domingo, 1 de junho de 2025

As Virtudes Divinas à luz da Ascensão do Senhor (Ascensão do Senhor)

As Virtudes Divinas à luz da Ascensão do Senhor

Ascensão do Senhor, uma Festa com extrema beleza!
Inesgotável pelo seu conteúdo e esplendor...
Exultemos e cantemos de alegria:
continuamos a Missão do próprio Senhor.

Quando com a Comunidade, 
Missa, ativa, consciente e piedosamente celebrada,
pela Palavra Divina iluminados,
nossos passos, mais que revigorados.

“Ascensão: Jesus conosco está!
Portanto, não vacilemos na fé,
não esmoreçamos na esperança,
e não esfriemos na caridade!”

Voltemo-nos para dentro de nós mesmos.
Tenhamos coragem de rever os passos dados,
evivamos intensamente tudo que for celebrado
na vida, com pequenos grandes gestos de amor multiplicados.

Ao mundo, por Ele, fomos enviados.
Jesus na Ascensão completa Sua missão!
Agora começa a nossa. É a nossa vez,
Com Sua Ressurreição tudo novo se fez!
Aleluia!

A Festa da Ascensão é a Festa da nossa Missão! (Ascensão do Senhor)

A Festa da Ascensão é a Festa da nossa Missão!

Com a Solenidade da Ascensão do Senhor aos Céus, celebramos a elevação do Senhor, que não significa subida no sentido literal, mas que entrou em plena comunhão com Deus: Jesus subiu aos céus para ficar bem perto de nós.

Foi elevado junto de Deus para caminhar conosco até o fim do mundo.

Por fidelidade absoluta à missão, amor até as últimas consequências, entrega de Sua vida, por amor de nós, o Pai O glorificou e O fez entrar em Sua glória, por isto está sentado a Sua direita, exercendo o senhorio da história.

Ao subir ao céu, que é o amor sem limites, fica cada vez mais perto de nós com a presença e ação do Espírito Santo.

Jesus é a Cabeça, a Igreja Seu corpo. A Igreja jamais se sentirá desamparada, abandonada... Será sempre sinal de salvação para o mundo.

Numa perfeita comunhão a Igreja continua sua missão, com a assistência do Espírito, até que Cristo seja tudo em todos, na fidelidade ao que o Filho começou e que o Pai desejou para todos nós: A construção do Reino.

Portanto, somos cumulados de Bênçãos nesta alegre e irrenunciável Missão de Evangelizar.

Evidentemente que, por tudo isto, não há lugar na Igreja para apáticos, desanimados, derrotados... Quaisquer sinais de inércia são eliminados de nossa vida.

A Ascensão é um alegre anúncio, mais do que isto, é irradiação de alegria, porque a Vida venceu a Morte, um novo céu e uma nova terra devem ser inaugurados, como dom de Deus e empenho nosso.
Seja extirpada qualquer experiência espiritualista desencarnada e descomprometida com a realidade, com a vida.

Não há religião verdadeira, quando os braços se cruzam, mas quando as mãos se juntam em oração e se estendem, efetivamente, com empenho e compromissos solidários com a justiça e a paz, na construção da Jerusalém Celeste, a Cidade da Paz.

A fé cristã é encarnação na realidade, confronto com as culturas, fermentação de um mundo novo, e lembramos o Papa São Leão Magno (séc. V):

“... nem assim vacile a fé, esmoreça a esperança ou esfrie a caridade...”

A Festa da Ascensão aumenta a nossa fé e, é sempre momento profundo e eficaz para que a Igreja avalie e reveja sua presença no mundo, sobretudo em nossa realidade Latino Americana e Caribenha, marcada por tantos sinais de morte que clamam por vida.

Ascensão é, enfim, a Festa da nossa Missão na fidelidade a Deus; na continuidade da prática de Jesus com a Assistência do Espírito Santo.

Temos, com esta Solenidade, 
a maravilhosa oportunidade
de revigorar nosso compromisso batismal,
para sermos da massa o  fermento,
do mundo a luz 
e da terra o imprescindível sal.
Amém.

A ação do Espírito Santo pelo Batismo (Ascensão do Senhor)

                                                                


A ação do Espírito Santo pelo Batismo

Reflitamos a partir do Tratado sobre a Trindade, de Dídimo de Alexandria (Séc. IV) sobre a ação do Espírito Santo que recebemos ao sermos batizados e reintegrados na beleza primitiva! 

“O Espírito Santo, que é Deus juntamente com o Pai e o Filho, nos renova pelo Batismo; e do nosso estado de imperfeição, reintegra-nos na beleza primitiva.

Torna-nos de tal forma repletos de Sua graça, que não podemos admitir em nós qualquer coisa que não deva ser desejada. Além disso, liberta-nos do pecado e da morte. E de terrenos que somos, quer dizer, feitos do pó da terra, nos faz espirituais, participantes da glória divina, filhos e herdeiros de Deus Pai.

Faz-nos ainda conformes à imagem do Filho, seus coerdeiros e irmãos, destinados a ser um dia glorificados e a reinar com Ele. Em vez da terra, dá-nos de novo o céu, abre-nos generosamente as portas do paraíso, honra-nos mais do que os próprios Anjos.

E com as Águas Divinas do Batismo, apaga as imensas e inextinguíveis chamas do inferno...

Os homens são concebidos duas vezes: uma corporalmente, a outra, pelo divino Espírito. Acerca de um e de outro nascimento, escreveram muito bem os autores sagrados. Citarei o nome e a doutrina de cada um.

João diz: A todos que o receberam, deu-lhes a capacidade de se tornarem filhos de Deus, isto é, aos que acreditam em seu nome, pois estes não nasceram do sangue nem da vontade da carne nem da vontade do homem, mas de Deus mesmo (Jo 1,12-13).

Todos os que acreditaram em Cristo, afirma ele, receberam a capacidade de se tornarem filhos de Deus, quer dizer, do Espírito Santo, e participantes da natureza divina.

E para ficar bem claro que o Deus que gera é o Espírito Santo, acrescenta estas palavras de Cristo: Em verdade, em verdade, te digo, se alguém não nasce da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus (Jo 3,5).

A fonte batismal dá à luz de maneira visível nosso corpo visível, pelo ministério dos Sacerdotes; mas o Espírito de Deus, invisível a todas as inteligências, é que batiza e regenera simultaneamente o corpo e a alma, pelo Ministério dos Anjos.

João Batista, historicamente e de acordo com esta expressão: da Água e do Espírito, diz a respeito de Cristo: Ele vos batizará no Espírito Santo e no fogo (Mt 3,11; Lc 3,16).

Como um vaso de barro, o homem precisa primeiro ser purificado pela água; em seguida, fortalecido e aperfeiçoado pelo fogo espiritual (Deus, com efeito, é um fogo devorador).

Precisamos, portanto, do Espírito Santo para nossa perfeição e renovação. Pois o fogo espiritual sabe também regar, e a água batismal é também capaz de queimar como o fogo”. (1)

Agradeçamos a Deus pela indescritível ação do Espírito naquele que O recebe, e é a maior graça que recebemos de nos tornarmos Sua morada.

Como diz São Basílio Magno: “o Espírito nos diviniza...”, e concluindo, renovemos nosso Batismo elevando a Deus este canto:

“Banhados em Cristo somos uma nova criatura, as coisas antigas já se passaram, somos nascidos de novo. Aleluia, Aleluia...” 

(1) Liturgia das Horas - Volume II - Quaresma/Páscoa - pág. 794-795

Ascensão, um Mistério de esperança que convida à ação (Ascensão do Senhor)


Ascensão, um Mistério de esperança que convida à ação

Reflexão à luz da passagem da Carta aos Hebreus (Hb 9,24-28; 10,19-23), que nos convida a refletir sobre a Ascensão do Senhor.

A Ascensão de Cristo é a  Sua entrada no santuário do Céu, onde está intercedendo por nós, e de lá voltará e aparecerá um dia, para conceder a Salvação a quem O estiver esperando.

Deste modo, compreendamos a Ascensão do Senhor, como um Mistério de Esperança, que convida para a ação - "Por que estais a olhar para o céu? Em nome do Senhor, podeis ir em paz".

Na fidelidade ao Senhor, devemos viver a realidade cristã, marcada pela plenitude da fé (Hb 10,22), acompanhada de uma esperança indefectível, que tem seu fundamento na fidelidade de Deus (Hb 10,23), vivenciada por uma caridade ativa (Hb 10,24).

É no chão do coração, purificado de toda má consciência, que a fé lança suas sementes, fincando suas raízes, para que se elimine toda erva daninha do desânimo, de modo que a fina e pura flor da esperança exale todo seu odor, que se torna visível pela caridade e boas obras.

Todos nós, nas travessias de mares assustadores, de desertos extenuantes com seus temores, de caminhos difíceis, em que as pedras são inevitáveis, bem como das flores seus espinhos, precisamos da plenitude da fé.

Uma pessoa que tem fé, não será submergida na travessia dos mares nem terá sua garganta ressequida, ou a alma falecida pela secura e aridez do deserto, muito menos desistirá de trilhar seu caminho, porque sabe que com Ele, Jesus, o Caminho, a Verdade e a Vida (cf. Jo 14,6), não caminhará à deriva sem horizonte, sem rumo.


Da mesma forma, tendo esperança indefectível, sem erros, vacilos, defeitos, fará de cada amanhecer uma nova possibilidade; de cada recuo, se necessário for, ponto de um novo avanço (assim são as ondas); se quedas houver, é para que se tome consciência das limitações, para cair toda pseudo-onipotência, e se aprenda a curvar diante da Divina Onipotência, Deus.

Caridade no coração terá; uma caridade com um tom diferencial, que seja ativa. O amor será a mais bela chama que a todos contagia, porque é próprio do Amor de Deus assim fazer. O amor divino é como língua de fogo, que aquece as realidades mais frias e sombrias, ilumina outras, mais que escuras, desoladoras. O amor é fogo que não se consome, chama ardente de caridade que o coração invade, e luz que jamais se apaga.

Amar é fazer Deus aparecer, todo Seu esplendor revelar, e glórias infinitas aos céus elevar.

Bem disse Jesus, ao nos conferir identidade e missão de sermos sal e luz do mundo: “Brilhe do mesmo modo a vossa luz diante dos homens, para que, vendo as vossas boas obras, eles glorifiquem vosso Pai que está nos céus” (Mt 5,16)

Plenitude de fé, esperança indefectível, caridade ativa,
Virtudes divinas tão preciosas,
Que haveremos, com todo o zelo, cuidar.

Cultivo tão belo e precioso jamais omitido,
Certeza de que o amanhã melhor há de ser,
Pois é próprio do amor de Deus fazer florescer,
Tudo que para nós for preciso, e a vida mais bela ser.
Amém.

Ascensão: Jesus caminha conosco! (Ascensão do Senhor - Homilia Ano B)

                                                                       

Ascensão: Jesus caminha conosco!

 “Foi elevado ao Céu e sentou-Se
à direita de Deus” (Mc 16,19)

A Solenidade da Ascensão aponta para o fim último de todos nós, a comunhão com Deus, o Céu. 

As Leituras proclamadas nos convidam à superação da passividade alienante. É preciso ir para o meio do mundo, como sal, luz e fermento. Levar a humanidade a viver a comunhão querida por Deus, a fim de que todos sejamos um em Cristo Jesus.

Deste modo, é preciso assumir com coragem, no tempo presente, a missão por Deus a nós confiada: anunciar o Evangelho a todos os povos, empenhados decididamente no Projeto de Salvação Divina.

À Igreja portadora da plenitude de Cristo nada falta para cumprir esta missão. A ida de Jesus para o Céu, não é a afirmação de Sua partida e ausência, mas é a garantia de Sua eterna presença conosco até que Ele venha pela segunda vez, como afirmamos na Missa: “Anunciamos Senhor a Vossa morte e proclamamos a Vossa Ressurreição, vinde Senhor Jesus”.

A passagem da primeira Leitura (At 1,1-11) retrata uma comunidade que vive num contexto de crise, desilusão e frustração. O tempo vai passando e não vê realizar o Projeto Salvador. Quando será enfim realizado?

São Lucas, autor dos Atos dos Apóstolos, escreve em tons de catequese sólida, substancial, para que a comunidade não vacile na fé, não esmoreça na esperança e nem esfrie na caridade. 

A construção do Reino exige empenho contínuo e nisto consiste o papel da comunidade formada por aqueles que creem e se afirmam cristãos.

Lucas escreve a Teófilo (aqueles que são amados por Deus = amigos de Deus) apresentando o Protagonista maior da Evangelização que é o Espírito Santo e conta com a participação e ação dos Apóstolos.

Ele apresenta a Ascensão quarenta dias depois da Ressurreição. Quarenta é um número simbólico, define o tempo necessário para que um discípulo possa aprender e repetir com fidelidade e coragem as lições do Mestre.

Os sinais e palavras nos revelam mensagens maravilhosas:

- A elevação aos céus - trata-se do culminar de uma vida;
- A nuvem - sempre um sinal teofânico (manifestação de Deus);
- Olhar para o céu - acena para a segunda vinda de Cristo, que não devemos esperar de braços cruzados;
- Dois homens vestidos de branco - anunciam o mundo de Deus.

A Festa da Ascensão é, portanto, a urgência de não ficar apenas admirando, mas nos colocarmos constantemente a caminho, com renovados compromissos com o Projeto da Salvação.

Reflitamos:

- Tenho sido fiel à missão que o Senhor me confiou?
- O que gero com o meu testemunho nos diversos âmbitos em que vivo?
- Quais são meus compromissos solidários na transformação do mundo?
- Fico a olhar para o céu ou me comprometo com a transformação em todos os níveis?

A passagem da segunda Leitura (Ef 1,17-23) é uma Carta em que encontramos a síntese da teologia paulina. Paulo fala da comunidade como um corpo. Cristo é a cabeça e a Igreja é o corpo. Nisto consiste o “pleroma”, ou seja, na Igreja reside a plenitude, a totalidade de Cristo.          

A Igreja é a habitação onde Cristo Se torna presente no mundo. Estando Cristo presente neste Corpo, Ele enche o mundo e atrai a Si o universo inteiro, até que Ele “seja tudo em todos” (Ef 1, 23).

A Ressurreição/Ascensão/Glorificação de Jesus é a garantia da nossa própria ressurreição/glorificação, por isto é preciso avançar no caminho superando as dificuldades.

Neste sentido, entendemos a conclusão do Evangelho proclamado (Mc 16,15-20). Possivelmente um acréscimo posterior à redação, escrito com o intuito de afastar todo medo da comunidade, para ajudá-la a superar a sua acomodação, instalação, afastando também toda perspectiva de recuo, desistência na árdua e maravilhosa missão do anúncio da Boa Nova.

Jesus voltando para o Pai, e ficando para sempre no meio dos Seus discípulos, confia a eles a continuidade da missão. 

Deste modo, com a Ascensão podemos afirmar que Jesus cumpriu plenamente a Sua missão e reentrou na comunhão do Pai, e assim dá início a nossa missão.

Ele sentou-Se à direita do Pai para reinar sobre tudo e todos, através da missão dos discípulos.

Que a Solenidade da Ascensão seja a nossa tomada de consciência do quanto Deus em nós confia.

Reflitamos:

- Tenho consciência da universalidade da missão?
- Como discípulo, procuro aprender, assimilar e viver os ensinamentos de Jesus para que a missão tenha crédito e seja uma luz para o mundo?

- A vida dos discípulos não está livre da desilusão, sofrimento, frustração... Mas também está presente uma certeza que alimenta a coragem do que cremos: “Eu estarei convosco até o fim dos tempos”. Tenho viva esta certeza em meu coração?

- No seguimento de Jesus não podemos nos instalar. Ser cristão é ser pessoa do tempo, sem medo de novidades. Estou instalado, acomodado, de braços cruzados, ou fascinado por Cristo e pela missão confiada?

- Procuro a sabedoria e força do Espírito para corresponder à altura?
- Ser cristão é ser alguém que deixou se levar pelo grande sopro do Espírito; é saber que pode contar com Ele na missão.

- Quais são os medos que temos a enfrentar no desempenhar na missão evangelizadora?
- Sentimos a presença do Ressuscitado em nossa missão?

- Temos sentimentos de gratidão pela confiança de Deus em nós depositada para levar adiante a missão?

Celebrar a Solenidade da Ascensão do Senhor é afirmar uma bela verdade de nossa fé.

A Ascensão do Senhor liga-se, necessariamente, à Sua Encarnação, e comunica o seu significado autêntico: O Filho de Deus tornou-Se como nós para nos tornar como Ele.

Mais claramente celebraremos esta presença na Festa de Pentecostes, quando o Espírito Santo nos for derramado, como dom de Amor do Pai, para continuarmos, fiéis na Missão do Cristo, na mais profunda e frutuosa vivência do Amor e da Vida Trinitária.

Como pessoas que creem, deixemos de olhar para o céu, não façamos do cristianismo uma “agência de serviços sociais”, não meçamos esforços para encontrar Cristo, tanto na Palavra como na Eucaristia e nos demais Sacramentos, para que então renovados, revigorados, nos empenhemos apaixonadamente por Cristo na construção do Reino de Deus com a presença e ação do Espírito Santo.

Ascensão: O Senhor subiu aos céus para ficar conosco para sempre (Ascensão do Senhor - Ano A)

Ascensão: O Senhor subiu aos céus para ficar conosco para sempre 


"Eis que Eu estarei convosco todos os dias até o fim do mundo" (Mt 28,20)

A Ascensão de Jesus ao céu é muito mais que uma Festa de Sua partida deste mundo, na verdade trata-se da Festa de Sua permanência na terra, no meio daqueles que n’Ele creem.

Jesus subindo aos céus, e como Senhor de nossa vida, não deixou este nosso universo, como tão bem expressou Santo Agostinho:

Não abandonou o céu quando de lá desceu até nós e nem se afastou de nós quando novamente subiu ao céu. Ele é exaltado acima dos céus: todavia, sofre aqui na terra todos os dissabores que nós, Seus membros, suportamos. Disto deu testemunho gritando: ‘Saulo, Saulo, porque me persegue?’”.

Cristo está presente e comprometido com este mundo com todo seu corpo que é a Igreja, de uma forma nova, que somente a fé é capaz de apreender e perceber.

Enriquece a Igreja com Sua presença na Palavra proclamada, na Eucaristia celebrada, na comunidade reunida em Seu nome, como Ele mesmo dissera antes de partir. –“Eis que Eu estarei convosco todos os dias até o fim do mundo” (Mt 28, 20) - (ano A).

Quando celebramos a Eucaristia a Igreja se torna plenamente visível, através de vários sinais: a assembleia dos fiéis, o sacerdócio, o sacrifício, a Palavra, os sinais Sacramentais.

Realiza-se em cada Eucaristia a verdadeira comunhão de vida da Igreja, enquanto instituída pelo Senhor, e a Igreja oculta que é o próprio Cristo glorioso à direita do Pai e o Espírito que d’Ele procede para santificar os que creem.

Da mesma forma que na manifestação aos discípulos de Emaús Ele é reconhecível no partir do Pão e faz arder seus corações anunciando a Palavra enquanto caminha, realiza-se a unidade da Igreja no Sacramento maior que é a Eucaristia, e nós que cremos somos chamados a viver intensamente e em profundidade esta experiência de unidade, para manifestá-la depois em toda nossa vida e para sermos Suas testemunhas perante o mundo, com renovado ardor e compromisso com o Reino por Jesus inaugurado.

Ao celebramos a Festa da Ascensão, entremos na grande expectativa da vinda do Espírito de Deus, o Paráclito, o Defensor, o Espírito de Verdade, na expressiva e esperada Festa de Pentecostes, quando o Espírito se manifestou a toda a Igreja.

Deste modo, como Igreja, seremos cumulados de todos os dons necessários, para que continuemos a missão de Jesus, que morreu, foi Ressuscitado por Deus, e Se faz presente em nosso meio; caminha conosco e nos acompanha na missão do anúncio e testemunho da Boa Nova do Evangelho.
  

Fonte inspiradora: O Verbo Se Fez Carne - Raniero Cantalamessa - Editora Ave Maria - 2013 - pág. 92.

Missão: graça divina, resposta nossa (Ascensão do Senhor - Ano A)

Missão: graça divina, resposta nossa

 “Ide pelo mundo e ensinai todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo”

A Solenidade da Ascensão aponta para o fim último de todos nós, a comunhão com Deus, o Céu (ano A).

A ida de Jesus para o Céu, não é a afirmação de Sua partida e ausência, mas é a garantia de Sua eterna presença conosco até que Ele venha pela segunda vez, como afirmamos na Missa: “anunciamos Senhor a Vossa morte e proclamamos a Vossa Ressurreição, vinde Senhor Jesus”.

Antes é preciso assumir com coragem, no tempo presente, a missão por Deus a nós confiada: anunciar o Evangelho a todos os povos, empenhados decididamente no Projeto de Salvação Divina, superando a passividade alienante indo para o meio do mundo, como sal, luz e fermento. 

Nada falta à Igreja, portadora da plenitude de Cristo, para cumprir esta missão, portanto renovemos a alegria de crermos que, após um caminho percorrido com amor e doação, desabrocharemos na eternidade, pela comunhão com Deus, assim como foi a vida de Jesus Cristo.

A passagem da primeira Leitura (At 1,1-11) retrata uma comunidade que vive num contexto de crise (anos 80), marcado pela desilusão e frustração. 

O tempo vai passando e não vê realizar o Projeto Salvador. Quando será enfim realizado?

São Lucas, autor dos Atos dos Apóstolos, escreve em tons de catequese sólida, substancial, e se fazia necessário manter-se firme no testemunho do Ressuscitado, sem jamais vacilar na fé, esmorecer na esperança e tão pouco esfriar na caridade.

Lucas escreve a Teófilo (aqueles que são amados por Deus = amigos de Deus) apresentando o Protagonista maior da Evangelização que é o Espírito Santo e conta com a participação e ação dos Apóstolos na construção do Reino que exige empenho contínuo e nisto consiste o papel da comunidade formada por aqueles que creem e se afirmam cristãos.

Jesus depois de ter apresentado ao mundo o Projeto do Reino, entrou na comunhão plena e definitiva do Pai, e este é também o destino daqueles que percorrem o mesmo caminho. Fica com isto, afastada toda possibilidade de passividade alienante, imobilismo estéril.

Ele nos apresenta a Ascensão quarenta dias depois da Ressurreição: quarenta é um número simbólico, define o tempo necessário para que um discípulo possa aprender e repetir com fidelidade e coragem as lições do Mestre.

A descrição da elevação de Jesus ao céu, assim como a nuvem, os discípulos a olhar para o céu, os homens vestidos de branco têm uma mensagem própria: os discípulos, animados pelo Espírito, devem continuar no mundo a história e obra de Jesus, aguardando a Sua segunda vinda definitiva e gloriosa.

A comunidade não pode ficar “olhando para o alto e de braços cruzados”, precisa seguir o caminho que é o próprio Jesus, com olhar para o futuro, renovando cotidianamente os compromissos com o Projeto de Salvação que Deus tem para a humanidade.

Deste modo, a Ressurreição e a Ascensão de Jesus, nos garantem uma vida vivida na fidelidade ao Projeto do Pai: “Uma vida destinada à glorificação, à comunhão definitiva com Deus. Quem percorre o mesmo ‘caminho’ de Jesus subirá, com Ele, à vida plena”. (1)

Os sinais e palavras tem mensagens próprias: 

- A elevação aos céus - trata-se do culminar de uma vida;
- A nuvem - sempre um sinal teofânico (manifestação de Deus);
- Olhar para o céu - acena para a segunda vinda de Cristo, que não devemos esperar de braços cruzados;
- Dois homens vestidos de branco - anunciam o mundo de Deus.

Reflitamos:

- Tenho sido fiel à missão que o Senhor me confiou?
- O que gero com o meu testemunho nos diversos âmbitos em que vivo?
- Quais são meus compromissos solidários na transformação do mundo?
- Fico a olhar para o céu ou me comprometo com a transformação em todos os níveis?

A passagem da segunda Leitura (Ef 1,17-23) nos apresenta a síntese da teologia paulina, e o Apóstolo Paulo fala da comunidade como um corpo. Cristo é a cabeça e a Igreja é o corpo.

Trata-se de uma mensagem de confiança e esperança, em que a comunidade é exortada a pôr-se a caminho, numa comunhão sólida, formando um só Corpo, que é a Igreja, cuja cabeça é o próprio Cristo.

A comunidade cristã é um corpo – “o Corpo de Cristo” – formado por muitos membros, e que Paulo já havia dito em outras Cartas, mas agora escreve da prisão, e faz parte das “cartas do cativeiro

Cristo sendo cabeça e a comunidade um corpo, juntos forma-se uma comunidade indissolúvel, da qual Cristo está no centro, e nada falta a Igreja para levar a diante a missão por Ele confiada:

“Dizer que a Igreja é a 'plenitude' ('pleeroma') de Cristo significa dizer que nela reside a ‘plenitude’, a ‘totalidade’ de Cristo.

Ela é o receptáculo, a habitação, onde Cristo Se torna presente no mundo; é através desse 'corpo' onde reside que Cristo continua todos os dias a realizar o Seu Projeto de salvação em favor dos homens. Presente nesse ‘corpo’, Cristo enche o mundo e atrai a Si o universo inteiro, até que o próprio Cristo ‘seja tudo em todos’ (vers. 23)”. (2)

A Igreja é, portanto, a habitação onde Cristo Se torna presente no mundo, em quem Cristo está presente neste Corpo, Ele enche o mundo e atrai a Si o universo inteiro, até que Ele “seja tudo em todos” (Ef 1, 23).

A Ressurreição/Ascensão/Glorificação de Jesus garantem a nossa própria ressurreição/glorificação, por isto é preciso avançar no caminho superando as dificuldades.

Na passagem do Evangelho (Mt 28,16-20), encontramos a descrição do encontro final de Jesus com Seus discípulos no monte da Galileia. 

Jesus voltando para o Pai, e ficando para sempre no meio dos Seus discípulos, confia a eles a continuidade da missão. 

Além de reconhecer Jesus como Senhor, a comunidade recebe d’Ele a missão de continuar o Seu Projeto de Libertação da humanidade, no testemunho do Reino por Ele inaugurado.

Deste modo, com a Ascensão, podemos afirmar que Jesus cumpriu plenamente a Sua missão e reentrou na comunhão do Pai, e assim dá início a nossa missão, sentando-Se à direita do Pai para reinar sobre tudo e todos, através da missão dos discípulos.

O Evangelista Mateus, por três momentos significativos, nos fala da montanha:

- A tentação de se atirar do alto monte (Mt 4,8);
- No Monte Tabor, com a Transfiguração (Mt 17,1)
- E finalmente na Sua Ascensão. No Antigo Testamento, de modo especial, monte é sempre o lugar onde Deus se revela às pessoas (Moisés, Elias etc.).

E ainda mais, foi na Galileia que Jesus viveu quase toda a Sua vida; foi onde começou a anunciar o Evangelho do Reino (Mt 4,12-22). É também lá que se recomeça a missão. Onde tudo começou, foi onde tudo recomeçou...

Viver a Boa-Nova anunciada, em confronto com o mundo, pode gerar desilusão, sofrimento e frustração. Mas é exatamente aqui que o discípulo deve dar razão da esperança que possui, testemunho de n’Aquele em quem confia, Jesus, com a força e ação do Espírito Santo Paráclito, o Defensor, o Espírito da Verdade que estará conosco até o fim dos tempos.

Esta certeza alimenta a nossa coragem para que testemunhemos o que acreditamos e professamos; o que nos move e nos direciona rumo ao encontro definitivo com Deus, na mais perfeita e plena comunhão de amor, empenhados, por ora, na construção do Reino de amor, vida, alegria, luz e paz.

Portanto, Celebrar a Ascensão de Jesus é:

- Tomar consciência da missão que foi confiada aos discípulos e sentir-se responsável pela presença do “Reino” na vida dos homens;

- Tomar consciência também de que, como Igreja, comunidade dos discípulos de Jesus, somos a presença libertadora e salvadora de Jesus no meio dos homens;

- tomar consciência do quanto Deus em nós confia;

- Rever como procuramos testemunhar o Reino de Deus em todos os âmbitos da vida;

- Assumir a missão que Jesus confiou aos discípulos, uma missão universal: as fronteiras, as raças, a diversidade de culturas, não podem ser obstáculos para a presença de Sua Proposta libertadora no mundo;

- É a Festa do Envio, da continuidade da missão que Jesus nos confia –“Ide pelo mundo e ensinai todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo”;

- É a urgência de não ficarmos apenas admirando, mas nos colocarmos constantemente a caminho, com renovados compromissos com o Projeto da Salvação;

- É viver o Batismo, inseridos na mais perfeita comunidade de comunhão e amor, a comunidade Trinitária: Pai, filho e Espírito Santo.

Reflitamos:

- Tenho consciência da universalidade da missão?
- Como discípulo, procuro aprender, assimilar e viver os ensinamentos de Jesus para que a missão tenha crédito e seja uma luz para o mundo?

- A vida dos discípulos não está livre da desilusão, sofrimento, frustração... Mas também está presente uma certeza que alimenta a coragem do que cremos: “Eu estarei convosco até o fim dos tempos”. Tenho esta certeza em meu coração?

- No seguimento de Jesus não podemos nos instalar. Ser cristão é ser pessoa do tempo, sem medo de novidades. Estou instalado, acomodado, de braços cruzados, ou fascinado por Cristo e pela missão a nós confiada?

- Procuro a sabedoria e força do Espírito para corresponder à altura?
- Ser cristão é ser alguém que deixou se levar pelo grande sopro do Espírito; é saber que pode contar com Ele na missão.

- Quais são os medos que temos a enfrentar no desempenhar na missão evangelizadora?
- Sentimos a presença do Ressuscitado em nossa missão?

- Temos sentimentos de gratidão pela confiança de Deus em nós depositada para levar adiante a missão?

Urge levar a humanidade a viver a comunhão querida por Deus, a fim de que todos sejamos um em Cristo Jesus, de modo que celebrar a Solenidade da Ascensão do Senhor é afirmar uma bela verdade de nossa fé, pois a Ascensão do Senhor liga-se necessariamente à Sua Encarnação, e comunica o seu significado autêntico: O Filho de Deus tornou-Se como nós para nos tornar como Ele.

Exultemos de alegria por sermos continuadores da missão que Ele realizou, e a nós confiou, enviando-nos do Pai o Espírito Santo de Deus, o Paráclito, fato que celebraremos com a Festa de Pentecostes. De fato, o Espírito Santo é derramado, como dom de Amor do Pai, para continuarmos, fiéis na Missão do Cristo, na mais profunda e frutuosa vivência do Amor e da Vida Trinitária.

Como pessoas que creem, deixemos de olhar para o céu, não façamos do cristianismo uma “agência de serviços sociais”, não meçamos esforços para encontrar Cristo, tanto na Palavra como na Eucaristia e nos demais Sacramentos, para que então renovados, revigorados, nos empenhemos apaixonadamente por Cristo na construção do Reino de Deus.


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