunidades paroquiais.

Como vemos, ser cristão é configurar-se totalmente a Jesus Cristo, e d’Ele ter mesmos sentimentos, como nos falou o Apóstolo Paulo na Carta aos Filipenses (c.2). E assim, muito mais do que viver não fazendo o mal a ninguém, é preciso escrever uma história de seguimento comprometido na promoção do bem comum, da fraternidade e da paz. Isto é, verdadeiramente, um caminho de santidade, que encontramos apresentado no Sermão da Montanha (Mt 5,1-12).

Numa palavra final, seguir o Mestre, Jesus Cristo, é seguir e se consumir, cotidianamente, na fidelidade a Ele e à Boa-Nova do Reino, numa vida essencialmente marcada pelo “Ser para os outros”.

Oremos:

"Ó Deus, pela Vossa graça, nos fizestes filhos da luz. Concedei que não sejamos envolvidos pelas trevas do erro, mas brilhe em nossas vidas a luz da Vossa verdade. Por N.S.J.C., na unidade do Espírito Santo. Amém".


Fonte: Missal Cotidiano – Editora Paulus – p.964
PS: Apropriado para a passagem do Evangelho de Lucas (Lc 9,57-62)

Em poucas palavras...

                                                         


Peregrinos da Esperança: desprendimento e entrega total

“Nada se deve preferir a Ele. Sobretudo quem possui grandes riquezas terá de fazer renúncias dolorosas. Mas é necessário saber enfrentá-las com alegria, para entrar na glória adquirida por Jesus pelo preço de um desprendimento e de uma entrega total.

A Eucaristia é penhor da vida eterna, infinitamente mais precioso que tudo. Sob os sinais do sacramento, recebe-se o próprio autor da Salvação.” (1)

 

 

(1)Missal Quotidiano, Dominical e Ferial - Editora Paulus – Lisboa – passagem do Evangelho (Mc 10,17-30) – pág. 2070; apropriado para a passagem do Evangelho de Lucas (Lc 9,57-62).

Rejeitados, animados ou censurados?

                                                             

Rejeitados, animados ou censurados?

Retomemos a Liturgia da Palavra da Missa do 13º Domingo do Tempo Comum (ano C), e as palavras do Bispo Santo Agostinho em relação à passagem do Evangelho (Lc 9,51-62):

“Escutai o que Deus me inspirou sobre este capítulo do Evangelho: Nele se lê como o Senhor Se comportou distintamente com três homens.

A um que se ofereceu para segui-Lo, o rejeitou; a outro que não se atrevia, o animou a isso; por fim, a um terceiro que o retardava, o censurou”. (1)

Uma constatação para que sejamos discípulos missionários: tendo sido escolhidos e chamados pelo Senhor para participação nesta missão divina, precisamos ter a prontidão para a partilha da vida e do destino de Jesus, reconhecendo-O e aceitando-O como uma forma pessoal de vida.

Deste modo, ser cristão não é precisamente adesão a uma Doutrina, mas ao seguimento de Jesus, ligando-se plenamente, em comunhão à Sua Pessoa, em adesão total ao Seu Projeto, com novo sentido para a vida, com horizontes novos do Reino cultivados permanentemente no coração.

A adesão incondicional à Pessoa de Jesus, a obediência absoluta a Ele, torna-se, portanto, um ato libertador.

Assim afirma o Missal Dominical:
“Quem segue o Cristo é verdadeiramente homem livre, sem patrões. Um homem livre da escravidão das coisas, do poder, do dinheiro, do sexo, livre sobretudo de si mesmo.” (2)

Deus nos chama para viver na Liberdade, que consiste em viver abertos às novas potencialidades criativas, que são possibilidades de amor, partilha, doação, serviço e comunhão.

Concluindo, podemos afirmar, sem dúvida, que a vocação cristã não é propriedade pessoal, em sua origem, pois tem um Autor exterior à nossa existência:

“É o Senhor que chama, convoca, convida, encaminha e orienta a vida de um homem e de uma mulher, com uma proposta ou uma missão a cumprir”. (3)

Voltando a Santo Agostinho...
O Senhor nos chama:

- podemos ser rejeitados, porque não nos predispomos a viver na liberdade e na gratuidade;

- podemos ser animados, para que nos abramos ao desprendimento e coragem para segui-Lo;

- entretanto, precisamos de abertura às censuras divinas, para que não percamos tempo na emergência de nos colocarmos a serviço do Reino.

Rejeitados, animados ou censurados, como o Senhor Se dirige a cada um de nós? Como nos dirigimos e nos colocamos diante do Senhor, diante do Seu divino chamado?


PS: Liturgia do 13º Domingo do Tempo Comum - Ano C: 1 Rs 19,16b.19-21; Sl 15; Gl 5,1.13-18; Lc 9, 51-62; apropriado para a passagem do Evangelho de Mateus (Mt 8,18-22)

(1)  Lecionário Patrístico Doninical - Editora Vozes - 2013 - p. 669
(2) Missal Dominical - p. 1163
(3) Lecionário Comentado - Editora Paulus - Lisboa - 2013 p. 620

Rezando com os Salmos - Sl 86 (87)

 


A Jerusalém celeste que cremos esperamos 


‘’–1 O Senhor ama a cidade
que fundou no Monte santo;
–2 ama as portas de Sião
mais que as casas de Jacó.
–3 Dizem coisas gloriosas
da Cidade do Senhor:

–4 'Lembro o Egito e Babilônia
entre os meus veneradores.
= Na Filisteia ou em Tiro
ou no país da Etiópia,
este ou aquele ali nasceu'.
=5 De Sião, porém, se diz:
'Nasceu nela todo homem;
Deus é sua segurança'.
=6 Deus anota no Seu livro,
onde inscreve os povos todos:
'Foi ali que estes nasceram'.
–7 E por isso todos juntos
a cantar se alegrarão;
– e, dançando, exclamarão:
'Estão em Ti as nossas fontes!'”
 
Com o Salmo 86(87)  glorificamos a “Jerusalém”, a mãe de todos os povos, a Jerusalém celeste que é livre, e é a nossa mãe (Gl 4,26):                                                                                                       
“Jerusalém, a cidade que Deus estabeleceu sua morada, será a pátria de todos os povos e fonte de sua alegria, pois nela são chamados a conhecer e a amar o verdadeiro Deus.”(1)
 
Ao celebramos a Eucaristia renovamos a nossa esperança da Jerusalém Celeste, como tão bem expressou o Papa São João Paulo II:
 
“A Eucaristia é verdadeiramente um pedaço do céu que se abre sobre a terra – é um raio de glória da Jerusalém celeste, que atravessa as nuvens da história e vem iluminar nosso caminho.” (2)
  
(1) Comentário da Bíblia Edições CNBB – pág. 800
(2)Papa São João Paulo II, Ecclesia de Eucharistia – 2003.

Rezando com os Salmos - Sl 85(86)

 



Deus nos consola em nossas aflições

“–1 Inclinai, ó Senhor, Vosso ouvido,
escutai, pois sou pobre e infeliz!
=2 Protegei-me, que sou Vosso amigo,
e salvai Vosso servo, meu Deus,
que espera e confia em Vós!

–3 Piedade de mim, ó Senhor,
porque clamo por Vós todo o dia!
–4 Animai e alegrai Vosso servo,
pois a Vós eu elevo a minh'alma.

–5 Ó Senhor, Vós sois bom e clemente,
sois perdão para quem Vos invoca.
–6 Escutai, ó Senhor, minha prece,
o lamento da minha oração!

–7 No meu dia de angústia eu Vos chamo,
porque sei que me haveis de escutar.
–8 Não existe entre os deuses nenhum
que convosco se possa igualar;
– não existe outra obra no mundo
comparável às Vossas, Senhor!

–9 As nações que criastes virão
adorar e louvar Vosso nome.
–10 Sois tão grande e fazeis maravilhas:
Vós somente sois Deus e Senhor!

–11 Ensinai-me os Vossos caminhos,
e na Vossa verdade andarei;
– meu coração orientai para Vós:
que respeite, Senhor, Vosso nome!

–12 Dou-Vos graças com toda a minh'alma,
sem cessar louvarei Vosso nome!
–13 Vosso amor para mim foi imenso:
retirai-me do abismo da morte!

=14 Contra mim se levantam soberbos,
e malvados me querem matar;
não Vos levam em conta, Senhor!

–15 Vós, porém, sois clemente e fiel,
sois amor, paciência e perdão.
=16 Tende pena e olhai para mim!
Confirmai com vigor Vosso servo,
de Vossa serva o filho salvai.

–17 Concedei-me um sinal que me prove
a verdade do Vosso amor.
– O inimigo humilhado verá
que me destes ajuda e consolo.”

O Salmo 85(86) é a oração do pobre nas dificuldades:

“No meio das angústias, o salmista pede a proteção divina e louva a Deus, o único que faz maravilhas (v.10). Confiante na misericórdia divina, enfrenta o perigo e pede a graça de viver uma vida digna.” (1)

Este é o convite que o Apóstolo nos faz em sua Carta aos Coríntios:

“Bendito seja o Deus, o Pai das misericórdias e Deus de toda consolação. Ele nos consola em toda a nossa tribulação, para que possamos consolar os que se acham em alguma tribulação, por meio da consolação com a qual nós mesmos somos consolados por Deus.” (2 Cor 1,4.5)

Peregrinando na esperança, como filhos e filhas, experimentamos a bondade do Pai que tanto nos ama e, também, devemos ser bondosos com os irmãos e irmãs, com quem angústias e esperanças, alegrias e tristezas compartilhamos.

Sejamos livres para amar e servir, de tal modo que se a dor vier, perderá sua força obsessiva e opressora, porque experimentamos e confiamos na misericórdia, bondade e consolação divinas, e o nosso sofrimento é embebido de amor e serenidade, e não desistimos do bom combate da fé. Amém.

 

(1) Comentário da Bíblia Edições CNBB – p. 800

“A montanha azul”

                                                         

“A montanha azul”

Com passos firmes, subi à montanha azul, lugar que bem perto se pode encontrar.
Vencendo todo o cansaço e vozes que repetiam em coro: – “você não conseguirá”.
Mas, fôlego renovado, ao topo mais alto que se pode alcançar.

No cume da montanha, apenas o som do vento a escutar,
Ou quando muito, os passos trocados, de um lado para outro.
Olhos fixos no horizonte de um novo amanhecer,
Que não tardará por vir; ainda que as dificuldades pareçam a noite eternizar.

Páginas novas na planície serão escritas, com ousada teimosia,
Contra todos os cantos agourentos que, por vezes, parecem tornar impossíveis
Os mais belos sonhos que podemos ter; no secreto silêncio da alma sonhar.

Mas lá não se pode para sempre ficar; ainda que tentador,
É preciso pisar nos cacos de vidros da planície do cotidiano, com risco de se cortar,
Mas contar com a proteção que nos vem do alto, contra toda forma de perigo,
Pois Ele jamais se afasta daqueles que tanto ama, sendo em todo o tempo,
Nosso abrigo, refúgio, consolo, força e proteção, e jamais nos decepciona.

Cada um de nós precisa desta montanha azul, de momentos de restauração,
Em que nos colocamos despidos diante do Criador, com nossa miséria e limitação.

Envolvidos por Sua divina presença, impelidos a descer para o chão da realidade,
Para ser no mundo, para todos que precisarem, d’Ele, divino sinal,
Sua luz irradiar, no testemunho de uma fé irmanada com a esperança e caridade.


PS: passagens bíblicas - Mt 5,1-12a; Cl 3,1-5.9-11

Em poucas palavras...

                                                                


A remissão dos pecados

“Na remissão dos pecados realiza-se também a unidade dos Sacramentos: o Batismo é ministrado para a remissão dos pecados; o Espírito é infundido para a remissão dos pecados; o Cálice é derramado para a remissão dos pecados. Juntamente com os Santos Padres podemos afirmar que tudo aquilo que Jesus era na Terra está presente agora nos Sacramentos da Igreja” (1)

 

(1)Lecionário Comentado – Volume I do Tempo Comum – Editora Paulus – Lisboa – pág. 51 - sobre a passagem do Evangelho de Marcos (Mc 2,1-12).

 

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