quinta-feira, 4 de setembro de 2025

A comunidade do Ressuscitado

                                             

A comunidade do Ressuscitado

Retomemos a passagem da Carta de Paulo aos Colossenses (Cl 1, 2b-6a ):

“A vós, graça e paz da parte de Deus nosso Pai. Damos graças a Deus, Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, sempre rezando por vós, pois ouvimos acerca da vossa fé em Cristo Jesus e do amor que mostrais para com todos os santos, animados pela esperança na posse do céu. Disso já ouvistes falar no Evangelho, cuja Palavra de verdade chegou até vós. E como no mundo inteiro, assim também entre vós ela está produzindo frutos e se desenvolve”.

O Apóstolo saúda a comunidade com aquilo que é essencial em nossa vida: “graça e paz da parte de Deus nosso Pai”, para que vivamos nosso Batismo, irradiando a luz que nos foi acesa, sobretudo nas situações ou momentos mais obscuros e adversos.

A contínua oração do Apóstolo pela comunidade leva-nos a, também, intensificar nossas orações pelas comunidades que fazem parte de nossa história; comunidades por onde passamos e, sobretudo, aquelas em que estamos inseridos.

O Apóstolo ressalta as virtudes divinas que devem estar presentes em todas as comunidades: “a fé em Cristo Jesus”; “o amor que mostrais para com todos os santos”; “animados pela esperança na posse do céu”.

Por fim, a acolhida do Evangelho, como Palavra semeada nos corações dos ouvintes, deve produzir os frutos por Deus esperados, frutos abundantes e que permanecerão para sempre, pois, tão somente unidos a Jesus, e com a linfa vital do Espírito, estes frutos serão possíveis.

Firmemos nossos passos na caminhada de fé, como Igreja Missionária, enviada a proclamar a Boa-Nova do Evangelho de Jesus Cristo a todos os povos, em todos os lugares, sobretudo nos mais desafiadores e novos areópagos no mundo pós-moderno.

Confiança plena no Senhor

                                                            


Confiança plena no Senhor

Sobre a passagem do Evangelho (Lc 5,1-11), assim reflete o Missal:

“A abundância da pesca evoca o êxito extraordinário da pregação apostólica e explica de antemão o valor dos Apóstolos convertidos em ‘pescadores de homens’, que remarão pelo mar adentro para ganhar para Cristo o maior número de ouvintes.

A tarefa poderia mesmo espantá-los. Mas Jesus diz-lhes: ‘Não temais’. Isto basta para infundir-lhes a coragem necessária para deixar tudo e ‘segui-Lo’, esquecendo-se do seu passado...

A contemplação de Cristo e a cena milagrosa vêm reavivar o valor, a confiança e o empenho missionário das comunidades cristãs, que se poderiam sentir enfraquecidas pela aparente inutilidade dos seus esforços” (1)

Como discípulos missionários, continuamos lançando nossas redes em águas mais profundas, sentindo a presença de Deus em todos os momentos e em todas as situações, favoráveis ou adversas, pois desconheceremos o fracasso, se confiarmos plenamente na Palavra do Senhor.

Também escrevendo as linhas de nossa história, podemos experimentar aparente inutilidade de nossos esforços, mas é preciso que façamos o melhor que pudermos, confiantes de que aquele que em Deus confia, desconhece o fracasso, porque, n’Ele e com Ele, somos mais que vencedores (Rm 8,37)

Renovemos a alegria de ser discípulos d’Ele, nosso Mestre e Senhor, assim como viveram os primeiros que ouviram o Seu chamado, e confiaram em Sua Palavra e presença, confiantes na Palavra do Senhor, fazendo o que nos é próprio e com certeza nossas redes jamais retornarão vazias.


(1) Missal Dominical e Quotidiano – Ed. Paulus – Lisboa – p.1221.

Lançando redes em águas mais profundas

 

                                                  
Lançando redes em águas mais profundas
 
Iluminadora é a passagem em que Jesus convida Pedro a avançar para as águas mais profundas e lançar as redes, depois de uma noite de fracasso e de redes vazias. Pedro, em atenção à Palavra de Jesus, joga as redes, que foram puxadas cheias de peixes (Lc 5,1-11).
 
Aquela noite de fracasso, de cansaço inútil e redes vazias, cedeu lugar à pesca milagrosa, à abundância de peixes. Desde então, Pedro, João e Tiago deixaram os barcos e as redes e se tornaram pescadores de homens, conforme o Senhor mesmo o disse.
 
Nisto consiste a missão da Igreja, ontem, hoje e sempre: confiar na Palavra do Senhor, e, com coragem e ousadia, resgatar a humanidade para uma vida mais plena e feliz.
 
Confiantes na Palavra e presença do Senhor e do Seu Espírito, nossos trabalhos se multiplicam para que o Reino de Deus se torne uma realidade, ainda que em pequenos sinais, antecipando a glória do Reino definitivo.
 
Urge que edifiquemos uma Igreja em estado permanente de missão; uma Igreja como lugar da Iniciação à Vida Cristã; uma Igreja como o lugar de Animação Bíblica da Vida e da Pastoral; uma Igreja como Comunidade de Comunidades; e uma Igreja a Serviço da Vida Plena Para Todos, tendo como pilares fundamentais: Palavra, Pão, Caridade e Ação Missionária.
 
Em todo o tempo, tenhamos a graça da sincera conversão, desinstalados de qualquer tentação de acomodação ou omissão, e em total fidelidade à Palavra de Jesus, evangelizando com zelo, amor e alegria.
 
Com o Senhor, temos certeza de que nossas redes jamais ficarão vazias, e nossas noites escuras jamais serão um prolongado fracasso, sem esperança. 

Crendo em Jesus Cristo, e com Ele caminhando, assumindo com coragem a nossa cruz de cada dia, continuemos dando passos para celebrarmos sempre no Altar do Senhor as incontáveis graças recebidas. E como discípulos missionários d’Aquele que tem a última Palavra; d’Aquele que fez, faz e fará sempre novas todas as coisas, com a Sua Ressurreição, de modo que transborde em nosso coração a alegria Pascal.

 

Saibamos ouvir a voz do Amor

                                                                    


Saibamos ouvir a voz do Amor

“Quando se escuta a voz do Amor,
o mundo torna-se melhor e mais belo.
É o mundo dos botões que florescem,
do canto dos passarinhos, da vida que triunfa.”

O que falar mais sobre o Livro do Cântico dos Cânticos, uma das mais belas literaturas do mundo?

Qual outro livro do Antigo Testamento tenha fascinado tanto a alma dos cristãos e não cristãos como este poema que exalta o amor entre um jovem e a sua encantadora e tão bela noiva?

Que releitura mais bela poderia ter sido feita a Igreja, do que temos retratada neste maravilhoso Livro da Sagrada Escritura, num sentido místico e espiritual?

As muitas águas não podem apagar este amor, nem os rios afogá-lo; ainda que alguém desse todos os bens de sua casa pelo amor, certamente o desprezariam.” (Ct 8, 7). 

Como não ver a figura dos noivos enamorados, apaixonados, num amor que é mais forte do que a morte, que rios de água não podem conter: a relação de Cristo e a Sua Igreja?

Ontem o Amado foi fecundado pelo Amor como obra do Amante no ventre de Maria, rememorando as palavras de Santo Agostinho.

O Amado vem sempre ao nosso encontro, e quer ser acolhido num coração que foi fecundado no silêncio, na Oração, no esforço de conversão, com novenas, renúncias, aberturas, transformação...

Vem em cada Natal que celebramos, e quer conosco uma relação de sedução, amor, encanto, apaixonamento, porque Deus não sabe outro modo conosco Se relacionar.

Veio, vem e virá sempre e será acolhido, porque aqueles que O desejam e O procuram, procuram e O desejam, amam e O encontram, encontram e o amam, como nos ensinaram os Santos da Igreja.

Escutemos a voz do Amor e Sua mensagem de vida, paz, alegria, fraternidade e salvação do mundo, na mais perfeita e desejada sintonia, para que cresçamos em alegria e amor profundos.

Cessem os ruídos ensurdecedores! Silêncio saibamos fazer para a escuta da voz do Amante, Amado e Amor, que inseparáveis sendo, também não Se separam de cada um de nós.

O Senhor quer comunicar, a quem tem ânsias de amor e de eternidade, uma alegre notícia: deixemos toda a tristeza, eliminemos prantos, luto e lamento. 

Com o Amor, tudo fica melhor mais belo!

A voz de Jesus, que um dia foi Menino e, crescendo em tamanho e sabedoria e graça diante de Deus, por amor a cada um de nós a vida entregou, padeceu e na Cruz morreu, na glória entrou: Ressuscitou!

Vem Senhor Jesus – Maranathá!
Vem Senhor Jesus – Aleluia!

“Em atenção à Tua Palavra...”

                                                    


“Em atenção à Tua Palavra...”

Avançando para águas mais profundas, como nos manda o Senhor (cf. Lc 5,1-11), continuamos nossas atividades na ação evangelizadora, sempre com amor, zelo e alegria; inspirados e motivados em viver o Projeto que Ele nos apresentou no Sermão da Montanha (cf. Mt 5,1-12), para que, na planície do cotidiano, sal da terra e luz no mundo sejamos.

Fiel é o Senhor no cumprimento de Sua Palavra: depois de uma noite sem nada pescar, Ele convida os discípulos a lançarem a rede, e Simão responde: “Mestre, nós trabalhamos a noite inteira e nada pescamos. Mas, em atenção à Tua palavra, vou lançar as redes” (Lc 5,5). As redes foram puxadas, e havia tamanha quantidade de peixes que elas se romperam. Assim também acontece conosco, quando vivemos a fidelidade ao Senhor.

Confiantes na Palavra do Senhor, que jamais nos decepciona, cuidemos do fortalecimento das diversas pastorais, bem como o nascimento de outras; fortalecendo também os movimentos e serviços, sempre com as redes cheias, porque muitos foram e são os agentes de pastoral que somam nesta missão, com dedicação, fidelidade, empenho e renovado compromisso pela graça do batismo, como profetas, sacerdotes e reis.

Que o Espírito do Senhor, o verdadeiro protagonista da evangelização, continue repousando sobre nós, pois bem sabemos que somos apenas Seus instrumentos: se a Ele nos abrirmos, confiantes em Sua Palavra, nossas redes estarão sempre cheias, e teremos sempre a alegria dos sinais do Reino de Deus diante de nossos olhos, fazendo pulsar mais forte e transbordar de alegria o nosso coração.

Contemos com a presença e intercessão de Maria, a Estrela da evangelização, em nossos trabalhos, de modo que jamais nos esqueçamos de suas palavras: “Fazei tudo o que Ele vos disser” (Jo 2,5), pois somente assim, a certeza de vinho novo e pescas abundantes.

Aproveitemos este novo amanhecer...

                                                      

Aproveitemos este novo amanhecer...

Amanheceu...
Vejo as garras do pecado, algoz de fome insaciável. 

Mas o que é pecado? 

O que será o pecado, se não o manchar das páginas da história, em todos os âmbitos: pessoal, familiar, social, estrutural... Manchas por vezes indeléveis, tão apenas superadas e eliminadas quando se experimenta a força do amor e do perdão divinos?

O que será o pecado, se não o corromper nosso espírito,  interrompendo  e extinguindo a seiva vital do amor, da ternura e da misericórdia, de modo que ela não circule livremente por nossas veias, tornando-nos estéreis em palavras e ações?

O que será o pecado, se não aquela nódoa em nossa alma, e que anda de mãos dadas com a vergonha pelo ato cometido, até que se possa encontrar o porto seguro da reconciliação e da remoção desta, para que resplandeçamos a imagem de Deus em nós impressa?

Não será o pecado a experiência de ser mergulhar na realidade de opróbrio e desonras, por ter tomado caminhos obscuros, que poderiam ter conduzido ao abismo da morte, porque antes encalacrado na trincheira mórbida devoradora das forças para novos passos?

Não será o pecado o salpicar-se de lama, consequência dos pecados capitais (soberba, avareza, luxúria, ira, gula, inveja e preguiça), que nos seduzem, e dos quais devemos sempre romper as amarras, em permanente vigilância, para não sucumbirmos e experimentarmos o amargo e indesejável gosto do luto precoce?

Não será o pecado também o cobrir-se de luto eterno, quando não nos abrimos à misericórdia divina sempre pronta a nos perdoar, recriar, renovar e restaurar, como nos relatam as páginas do Evangelho em que Jesus nos revelou a face misericordiosa do Pai?

Pecado significa toda palavra, pensamento e ações nefandas, que nos conduziram ou poderão nos conduzir a caminhos tortuosos, e, por vezes, com retorno quase impossível, humanamente falando, mas não para Deus, que jamais desiste de nós, apesar de nossa infidelidade.

Pecado, rendimento às paixões desordenadas, avassaladoras, que nos escravizam e nos fazem render aos apetites insaciáveis, porque impuros, falsos e enganadores que nos fragilizam e nos roubam as forças da busca do horizonte do inédito que Deus tem para nós.

Pecado é putrificar-se na miséria que somos; razão de cairmos e sentarmos na indigência. Mas é preciso que nos voltemos para a misericórdia divina, que desceu e veio ao nosso encontro, para nos levantar e nos colocar a caminho, com o desejo do pão do amor, da vida e do perdão.

Pecados, os cometemos quando nos apartamos da senda das virtudes e valores que humanizam, recriam e tornam a vida mais bela, e assim deixamos de ser artífices e construtores da civilização do amor, com novas relações entre nós e com a nossa casa comum (planeta).

Pecamos quando nossos olhos cobiçam o desnecessário, porque antes cegados no coração, que vê a partir do egoísmo, da indiferença e da insensibilidade para com a dor e fome do outro.

Pecamos quando não multiplicamos as obras de misericórdia corporal e espiritual, e nos fechamos em nosso gueto da mediocridade, e assim nos tornamos misérrimos, e sentimos envenenadas até as últimas fibras de nosso ser.

Reconheçamos os nossos pecados e voltemos para o Senhor, que não nos quer ver a caminho do abismo que atrai abismo. Se há um abismo a nos entregarmos piamente, é o abismo da misericórdia divina, que nos devolve, paradoxalmente, a vida.

Reconheçamos os nossos pecados e permitamos que a graça de Deus em nós aja e não seja em vão, como não o foi na vida do Apóstolo Paulo, e de tantos ao longo da história.

Reconheçamos que somos pecadores, e ouçamos a sentença do Senhor contra o pecado e não contra o pecador, quando Se dirigiu a pecadora surpreendida em adultério: “Ninguém te condenou. Eu também não te condeno – Vá e não peques mais” (Jo 8,11).

Prostremo-nos diante do Senhor. Tenhamos boa disposição de espírito e grandeza de alma, para permitir que a mão divina nos modele, porque inacabados e imperfeitos, ainda o somos.

Experimentemos a misericórdia divina que continua a nos modelar, para que se restaure a imagem impressa em nós desde aquele dia no Jardim do Édem.

Experimentemos e comuniquemos a brandura, a doçura e a ternura divinas, somente acolhida quando fazemos o encontro de nossa miséria com a misericórdia divina, através do desejo da reconciliação e do perdão.

Reconquistemos a mansidão possivelmente perdida: puros de coração e promotores da paz sejamos.

Aproveitemos este novo amanhecer...

Em poucas palavras...

                                                


Eucaristia e o amor ao próximo

“É no coração que se devem inscrever a Lei de Deus e a Sua Palavra, ‘pois é do interior do homem que saem os pensamentos perversos: imoralidades, roubos, assassínios, adultérios, cobiças... Todos estes vícios saem do interior do homem e os tornam impuros...’

O critério último e decisivo da justa observância da Lei de Deus é o amor eficaz ao próximo. Porque é ele que julga a autenticidade da participação na Eucaristia que é o Sacramento do amor.” (1)

 

 

(1) Missal Quotidiano Dominical e Ferial  - Editora Paulus - pág. 1852

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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG