domingo, 27 de abril de 2025

“A fé que se torna missão” (IIDTPA)

                                               

“A fé que se torna missão”

Com a Liturgia do 2º Domingo da Páscoa (ano A), também chamado de “Domingo da Misericórdia”, à luz da Palavra de Deus, refletimos sobre o papel da comunidade cristã como lugar privilegiado do encontro com Jesus Cristo Ressuscitado: na Palavra proclamada, no pão partilhado, no amor vivido e no corajoso testemunho dado.

A comunidade de homens novos, que nasce da Cruz e da Ressurreição de Jesus, a Igreja, continuará a missão do Senhor: comunicar a vida nova que brota de Sua Ressurreição.

Na passagem da primeira leitura (At 2, 42-47), Lucas retrata os primeiros passos da comunidade cristã, assídua nos Ensinamentos dos Apóstolos, na Comunhão Fraterna, na Partilha do Pão e na Oração - quatro pilares básicos de uma autêntica comunidade, para que ela seja viva e frutuosa, na doação e serviço em favor dos irmãos, anunciando ao mundo a Salvação que Jesus veio trazer.

Nesta passagem, é como se Lucas nos oferecesse um “Raio-X” de nossas comunidades, percebendo sua estrutura, o que precisa ser reforçado, para que este retrato da comunidade não seja apenas saudosismo, mas um desafiador projeto a ser realizado, numa autêntica evangelização, no anúncio da Boa-Nova aos pobres, em empenho sincero de sua libertação, fazendo acontecer o urgente Ano da Graça do Senhor, como nos exorta o Evangelista Lucas (Lc 4, 16-21).

A comunidade precisa perseverar e cuidar destes pilares:

Ensinamentos dos Apóstolos:
Formação bíblica, teológica, doutrinal, Documentos da Igreja, Escola de Ministérios, subsídios diversos disponíveis, livros dos grupos de reflexão, plano de pastoral, e tantos outros meios pelos quais hoje podemos favorecer a formação doutrinal, aprofundamento da Palavra de Deus.

Comunhão Fraterna:
É muito mais que um abraço, um canto de paz na Missa ou culto dominical, é a solidariedade concreta com os empobrecidos, através de diversas Pastorais e Serviços dentro e fora das comunidades, como tão bem nos é proposto nas Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora no Brasil – CNBB (2019-2023).

Eucaristia ou Fração do Pão:
A Celebração Dominical na qual Deus Se faz nosso Alimento e nos fortalece pela Sua Palavra. Quando celebramos nossa vida, com suas alegrias e tristezas, angústias e esperanças, em busca de novos horizontes para que o Reino de Deus aconteça.
A Eucaristia é, verdadeiramente, o ponto alto e a fonte de toda a nossa vida. A Eucaristia edifica a Igreja e a Igreja faz a Eucaristia, como nos falou o Papa São João Paulo II.

Oração:
Individual, familiar e comunitária. Trinta minutos, ao menos por dia, como nos exortou um grande Bispo da Igreja do Brasil (D. Pedro Casaldáliga).

A Oração muito mais do que uma reza sistemática, rotineira, é um diálogo profundo com o Eterno que habita em cada um de nós. É colocar-se no colo de Deus, ser beijado e acariciado pelo mesmo e, se preciso, levar um “puxão de orelha” para nossa orientação… A Oração é diálogo no aparente silêncio de Deus.

Reflitamos:

- Como vivenciamos as dimensões acima apresentadas?
- Eucaristia celebrada e na vida prolongada. Como relacionamos a Eucaristia que celebramos com o nosso cotidiano?

A segunda leitura é uma passagem da Carta de São Pedro (1Pd 1,3-9), dirigida aos cristãos das cinco províncias romanas da Ásia menor.

A Carta tem como objetivo ajudar a manter firme a fé, esperança e a caridade. É preciso viver na solidariedade, alegria, coerência e fidelidade à adesão feita ao Cristo Ressuscitado: identificarmo-nos com Jesus, Aquele a quem amamos, sem O termos visto, pois Ele é o Cristo, que por amor se entregou ao Pai em favor de todos nós. Se assim também o fizermos, chegaremos, com Ele, à Ressurreição.

É preciso nas contrariedades manter a esperança, confiando no amor de Deus, que nos envolve e nos impulsiona, para que jamais recuemos no testemunho da fé, no revigoramento da caridade, nas virtudes divinas, que nos movem permanentemente.

Na passagem do Evangelho (Jo 20,19-31), Jesus Se manifesta vivo e ressuscitado, e Se apresenta como o centro da comunidade cristã, comunicando:  a paz  (plenitude de bens) e o Espírito, para que os Apóstolos continuem a Sua missão.

A mensagem explicita a centralidade de Cristo na comunidade e esta, por sua vez, é a testemunha credível da vida do Ressuscitado no encontro com o amor fraterno, com o perdão dos irmãos, com a Palavra proclamada, com o Pão de Jesus partilhado e os compromissos com a justiça e a vida nova.

O Ressuscitado, rompendo as portas fechadas, onde os Apóstolos se encontram por medo dos judeus, disse-lhes: “A paz esteja convosco”. Nada mais pode impedir a ação do Ressuscitado.

É o primeiro dia da semana, é o tempo da nova criação alcançada pelo Ressuscitado, por isto guardamos o Domingo como o Dia do Senhor, para adorá-Lo e encontrá-Lo, de modo especial na comunidade: Cristo presente na comunidade de modo especialíssimo na Palavra e na Eucaristia.

Na primeira parte, Jesus saúda com o “shalom”: harmonia, serenidade, tranquilidade, confiança, plenitude dos dons à comunidade, de modo que a ela nada falta, pois o Ressuscitado Se faz presente.

E a comunidade será portadora desta Boa-Nova, empenhada na tríplice harmonia dos seres humanos com o Criador, com a própria criatura e com o cosmos.

Os Apóstolos são instrumentos da paz, da vida nova, da comunhão a ser vivida com Deus e com o próximo: shalom!

Quando reaprende a amar, a comunidade capacita-se para a missão de paz, e então se torna sal da terra, luz do mundo e fermento na massa.

A não vivência ou a recusa do amor impede que a paz aconteça... Paz que nos é dada como dom divino, compromisso humano inadiável.

Acolhendo o “sopro da misericórdia divina”, a comunidade não terá o que temer, porque não é enviada sozinha, mas com a força e a vida nova que nos vem do Santo Espírito – “E Jesus soprou sobre eles e disse-lhes: recebei o Espírito Santo”

A segunda parte, é o itinerário feito por Tomé, ausente na primeira vez em que Jesus apareceu aos Apóstolos, e depois, quando presente, faz a grande profissão de fé: ”Meu Senhor e meu Deus”.

Tomé é proclamado bem-aventurado porque viu e tocou as Chagas gloriosas do Ressuscitado, e Jesus nos diz que felizes são aqueles que creram sem nunca terem visto, nem tocado (Jo, 20,29).

Tomé toca exatamente onde nascemos e nos nutrimos: no coração de Jesus, do qual jorrou Água e Sangue: Batismo e Eucaristia.

Esta é uma mensagem essencialmente catequética, que nos convida a renovar hoje e sempre a nossa fé: somos felizes porque cremos sem nunca termos visto nem tocado.

A experiência vivida por Tomé não foi exclusiva das primeiras testemunhas do Ressuscitado, e pode ser vivida por todos os cristãos de todos os tempos. Hoje, somos convidados a fazer esta mesma experiência.

Reflitamos:

- Creio na presença de Jesus Ressuscitado na vida da Igreja?
- Sinto a presença e ação do Ressuscitado em minha vida?

- Jesus Ressuscitado possui centralidade em minha vida?
- Jesus Ressuscitado ocupa o lugar central em minha comunidade?

- Como vivo a missão, por Ele, a mim confiada?
- Tenho acolhido o sopro do Espírito na missão vivida?

- O que tenho feito para que a paz, mais que sonho e desejo, se torne realidade?

- O Domingo é, de fato, para mim o Dia do Senhor, do encontro com o Ressuscitado, para escutá-Lo na comunidade, reconhecê-Lo e comungá-Lo quando Ele Se dá no Pão partilhado, na Eucaristia?

- Como tenho prolongado, em minha vida cotidiana, a ação e vida do Ressuscitado, a Eucaristia celebrada? 

Urge que a fé na Ressurreição do Senhor, faça transbordar de alegria nosso coração.

Oremos:

“Ó Pai, que no Dia do Senhor reunis o Vosso Povo para celebrar
Aquele que é o Primeiro e o Último, o Vivente que venceu a morte,
Dai-nos a força do Vosso Espírito, para que, quebrados os vínculos do mal, Vos tributemos o livre serviço da nossa obediência e do nosso amor, para reinarmos com Cristo na glória eterna.
Amém. Aleluia!”

“A paz esteja convosco!”
Ninguém pode impedir a ação do Ressuscitado!
Alegremo-nos! 
Aleluia!


Fonte de pesquisa: www.Dehonianos.org/portal

sábado, 26 de abril de 2025

Anunciemos a Alegre Notícia do Ressuscitado

                                                   

Anunciemos a Alegre Notícia do Ressuscitado

 “Ide pelo mundo inteiro
e anunciai o Evangelho a toda criatura!”

Na Liturgia do Sábado da Oitava da Páscoa refletimos sobre a passagem do Evangelho que nos apresenta mais uma manifestação do Ressuscitado aos discípulos, ainda marcados pela incredulidade do acontecimento da Ressurreição (Mc 16, 9-15).

A dificuldade desta incredulidade deve-se a duas coisas necessárias:

- A atuação da graça divina, que nos revela quem é Jesus na Sua divindade e na sua atuação messiânica;
- A nossa abertura a essa graça, para que possamos acolher a atuação divina em nós.

É o Ressuscitado quem toma a iniciativa de manifestar Sua presença e cabe a nós acolher esta presença e, consequentemente, a Sua graça comunicada para que possa agir frutuosamente em nós, tornando-nos evangelizadores, traduzindo a nossa fé em missão do alegre e corajoso anúncio da Boa Notícia do Ressuscitado a todos os povos, a todas as nações.

Evidentemente, tudo isto somente será possível com a presença e ação do Espírito Santo, que nos foi enviado do Pai, por meio do Filho, com Sua Morte e Ressurreição, como Ele prometera aos Seus discípulos antes de partir.

Ser discípulo missionário do Ressuscitado é ser canal de graça na vida das pessoas, semeando no coração delas, e no próprio, a Semente do Verbo, em fértil terreno para que produza os frutos por Deus esperado, ainda que algumas sementes caiam à beira do caminho, em terreno pedregoso ou espinhoso.

De fato, não obstante a reação dos ouvintes, todo aquele que experimentou a presença do Ressuscitado é impelido a anunciar ao mundo esta experiência transformadora, assim como aconteceu a Maria Madalena, aos onze, conforme a passagem, e a tantos outros ao longo da História.

Renovemos em cada Banquete que participamos a graça do nosso Batismo, sempre iluminados pela Palavra proclamada, ouvida, acolhida para ser anunciada e vivida, bem como nutridos e fortalecidos pelo Pão Salutar da Eucaristia, e inebriados pelo Diviníssimo Sangue do Senhor, que nos redime no Cálice Sagrado, como sinal da Nova e Eterna Aliança de Amor de Deus por nós. Aleluia! Aleluia!

Acolher e comunicar a graça divina

                                                             

Acolher e comunicar a graça divina

No sábado da oitava da Páscoa, ouvimos a passagem do Evangelho (Mc 16, 9-15), em que Jesus aparece aos onze discípulos, Ressuscitado, e os envia em missão: “Ide pelo mundo inteiro e anunciai o Evangelho a toda criatura” (Mc 16,15).

Eis a nossa missão: cumprir o mando do Senhor, sendo uma Igreja em estado permanente de missão, na fidelidade a Jesus, vivo e Ressuscitado, em plena comunhão com o Pai e o Espírito que nos conduz, pois é Ele o grande protagonista da missão.

Oremos:

Senhor, concedei-nos a Sabedoria do vosso Espírito para que, cumpramos a vontade de Deus e realizemos nossa missão de evangelizadores, discípulos missionários Vossos, que é a mais bela essência da nossa missão, num mundo onde os sinais de contradições e mortes persistem, e neste ser instrumento de vida, amor, paz e luz.

Senhor, movidos pelo Vosso Espírito Santo, ensinai-nos a ser canais de graça divina na vida das pessoas e, ao mesmo tempo, a preparar os nossos corações, e de todos a quem comuniquemos a Semente de Vossa Palavra, para que sejam terrenos férteis, produzindo os frutos que Vosso Pai de nós tanto espera.

Senhor, ajudai-nos, para que nos abramos à graça e ao amor, que é derramado em nossos corações pelo Vosso Espírito, de modo que conheçamos quem sois, sentindo Vossa presença, por Vós chamados, acolhidos, amados e enviados em missão.

Senhor, uma vez abertos a esta graça, que tudo façamos para que Ela aja em nós, e para tantos quantos precisarem, sejamos canais comunicadores desta graça, fazendo de nossa vida doação e serviço, amor e entrega, como assim Vós fizestes, em ato extremo na morte de Cruz, amando-nos até o fim, por isto, o Pai O Glorificou.

Que assim também sejamos. 
Amém. Aleluia! Aleluia!

sexta-feira, 25 de abril de 2025

Em poucas palavras...

                                                    


“Tudo está nas mãos do Pai...”

“A história, de Abel a José, a Cristo e, finalmente, a nós é cheia de violência e povoada por homens que tentam de todos os modos libertar-se de outros homens, porque estes têm mais  privilégios, porque perturbam sua caminhada para o êxito...

Mas os projetos dos homens não são decisivos. Tudo está nas mãos do Pai, que tudo encaminha para o bem, apesar do mal, servindo-Se, muitas vezes, do mal.” (1)

 

 

(1)               Comentário do Missal Cotidiano - Editora Paulus - pág. 218-219 - sobre a passagem do Livro do Gênesis (Gn 37,3-4.12-13a.17b-28)

Em poucas palavras...

                                            


Envolvidos pelo amor divino

“O amor de Deus é «eterno» (Is 54, 8): «Ainda que as montanhas se desloquem e vacilem as colinas, o meu amor não te abandonará» (Is 54, 10). «Amei-te com amor eterno: por isso, guardei o meu favor para contigo» (Jr 31, 3).” (1)

 

(1)               Catecismo da Igreja Católica - parágrafo n. 220

“Se...”

                                         


“Se...”

 

Se nesta Tarde das tardes,
As lágrimas verterem lentamente,
E teimosamente nossos olhos se iluminarem...
 
Se ouvirmos atentamente a Paixão do Senhor,
Contemplarmos o quanto sofreu por amor de nós,
E nosso coração com Ele intimamente unido....
 
Não nos envergonhemos pelas lágrimas vertidas.
É porque temos coração, santos sentimentos,
E queremos nos configurar a Ele intimamente.
 
D'Ele mesmos sentimentos termos,
Nosso coração, ao mundo oferecer,
Sagrados compromissos de compaixão.
 
Renovadas nossas forças, sempre a caminho,
Maior correspondência de amor a Ele,
Na comunhão com o Pai e o Espírito Santo. 
Amém. Aleluia!

 

A terceira aparição do Ressuscitado (continuação)

                                                             

A terceira aparição do Ressuscitado 

Aprofundando a riquíssima linguagem simbólica do Evangelho (Jo 21, 1-19), vemos que João nos apresenta a terceira aparição do Ressuscitado em três grandes partes: a pesca, a refeição e a investidura de Pedro.

Os sete Apóstolos voltam à sua atividade cotidiana:

Sete indica totalidade – uma Igreja toda em missão.

Pescar revela a missão da Igreja – pescar aqueles que se encontram mergulhados no mar do sofrimento e da escravidão.

Noite sem nada pescar – noite como tempo das trevas, da escuridão, da ausência de Jesus. Sem Jesus tudo é um fracasso irremediável - “Sem mim, nada podeis fazer” (Jo, 15,5).

Êxito da pesca – garantida pela presença do Ressuscitado e confiança em Sua Palavra.

Rede com 153 peixes – número marcado pelo simbolismo – resultado da soma dos 17 primeiros algarismos – 10 + 7 = totalidade, todos os peixes conhecidos. Significa a plenitude e a universalidade da Salvação.

O discípulo amado reconhece Jesus, o Ressuscitado – amar é condição para reconhecer Sua presença.

Comer com os discípulos – prefigura-se a Eucaristia – “Os pães com que Jesus acolhe os discípulos em terra são um sinal do Amor, do serviço, da solicitude de Jesus pela Sua comunidade em missão no mundo: deve haver aqui uma alusão à Eucaristia, ao Pão que Jesus oferece, à vida com que Ele continua a alimentar a comunidade em missão” (1)

Concluindo, somos enviados ao mundo para o resgate de humanidade, do mar do sofrimento e da escravidão. Nisto consiste “sermos pescadores de homens”.

É Páscoa!
Pelo Senhor fomos escolhidos, amados, enviados.
Por Ele assistidos, acompanhados, nutridos.

A Ele toda fidelidade, entrega, amor e doação.
Com Ele, servir, testemunhar, nossa missão.

Amar e seguir, seguir e amar.
Amar e servir, Servir e Amar.

Amar o Amado sempre, em fidelidade ao Pai,
que nos enviou o Santo Espírito de Amor.
Amém. Aleluia! Aleluia!


(1) Fonte: www.dehonianos.org

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