terça-feira, 6 de maio de 2025

“Ajudai-me, Senhor!

                                                         

“Ajudai-me, Senhor!

No 2º Domingo da Páscoa, celebramos o "Domingo da Misericórdia", instituído pelo Papa São João Paulo II, em 30 de abril de 2000, por ocasião da canonização de Santa Faustina Kowalska.

Sejamos enriquecidos por esta Oração, que ela escreveu em 1937, e que se encontra em seu Diário (p.163 - Caderno I).

Ajudai-me, Senhor, para que os meus olhos sejam misericordiosos, de modo que eu jamais suspeite nem julgue as pessoas pela aparência externa, mas perceba a beleza interior dos outros e possa ajudá-los.

Ajudai-me, Senhor, para que os meus ouvidos sejam misericordiosos, de modo que eu esteja atenta às necessidades dos meus irmãos e não me permitais permanecer indiferente diante de suas dores e lágrimas.

Ajudai-me, Senhor, para que a minha língua seja misericordiosa, de modo que eu nunca fale mal dos meus irmãos; que eu tenha para cada um deles uma palavra de conforto e de perdão.

Ajudai-me, Senhor, para que as minhas mãos sejam misericordiosas e transbordantes de boas obras, nem se cansem jamais de fazer o bem aos outros, enquanto, aceite para mim as tarefas mais difíceis e penosas.

Ajudai-me, Senhor, para que sejam misericordiosos também os meus pés, para que levem sem descanso ajuda aos meus irmãos, vencendo a fadiga e o cansaço; o meu repouso esteja no serviço ao próximo.

Ajudai-me, Senhor, para que o meu coração seja misericordioso e se torne sensível a todos os sofrimentos do próximo; ninguém receba uma recusa do meu coração. Que eu conviva sinceramente mesmo com aqueles que abusam de minha bondade. Quanto a mim, me encerro no Coração Misericordiosíssimo de Jesus, silenciando aos outros o quanto tenho que sofrer.

Vós mesmo mandais que eu me exercite em três graus da misericórdia; primeiro: Ato de misericórdia, de qualquer gênero que seja; segundo: Palavra de misericórdia – se não puder com a ação, então com a palavra; terceiro: Oração. Se não puder demonstrar a misericórdia com a ação nem com a palavra, sempre a posso com a oração. A minha oração pode atingir até onde não posso estar fisicamente.

Ó meu Jesus, transformai-me em Vós, porque Vós tudo podeis”.

Esta oração muito nos ajuda na compreensão do que seja a misericórdia para um cristão, e o que ela exige, para que seja autêntica e agradável a Deus.

Sejamos também atentos ao convite que o Papa Francisco nos fez no Ano da Misericórdia, que teve como Lema: “Misericordiosos como o Pai”, o que somente seremos se nos configurarmos decididamente a Jesus, que nos revela a Face misericordiosa do Pai, na plena comunhão com o Espírito Santo, o Amor.

PS: oportuno retomar para aprofundar a passagem do Evangelho de São Lucas (Lc 6,27-38)

Temos fome do “Pão da Vida”

                                                              

Temos fome do “Pão da Vida”

Reflexão à luz da passagem do Evangelho de São João (Jo 6,30-35), em que Jesus Se apresenta para nós como “o Pão da Vida”, que nos dá a vida eterna e definitiva.

Acolher Jesus e Sua Pessoa, comer do Pão da Vida que Ele mesmo é e nos oferece, é a adesão incondicional à Sua pessoa e propostas, no mais profundo de nosso coração, certos de que somente Deus pode saciar nossa fome de transcendência, de amor, de felicidade, de justiça, de esperança, e tudo mais que for bom e necessário para a existência humana.

É uma bela lição de amor a ser aprendida, que se faz dom na partilha, na doação. Acolher a proposta de Jesus leva, inevitavelmente, à multiplicação de gestos simples em favor da vida.

Adesão à Sua pessoa e proposta, acreditar na mesma acolhendo Sua Palavra, e vivê-la com todo empenho e ardor são características do discípulo missionário do Senhor.

Não podemos seguir o Senhor como “iludidos”, mas com profunda e frutuosa convicção, superando quaisquer equívocos, do contrário não se persevera e não se vive o que Ele nos propõe e tão pouco alcançamos a felicidade, e ainda nos distanciamos do fim último que ansiamos: a eternidade.

Reflitamos:

- Nós acolhemos a Deus que vem ao nosso encontro todos os dias? 

- Corremos avidamente e decididamente para este encontro?

- Sentimos a presença de Deus que sempre caminha com Seu Povo?

- Qual a verdade da nossa adesão a Jesus, Sua Pessoa e Palavra?

- Vivemos como Homens Novos, assumindo tudo aquilo que lhe é próprio?

- Temos procurado na Mesa da Palavra e na Mesa da Eucaristia o Pão necessário para nossa vida?

- Alimentados por Cristo, Pão da Vida, Pão de eternidade, quais os nossos compromissos com aqueles que são privados do pão do cotidiano?

A adesão incondicional ao Senhor nos faz
Homens Novos, com novas 
mentalidades e atitudes.

Nisto consiste a exigência da Vida Nova em Cristo
desde o dia de nosso Batismo.

Cantar o que vivemos, viver o que cantamos...

                                                              

Cantar o que vivemos, viver o que cantamos...

“Cantai ao Senhor Deus um canto novo, e o
Seu louvor na assembleia dos fiéis”

O Bispo Santo Agostinho (séc. V) nos enriquece com este Sermão sobre o canto, e faz um convite para que cantemos ao Senhor o canto do amor.

“Cantai ao Senhor Deus um canto novo, e o Seu louvor na assembleia dos fiéis (Sl 149,1). Somos convidados a cantar um canto novo ao Senhor.

O homem novo conhece o canto novo. O canto é uma manifestação de alegria e, se examinarmos bem, é uma expressão de amor.

Quem, portanto, aprendeu a amar a vida nova, aprendeu também a cantar o canto novo. É, pois, pelo canto novo que devemos reconhecer o que é a vida nova. Tudo isso pertence ao mesmo Reino: O Homem Novo, o Canto Novo, a Aliança Nova.

Não há ninguém que não ame. A questão é saber o que se deve amar. Não somos, por conseguinte, convidados a não amar, mas sim a escolher o que havemos de amar.

Mas, o que podemos escolher se antes não formos escolhidos? Porque não conseguiremos amar, se antes não formos amados.

Escutai o Apóstolo João: Nós amamos porque Ele nos amou primeiro (cf. 1Jo 4,10). Procura saber como o homem pode amar a Deus; não encontrarás resposta, a não ser esta: Deus o amou primeiro.

Deu-se a Si mesmo Aquele que amamos, deu-nos a capacidade de amar. Como Ele nos deu esta capacidade, ouvi o apóstolo Paulo que diz claramente: O Amor de Deus foi derramado em nossos corações. Por quem? Por nós, talvez? Não. Então por quem? Pelo Espírito Santo que nos foi dado (Rm 5,5).

Tendo, portanto, uma tão grande certeza, amemos a Deus com o amor que vem de Deus. Escutai ainda mais claramente o mesmo São João:

Deus é Amor: quem permanece no amor, permanece com Deus, e Deus permanece com ele (1Jo 4,16). É bem pouco afirmar: O amor vem de Deus (1Jo 4,7).

Quem de nós se atreveria a dizer: Deus é Amor? Disse-o quem sabia o que possuía. Deus Se oferece a nós pelo caminho mais curto.

Clama para cada um de nós: amai-me e me possuireis; porque não podeis amar-me se não me possuirdes. Ó irmãos, ó filhos, ó novos rebentos da Igreja Católica, ó geração santa e celestial, que renascestes em Cristo para uma vida nova!

Ouvi-me, ou melhor, ouvi através do meu convite: Cantai ao Senhor Deus um canto novo. Já estou cantando, respondes. Tu cantas, cantas bem, estou escutando. Mas oxalá a tua vida não dê testemunho contra tuas palavras.

Cantai com a voz, cantai com o coração, cantai com os lábios, cantai com a vida: cantai ao Senhor Deus um canto novo. Queres saber o que cantar a respeito d'Aquele a quem amas?

Sem dúvida, é acerca d'Aquele a quem amas que desejas cantar. Queres saber então que louvores irás cantar? Já o ouviste: Cantai ao Senhor Deus um canto novo. Que louvores? Seu louvor na assembleia dos fiéis. O louvor de quem canta é o próprio cantor.

Quereis cantar louvores a Deus? Sede vós mesmos o canto que ides cantar. Vós sereis o Seu maior louvor, se viverdes santamente”.
(Cf. Lit. das Horas - Vol. II)

Cada vez mais se multiplicam os cantos nas liturgias, encontros; riqueza de repertório cada vez maior. A questão é se também está enriquecido o conteúdo de nossas vidas.

Estamos vivendo aquilo que se canta em nossas Missas e celebrações?

“Vós sereis o Seu maior louvor, se viverdes santamente”,
 uma afirmação profundamente questionadora! Eis a oportunidade de avaliarmos o conteúdo do que cantamos, e a necessária correspondência em atitudes.

“Oxalá a tua vida não dê testemunho contra tuas palavras”, assim ele nos falou acima. Quantos cantos que falam de amor, comunhão, partilha, solidariedade, vida nova, conversão, doação, entrega, serviço, coerência, santidade, despojamento, devoção puríssima, justiça, santidade, etc.

Reflitamos:

-  Vivemos ou nos empenhamos para dar conteúdo existencial ao que cantamos?
-   Empenhamo-nos para que nossas comunidades cantem bem, e que todos vivamos melhor?

Urge cantar a beleza e o esplendor da Liturgia sempre,
vivendo a profundidade dos Sacramentos!
Amém! Aleluia!

Papa Francisco: sua vida e voz profética ressoarão em nossos corações

 


Papa Francisco: sua vida e voz profética ressoarão em nossos corações

Como Vigário de Cristo e Pastor de toda a Igreja, o Papa detém o ofício universal de ensinar e governar, sempre visando ao e desenvolvimento espiritual do Povo de Deus.

O cânon 331 do Código de Direito Canônico afirma que o Papa é o sucessor de Pedro - "O Bispo da Igreja de Roma, no qual perdura o múnus concedido pelo Senhor singularmente a Pedro, primeiro dos Apóstolos, para ser transmitido aos sucessores, é a cabeça do Colégio dos Bispos, Vigário de Cristo e aqui na terra Pastor da Igreja universal.”

E ainda, no mesmo Cânon, sobre o poder do Papa, declara-se – “ele tem poder ordinário supremo, pleno, imediato e universal, que pode sempre exercer livremente” (CDC – can. 331).

O Papa Francisco nos ajudou a rever os caminhos, para que sejamos uma Igreja cada vez mais sinodal, misericordiosa e missionária.

Ressalto seu testemunho de pobreza, poder traduzido em serviço, conforme nos ensinou Jesus Cristo nas páginas dos Evangelhos; sua defesa profética e incondicional aos pobres, e da vida de todas as pessoas, sobretudo das mais vulneráveis; seu empenho como promotor de uma consciência ecológica no cuidado com a nossa Casa Comum, expresso em seus escritos, discursos e Encíclicas; sua atuação como um arauto da paz, com a corajosa denúncia dos conflitos, chegando a afirmar que vivemos uma “terceira guerra mundial em pedaços.”

Rezemos pelo descanso eterno do nosso querido Papa, que viveu seu Pontificado com zelo, amor e ardor, e elevemos nossas orações para que o Espírito Santo anime, conduza e ilumine a escolha de seu sucessor.

“Vinde Espírito Santo, enchei os corações dos Vossos fiéis...”

 

segunda-feira, 5 de maio de 2025

Fé, provação e vitória

                                                          


Fé, provação e vitória 

“Ora, a fé é a certeza de coisas que se esperam,

a convicção de fatos que se não veem.” (Hb 11,1) 

Atentos ao chamado de Deus, que olha bem dentro de cada um de nós, como olhou para Pedro (Jo 1,42), prontamente e corajosamente, demos nossa resposta a Ele: viver a fé devidamente nutrida, para que não vacilemos nos momentos da provação própria da condição humana, porque a fé já é a nossa vitória (Hb 11, 1). 

Assim foi a História do Povo de Deus no deserto, marcada por um momento do não reconhecimento dos dons do Senhor, fechando-se nos estreitos confins da murmuração e contestação contra Deus. 

Ser cristão é possuir um dom maior ainda e indizível, ou seja, a participação no Mistério de Cristo (a salvação), sobretudo a partir do dia do nosso Batismo, quando nos tornamos santuário do Espírito Santo (1 Cor 6, 19)

Como templos do Espírito Santo, somos exortados pelo Apóstolo Paulo a viver a vida nova que nasce no dia do Batismo, em contínua conversão para que o pecado não nos domine, e nem manche nossa veste batismal, abandonando toda imoralidade que nos macule, e glorificando a Deus com nosso corpo, com a nossa vida, conscientes de que fomos resgatados por um preço muito alto, o próprio Sangue do Senhor na Cruz derramado por Amor de Deus, Amor que nos amou até o fim (cf. 1 Cor 6, 20; Jo 13, 1).

A Salvação não prescinde de nossa liberdade e devemos guardar na vigilância, dia após dia, na fé, de tal modo que esta fé deve ser alimentada permanentemente pela Palavra e pela Eucaristia, em momentos multiplicados de Oração, para que prospere no tempo da provação por que possamos passar.

Mais uma vez voltamos ao que disse o Bispo Santo Agostinho: “Deus que nos criou sem nossa participação, não quer nos salvar sem ela”.

Fé revigorada é a certeza de que nossa esperança nos impulsionará a cada dia, para que jamais se apague a chama da caridade que em nós um dia foi acesa (Hb 3,7-14).

A fé deve ser alimentada e prosperar no tempo da provação. O grande risco que corremos, como o Povo de Israel no deserto, é não reconhecer os dons do Senhor, fechando-se nos estreitos confins da murmuração.

Oportuno que rezemos o Salmo 94 – “Não fecheis o vosso coração, mas ouvi a voz do vosso Deus”. Trata-se de um convite ao Povo de Deus ser fiel à Aliança, citando o episódio que é símbolo da infidelidade e revolta contra Moisés em Massa e Meriba (cf. Ex. 17,1-7).

Oremos:

“Ó Deus, com o nascimento do Vosso Filho, alegramo-nos com a aurora do Vosso dia eterno que despontou sobre todas as nações, para que não caminhemos nas trevas do pecado e da morte.

Concedei-nos conhecer a fulgurante glória de Nosso Redentor, O Senhor Jesus, para que por meio d’Ele chegar à luz que jamais se extingue.

Por nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.” Amém.

A caridade acima de tudo!

                                                       

A caridade acima de tudo!

Quantas vezes suamos gelidamente ao ouvir alguém dizer “menas”, às vezes até reagimos, dizendo com alguma ênfase “menos” imediatamente e sutilmente com apenas um desejo, que a pessoa perceba o erro, e juntos contemplemos o soar dos sinos pela beleza de ter algo aprendido.

Na verdade, queremos apenas que não se diga “menas”, apenas que se diga menos. Será querer muito? Não! Pois erros tão comuns quanto menos acontecerem, menos estarão fadados a serem dito... Suaremos menos, nos alegraremos mais...

Talvez o leitor pergunte, mas o que tem tudo isto a ver com o propósito deste blog? Qual conexão espiritual pode ser estabelecida?

A resposta é simples, e está subentendida no título, acima de tudo a caridade: “Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver caridade, sou como o bronze que soa, ou como o címbalo que retine.” (1Cor 13,1).

Erros são comuns em todos os espaços, e não seria diferente no espaço eclesial. Erros gramaticais, erros de atitudes, erros de toda ordem. Na ânsia de corrigirmos, podemos violar a caridade, e bem sabemos que a caridade deve prevalecer, e com sabedoria buscarmos caminhos de superação, de correção fraterna.

Há erros que clamam por imediata correção, outros clamam pela paciência: “A caridade é paciente, a caridade é bondosa. Não tem inveja. A caridade não é orgulhosa. Não é arrogante.” (1Cor 13,4).

Mas todos os erros esperam a atitude de misericórdia para que não se destrua o erro e o seu sujeito. Assim é o Amor de Deus, não faz pacto com o pecado, mas com a vida do pecador, a fim de que seja reconciliado, redimido...

E, ainda uma segunda resposta, não dispensável: muitas vezes ignoramos alguém por seus erros gramaticais e não somos capazes de ver a riqueza da mensagem que ela transmite.

Quantas pessoas que conhecemos, que embora não dominem concordâncias verbais, gramaticais, têm perfeita sintonia e coerência entre a fé e a vida?

Quantos não tiveram a oportunidade que muitos tivemos, mas não podemos deixar de reconhecer neles uma sabedoria própria que a faculdade da vida oferece?

Há erros e erros, mas a caridade é única e constante!
“Agora, pois, permanecem a fé, a esperança, o amor, estes três; mas o maior destes é o amor...” (1Cor 13,13)

Santo Estêvão, protomártir do Senhor, “sua arma era a caridade...” (26/12)

                                                      

         Santo Estêvão, protomártir do Senhor, “sua arma era a caridade...”

Sejamos enriquecidos por um dos Sermões de um dos  Sermões escrito pelo Bispo São Fulgêncio de Ruspe  (Séc. VI):

Ontem, celebrávamos o nascimento temporal de nosso Rei eterno; hoje celebramos o martírio triunfal do seu soldado.

Ontem o nosso Rei, revestido de nossa carne e saindo da morada de um seio virginal, dignou-Se visitar o mundo; hoje o soldado, deixando a tenda de seu corpo, parte vitorioso para o céu.

O nosso Rei, o Altíssimo, veio por nós na humildade, mas não pôde vir de mãos vazias. Trouxe para Seus soldados um grande dom, que não apenas os enriqueceu imensamente, mas deu-lhes uma força invencível no combate: trouxe o dom da caridade que leva os homens à comunhão com Deus.

Ao repartir tão liberalmente o que trouxera, nem por isso ficou mais pobre: enriquecendo do modo admirável a pobreza dos Seus fiéis, Ele conservou a plenitude dos Seus tesouros inesgotáveis.

Assim, a caridade que fez Cristo descer do céu à terra, elevou Estêvão da terra ao céu. A caridade de que o Rei dera o exemplo logo refulgiu no soldado.

Estêvão, para alcançar a coroa que seu nome significa, tinha por arma a caridade e com ela vencia em toda parte. Por amor a Deus não recuou perante a hostilidade dos judeus, por amor ao próximo intercedeu por aqueles que o apedrejavam. 

Por esta caridade, repreendia os que estavam no erro para que se emendassem, por caridade orava pelos que o apedrejavam para que não fossem punidos.

Fortificado pela caridade, venceu Saulo, enfurecido e cruel, e mereceu ter como companheiro no céu aquele que tivera como perseguidor na terra.  Sua santa e incansável caridade queria conquistar pela Oração, a quem não pudera converter pelas admoestações.

E agora Paulo se alegra com Estêvão, com Estêvão frui da glória de Cristo, com Estêvão exulta, com Estêvão reina. Aonde Estêvão chegou primeiro, martirizado pelas pedras de Paulo,  chegou depois Paulo, ajudado pelas Orações de Estevão.

É esta a verdadeira vida, meus irmãos, em que Paulo não se envergonha mais da morte de Estêvão, mas Estevão se alegra pela companhia de Paulo, porque em ambos triunfa a caridade. Em Estêvão, a caridade venceu a crueldade dos perseguidores, em Paulo, cobriu uma multidão de pecados; em ambos, a caridade mereceu a posse do Reino dos céus.

A caridade é a fonte e origem de todos os bens, é a mais poderosa defesa, o caminho que conduz ao céu.  Quem caminha na caridade não pode errar nem temer.  Ela dirige, protege, leva a bom termo.

Portanto, meus irmãos, já que o Cristo nos deu a escada da caridade pela qual todo cristão pode subir ao céu, conservai fielmente a caridade verdadeira, exercitai-a uns para com os outros e, subindo por ela, progredi sempre mais no caminho da perfeição.”

Reflitamos sobre o martírio do diácono Santo Estêvão, a quem a Sagrada Escritura chama de "homem cheio de fé e do Espírito Santo". 

Os Santos Padres tecem grandes elogios a Santo Estêvão, pondo em relevo suas virtudes: pureza, zelo apostólico, firmeza e constância, grande amor ao próximo, verdadeiramente heroico, rezar pelos próprios assassinos. 

Chamado de protomártir por ter sido o primeiro a derramar seu sangue em testemunho da fé em Jesus Cristo. 

Seu nome em grego significa "coroa", e evoca a ideia de martírio, porque nos séculos a seguir a coroa foi símbolo do martírio. Sua paixão é de fundamental importância por não ter nada de fabuloso ou lendário. 

Sua Oração com certeza mereceu a conversão de São Paulo, pois, como disse Santo Agostinho, "Se Estêvão não tivesse rezado, a Igreja não teria o grande São Paulo!".

Somos convidados a aprender com os Santos e mártires, que deram corajoso testemunho da fé. Santo Estêvão é, por tudo que se disse, um exemplo para que cresçamos em maior fidelidade ao Senhor.

Talvez não tenhamos que viver semelhante martírio, mas cada um em sua própria história pode também desenvolver virtudes tão invejáveis e desejáveis.

Sejamos como Estêvão, homens e mulheres cheios de fé e do Espírito Santo no testemunho do Ressuscitado, em incondicional amor ao Pai.

Santo Estêvão, um exemplo para o nosso discipulado.

O mundo e a Igreja precisam de “Estêvãos”.

 

PS: No dia 26 de dezembro, proclama-se Atos dos Apóstolos (At 6,8-10;7,54-59), e na segunda-feira da terceira semana da Páscoa (At 6,8-15)

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