quarta-feira, 1 de outubro de 2025

“A montanha azul”

                                                         

“A montanha azul”

Com passos firmes, subi à montanha azul, lugar que bem perto se pode encontrar.
Vencendo todo o cansaço e vozes que repetiam em coro: – “você não conseguirá”.
Mas, fôlego renovado, ao topo mais alto que se pode alcançar.

No cume da montanha, apenas o som do vento a escutar,
Ou quando muito, os passos trocados, de um lado para outro.
Olhos fixos no horizonte de um novo amanhecer,
Que não tardará por vir; ainda que as dificuldades pareçam a noite eternizar.

Páginas novas na planície serão escritas, com ousada teimosia,
Contra todos os cantos agourentos que, por vezes, parecem tornar impossíveis
Os mais belos sonhos que podemos ter; no secreto silêncio da alma sonhar.

Mas lá não se pode para sempre ficar; ainda que tentador,
É preciso pisar nos cacos de vidros da planície do cotidiano, com risco de se cortar,
Mas contar com a proteção que nos vem do alto, contra toda forma de perigo,
Pois Ele jamais se afasta daqueles que tanto ama, sendo em todo o tempo,
Nosso abrigo, refúgio, consolo, força e proteção, e jamais nos decepciona.

Cada um de nós precisa desta montanha azul, de momentos de restauração,
Em que nos colocamos despidos diante do Criador, com nossa miséria e limitação.

Envolvidos por Sua divina presença, impelidos a descer para o chão da realidade,
Para ser no mundo, para todos que precisarem, d’Ele, divino sinal,
Sua luz irradiar, no testemunho de uma fé irmanada com a esperança e caridade.


PS: passagens bíblicas - Mt 5,1-12a; Cl 3,1-5.9-11

Em poucas palavras...

                                                                


A remissão dos pecados

“Na remissão dos pecados realiza-se também a unidade dos Sacramentos: o Batismo é ministrado para a remissão dos pecados; o Espírito é infundido para a remissão dos pecados; o Cálice é derramado para a remissão dos pecados. Juntamente com os Santos Padres podemos afirmar que tudo aquilo que Jesus era na Terra está presente agora nos Sacramentos da Igreja” (1)

 

(1)Lecionário Comentado – Volume I do Tempo Comum – Editora Paulus – Lisboa – pág. 51 - sobre a passagem do Evangelho de Marcos (Mc 2,1-12).

 

Mães: discípulas do Divino Amor, Jesus

                                                               


Mães: discípulas do Divino Amor, Jesus 


Mães são necessárias discipulas missionárias do Senhor, discípulas do Divino Amor. 

São aprendizes e educadoras para a construção de uma cultura de vida e de paz, que passa necessariamente pela vivência do Mandamento do Amor que nosso Senhor nos ordenou: “Amai-vos uns aos outros, assim como Eu vos amei” (Jo 15,12). 

Neste sentido, volto a algumas preciosas fontes da Igreja sobre o amor: 

Assim os padres do deserto escreveram sobre o amor, a partir de um diálogo entre o mestre e seu discípulo:

 

“Perguntaram-lhe a um grande mestre:

Quando o amor é verdadeiro?

Quando é fiel – foi a resposta.

E quando é profundo?

Quando é sofredor – foi a resposta.

E como fala o amor?

A resposta foi:

O amor não fala.

O amor ama”.

 

Disse Santo Tomás de Aquino (séc. XII):

“Enquanto o amor humano tende a apossar-se do bem que encontra no seu objeto, o amor divino cria o bem na criatura amada."   

 

Mais tarde, assim nos falou o Presbítero João da Cruz (séc. XVI), sobre o julgamento final:

 

“Ao entardecer desta vida, examinar-nos-ão no amor”. 

 

Memoráveis, também, as palavras de Santa Teresinha do Menino Jesus (séc. XIX):

 

“Então, delirante de alegria, exclamei: Ó Jesus, meu amor, encontrei afinal minha vocação: minha vocação é o amor. Sim, encontrei o meu lugar na Igreja, Tu me deste este lugar, meu Deus. No coração da Igreja, minha mãe, eu serei o amor e desse modo serei tudo, e meu desejo se realizará”. 

Concluindo, peçamos a Deus por todas as mães que, tendo vivido amor assim, estejam na glória Deus, brilhando como os justos no Reino do Pai, como nos prometeu o Senhor (Mt 13,43); e por aquelas que estão entre nós, que sejam sábias discípulas do Verbo, o Divino Amor que se fez Carne e habitou entre nós (cf. Jo 1,14).

Livres para amar e seguir o Senhor

                                     

Livres para amar e seguir o Senhor

Uma reflexão a partir da passagem da Carta de São Paulo aos Gálatas (Gl 5,1-6), em que o Apóstolo nos exorta a nos identificarmos plenamente com Jesus, vivendo a vida nova que Ele nos oferece, na plena liberdade, pois é para a liberdade que Ele  nos libertou (Gl 5,1).

E a verdadeira liberdade consiste no fruto do Espírito, de modo que viver segundo o Espírito, é viver uma liberdade que ninguém pode oferecer, a não ser o próprio Espírito. 

Só é autenticamente livre quem se libertou de si próprio e vive para doar-se inteiramente aos outros, fazendo da vida um dom de si mesmo; abandonando a escravidão de viver centrado em si mesmo, no egoísmo, orgulho, egocentrismo, autossuficiência, individualismo, isolamento empobrecedor.

Reflitamos:

- Somos uma comunidade marcada por relações de amor e doação?
- Damos testemunho da autêntica liberdade no dom da vida ao outro?

Urge que nos coloquemos sempre a caminho, como discípulos missionários do Senhor, no bom combate da fé.

Renovemos a alegria de ter sido escolhidos, amados e chamados e enviados em missão pelo Senhor. É preciso sempre amar, aderir e seguir o Senhor, na mais perfeita e autêntica liberdade.

Questionemo-nos sobre o que ainda nos impede de viver a autêntica liberdade, fidelidade, doação e entrega da vida, na missão que o Senhor nos confiou.

Também reflitamos o que ainda nos prende, e não nos permite abertura ao novo que Deus tem a nos oferecer, e que somente quem se abre ao Espírito, é capaz de captar e compreender.

Caminhemos para frente, com coragem, ousadia, vivendo a graça da vocação profética, dando razão de nossa esperança, testemunhando nossa fé numa prática frutuosa da caridade.

Lembremo-nos do que nos ensina a Igreja: na vida de fé quando não se avança, recua-se. Não há tempo a perder, pois o tempo é breve e a urgência do Reino nos desinstala e o fogo do Espírito nos inflama.

Renovemos os sagrados compromissos com o Reino

                                                   


Renovemos os sagrados compromissos com o Reino

Sejamos enriquecidos com a Homilia do Papa São Gregório Magno (séc. VI), que trata com propriedade o exercício do ministério no cuidado do rebanho que Deus nos confia.

“Ouçamos o que diz o Senhor aos pregadores enviados: A messe é grande, mas poucos os operários. Rogai, portanto, ao Senhor da messe que envie operários a seu campo. São poucos os operários para a grande messe (Mt 9,37-38). Não podemos deixar de dizer isto com imensa tristeza, porque, embora haja quem escute as boas palavras, falta quem as diga.

Eis que o mundo está cheio de sacerdotes. Todavia na messe de Deus é muito raro encontrar-se um operário. Recebemos, é certo, o ofício sacerdotal, mas não o pomos em prática.

Pensai, porém, irmãos caríssimos, pensai no que foi dito: Rogai ao Senhor da messe que envie operários a seu campo. Pedi Vós por nós para que possamos agir de modo digno de Vós.

Que a língua não se entorpeça diante da exortação, para que, tendo recebido a condição de pregadores, nosso silêncio também não nos imobilize diante do justo juiz.

Com frequência, por maldade sua, a língua dos pregadores se vê impedida. Por sua vez, por culpa dos súditos, muitas vezes acontece que seus chefes os privem da palavra da pregação.

Por maldade sua, com efeito, a língua dos pregadores se vê impedida, como diz o salmista: Deus disse ao pecador: Por que proclamas minhas justiças? (Sl 49,16). Por sua vez, por culpa dos súditos, cala-se a voz dos pregadores.

É o que o Senhor diz por Ezequiel: Farei tua língua aderir a teu palato e ficarás mudo, como homem que não censura, porque é uma casa irritante (Ez 3,26). Como se dissesse claramente: A palavra da pregação te é recusada porque, por me exacerbar com suas ações, este povo não é digno de escutar a verdade que exorta. Não é fácil saber por culpa de quem a palavra se furta ao pregador. Porque se o silêncio do pastor às vezes o prejudica, sempre causa dano ao povo, isto é absolutamente certo.

Há ainda outra coisa, irmãos caríssimos, que muito me aflige na vida dos pastores, mas para não pensardes talvez que vos faz injúria aquilo que vou dizer, ponho-me também debaixo da mesma acusação, embora me encontre neste posto não por minha livre vontade, mas impelido por estes tempos calamitosos.

Vimos a nos envolver em negócios externos. Um cargo nos foi dado pela consagração e, na prática, damos prova de outro. Abandonamos o ministério da pregação e, reconheço-o para pesar nosso, chamam-nos de bispo a nós que temos a honra do nome, não o mérito. Aqueles que nos foram confiados abandonam a Deus e nos calamos. Jazem em suas más ações e não lhes estendemos a mão da advertência.

Quando, porém, conseguiremos corrigir a vida de outrem, se descuramos a nossa?

Preocupados com questões terrenas, tornamo-nos tanto mais insensíveis interiormente quanto mais parecemos aplicados às coisas exteriores.

Por isso e com razão, a respeito de seus membros enfraquecidos, diz a santa Igreja:

Puseram-me de guarda às vinhas; minha vinha não guardei (Ct 1,6). Postos como guardas às vinhas de modo algum guardamos a nossa porque, enquanto nos embaraçamos, com ações exteriores, não damos atenções ao ministério de nossa ação verdadeira”.

Reflitamos:

- Grande é a messe, poucos são os operários;
- Muitos são os apelos, clamores, e com limites procuramos dar as devidas respostas;

Ministros ordenados ou não devem ter o coração pleno de misericórdia como o coração d’Aquele que o chamou para não se omitir no multiplicar de gestos de solidariedade;

- Ninguém pode omitir-se no colocar dos carismas a serviço da comunidade, no fortalecimento e florescimento pastoral a serviço da vida e da esperança;
- Na comunidade não há espaço para omissões, recuos, desânimo e indiferença.

Seja nossa reflexão e oração acompanhadas da prática concreta da fé, pois ela sem obras é morta; sendo assim, multipliquemos Orações ao Senhor da Messe, para que nos envie operários que somem conosco na maravilhosa missão de construir o Reino de Deus pelo Filho inaugurado, com a força, ação e sabedoria do Espírito.

Peçamos ao Senhor que também nos fortaleça nas dificuldades de nossa caminhada de fé, para que a vivamos com renovado ardor e entusiasmo, e nossa esperança não fique desacompanhada das obras de amor.

Pai Nosso que estais nos céus...

Cartas que levam à Oração...

Cartas que levam à Oração...

Acolhamos a Carta aos Magnésios, do Bispo e Mártir Santo Inácio de Antioquia (séc. I)

“Longe de nós a indiferença ante a benignidade de Cristo. Se agisse conosco da maneira como fazemos, estaríamos perdidos. Por isto, feitos Seus discípulos, aprendamos a viver de acordo com o cristianismo. Quem se faz chamar por nome diferente, não é de Deus.

Rejeitai, pois, o mau fermento, velho e azedo, e mudai-vos com a força do novo fermento, que é Jesus Cristo. Salgai-vos nele para que nenhum de vós se corrompa, porque pelo cheiro seríeis descobertos.

É absurdo confessar a Cristo Jesus e judaizar, porque, de fato, o cristianismo não creu no judaísmo, mas o judaísmo no cristianismo, no qual estão reunidos todos quantos creem em Deus.

Se vos escrevo deste modo, caríssimos meus, não é porque saiba haver alguns de vós com estes sentimentos. Porém, como o menor de todos, desejo-vos precavidos a fim de não cairdes no anzol da vã doutrina.

Ficai plenamente certos do nascimento, e da paixão e ressurreição acontecidos durante a procuradoria de Pôncio Pilatos. Tudo isto foi verdadeiramente vivido por Jesus Cristo nossa esperança. Ninguém se afaste jamais desta esperança.

[...] Esforçai-vos por ficar firmes na doutrina do Senhor e dos Apóstolos, para que tudo quanto fizerdes tenha bom êxito na carne e no espírito, pela fé e pela caridade, no Filho e no Pai e no Espírito, no princípio e no fim, com vosso digno bispo e a bem entretecida coroa espiritual de vosso presbitério, juntamente com os diáconos, agradáveis a Deus. 

Sede submissos ao bispo e uns aos outros como, em sua humanidade, Jesus Cristo ao Pai, e os Apóstolos a Cristo e ao Pai e ao Espírito, para que a união seja corporal e espiritual.

Por vos saber cheios de Deus, exortei-vos com brevidade. Lembrai-vos de mim em vossas orações, para que consiga alcançar a Deus.

Lembrai-vos também da Igreja que está na Síria, na qual não sou digno de ser contado. Necessito de vossa unida oração e caridade em Deus. Que a Igreja, que está na Síria, mereça ser orvalhada pela vossa Igreja!

Saúdam-vos em Esmirna, donde vos escrevo, os efésios que aqui se acham presentes para a glória de Deus, como também vós que, juntamente com Policarpo, o bispo de Esmirna, me assististes em tudo.

As outras Igrejas, em honra de Jesus Cristo, vos saúdam. Adeus, unidos em Deus, possuidores do inseparável Espírito, que é Jesus Cristo.” 

Carta com pertinência e validade incontestável levam inevitavelmente a olharmos para a nossa história, para a nossa vida e a Deus súplicas elevar.

Oremos:

Senhor, afastai toda indiferença e frieza nossa diante de Vosso Evangelho, Vossa Igreja que somos, no amor ao Pai, com a força do Espírito.

Senhor, ajudai-nos a discernir e rejeitar tudo aquilo que torne insossa a nossa vida; tudo aquilo que ofusque a Vossa luz; tudo que impeça a fermentação do Vosso Reino, que consiste em relações de amor, alegria, vida, felicidade e paz.

Senhor, livrai-nos dos anzóis das vãs doutrinas, que nos tornam infiéis ao Vosso Evangelho, à Doutrina da Igreja, à acolhida do Sopro do Espírito que nos faz novas Criaturas em Cristo Jesus Ressuscitado, para sermos verdadeiramente imagens d’Aquele que nos criou.

Senhor, livrai-nos das verdades relativas, que não subsistem por vezes a algumas horas do dia.

Senhor, ajudai-nos a não sermos econômicos no esforço de fidelidade à Vossa Santa vontade, como fizeram os Apóstolos e tantos Profetas e mártires de Vossa igreja.

Que jamais sejamos covardes e desertores do Projeto que tendes, suportando o fogo do acrisolamento que a cruz possa nos oferecer, inevitáveis para que amadureçamos e floresçamos na fé, para que merecermos contemplar, um dia a Vossa esplendorosa e indescritível Face e convívio.

Que jamais prescindamos da Oração mútua para que, enquanto peregrinos longe do Senhor, firmemos nossos passos para o horizonte da esperança cultivada nas entranhas do coração: delícias do Vosso mavioso Banquete Celestial

Senhor, ajudai-nos a sermos uma Igreja que vive a grande comunhão, ainda que com muitos irmãos espalhados por todos os lugares, mas num só corpo, num só Espírito, na riqueza da diversidade, na comunicação da linguagem única e universal: o amor, porque sois amor. Amém"

Acompanhe com esta súplica a vigilância para que Deus nos livre dos anzóis das vãs doutrinas, do relativismo, das verdades pouco duradouras, e assim, tão apenas conduzidos pela Verdade irrevogável do Evangelho, sejamos.

Em poucas palavras...

                                             


“Na morte, Deus chama o homem a Si...”

“Na morte, Deus chama o homem a Si. É por isso que o cristão pode experimentar, em relação à morte, um desejo semelhante ao de São Paulo: «Desejaria partir e estar com Cristo» (Fl 1, 23). E pode transformar a sua própria morte num ato de obediência e amor para com o Pai, a exemplo de Cristo (Lc 23,46):

«O meu desejo terreno foi crucificado: [...] há em mim uma água viva que dentro de mim murmura e diz: "Vem para o Pai"» (Santo Inácio de Antioquia).

«Ansiosa por ver-Te, desejo morrer» (Santa Teresa de Jesus).

«Eu não morro, entro na vida» (Santa Teresinha do Menino Jesus).


(1) Catecismo da Igreja Católica – parágrafo n. 1011

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