domingo, 20 de abril de 2025

A paradoxalidade do túmulo

                                                      

A paradoxalidade do túmulo

“Túmulo vazio,
coração transbordante de alegria!” 

Crer no Ressuscitado:
Morrer para o pecado e viver para Deus. Assim ocorreu em nosso Batismo. 

Crer no Ressuscitado é caminhar na luz: "Eu Sou a luz".

“Não são doze as horas do dia?
Quem caminha de dia não tropeça, porque vê a luz deste mundo. Mas quem anda de noite tropeça, porque lhe falta a luz” (Jo 11,9-10).
“Eu Sou a luz do mundo, quem me segue não anda nas trevas,
mas terá a luz da vida.” (Jo 8,12) 

Ressurreição:
Desce o dom da graça que nos santifica e
nos plenifica com a paz, o amor, a alegria…
 Não façamos guerras contra nós mesmos,
Reine a paz em nossos corações. 

“Fica conosco Senhor!” – (Lc 24, 29)
“Olhos que se abrem, coração que arde!
Ó esplendorosa Ressurreição:
Olhos abertos, ardente coração!” 

Aleluia! Aleluia!

Que Amor! Que incrível Amor!

                                                                         


Que Amor! Que incrível Amor!

“… Diante d’Ele todo joelho se dobre e
toda língua proclame – Jesus é o Senhor!"

Depois de termos percorrido o Itinerário Quaresmal com os exercícios que nos foram propostos; de termos plantado as sementes de amor, verdade, justiça e liberdade nos Jardins Quaresmais de nossos corações, o que fazer?

Exultar de alegria, pois nasceram Flores Pascais. Aleluia! é a melhor palavra para expressar nossa exultação, nossa vitória.

Foi um longo, belo e profundo caminho:

Com Jesus, no deserto, aprendemos a vencer as tentações satânicas que destroem o Projeto Divino (ter, poder, ser).

Desde a Montanha, no Tabor, nos esforçamos para ouvir melhor O Filho Amado, contemplamos Sua glória sem na montanha fixar moradas eternas.

Fomos desafiados a descer e colocar em prática a Sua Palavra na planície, assumindo o compromisso intransferível de transformar a realidade de tantos irmãos e irmãs desfigurados.

A purificação do templo reafirmou que a religião agradável a Deus é a prática fidedigna de Sua Lei, contida no Decálogo, sintetizada no amor a Deus e ao próximo, inseparavelmente.

Contemplamos diversas vezes um Deus que tanto nos ama, não poupando Seu Único Filho, que no caminho da fidelidade, nos amou até o fim. Descendo ao fundo do poço da miséria e da solidão humanas experimentou tudo o que podemos experimentar, exceto o pecado.

Esvaziando-Se de tudo, de toda Sua condição divina, morreu na Morte infame da Cruz, mas o Pai O exaltou, O glorificou, dando ao Amor a última palavra e a promessa da eternidade para todos que n’Ele crerem.

“Inocente, Jesus quis sofrer pelos pecadores. Santíssimo, quis ser condenado a morrer pelos criminosos. Sua morte apagou nossos pecados e Sua Ressurreição nos trouxe vida nova”.

Que Amor! Que incrível Amor! 
Amor assim não poderia ter ficado morto nas catacumbas: o Pai o Ressuscitou! Aleluia!

O Amor falou mais forte que o ódio; a Onipotência divina falou mais alto que a prepotência e a arrogância humanas; a fidelidade a Deus não ficou sem resposta; a luz prevaleceu sobre as trevas; as sombras deram lugar ao esplendor do Cristo Glorioso, para que “… Diante d’Ele todo joelho se dobre e toda língua proclame – Jesus é o Senhor!" (Fp 2,10-11).

Que Amor! Que incrível Amor!

Agora é a nossa vez de viver o mesmo Amor, sobretudo, neste Tempo Pascal e em todo o tempo, até que um dia vivamos a plenitude do Amor  Céu! Aleluia! Aleluia!

O Senhor nos garante Sua eterna presença

                                                            

O Senhor nos garante Sua eterna presença

Senhor Jesus, quando estavas prestes a concluir a missão para a qual foste enviado, pelo Pai de amor e bondade, bem sabias que Tua presença histórica junto aos discípulos estava próxima do fim, pois avistavas, em um horizonte próximo, a crudelíssima morte na Cruz.

Senhor, assim iniciavas a preparação dos Apóstolos, para que viessem, pouco mais tarde, reconhecerem Tua nova forma de ser presença,  vivo e Ressuscitado, rompendo portas fechadas, colocando-Se no centro da comunidade, e permitindo a Tomé ver e tocar Tuas Chagas Gloriosas.

Senhor, estavas preparando os discípulos para receberem o Espírito Santo, e assim serem conduzidos à missão evangelizadora, por Ti confiada, sem jamais experimentarem qualquer sombra de abandono, para que jamais temessem ou recuassem ao dar testemunho da fé e a razão da esperança.

Senhor, acenavas também ao destino último daqueles que em Ti confiam e se entregam em fidelidade total e incondicional no seguimento: a eternidade, pois és, de fato, o único Caminho que nos conduz ao Pai, a Verdade que nos liberta e nos garante Vida plena e definitiva que aspiramos, na plena comunhão Trinitária.

Senhor, que ouvindo e meditando esta iluminadora passagem do Evangelho, renovemos a certeza de que estás conosco, ontem, hoje e sempre, com Teu Espírito, na comunhão com Teu Pai, e assim continuemos trilhando o itinerário de fé Pascal que nos faz comprometidos com Tua Igreja a serviço do Reino, por um mundo mais justo e fraterno. Amém. Aleluia!

PS: Meditação à luz da passagem do Evangelho (Jo 14, 1-6) 

Com Ele a entrada na eternidade!

                                                                  

Com Ele a entrada na eternidade!

Há várias “entradas”...
Há a entrada permitida ou não, em determinados locais...
Há o ingresso para a entrada, sem o que ficamos fora do espetáculo...

Há o prato de entrada que antecede a deliciosa ceia ou jantar...
A História também tem suas entradas, que foram as Expedições da época colonial...

Há as ações de entrada triunfais em shows, torneios, campeonatos, jogos, espetáculos...

Há os votos de Boas Entradas na saudação do Ano-Novo... 
Há a entrada do maestro indicada com gesto para o instrumento ou voz do cantor... 

Há a entrada franca no acesso livre de uma apresentação (espetáculo, jogo etc.)...

Porém, há outras entradas que nos levam a refletir, rezar...
Há a entrada do Senhor em Jerusalém, no dia de Ramos e da Paixão.
Aclamado como bendito Filho de Davi, com brados efusivos de Hosana no mais alto dos céus!

Acolhido como Rei, com ramos de oliveira estendidos pelo chão...
Em menos de uma semana, após ter feito tão necessária entrada para nossa redenção, ei-Lo abandonado, solitário, rejeitado, negado, traído, condenado, humilhado... 

Sofrimento, por amor, até o fim assumido,
Para que todos nós fossemos redimidos...
Morto na Cruz, suor e sangue derramados,
Agonia vivida, em fidelidade ao Projeto do Pai:
Espírito nas mãos do Pai entregue: tudo consumado!

Precedendo a entrada gloriosa, ao túmulo é levado,
A mansão dos mortos, não poderia deixar de ter visitado.
As almas que ansiosas esperavam, dos grilhões da morte, são libertadas...
O sábado do silêncio sepulcral, apatia, desânimo, aparência de fracasso.
Mas eis que na madrugada uma notícia alegre Maria Madalena contempla e anuncia:
Não poderia ficar para sempre morto, quem a Deus plenamente se confia.

Ressuscitou! Aleluia!
Tendo entrado na escuridão da noite, agora pelo Pai exaltado, glorificado.
Não mais apenas entrando em Jerusalém momentaneamente,
Entrou para sempre na Glória dos Céus: à direita do Pai sentado está.

A entrada no céu foi a grande vitória alcançada, que só o foi, porque da entrada em Jerusalém não Se acovardou.

Os poderes que matam enfrentou  obediência, fidelidade, confiança filial e incondicional o acompanhou  “Deus meu Deus, por que me abandonaste!”. Mesmo no ápice do sofrimento da condição humana, a presença de Deus, o Amor do Pai suplicou (silêncio...)

Assim será para quem no céu quiser entrar:
Teremos entradas minúsculas, e Entrada Maiúscula...
Há um caminho a ser feito. A cada tempo a Jerusalém nos desafia à entrada, em plena imitação no seguimento do Senhor.

Seguir Seus passos, trilhar Seu Caminho; pois Ele é o Caminho, a Verdade e a Vida.

Eis o caminho para a Entrada na glória que passa pela entrada em Jerusalém: Se nos céus quisermos entrar, há um longo caminho a percorrer, e uma cruz, com coragem e fé renovada a cada dia, com renúncias, o Senhor seguir... Suportando tudo que o Amado sofreu em fidelidade ao Deus Amante que jamais lhe faltou presença, pois com Ele estava o Espírito, o Amor! Amém! Aleluia! Aleluia!

É Páscoa! Vida nova se inaugura!

                                                           

É Páscoa!
Vida nova se inaugura!

Algo novo em nosso coração reluz, alegria abundante jorra, nossos olhos voltam a brilhar… O Sol Divino veio ao nosso encontro abraçando-nos, acolhendo-nos, enviando-nos...

O Senhor veio plantar no coração de pessoas de boa vontade a confiança e a esperança, que concretizadas em ações de caridade autêntica assegurarão o novo que Deus tem para nós.

O Senhor, de fato, faz novas todas as coisas, sobretudo no coração daquele que crê e ama. Os sinos soam em vibração contagiante e os suores da luta se multiplicam, porque não há, quando por amor, esforços que sejam insignificantes.

Que o Suor de Sangue do Amado não tenha sido em vão. Derramemos o nosso, se preciso for, por um mundo novo, alegre, cheio de vida, paz, justiça, fraternidade e amor. O Sol Divino irrompeu na madrugada, iluminou nossa existência, revigorou nossos passos, refez nossos sonhos e os sagrados compromissos que brotam da fé.

É Páscoa!
Chegou o tão esperado amanhecer!
O Sol Divino, Jesus, está mais do que vivo no meio de nós.
O Senhor Ressuscitou! Aleluia! Aleluia!

Sejamos alegres testemunhas do Ressuscitado

                                                           

Sejamos alegres testemunhas do Ressuscitado

“Sabemos que o nosso velho homem foi
crucificado com Cristo, para que seja destruído
o corpo de pecado, de maneira a não mais servirmos ao pecado” (Rm 6, 6)

A Alegria do Tempo Pascal é diretamente proporcional
Ao quanto nos empenhamos no Itinerário Quaresmal,
Assim como no Tríduo Pascal, dias tão especiais,
Com Liturgias próprias, imensuráveis de riquezas...

Faço votos de um Feliz Tempo Pascal.
Que estes dias de alegria, esplendor e exultação
Pela Boa Nova da Ressurreição, tornem
Cada vez mais Pascal nossa existência.

Que a fé no Ressuscitado e na Ressurreição,
Por Ele prometida para quem n’Ele viver e crer,
Mais que promessa, seja um dia para nós realidade,
Quando, então, O contemplaremos gloriosamente na eternidade.

Contemplemos o Mistério Pascal com sua riqueza infinda,
Acolhamos, na fé, a Deus que é Pai e que Se dá a nós,
Por Cristo Ressuscitado gloriosamente no Espírito,
Presente no mais profundo de nosso coração.

Contemplemos com júbilo e exultação incontidas
O Mistério Pascal, deixando-nos envolver
Por este movimento ininterrupto e envolvente de Amor,
Para vivermos a vida nova, liberta de todo medo e incerteza.

Estabeleçamos vínculos fraternos sólidos e sinceros,
Configurando-nos a Cristo Morto e Ressuscitado,
Guiados pela ação do Espírito que é garantia
De saborosos frutos de comunhão, amor e paz.

Inflame-se e aumente a caridade ativa em nós,
Regenere e consolide-se a fé pura e inabalável,
Renove-se a esperança de um novo céu e nova terra,
Para que anunciadores e testemunhas do Senhor sejamos.

“Pois, se fomos de certo modo identificados a Jesus Cristo
por uma morte semelhante à Sua, seremos semelhantes
a Ele também pela Ressurreição” (Rm 6, 5).
  
Isto é Páscoa:
Ser, no mundo, alegres anunciadores e testemunhas do Ressuscitado.
Aleluia! Aleluia! Aleluia!

A Alegria Pascal

                                                 


A Alegria Pascal

O Tempo Pascal tem matiz exponencial de Alegria:

A Alegria é um dos temas característicos de Lucas e dos Atos dos Apóstolos: manifestação do Espírito, ela não consiste numa simples ausência de sofrimento ou numa alegria esfuziante, mas numa Alegria interior tranquila pela salvação recebida, fruto da fé.

Como já a comunidade Jerusalém (At 2,46), e depois os pagãos (cf. At 13,48-52), também a Samaria se abre à alegria. A alegria, tal como a vida, já está presente na História, no mundo dos homens: espera a nossa fé para ser libertada, e difundir-se”. (1)

Quando nos atemos ao Livro dos Atos dos Apóstolos, vemos o clima de Alegria contagiante das primeiras comunidades, que as leva a multiplicar os sinais do Ressuscitado, continuadoras que são de Sua Missão:

Cura, libertação, conversões, Batismos, Eucaristias, Orações, Comunhão Fraterna, partilha, viagens missionárias, sinais inumeráveis...

Mas, esta Alegria não nasce nem floresce sem a marca da Cruz, da perseguição, do martírio, do sangue derramado em libação.

Alegria Pascal que não passa e não nasça da Cruz, não é a verdadeira Alegria que o Senhor prometera, ainda que paradoxalmente pareça.

Alegria Pascal implica necessariamente no carregar da cruz, exemplo do corajoso testemunho dado pelos Apóstolos das primeiras comunidades.

Romper às portas fechadas por medo, colocar-se a caminho, confiante na ação e força do Ressuscitado, certeza de paz e alegria, porque nos comunica com o sopro a assistência do Espírito Santo.

A Alegria Pascal não consiste, jamais, em ver tudo a partir de um prisma róseo. Ela pode ser vislumbrada no horizonte próximo ou longínquo, mas não separadamente da Cruz.

Ela é a superação da tristeza, do pranto, da dor, do luto, da morte que anda par em par com a história, no cotidiano de cada um de nós. 

Alegria Pascal é não sucumbir no mar da desesperança, da ausência de perspectivas; é não submergir nas lágrimas que se multiplicam, porque não foram secas pela confiança na promessa do Ressuscitado.

A Alegria Pascal consiste em sorver as Delícias Divinas, mas não como ópio que nos afaste de compromissos inalienáveis com a justiça e a paz. 

Não consiste num frenesi, num delírio dos inconsequentes e descomprometidos com a solidificação de laços mais fraternos.

A Alegria Pascal vem quando nossa alma vive a serenidade, não vacilando na fé, não esmorecendo na esperança e tão pouco esfriando na caridade.

Ela é vista no coração daqueles que permitiram que o Senhor lhes falasse ao coração, para ser sentida e irradiada.

É Páscoa!
Que o transbordamento da Alegria não seja apenas força de expressão, mas a mais Bela Notícia, que nos move e que cremos: do Senhor, a Ressurreição! Aleluia! Aleluia!


(1) Lecionário Comentado - Editora Paulus - Lisboa - 2011 - p. 467.

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