domingo, 20 de abril de 2025

O transbordamento da alegria Pascal...

                                                                        


O transbordamento da alegria Pascal...
Transbordando de alegria pascal, nós nos unimos aos Anjos
e a todos os Santos, para celebrar a Vossa glória...”


Assim ressoa em nosso coração o Prefácio do Dia de Páscoa que se prolonga por todo o Tempo Pascal que estamos vivendo e celebrando.

 - Onde estão os sinais deste transbordamento?
 - Como conseguimos contemplá-los?

Eis o grande desafio: contemplar a alegria pascal num tempo marcado pelas nuvens das dúvidas, pelo desânimo, apatia e perda do sentido da vida (por parte de alguns). Marcado por sinais de morte multiplicados: violência, insegurança, desestruturação da família, imposição de normas de comportamento que violam os princípios naturais da vida e de verdades transitórias, em detrimento de verdades substanciais e eternas, numa postura de relativismo absoluto...

Mas somos pascais, cremos no Verbo que Se encarnou, viveu em tudo a condição humana, menos o pecado. Cremos n'Aquele que, por fidelidade ao Projeto Divino do Reino, em obediência incondicional e Amor imensurável que ama até o fim, padeceu a Paixão, passou por todos os sofrimentos (negação, traição, solidão, agonia...), culminando na crudelíssima Morte de Cruz.

Ele sofreu na Cruz e esta se tornou a Árvore da Vida, a fim de que nela nos gloriemos, como nos falou o Apóstolo Paulo (Gl 6,14). Experimentou a morte descendo à mansão dos mortos, mas o Pai O Ressuscitou, O glorificou e O fez sentar-Se à Sua direita. N’Ele o princípio e o fim de toda a humanidade, para que seja por todos, e por todo o sempre, adorado.

Poderia mencionar inúmeros sinais que manifestam o transbordamento da alegria Pascal, mas faço um caminho diferente: convido o leitor a refletir, buscar e certamente encontrar suas próprias respostas...

Vislumbremos e testemunhemos os sinais pascais que somente são reconhecidos por aqueles que, como os discípulos de Emaús (Lc 24), sentem a presença do Ressuscitado que conosco caminha, comunica Sua Palavra e a nós Se dá, Ele próprio, no Pão da Eucaristia. Aleluia! Aleluia!

Como os Discípulos de Emaús, suplicamos: “Fica conosco, Senhor” (continuação)

                                                                 

Como os Discípulos de Emaús, suplicamos:
“Fica conosco, Senhor”                             

Reflexão à luz da passagem do Evangelho de Lucas - os Discípulos de Emaús (Lc 24, 13-35).

Retomemos as palavras do Papa Bento XVI, fundamentadas nesta passagem: "Fica conosco, pois a noite vai caindo e o dia está no ocaso" (Lc 24, 29).

Quanta beleza nas palavras do Papa!
Densidade das sombras que nos acompanham; o desespero cedendo lugar para a esperança; o cansaço refeito para que se siga em frente no caminho e com o Caminho, Jesus. Ele fica conosco para que sejamos arautos da Boa Nova da Ressurreição, alegres testemunhas do Ressuscitado.

As nuvens das dúvidas que a fé católica, como em qualquer outra profissão de fé, são passageiras, não se cristalizam em empecilhos irremovíveis que nos impeçam de a cruz carregar, com olhos voltados para o horizonte da eternidade.

As dificuldades existem e podem ser superadas, sempre com Ele, cujo fardo é leve e jugo suave, que nos conduz às verdes pastagens, porque Bom Pastor, por Amor que não se conteve, em extremo ato de entrega, a vida por nós deu, o Pai novamente a concedeu, de forma nova, gloriosa, Ressuscitado!

As mentiras que nos desviam das verdades que devem iluminar nossa vida são evidenciadas e superadas com o esplendor da Verdade que é o Senhor. Por isto a súplica: Fica conosco, Senhor!

Ficai conosco, Senhor, na família, berço da vida, desde a concepção até seu declínio natural. Que ela seja espaço da acolhida, do amor, do respeito mútuo, do diálogo sincero e amadurecido e de um mundo novo inaugurador...

Ficai conosco, Senhor, com as crianças amadas e desamadas; com os jovens para que se esperança tiverem, a concretizem; se não tiverem que a ressuscitem e voltem a sonhar...

Ficai conosco, Senhor, com os enfermos, pois são Vossa presença, como nos diz no Evangelho; com os idosos, assistidos e amados por suas famílias ou não...

Em todo e em qualquer momento,
Em toda e em qualquer situação:
Uma súplica, uma singela Oração.

Como os Discípulos de Emaús suplicamos:
Ficai conosco, Senhor!

Presença tão divina, na Palavra, na Eucaristia,
Que Vossa Palavra continue fazendo nosso coração arder,
Que no Pão partilhado, nossos olhos se abram,
A Vós reconheça, e no coração uma certeza:
Não estamos sós... Conosco estais. 
Amém. Aleluia! Aleluia!

A Páscoa do Senhor não dispensa nossos sacrifícios!

                                               



A Páscoa do Senhor não dispensa nossos sacrifícios!

Páscoa: nem tudo está resolvido.
Do alto vêm constantes apelos,
Para atitudes novas, somos impelidos,
Sem hesitações, letargias e atropelos.

Sacrifícios hão de ser multiplicados,
Misericórdia, humildade, louvor e paz,
Caridade ativa por todos vivenciada,
Avançar, com coragem, sem voltar atrás. 


É Páscoa: seja fecundo nosso coração,
No qual germine a semente da fé,
Floresça a fina flor da esperança,
e produza frutos Pascais de caridade.

Amém. Aleluia! Aleluia!


“Por um breve instante...”

                                                  

“Por um breve instante...

“Por um breve instante Eu a abandonei, mas
com profunda compaixão Eu a trarei de volta.” (Is 54,7)

Por um breve instante os discípulos pensaram em recuar, fechar-se,
Porque o medo lhes tomou o coração, as portas estavam fechadas.

Por um breve instante tudo parecia ter chegado ao seu final,
Sem perspectivas, sem continuidade, sonhos soterrados.

Por um breve instante a esperança murchou, aparentemente para sempre.
Sua ausência era a maior de todas as ausências que se podia sentir.

Por um breve instante o quanto amados por Ele foram, pareceu que  jamais o seriam.
E, como suportar no mais profundo a ausência do Amado que tanto os amou?

Por um breve instante tudo parecia ter perdido o gosto, o sentido, o sabor.
Bem poderia Ele ter sido glorioso evitando a morte e tão terrível dor.

Por um breve instante pensaram os discípulos a Emaús voltar.
O retorno ao nada, ao fracasso de uma esperança que ilusão pura o foi.

Por um breve instante a lentidão da mente lhes turvou a fé e o olhar,
Pois não compreenderam que caminhava com eles Aquele em quem tanto confiaram.

Por um breve instante apenas.
Por um breve instante apenas, porque Ele Ressuscitou.

Para sempre as portas do medo foram abertas, rompidas.
Para sempre as portas da incredulidade de Tomé não mais sobreviveram.

Para sempre a Vida Venceu a Morte, pois assim é o Amor.
A vitória de Deus, do Amor, não é por um breve instante.

Para sempre Ele Ressuscitou,
E n’Ele e com Ele também ressuscitaremos.

Há na vida os “breves instantes” que parecem se eternizar. Parecem,  tão apenas.
Há na vida instantes que se prolongam, germinando para o horizonte da eternidade.

Na vida temos os “breves instantes” a serem suportados,
Mas com fé, haverão de ser enfrentados, corajosamente vencidos.

Na vida há os “breves instantes” de escuridão que parecem se eternizar,
Mas vem ao nosso encontro a luz divina nossas noites escuras iluminar.

Há os “breves instantes” da falta de esperança, confiança e coragem,
Mas que se não nos curvarmos à mediocridade, com Oração serão superados.

Há “breves instantes”  outros a serem contemplados.
Há o eterno momento a ser alcançado: glória, luz e paz, eternidade...

Há sempre o peso da cruz, em “breves instantes” com peso aparentemente insuportáveis.
Há a eterna compaixão de Deus que vem ao nosso encontro em divina solidariedade.

Vinde a mim vós que estais cansados e fatigados,
Meu fardo é leve, meu jugo é suave” (cf. Mt 11,-28-30), 
disse o Senhor.

Se não suportarmos breves instantes difíceis que devemos passar,
Como alcançaremos o tempo maravilhoso, infinito de alegria na eternidade?

“Por um breve instante Eu a abandonei, mas
com profunda compaixão Eu a trarei de volta.”

Dimensão pascal vivida, sobriedade fortalecida!

                                                     


Dimensão pascal vivida, sobriedade fortalecida!

Estamos iniciando o Tempo Pascal, em que a luz iluminou a escuridão da noite, a Ressurreição do Senhor foi contemplada e ao mundo anunciada.

Voltemo-nos para uma temática vital para que tenhamos a verdadeira alegria que a Páscoa nos convida a celebrar e a viver.

Mas afinal, o que é sobriedade? A conceituação, para além dos dicionários, pode ser ampliada fazendo-nos mais comprometidos com a nossa vida, com a vida do outro e do planeta em que habitamos.

Sobriedade é, sobretudo, equilíbrio, temperança, serenidade, justa medida, autodomínio, liberdade diante de tudo e de todos.

Não há dúvida de que a ausência da sobriedade implica na destruição da comunhão fraterna, fomentando a desarmonia, a fragmentação dos relacionamentos, a desestruturação de toda ordem (moral, afetiva, psicológica, econômica, social, política...).

De outro lado a sobriedade presente em cada pessoa a fará artífice de um novo tempo, de novos relacionamentos, novas famílias, novas comunidades eclesiais. A sobriedade é imperativo das mais simples às mais complexas relações.

Preciosa definição encontramos no Catecismo da Igreja Católica (n.1809): “A temperança é a virtude moral que modera a atração pelos prazeres e procura o equilíbrio no uso dos bens criados.

Assegura o domínio da vontade sobre os instintos e mantém os desejos dentro dos limites da honestidade... No Novo Testamento, é chamada de “moderação” ou “sobriedade”. Devemos viver com moderação, justiça e piedade neste mundo (Tito 2,12)”.

Vivemos o transbordamento da alegria pascal, sendo impossível conter a ação do Ressuscitado, vivendo a dimensão pascal de nossa fé, encontraremos e cultivaremos a sobriedade necessária que acontece na exata medida em que somos pascais: quanto mais pascais o formos, maior será nossa sobriedade, temperança, equilíbrio, liberdade para amar e cuidar da vida. Somos construtores da paz, amantes incondicionais do Senhor da Vida e, portanto, amantes da vida plena que Ele prometeu e trouxe.

Sejamos pascais, sejamos sóbrios e tudo será melhor (a pessoa, a família, o trabalho, a política, a escola, a cidade, o mundo...)

Quando vivemos intensamente a dimensão pascal, amando, crendo anunciando e testemunhando o Ressuscitado, fazemos morrer o que é necessário para renascer em nós uma nova criatura, e assim fortalecemos, de fato, a virtude da sobriedade.  Aleluia! Aleluia!

Os sacrifícios mais aceitos por Deus

Os sacrifícios mais aceitos por Deus

Na Missa, após a consagração do pão e do vinho, temos a anamnese que é a memória dos acontecimentos da Salvação, nomeadamente Paixão, Morte, Ressurreição e Glorificação de Cristo:

“Anunciamos Senhor a Vossa morte e proclamamos a Vossa Ressurreição. Vinde, Senhor Jesus!”

O Bispo Santo Agostinho, refletindo o Salmo (Sl 95,13), que trata do julgamento divino e os sacrifícios agradáveis ao Senhor, muito nos ajuda a entender a anamnese que dizemos em todas as Missas, e este preciosíssimo versículo do Salmo mencionado.

“... Amamos e temos medo da Sua vinda. Será que amamos? Ou amamos muito mais nossos pecados?

Odiemos, portanto, estes mesmos pecados e amemos Aquele que virá castigar os pecados. Ele virá, quer queiramos, quer não. Se ainda não veio, não quer dizer que não virá.

Virá na hora que não sabes; se te encontrar preparado,  não haverá importância de saberes... Porque és injusto, não será justo o juiz? Ou porque és mentiroso, não será veraz a verdade?

Se queres, porém encontrar o Misericordioso, sê tu misericordioso, antes de Sua chegada: perdoa, se algo foi feito contra ti, dá daquilo de que tens em abundância.

Donde vem aquilo que dás, não é d’Ele? Se desses do que és teu, seria liberalidade, quando dás do que é Dele, é devolução. Que tens que não recebeste? (1 Cor 4,7).

São estes os sacrifícios mais aceitos por Deus: Misericórdia, humildade, louvor, paz, caridade. Ofereçamo-los com confiança e esperemos a vinda do juiz que julgará o orbe da terra com equidade, e os povos em sua verdade (Sl 95,13)”.

Ele veio, vem e virá.
Veio à primeira vez, virá pela segunda: glorioso! Enquanto Ele não vem, estamos alegremente vigilantes, em Oração e ação.

Comprometidos estamos com a Sua chegada, ainda que não saibamos quando, e nem nos cabe saber, somente o Pai o sabe. Importa que estejamos preparados.

Iniciando o Itinerário Pascal, preparando-nos a Festa de Pentecostes, reflitamos:

- Como estamos sendo sinais do Cristo Ressuscitado?
- Quais os sacrifícios agradáveis ao Senhor que vamos intensificar neste Tempo Pascal?

Oremos:

“Ó Deus, por vosso Filho Unigênito, vencedor da morte, abristes hoje para nós as portas da eternidade. Concedei que, celebrando a Ressurreição do Senhor, renovados pelo Vosso Espírito, ressuscitemos na luz da vida nova. Por N.S.J.C. Amém” (1)


(1) Oração do Dia do Domingo de Páscoa.

Páscoa: alargar os horizontes do amor!

                                                           

Páscoa: alargar os horizontes do amor!

Celebramos o maior dos Mistérios do Amor de Deus: A Paixão, Morte e Ressurreição de Nosso Senhor, e toda a Igreja está vivendo dias do transbordamento desta alegria: Cristo Ressuscitou. Aleluia!

Aclamamos e cantamos com as comunidades em cada Eucaristia, memorial permanente deste amor que desconhece medidas e  horizontes.

O Círio Pascal aceso comunica este mistério central da fé Cristã: A luz de Cristo iluminou e ilumina a humanidade.

O sopro vital de Deus não permitiu que a maldade humana prevalecesse, e Deus, num ato de puro amor, abriu a terra e escancarou-a para o céu, Ressuscitando o Seu Filho.

A onipotência do amor de Deus falou mais alto que a prepotência da maldade humana.

No mistério da morte da Cruz de Nosso Senhor se deu o encontro de três pessoas eternas:
O eterno Amante que é o Pai,
O eterno Amado que é o Filho, e
O eterno Amor que é o Espírito Santo.

A Cruz não foi o mistério da solidão, do abandono, da desilusão, do fracasso... Muito pelo contrário, foi a consumação de um encontro eterno de Amor pela redenção da humanidade, na fidelidade, humildade, confiança e despojamento. 

Pela Cruz fomos reconciliados, iluminados. Foi-nos apontado o caminho do amor, o único e essencial.

Se pelo imenso amor Jesus foi fiel até o fim, Deus pelo Seu imenso amor, não poderia fazer outra coisa: Ressuscitou Seu Filho.

E os discípulos em todo tempo, deverão empenhar-se em testemunhar com semelhante amor que a Vida venceu a Morte, pois Deus tem sempre a última Palavra.

Crer no Ressuscitado é trilhar o caminho do amor por Ele proposto.
A Boa Nova da Ressurreição é motivo de transbordarmos de alegria, mas não significa que tudo está realizado: há muitos sinais de morte que clamam por Páscoa/passagem.

Como Igreja, sejamos fortalecidos na caminhada pastoral, rejuvenescendo em cada coração maior amor à Igreja. 

Esta Boa Nova nos inquieta frente aos desafios da cidade, não permite acomodações e recuos.

Há clamores que anseiam por respostas a fim de que a paz não seja apenas um sonho, mas realidade; para que a vida e a alegria sejam estampadas em cada olhar e o sorriso nos lábios anuncie que está irrompeu e irromperá sempre a madrugada da Ressurreição!

Quando a pedra do túmulo foi removida, ao mundo foi anunciado: o túmulo não pôde reter o vivente (Ap 1,18).

Sepulcro vazio e coração transbordante do Amor de Deus transformado pela vida nova do Ressuscitado. Este amor que nos preenche, renova-nos, faz-nos chegar primeiro às situações diversas, pois quem ama, chega primeiro.

É tempo de buscarmos as coisas do alto; as coisas celestes, pois se com Cristo morremos, também com Ele Ressuscitamos (Cl 3,1-4).

Páscoa é sempre tempo de alargar os horizontes do amor, pois como disse o Papa Bento XVI “o horizonte do amor é verdadeiramente infinito!”

No ápice da escuridão da noite,
anuncia-se a chegada de um novo dia!
A escuridão de nossa noite é sempre
iluminada com o esplendor da Ressurreição!
Aleluia! Aleluia!

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