domingo, 1 de junho de 2025

Em poucas palavras... (Ascensão do Senhor)

 


“O símbolo dos céus remete-nos para o mistério da Aliança...”

“O símbolo dos céus remete-nos para o mistério da Aliança que nós vivemos, quando rezamos ao Pai. Ele está nos céus: é a sua morada.

A casa do Pai é, pois, a nossa «pátria». Foi da terra da Aliança que o pecado nos exilou (Gn 3), e é para o Pai, para o céu, que a conversão do coração nos faz voltar (Jr 3,19-4,1a; Lc 15,18.21).

Ora, foi em Cristo que o céu e a terra se reconciliaram (Is 45,8; Sl 85,12), porque o Filho «desceu do céu», sozinho, e para lá nos faz subir juntamente consigo, pela sua cruz, ressurreição e ascensão (Jo 12,32; 14,2-3; 16,28; 20,17; Ef 4,9-10; Hb 1,3; 2,13).”   (1)

  

(1) Catecismo da Igreja Católica – n. 2795

Em poucas palavras... (Ascensão do Senhor)

 


“Depois da Ascensão do Seu Filho...”

“Depois da Ascensão do seu Filho, Maria «assistiu com suas orações aos começos da Igreja» (Lumen Gentium n. 69). E, reunida com os Apóstolos e algumas mulheres, vemos «Maria implorando com as suas orações o dom daquele Espírito, que já na Anunciação a cobrira com a Sua sombra» (Lumen Gentium n.59).” (1)

 

(1)  Catecismo da Igreja Católica – n. 965

Ascensão: o Triunfo do Vencedor, Jesus Cristo (Ascensão do Senhor)

 


Ascensão: o Triunfo do Vencedor, Jesus Cristo

Ao Celebramos a Ascensão do Senhor, sejamos enriquecidos pelo Sermão de São Máximo de Turim (séc. V):

“’Se o grão de trigo não cai na terra e morre, fica infecundo; mas se morre, dá muito fruto’. Floresceu, pois, novamente o Senhor ressuscitando do sepulcro; frutifica quando sobe ao céu.

É flor quando é gerado nas profundezas da terra; é fruto quando é assentado em Sua sublime sede. É grão – como Ele mesmo diz – quando, só, padece a Cruz; é fruto quando Se vê cercado da copiosa fé dos Apóstolos.

De fato, durante aqueles quarenta dias em que, depois da Ressurreição, conviveu com Seus discípulos, instruiu-lhes em toda a maturidade da sabedoria e os preparou para uma safra abundante com toda a fecundidade de Sua doutrina. Depois subiu ao céu, ou seja, ao Pai, levando o fruto da carne e deixando em Seus discípulos as sementes da justiça.

Subiu, portanto, o Senhor ao Pai. Vossa santidade recordará, sem dúvida, que comparei o Salvador com aquela águia do salmista, da qual lemos que renova sua juventude.

Realmente existe uma semelhança, e não pequena. Pois assim como a águia abandonando os vales se eleva às alturas e penetra impetuosa nos céus, assim também o Salvador abandonando as profundidades do abismo Se elevou aos serenos picos do paraíso, e penetrou nas mais elevadas regiões do céu.

E assim como a águia, abandonando a mesquinharia da terra, e voando para as alturas, usufrui da salubridade de um ar mais puro, assim também o Senhor, abandonando a imundície dos pecados terrenos e revoando em Seus santos, alegra-Se na simplicidade de uma vida mais pura.

De forma que a comparação com a águia se encaixa perfeitamente ao Salvador. Mas, então, como explicar o fato de que frequentemente a águia destroça sua presa e arrebata seguidamente a presa alheia? Contudo, tampouco nisto é dessemelhante ao Salvador.

De certo modo arrastou com a presa quando ao homem que tinha assumido, arrancado das gargantas do inferno, o conduziu ao céu, e ao que era escravo de uma dominação alheia, isto é, da potestade diabólica, libertado da catividade, cativo o conduziu às regiões elevadas, como escreve o profeta: ‘Subiu ao alto levando cativa a catividade e deu dons aos homens’.

Esta frase certamente significa que levou ao alto dos céus a catividade cativa. Uma e outra catividade são designadas com idêntica palavra. Mas ambas com um significado bem distinto, visto que a catividade do diabo reduz o homem à escravidão, enquanto a catividade de Cristo restitui a liberdade.

‘Subiu’, disse, ‘ao alto levando cativa a catividade’. Quão bem descreve o profeta o triunfo de Cristo! Pois, segundo dizem, a pompa da carruagem dos vencidos costuma preceder ao rei vencedor.

Mas eis aqui que a catividade gloriosa não precede ao Senhor em sua Ascensão aos céus, mas que o acompanha; não é conduzida a carruagem à frente, mas sim que é ela a que leva ao Salvador.

Por um inefável mistério, enquanto o Filho de Deus eleva ao céu o Filho do homem, a própria catividade é ao mesmo tempo portadora e portada. O que acrescenta: ‘deu dons aos homens’, é o gesto típico do vencedor.” (1)

O Prefácio da Solenidade da Ascensão é expressivo para aprofundamento de quanto tenha dito São Máximo de Turim em seu Sermão:

“Na Verdade, é justo e necessário, é nosso dever e salvação dar-vos graças, sempre e em todo o lugar, Senhor, Pai santo, Deus eterno e todo-poderoso. Vencendo o pecado e a morte, vosso Filho, Jesus, Rei da glória, subiu (hoje) ante os anjos maravilhados ao mais alto dos céus. E tornou-Se o mediador entre vós, Deus, nosso Pai, e a humanidade redimida, juiz do mundo e Senhor do universo. Ele, nossa cabeça e princípio, subiu aos céus, não para afastar-Se de nossa humildade, mas para dar-nos a certeza de que nos conduzirá à glória da imortalidade...” .

De fato, a Ascensão de Cristo é o triunfo do vencedor, como tão bem expressa a Oração do dia desta Solenidade:

Oremos: 

“Ó Deus todo-poderoso, a Ascensão do Vosso Filho já é nossa vitória. Fazei-nos exultar de alegria e fervorosa ação de graças, pois, membros de Seu corpo, somos chamados na esperança a participar da Sua glória. Por nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.”


(1) Lecionário Patrístico Dominical – Editora Vozes – 2013 - pp. 110-111

As Virtudes Divinas à luz da Ascensão do Senhor (Ascensão do Senhor)

As Virtudes Divinas à luz da Ascensão do Senhor

Ascensão do Senhor, uma Festa com extrema beleza!
Inesgotável pelo seu conteúdo e esplendor...
Exultemos e cantemos de alegria:
continuamos a Missão do próprio Senhor.

Quando com a Comunidade, 
Missa, ativa, consciente e piedosamente celebrada,
pela Palavra Divina iluminados,
nossos passos, mais que revigorados.

“Ascensão: Jesus conosco está!
Portanto, não vacilemos na fé,
não esmoreçamos na esperança,
e não esfriemos na caridade!”

Voltemo-nos para dentro de nós mesmos.
Tenhamos coragem de rever os passos dados,
evivamos intensamente tudo que for celebrado
na vida, com pequenos grandes gestos de amor multiplicados.

Ao mundo, por Ele, fomos enviados.
Jesus na Ascensão completa Sua missão!
Agora começa a nossa. É a nossa vez,
Com Sua Ressurreição tudo novo se fez!
Aleluia!

A Festa da Ascensão é a Festa da nossa Missão! (Ascensão do Senhor)

A Festa da Ascensão é a Festa da nossa Missão!

Com a Solenidade da Ascensão do Senhor aos Céus, celebramos a elevação do Senhor, que não significa subida no sentido literal, mas que entrou em plena comunhão com Deus: Jesus subiu aos céus para ficar bem perto de nós.

Foi elevado junto de Deus para caminhar conosco até o fim do mundo.

Por fidelidade absoluta à missão, amor até as últimas consequências, entrega de Sua vida, por amor de nós, o Pai O glorificou e O fez entrar em Sua glória, por isto está sentado a Sua direita, exercendo o senhorio da história.

Ao subir ao céu, que é o amor sem limites, fica cada vez mais perto de nós com a presença e ação do Espírito Santo.

Jesus é a Cabeça, a Igreja Seu corpo. A Igreja jamais se sentirá desamparada, abandonada... Será sempre sinal de salvação para o mundo.

Numa perfeita comunhão a Igreja continua sua missão, com a assistência do Espírito, até que Cristo seja tudo em todos, na fidelidade ao que o Filho começou e que o Pai desejou para todos nós: A construção do Reino.

Portanto, somos cumulados de Bênçãos nesta alegre e irrenunciável Missão de Evangelizar.

Evidentemente que, por tudo isto, não há lugar na Igreja para apáticos, desanimados, derrotados... Quaisquer sinais de inércia são eliminados de nossa vida.

A Ascensão é um alegre anúncio, mais do que isto, é irradiação de alegria, porque a Vida venceu a Morte, um novo céu e uma nova terra devem ser inaugurados, como dom de Deus e empenho nosso.
Seja extirpada qualquer experiência espiritualista desencarnada e descomprometida com a realidade, com a vida.

Não há religião verdadeira, quando os braços se cruzam, mas quando as mãos se juntam em oração e se estendem, efetivamente, com empenho e compromissos solidários com a justiça e a paz, na construção da Jerusalém Celeste, a Cidade da Paz.

A fé cristã é encarnação na realidade, confronto com as culturas, fermentação de um mundo novo, e lembramos o Papa São Leão Magno (séc. V):

“... nem assim vacile a fé, esmoreça a esperança ou esfrie a caridade...”

A Festa da Ascensão aumenta a nossa fé e, é sempre momento profundo e eficaz para que a Igreja avalie e reveja sua presença no mundo, sobretudo em nossa realidade Latino Americana e Caribenha, marcada por tantos sinais de morte que clamam por vida.

Ascensão é, enfim, a Festa da nossa Missão na fidelidade a Deus; na continuidade da prática de Jesus com a Assistência do Espírito Santo.

Temos, com esta Solenidade, 
a maravilhosa oportunidade
de revigorar nosso compromisso batismal,
para sermos da massa o  fermento,
do mundo a luz 
e da terra o imprescindível sal.
Amém.

A ação do Espírito Santo pelo Batismo (Ascensão do Senhor)

                                                                


A ação do Espírito Santo pelo Batismo

Reflitamos a partir do Tratado sobre a Trindade, de Dídimo de Alexandria (Séc. IV) sobre a ação do Espírito Santo que recebemos ao sermos batizados e reintegrados na beleza primitiva! 

“O Espírito Santo, que é Deus juntamente com o Pai e o Filho, nos renova pelo Batismo; e do nosso estado de imperfeição, reintegra-nos na beleza primitiva.

Torna-nos de tal forma repletos de Sua graça, que não podemos admitir em nós qualquer coisa que não deva ser desejada. Além disso, liberta-nos do pecado e da morte. E de terrenos que somos, quer dizer, feitos do pó da terra, nos faz espirituais, participantes da glória divina, filhos e herdeiros de Deus Pai.

Faz-nos ainda conformes à imagem do Filho, seus coerdeiros e irmãos, destinados a ser um dia glorificados e a reinar com Ele. Em vez da terra, dá-nos de novo o céu, abre-nos generosamente as portas do paraíso, honra-nos mais do que os próprios Anjos.

E com as Águas Divinas do Batismo, apaga as imensas e inextinguíveis chamas do inferno...

Os homens são concebidos duas vezes: uma corporalmente, a outra, pelo divino Espírito. Acerca de um e de outro nascimento, escreveram muito bem os autores sagrados. Citarei o nome e a doutrina de cada um.

João diz: A todos que o receberam, deu-lhes a capacidade de se tornarem filhos de Deus, isto é, aos que acreditam em seu nome, pois estes não nasceram do sangue nem da vontade da carne nem da vontade do homem, mas de Deus mesmo (Jo 1,12-13).

Todos os que acreditaram em Cristo, afirma ele, receberam a capacidade de se tornarem filhos de Deus, quer dizer, do Espírito Santo, e participantes da natureza divina.

E para ficar bem claro que o Deus que gera é o Espírito Santo, acrescenta estas palavras de Cristo: Em verdade, em verdade, te digo, se alguém não nasce da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus (Jo 3,5).

A fonte batismal dá à luz de maneira visível nosso corpo visível, pelo ministério dos Sacerdotes; mas o Espírito de Deus, invisível a todas as inteligências, é que batiza e regenera simultaneamente o corpo e a alma, pelo Ministério dos Anjos.

João Batista, historicamente e de acordo com esta expressão: da Água e do Espírito, diz a respeito de Cristo: Ele vos batizará no Espírito Santo e no fogo (Mt 3,11; Lc 3,16).

Como um vaso de barro, o homem precisa primeiro ser purificado pela água; em seguida, fortalecido e aperfeiçoado pelo fogo espiritual (Deus, com efeito, é um fogo devorador).

Precisamos, portanto, do Espírito Santo para nossa perfeição e renovação. Pois o fogo espiritual sabe também regar, e a água batismal é também capaz de queimar como o fogo”. (1)

Agradeçamos a Deus pela indescritível ação do Espírito naquele que O recebe, e é a maior graça que recebemos de nos tornarmos Sua morada.

Como diz São Basílio Magno: “o Espírito nos diviniza...”, e concluindo, renovemos nosso Batismo elevando a Deus este canto:

“Banhados em Cristo somos uma nova criatura, as coisas antigas já se passaram, somos nascidos de novo. Aleluia, Aleluia...” 

(1) Liturgia das Horas - Volume II - Quaresma/Páscoa - pág. 794-795

Ascensão, um Mistério de esperança que convida à ação (Ascensão do Senhor)


Ascensão, um Mistério de esperança que convida à ação

Reflexão à luz da passagem da Carta aos Hebreus (Hb 9,24-28; 10,19-23), que nos convida a refletir sobre a Ascensão do Senhor.

A Ascensão de Cristo é a  Sua entrada no santuário do Céu, onde está intercedendo por nós, e de lá voltará e aparecerá um dia, para conceder a Salvação a quem O estiver esperando.

Deste modo, compreendamos a Ascensão do Senhor, como um Mistério de Esperança, que convida para a ação - "Por que estais a olhar para o céu? Em nome do Senhor, podeis ir em paz".

Na fidelidade ao Senhor, devemos viver a realidade cristã, marcada pela plenitude da fé (Hb 10,22), acompanhada de uma esperança indefectível, que tem seu fundamento na fidelidade de Deus (Hb 10,23), vivenciada por uma caridade ativa (Hb 10,24).

É no chão do coração, purificado de toda má consciência, que a fé lança suas sementes, fincando suas raízes, para que se elimine toda erva daninha do desânimo, de modo que a fina e pura flor da esperança exale todo seu odor, que se torna visível pela caridade e boas obras.

Todos nós, nas travessias de mares assustadores, de desertos extenuantes com seus temores, de caminhos difíceis, em que as pedras são inevitáveis, bem como das flores seus espinhos, precisamos da plenitude da fé.

Uma pessoa que tem fé, não será submergida na travessia dos mares nem terá sua garganta ressequida, ou a alma falecida pela secura e aridez do deserto, muito menos desistirá de trilhar seu caminho, porque sabe que com Ele, Jesus, o Caminho, a Verdade e a Vida (cf. Jo 14,6), não caminhará à deriva sem horizonte, sem rumo.


Da mesma forma, tendo esperança indefectível, sem erros, vacilos, defeitos, fará de cada amanhecer uma nova possibilidade; de cada recuo, se necessário for, ponto de um novo avanço (assim são as ondas); se quedas houver, é para que se tome consciência das limitações, para cair toda pseudo-onipotência, e se aprenda a curvar diante da Divina Onipotência, Deus.

Caridade no coração terá; uma caridade com um tom diferencial, que seja ativa. O amor será a mais bela chama que a todos contagia, porque é próprio do Amor de Deus assim fazer. O amor divino é como língua de fogo, que aquece as realidades mais frias e sombrias, ilumina outras, mais que escuras, desoladoras. O amor é fogo que não se consome, chama ardente de caridade que o coração invade, e luz que jamais se apaga.

Amar é fazer Deus aparecer, todo Seu esplendor revelar, e glórias infinitas aos céus elevar.

Bem disse Jesus, ao nos conferir identidade e missão de sermos sal e luz do mundo: “Brilhe do mesmo modo a vossa luz diante dos homens, para que, vendo as vossas boas obras, eles glorifiquem vosso Pai que está nos céus” (Mt 5,16)

Plenitude de fé, esperança indefectível, caridade ativa,
Virtudes divinas tão preciosas,
Que haveremos, com todo o zelo, cuidar.

Cultivo tão belo e precioso jamais omitido,
Certeza de que o amanhã melhor há de ser,
Pois é próprio do amor de Deus fazer florescer,
Tudo que para nós for preciso, e a vida mais bela ser.
Amém.

Quem sou eu

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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG