domingo, 1 de junho de 2025

Em poucas palavras... (Ascensão do Senhor)

                                                        


“A elevação na cruz significa e anuncia a elevação da ascensão aos céus”

“«E Eu, uma vez elevado da terra, atrairei todos a Mim» (Jo 12, 32). A elevação na cruz significa e anuncia a elevação da ascensão aos céus. É o princípio dela, Jesus Cristo, o único sacerdote da nova e eterna Aliança, «não entrou num santuário feito por homens [...].

Entrou no próprio céu, a fim de agora se apresentar diante de Deus em nosso favor» (Hb 9, 24). 

Nos céus, Cristo exerce permanentemente o seu sacerdócio, «sempre vivo para interceder a favor daqueles que, por seu intermédio, se aproximam de Deus» (Hb 7, 25). 

Como «sumo sacerdote dos bens futuros» (Hb 9, 11), Ele é o centro e o ator principal da liturgia que honra o Pai que está nos céus (São João Damasceno).” (1)

 

(1) Catecismo da Igreja Católica – parágrafo n. 662

A Missão do Senhor é a nossa missão (Ascensão do Senhor)

                                                          


A Missão do Senhor é a nossa missão

Senhor, com a Vossa Ascensão aos céus, nos convidais a voltarmos os nossos olhos para o mundo em que vivemos, e darmos continuidade à Vossa Divina Missão, embora não merecedores o sejamos, mas em Vós confiamos e agradecemos.

Celebramos e contemplamos a Vossa partida como a marca do começo da missão universal confiada aos Apóstolos, porque tendes todo o poder no Céu e na Terra, e sois Cabeça da Igreja, que é o Vosso Corpo, e a ela nada falta para que esta missão realize.

Renovamos hoje o compromisso de construir, paciente e humildemente, no amor, a Vossa Igreja, como pedras vivas e escolhidas Vossas, e jamais nos sentindo órfãos, porque nos enviastes do Pai o Vosso Santo Espírito.

Cremos, contemplamos e sentimos a Vossa presença, Senhor, não mais como outrora, sujeita às limitações da condição humana, que restringia a Vossa ação no tempo e no espaço. Nada mais pode impedi-Lo de estar aqui ou ali, agora estais em todo lugar e caminhais conosco.

Contemplamos Vossa presença, Senhor, sublimemente na Palavra, na Eucaristia e no pobre, faminto, sedento, nu, enfermo, forasteiro, preso, e em tantos quantos possamos reconhecer-Vos, amando e servindo com humildade e alegria.

Nós Vos agradecemos, Senhor, por esta nova presença, e como discípulos missionários nada temos a temer no mundo. E que cada vez mais, como Igreja em saída, missionária e misericordiosa, coloquemo-nos a serviço da vida e da esperança, impelidos pelo Fogo do Vosso Amor. Amém. Aleluia!

A Ascensão do Senhor e as Virtudes Cardeais (Ascensão do Senhor)

A Ascensão do Senhor e as Virtudes Cardeais

Celebraremos a Ascensão do Senhor aos céus no próximo Domingo, e ao longo da semana, nos prepararemos, mais intensamente, para a Festa de Pentecostes, a vinda do Espírito Santo sobre a comunidade reunida, logo após a Ressurreição do Senhor.

A vinda do Espírito Santo nos acompanha em todo o momento na ação evangelizadora, e muito nos ajuda a orientá-la a partir das Virtudes Cardeais.

Vejamos o que nos diz o Catecismo da Igreja Católica (parágrafos 1805-1809) sobre estas quatro virtudes, que desempenham o papel como de uma dobradiça.

As virtudes da prudência, da justiça, da fortaleza e da temperança denominam-se “cardeais”, pois todas as outras se agrupam em torno delas.

Aparecem em inúmeras passagens da Sagrada Escritura, e uma delas, encontramos no Livro da Sabedoria (Sb 8,7): “Se alguém ama a justiça, o fruto dos seus trabalhos são as virtudes, porque ela ensina a temperança e a prudência, a justiça e a fortaleza” (Sb 8, 7).

Vejamos as quatro virtudes:

Prudência: virtude que dispõe a razão prática para discernir, em qualquer circunstância, o nosso verdadeiro bem e para escolher os justos meios de atingi-lo. O homem prudente vigia os seus passos” (Pr 14, 15);  “Sede ponderados e comedidos, para poderdes orar” (1 Pd 4, 7).

A prudência não pode ser confundida com a timidez ou o medo, a duplicidade ou dissimulação, e é também chamada de auriga virtutum – condutor das virtudes”, porque guia as outras virtudes, indicando-lhes a regra e a medida.

Justiça: é a virtude moral que consiste na constante e firme vontade de dar a Deus e ao próximo o que lhes é devido.

A justiça para com Deus chama-se “virtude da religião”, em relação aos homens, ela leva ao respeito dos direitos de cada qual e a estabelecer, nas relações humanas, a harmonia que promove a equidade em relação às pessoas e ao bem comum.

O homem justo, tantas vezes evocado nos livros santos, distingue-se pela retidão habitual dos seus pensamentos e da sua conduta para com o próximo – Não cometerás injustiças nos julgamentos. Não favorecerás o pobre, nem serás complacente para com os poderosos. Julgarás o teu próximo com imparcialidade’ (Lv 19, 15); “Senhores, dai aos vossos escravos o que é justo e equitativo, considerando que também vós tendes um Senhor no céu” (Cl 4, 1).

Fortaleza: é a virtude moral que, no meio das dificuldades, assegura a firmeza e a constância na realização do bem.

Torna firme a decisão de resistir às tentações e de superar os obstáculos na vida moral, dando a capacidade para vencer o medo, mesmo da morte, e enfrentar a provação e as perseguições.

Ela dispõe a pessoa para ir até à renúncia e ao sacrifício da própria vida, na defesa de uma causa justa – “O Senhor é a minha fortaleza e a minha glória” (Sl 118, 14); “No mundo haveis de sofrer tribulações: mas tende coragem! Eu venci o mundo!” (Jo 16, 33).

Temperança: é a virtude moral que modera a atração dos prazeres e proporciona o equilíbrio no uso dos bens criados.

Ela garante o domínio da vontade sobre os instintos e mantém os desejos nos limites da honestidade, bem como orienta os apetites sensíveis da pessoa para o bem, com uma sã discrição e não se deixa arrastar pelas paixões do coração. 

No Antigo Testamento é muitas vezes louvada – “Não te deixes levar pelas tuas más inclinações e refreia os teus apetites” (Sir 18, 30).

No Novo Testamento, é chamada “moderação’, ou “sobriedade” – Devemos “viver com moderação, justiça e piedade no mundo presente” (Tt 2, 12).

Finaliza com uma citação de Santo Agostinho, que sintetiza tudo quanto se disse:

“Viver bem é amar a Deus de todo o coração, com toda a alma e com todo o proceder [...], de tal modo que se lhe dedica um amor incorrupto e íntegro (pela temperança), que mal algum poderá abalar (fortaleza), que a ninguém mais serve (justiça), que cuida de discernir todas as coisas para não se deixar surpreender pela astúcia e pela mentira (prudência)” .

Deste modo, nossa vida, conduzida pelas virtudes cardeais, nos fortalecerá no caminho de evangelização, na Proclamação da Palavra de Deus, participando da construção de uma autêntica cultura de vida e de paz, vendo no outro o nosso irmão, afinal somos todos irmãos - “Vós sois todos irmãos!” (Mt 23,8).

A Solenidade da Ascensão segundo Santo Agostinho... (Ascensão do Senhor)

A Solenidade da Ascensão segundo Santo Agostinho...

À luz do Sermão do Bispo Santo Agostinho (Séc. V), reflitamos sobre a Ascensão do Senhor aos céus:

“Hoje nosso Senhor Jesus Cristo subiu ao céu; suba também com Ele o nosso coração. Ouçamos as palavras do Apóstolo:

Se ressuscitastes com Cristo, esforçai-vos por alcançar as coisas do alto, onde está Cristo, sentado à direita de Deus; aspirai às coisas celestes e não às coisas terrestres (Cl 3,1-2).

E assim como Ele subiu sem Se afastar de nós, também nós subimos com Ele, embora não se tenha ainda realizado em nosso corpo o que nos está prometido.

Cristo já foi elevado ao mais alto dos céus; contudo, continua sofrendo na terra através das tribulações que nós experimentamos como Seus membros.

Deu testemunho desta verdade quando Se fez ouvir lá do céu: Saulo, Saulo, por que me persegues (At 9,4). E ainda: Eu estava com fome e me destes de comer (Mt 25,35).

Por que razão nós também não trabalhamos aqui na terra de tal modo que, pela fé, esperança e caridade que nos unem a nosso Salvador, já descansemos com Ele no céu?

Cristo está no céu, mas também está conosco; e nós, permanecendo na terra, estamos também com Ele.

Por Sua divindade, por Seu poder e por Seu amor Ele está conosco; nós, embora não possamos realizar isso pela divindade, como Ele, ao menos, podemos realizar pelo amor que temos para com Ele.

O Senhor Jesus Cristo não deixou o céu quando de lá desceu até nós; também não Se afastou de nós quando subiu novamente ao céu.

Ele mesmo afirma que Se encontrava no céu quando vivia na terra, ao dizer:
Ninguém subiu ao céu, a não ser Aquele que desceu do céu, o Filho do homem, que está no céu (cf. Jo 3,13).

Isto foi dito para significar a unidade que existe entre Ele, nossa Cabeça, e nós, Seu Corpo.

E ninguém senão Ele podia realizar esta unidade que nos identifica com Ele mesmo, pois Se tornou Filho do homem por nossa causa, e nós por meio Dele nos tornamos filhos de Deus.
Neste sentido diz o Apóstolo:

Como o corpo é um só, embora tenha muitos membros, e como todos os membros do corpo, embora sejam muitos, formam um só corpo, assim também acontece com Cristo (1Cor 12,12).

Ele não diz: “assim é Cristo”, mas: assim também acontece com Cristo.

Portanto, Cristo é um só, formado por muitos membros. Desceu do céu por Sua misericórdia e ninguém mais subiu senão Ele; mas n’Ele, pela graça, também nós subimos. Portanto, ninguém mais desceu senão Cristo e ninguém mais subiu além de Cristo.

Isto não quer dizer que a dignidade da Cabeça se confunde com a do corpo, mas que a unidade do Corpo não se separa da Cabeça.” (1)

Renovemos o ardor da Missão Evangelizadora, pois assim como Deus O assistiu em todos os momentos, voltando para o Pai, nos reveste da força do alto, com a presença do Espírito.

Uma vez revestidos da força do alto, com a presença e ação do Espírito, trilhamos “a estreita via da Cruz”, na construção do novo céu e nova terra.

Nada faltou a Jesus, sendo assim, sendo Ele a Cabeça, nós o Seu Corpo, também já fomos elevados aos céus.

Isto não significa que tudo está consumado. Há um longo caminho a percorrer até que um dia possamos contemplar Deus face a face...

Sem letargias, inseguranças, atropelos, inércia, desânimos, mas com firmeza, equilíbrio, ardor...

A Ascensão é ao mesmo tempo a conclusão da
Missão do Senhor na terra e o início da nossa Missão.
Como amadas testemunhas, Ele nos enviou
para sermos sinais do Seu Amor!
Amém!

(1) Liturgia das Horas - pág. 828-829. 

Em poucas palavras... (Ascensão do Senhor)

 


“O símbolo dos céus remete-nos para o mistério da Aliança...”

“O símbolo dos céus remete-nos para o mistério da Aliança que nós vivemos, quando rezamos ao Pai. Ele está nos céus: é a sua morada.

A casa do Pai é, pois, a nossa «pátria». Foi da terra da Aliança que o pecado nos exilou (Gn 3), e é para o Pai, para o céu, que a conversão do coração nos faz voltar (Jr 3,19-4,1a; Lc 15,18.21).

Ora, foi em Cristo que o céu e a terra se reconciliaram (Is 45,8; Sl 85,12), porque o Filho «desceu do céu», sozinho, e para lá nos faz subir juntamente consigo, pela sua cruz, ressurreição e ascensão (Jo 12,32; 14,2-3; 16,28; 20,17; Ef 4,9-10; Hb 1,3; 2,13).”   (1)

  

(1) Catecismo da Igreja Católica – n. 2795

Em poucas palavras... (Ascensão do Senhor)

 


“Depois da Ascensão do Seu Filho...”

“Depois da Ascensão do seu Filho, Maria «assistiu com suas orações aos começos da Igreja» (Lumen Gentium n. 69). E, reunida com os Apóstolos e algumas mulheres, vemos «Maria implorando com as suas orações o dom daquele Espírito, que já na Anunciação a cobrira com a Sua sombra» (Lumen Gentium n.59).” (1)

 

(1)  Catecismo da Igreja Católica – n. 965

Ascensão: o Triunfo do Vencedor, Jesus Cristo (Ascensão do Senhor)

 


Ascensão: o Triunfo do Vencedor, Jesus Cristo

Ao Celebramos a Ascensão do Senhor, sejamos enriquecidos pelo Sermão de São Máximo de Turim (séc. V):

“’Se o grão de trigo não cai na terra e morre, fica infecundo; mas se morre, dá muito fruto’. Floresceu, pois, novamente o Senhor ressuscitando do sepulcro; frutifica quando sobe ao céu.

É flor quando é gerado nas profundezas da terra; é fruto quando é assentado em Sua sublime sede. É grão – como Ele mesmo diz – quando, só, padece a Cruz; é fruto quando Se vê cercado da copiosa fé dos Apóstolos.

De fato, durante aqueles quarenta dias em que, depois da Ressurreição, conviveu com Seus discípulos, instruiu-lhes em toda a maturidade da sabedoria e os preparou para uma safra abundante com toda a fecundidade de Sua doutrina. Depois subiu ao céu, ou seja, ao Pai, levando o fruto da carne e deixando em Seus discípulos as sementes da justiça.

Subiu, portanto, o Senhor ao Pai. Vossa santidade recordará, sem dúvida, que comparei o Salvador com aquela águia do salmista, da qual lemos que renova sua juventude.

Realmente existe uma semelhança, e não pequena. Pois assim como a águia abandonando os vales se eleva às alturas e penetra impetuosa nos céus, assim também o Salvador abandonando as profundidades do abismo Se elevou aos serenos picos do paraíso, e penetrou nas mais elevadas regiões do céu.

E assim como a águia, abandonando a mesquinharia da terra, e voando para as alturas, usufrui da salubridade de um ar mais puro, assim também o Senhor, abandonando a imundície dos pecados terrenos e revoando em Seus santos, alegra-Se na simplicidade de uma vida mais pura.

De forma que a comparação com a águia se encaixa perfeitamente ao Salvador. Mas, então, como explicar o fato de que frequentemente a águia destroça sua presa e arrebata seguidamente a presa alheia? Contudo, tampouco nisto é dessemelhante ao Salvador.

De certo modo arrastou com a presa quando ao homem que tinha assumido, arrancado das gargantas do inferno, o conduziu ao céu, e ao que era escravo de uma dominação alheia, isto é, da potestade diabólica, libertado da catividade, cativo o conduziu às regiões elevadas, como escreve o profeta: ‘Subiu ao alto levando cativa a catividade e deu dons aos homens’.

Esta frase certamente significa que levou ao alto dos céus a catividade cativa. Uma e outra catividade são designadas com idêntica palavra. Mas ambas com um significado bem distinto, visto que a catividade do diabo reduz o homem à escravidão, enquanto a catividade de Cristo restitui a liberdade.

‘Subiu’, disse, ‘ao alto levando cativa a catividade’. Quão bem descreve o profeta o triunfo de Cristo! Pois, segundo dizem, a pompa da carruagem dos vencidos costuma preceder ao rei vencedor.

Mas eis aqui que a catividade gloriosa não precede ao Senhor em sua Ascensão aos céus, mas que o acompanha; não é conduzida a carruagem à frente, mas sim que é ela a que leva ao Salvador.

Por um inefável mistério, enquanto o Filho de Deus eleva ao céu o Filho do homem, a própria catividade é ao mesmo tempo portadora e portada. O que acrescenta: ‘deu dons aos homens’, é o gesto típico do vencedor.” (1)

O Prefácio da Solenidade da Ascensão é expressivo para aprofundamento de quanto tenha dito São Máximo de Turim em seu Sermão:

“Na Verdade, é justo e necessário, é nosso dever e salvação dar-vos graças, sempre e em todo o lugar, Senhor, Pai santo, Deus eterno e todo-poderoso. Vencendo o pecado e a morte, vosso Filho, Jesus, Rei da glória, subiu (hoje) ante os anjos maravilhados ao mais alto dos céus. E tornou-Se o mediador entre vós, Deus, nosso Pai, e a humanidade redimida, juiz do mundo e Senhor do universo. Ele, nossa cabeça e princípio, subiu aos céus, não para afastar-Se de nossa humildade, mas para dar-nos a certeza de que nos conduzirá à glória da imortalidade...” .

De fato, a Ascensão de Cristo é o triunfo do vencedor, como tão bem expressa a Oração do dia desta Solenidade:

Oremos: 

“Ó Deus todo-poderoso, a Ascensão do Vosso Filho já é nossa vitória. Fazei-nos exultar de alegria e fervorosa ação de graças, pois, membros de Seu corpo, somos chamados na esperança a participar da Sua glória. Por nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.”


(1) Lecionário Patrístico Dominical – Editora Vozes – 2013 - pp. 110-111

Quem sou eu

Minha foto
4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG