sábado, 9 de novembro de 2024

Em poucas palavras...

                                                    


Chorar por amor do Amado

“Lembrouse o amigo dos seus pecados, e por temor ao inferno quis chorar e não pôde.

Pediu lágrimas ao amor, mas a Sabedoria respondeulhe que mais frequente e fortemente devia chorar por amor do seu Amado do que por temor das penas do inferno, pois agradamlhe mais os prantos que são por amor do que as lágrimas que se derramam por temor” (1)

 

(1)          R. Llull, Livro do Amigo e do Amado, 341

 

sexta-feira, 8 de novembro de 2024

Redescobrir Deus é preciso

                                                         

Redescobrir Deus é preciso

Reflexão à luz da passagem do Livro da Sabedoria (Sb 13,1-9), sobre a necessidade da redescoberta de Deus presente em nossas vidas e em nossa história, na procura da Sabedoria.

Assim lemos no Comentário do Missal Cotidiano:

“As conquistas da ciência, servindo-se das leis que regulam a criação, determinaram um vertiginoso progresso, que levou o homem a sentir-se autossuficiente, dono do próprio destino, a ponto de proclamar a ‘morte de Deus’.

Os fetiches pagãos de outrora, o ar, a água, o fogo, ‘considerados deuses’ (v.3), foram substituídos pela ciência, técnica e o progresso. Vieram depois as amargas autocríticas dos cientistas, as denúncias de ‘morte do homem’ feitas pelos filósofos e a desorientação do homem contemporâneo.

‘Ao recusar frequentemente reconhecer Deus como seu princípio, o homem rompe a ordem que o orientava para o seu fim último e, ao mesmo tempo, quebra toda a harmonia, quer em relação a si mesmo, quer em relação aos outros homens e a toda a criação’ (GS 13). Para retomar o rumo certo, é preciso redescobrir Deus.”

É preciso construir um futuro sem prescindir de Deus, pois qualquer tentativa de construção, qualquer projeto sem Ele volta-se, inevitavelmente contra o próprio homem. De fato, “é preciso redescobrir Deus”.

Na Encíclica Fé e Razão, do Papa São João Paulo II, vemos a relação inseparável e necessária entre ambas; portanto, é preciso que as ciências humanas e divinas sejam, de fato, degraus para chegarmos até o Absoluto de nossas vidas: Deus.

É preciso avançar no conhecimento, nas conquistas das ciências, mas sem se curvar aos novos fetiches ou ídolos. 

Precisamos da ciência, da técnica e do progresso. Não há lugar para discursos retrógrados, mas também não podemos nos curvar para discursos do indiferentismo religioso.

Quando nos concebemos como criaturas, voltamo-nos para o Criador e procuramos descobrir, mergulhar nos mistérios mais profundos do próprio homem, onde Deus habita.

A procura do saber, a inquietação pelo saber jamais se contrapõem à busca da sabedoria maior e necessária, a Sabedoria do Espírito, a Sabedoria Divina.


PS: GS - Gaudium et Spes - Vaticano II 

Apascentados pelo Bom Pastor

 


Apascentados pelo Bom Pastor

Sejamos enriquecidos pelo comentário sobre o Cântico dos Cânticos, escrito pelo Bispo São Gregório de Nissa (Séc. IV), em que nos apresenta uma Oração ao Bom Pastor.

“Onde apascentas, ó Bom Pastor, que carregas nos ombros todo o rebanho? (pois uma é a ovelha, a natureza humana que puseste sobre os ombros). Mostra-me o lugar da quietude, leva-me à erva boa e nutritiva, chama-me pelo nome e, assim, eu que sou ovelha, ouvirei Tua voz; e por causa de Tua voz, dá-me a vida eterna. Mostra-me a mim o amado de minha alma (Ct 1,6 Vulg.).

Chamo-Te com esta expressão, porque Teu nome supera todo outro nome e todo entendimento e nem a natureza racional toda inteira pode dizê-lo ou compreendê-lo. Por isto Teu nome, pelo qual se conhece Tua bondade, é o bem-querer de minha alma para contigo. Como não Te amar a Ti que amaste minha alma, embora ainda manchada, a tal ponto que deste a vida pelas ovelhas que apascentas? Impossível imaginar maior amor que o trocar Tua vida por minha Salvação.

Ensina-me onde apascentas (cf. Ct 1,7). Encontrando o campo saudável, tomarei o Alimento Celeste; porque quem dele não se nutre não pode entrar na vida eterna. Correrei à fonte, beberei da água divina que Tu proporcionas aos sedentos. Igual à fonte, deixas correr água de Teu lado, veio aberto pela lança; para quem beber, ela se tornará fonte de água a jorrar para a vida eterna (Jo 4,14).

Se me apascentares deste modo, far-me-ás deitar ao meio-dia, quando, dormindo logo na paz, repousarei na luz sem sombras. O meio-dia não tem sombra, o sol cai a pino; nesta luz, fazes deitar aqueles que alimentaste, ao pores Teus filhos contigo no quarto.

Ninguém será considerado digno deste repouso meridiano, se não for filho da luz e filho do dia. Quem se separa igualmente das trevas vespertinas e matutinas, quer dizer, de onde começa e de onde termina o mal, está no meio-dia e, para nele deitar-se, ali o colocará o Sol da Justiça.

Mostra-me, pois, como repousar e ser apascentada e qual é o caminho para a quietude meridiana. Não aconteça que, escapando-me da guia de tua mão, pela ignorância da verdade, venha a reunir-me com rebanhos estranhos aos Teus.

Falou assim, solícita pela beleza que lhe veio de Deus e desejosa de entender de que modo e para sempre a felicidade existe.”

Esta oração ao Bom Pastor é oportuna, considerando os momentos difíceis porque passamos, com conflitos e guerras no mundo todo, e uma pandemia que persiste e nos inquieta e nos desafia em sua superação, e ainda a crueldade da fome, que condena bilhões à pobreza, enquanto há concentração da riqueza nas mãos de poucos.

Também outras questões próprias em nossas famílias, comunidades, e no âmbito sócio-político podem nos inquietar.

Coloquemo-nos confiantes diante do Bom Pastor, procurando o reencontro da paz e da serenidade, que não podem ser exiladas das entranhas de nosso coração.

Confiantes, rezemos o Salmo 23: – O Senhor é o Pastor que nos conduz, ontem, hoje e sempre. Amém.

Em poucas palavras...

                                                 


A Sabedoria Divina

“Acreditamos que Deus criou o mundo segundo a Sua Sabedoria (Sb 9,9). O mundo não é fruto duma qualquer necessidade, de um  destino cego ou do acaso.

Acreditamos que ele procede da vontade livre de Deus, que quis fazer as criaturas participantes do seu Ser, da Sua Sabedoria e da Sua bondade: «porque Vós criastes todas as coisas e, pela vossa vontade, elas receberam a existência e foram criadas» (Ap 4, 11).

«Como são grandes, Senhor, as vossas obras! Tudo fizestes com Sabedoria» (Sl 104, 24). «O Senhor é bom para com todos e a sua misericórdia estende-se a todas as criaturas» (Sl 145, 9).” (1)

 

 

(1) Catecismo da Igreja Católica - parágrafo n. 295

Em poucas palavras...

                                                        


No deserto do mundo, caminhar com a força do Espírito

Oremos:

“Deus de Abraão, de Isaac e de Jacob,

Deus da vida e das gerações,

Deus da Salvação,

realizai, ainda hoje as Vossas maravilhas,

para que no deserto do mundo

caminhemos com a força do Vosso Espírito

em direção ao Reino que há de vir.” Amém!   (1)

 

(1) Lecionário Comentado – Volume I Tempo Comum – Editora Paulus– Lisboa – 2010 - pág. 396

Sejamos iluminados pela Sabedoria Divina


Sejamos iluminados pela Sabedoria Divina

Reflitamos sobre a Sabedoria, e a supliquemos a Deus para que ela nos acompanhe todos os dias, a partir desta passagem do Livro da Sabedoria:

“A Sabedoria é um reflexo da luz eterna, espelho sem mancha da atividade de Deus e imagem da Sua bondade. Sendo única, tudo pode: permanecendo imutável, renova tudo; e comunicando-se às almas santas de geração em geração, forma os amigos de Deus e os Profetas” (Sb 7, 26-27)

Abrir-se à Sabedoria, como reflexo da luz eterna, para que Ela nos acompanhe em todos os momentos, iluminando, sobretudo as situações mais obscuras, e aparentemente irreversíveis e instransponíveis, que não o serão para Deus.

Abrir-se à Sabedoria para que ela ilumine os recônditos mais sombrios de nosso ser, onde o pecado possa lançar suas raízes, com seus frutos indesejáveis que ofuscam nossa imagem impressa pelas mãos Divinas, quando fomos pensados, plasmados para um desígnio único de vida e santidade.

Viver cada dia de tal modo que nossos pensamentos, sentimentos,  ações e posturas sejam também como um espelho a refletir a presença e ação de Deus, que habita no mais profundo de nosso coração, onde quis fazer-Se Hóspede, quis fazer de nós Sua desejável morada.

Em atitude vigilante e orante, desejar e buscar a Sabedoria única que nos vem do alto, divinamente imutável porque perfeitíssima, pleníssima, para, paradoxalmente, nos transformar e nos renovar para que pelos maiores Preceitos Divinos nossa vida possamos pautar: a Deus e ao próximo amar.

Ó Divina Sabedoria, única, eterna, imutável, sois de nossas almas sedentas mais do que desejável. Vinde ao nosso encontro para que de fato amigos de Deus o sejamos, sem sedução diante da loucura do mundo, encorajados para a graça e dom de sermos Profetas.

Ó Divina Sabedoria acompanhai-nos nas renúncias necessárias para a cruz quotidiana assumir e carregar, com fidelidade comprovada, cruz que é loucura para alguns, escândalo para outros, mas para quem crer a verdadeira Sabedoria, que nos preenche da Vossa ciência e claridade.

Ó Divina Sabedoria que nos torna mais amigos de Deus, em relação sincera e íntima, que se expressa em gestos mais humanos, solidários e fraternos, pois tão somente envolvidos por Vosso Amor seremos mais humanos e fraternos e construiremos o Paraíso. Amém!


PS: Passagem bíblica - Sabedoria (Sb 7,22-8,1)

Em poucas palavras...

 


A adoração de Deus três vezes santo

“A adoração é a primeira atitude do homem que se reconhece criatura diante do seu Criador. Exalta a grandeza do Senhor que nos criou  e a onipotência do Salvador que nos liberta do mal. 

É a prostração do espírito perante o «Rei da glória» (Sl 24,9-10) e o silêncio respeitoso face ao Deus «sempre maior» (Santo Agostinho). A adoração do Deus três vezes santo e soberanamente amável enche-nos de humildade e dá segurança às nossas súplicas.

 

 

(1) Catecismo da Igreja Católica – parágrafo n. 2628

Quem sou eu

Minha foto
4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG