domingo, 20 de outubro de 2024

“Batismo e Cruz, Cálice e Paixão” (XXIXDTCB) (19/10)

                                                              

“Batismo e Cruz, Cálice e Paixão”

Sejamos enriquecidos pela Catequese Batismal do Bispo e Doutor da Igreja, São João Crisóstomo (séc. V).

“Escuta, pois, o que diz Paulo, como declara as duas coisas a respeito do batismo, a saber: que é morte do pecado e cruz. Ou ignorais que todos os que foram batizados em Cristo, fostes batizados em sua morte? E novamente: Sabemos que o nosso velho homem foi crucificado com Ele, para que seja reduzido à impotência o corpo outrora subjugado ao pecado.

Sem dúvida, para que, ao escutar ‘morte’ e ao ouvir ‘cruz’ não tenhas medo, acrescentou que a cruz é morte do pecado. Percebes de que maneira o Batismo é cruz? Pois sabe que também Cristo chamou Batismo a cruz, dando-te e tomando, ao invés, o nome de Batismo. Teu Batismo o chamou ‘cruz’. ‘Minha cruz’ – diz – a chamo Batismo’.

E onde diz isto? Eu tenho um Batismo para ser batizado que vós não conheceis. E de onde tiramos a evidência de que está falando da cruz?

Os filhos de Zebedeu se aproximaram d’Ele, ou melhor, a mãe dos filhos de Zebedeu, que disse: Deixa que estes meus dois filhos se sentem um a Tua direita e o outro a Tua esquerda em Teu Reino. É o pedido de uma mãe, ainda que insensata. E o que responde Cristo?

Podeis beber o cálice que Eu vou beber, e ser batizados com o Batismo com que Eu serei batizado? Estais vendo como chamou Batismo a cruz? De onde se tira essa evidência? Podeis, diz, beber o cálice que Eu vou beber? Chama cálice a Sua paixão, e por isso diz: Pai, se é possível afasta de mim este cálice.

Percebes como chamou Batismo a cruz e cálice a Sua paixão? Contudo, os chamou assim não porque Ele mesmo Se purificasse – como iria fazê-lo, de fato, Aquele que não fez pecado, nem houve engano em Sua boca? -, mas porque o Sangue que dali corria purificava o universo inteiro.

E por esta razão diz também Paulo: Fomos sepultados juntamente com Ele por uma morte semelhante a Sua, por meio do batismo...

Não disse: na morte, mas, à semelhança de Sua morte: Aquela é morte, de fato, e esta é morte, porém, não do mesmo modo: existe uma, do corpo; a outra, do pecado. Daí a semelhança da morte.

Então, o quê?! Somente morremos com o Senhor, e somente nos unimos a Ele nas coisas tristes? Antes de tudo: nem sequer isto é triste, o ter parte na morte com do Senhor.

Contudo, espera um pouco e verás que também tens parte com Ele nas coisas que gratificam. Se morrermos com Ele, diz, cremos que também viveremos com Ele. Se no Batismo e ao mesmo tempo estão juntas sepultura e ressurreição, deixa abaixo o velho homem e assume o novo e ressuscita, como Cristo ressurgiu dos mortos para a glória de Deus Pai”. (1)

Sejamos fortalecidos pela graça divina, para que vivamos o Batismo, que nos concedeu vida nova, com fidelidade no carregar da cruz cotidiana, configurados ao Senhor em Seu Mistério de Paixão e Morte de Cruz.

Vivendo este Mistério, avançamos para águas mais profundas de nossa missão, bebendo e nos nutrindo do Cálice do Senhor, bebendo e comendo de Seu Corpo e Sangue, alimentos salutares indispensáveis para nós.

(1) Lecionário Patrístico Dominical – Editora Vozes – 2013 - pp.491-492

“A Deus o que é de Deus” (XXIXDTCA) (19/10)

                                                    

“A Deus o que é de Deus”

A Liturgia do 29º Domingo do Tempo Comum (ano A) tem como tema principal a subordinação de nossa existência a Deus, num compromisso efetivo com o mundo novo. 

É preciso entregar nossa existência nas mãos de Deus que é o Senhor da história (Is 45,1.4-6). Somos instrumentos preciosos em Suas mãos, porque assim Ele o quis.

O Profeta Isaías fala de um momento muito importante na história do Povo de Deus, ou seja, o final do Exílio, entre 550 e 539 a.C.

O texto que meditamos pertence ao “Livro da Consolação”. Nesta passagem, o Profeta nos fala da ação de Ciro possibilitando que o Povo de Deus retorne a sua terra. Por desígnio de Deus, o libertador é um rei estrangeiro. 

Deus não hesita em suscitar um “messias estrangeiro”, um rei persa que adora outros deuses. Nem por isto o povo deverá adorar “Marduk” (ídolo dos povos babilônicos), mas deverá manter e crescer em sua fé e fidelidade a Javé.

Ciro é um instrumento para que Deus atue no mundo e na História. Muitas vezes parece que Deus está distante, mas o Profeta revela a presença, a ação e a intervenção divina. 

Deus jamais Se faz indiferente e passivo frente à nossa história. É preciso que nos entreguemos em Suas mãos e compreendamos a Sua lógica. Deus age por meio de nós, apesar de não merecermos, apesar de nossas fraquezas ou até mesmo por causa delas. Ele é totalmente livre para chamar a quem bem quiser.

Reflitamos:
- Como nos tornarmos preciosos instrumentos na mão de Deus?
- Nossas comunidades são abertas a ação do outro?
- Respeitamos a liberdade da ação divina?
- Sabemos valorizar os instrumentos por Deus escolhidos?

Na passagem da segunda Leitura (1Ts 1,1-5b), o Apóstolo Paulo se dirige à comunidade de Tessalônica; uma comunidade numerosa, entusiasta e formada por pagãos convertidos. 
Apesar das perseguições e provações, ela deve progredir na fidelidade ao Evangelho, convertendo-se em alguns aspectos, todavia encontra nela as virtudes teologais: Fé, Esperança e Caridade. 

A comunidade não caminha à deriva e condenada ao naufrágio, e o Apóstolo tem consciência de que a formação doutrinal da comunidade ainda ficou a desejar quando por ela passou.

Renovemos aprofundemos nosso entusiasmo e empenho na evangelização, apesar de encontrarmos hostilidades, dificuldades, provocações e incompreensões, na vivência das virtude divinas:
Fé: adesão ao Evangelho em constante conversão e transformação. Reconhece nela uma fé ativa, que não a acomoda e tão pouco permite evasão de reais compromissos.
Esperança: uma comunidade que seja firme, marcada pela entrega, partilha e doação. Biblicamente falando, manter acesa a chama da esperança, mesmo quando ela parecer não existir, em meio às dificuldades, perseguições, incompreensões.
Caridade: uma comunidade que se esforça para viver o amor, efetivamente, pois quem ama empenha-se em fazer sempre o melhor para Deus e pelo próximo.
Reflitamos:

- Quais são os testemunhos de Fé, Esperança e Caridade que estão ao nosso lado? É preciso que em nossas comunidades vejamos a presença amorosa de Deus no outro.
- Alegramo-nos e sabemos glorificar a Deus pelo bem que o outro faz em nome da fé, sobretudo por meio da mesma fé que professamos, na mesma comunidade em que vivemos?

Na passagem do Evangelho (Mt 22,15-21), Jesus se encontra em Jerusalém, aonde vai se desenrolar o confronto final entre Ele e o judaísmo, e mais uma vez Jesus está diante de seus opositores (dirigentes judeus, herodianos e saduceus). 

Depois das Parábolas que Ele dirigiu aos sumos sacerdotes e aos anciãos do povo, as autoridades procuram um pretexto para matá-Lo. Preparam-lhe uma armadilha: é lícito compactuar com um sistema de exploração? É lícito ou não pagar tributos ao Imperador de Roma?

A conclusão a que se chega é que se deve contribuir para o bem comum, mas tendo Deus como único Senhor.
O Homem sendo imagem de Deus somente a Ele pertence. Deus é seu único Senhor (Gn 1, 26-27). Logo “Dar a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”: a César o tributo. Mas a Deus, a vida do Povo. Jesus dá a entender que pagar o tributo à autoridade imperial é lícito, entretanto o que mais Lhe interessa é que seja dado a Deus aquilo que Lhe pertence: a vida do povo.

Assim como na primeira Leitura, no Evangelho há uma mensagem transparente: os grandes da terra devem se colocar a serviço dos pequeninos, glorificando o verdadeiro Senhor. 

Reflitamos: 

- E, como devolver a Deus um povo sem vida, abandonado, famélico?
- Qual a alegria que sentimos como discípulos em saber que a nossa glória consiste em a Deus pertencer, adorando-O e o servindo na pessoa do outro?

Para Jesus a submissão deve se dar única e exclusivamente a Deus. O homem e a sua vida pertencem a Deus. É preciso, portanto, redescobrir a centralidade de Deus em nossa existência, pois não há felicidade sem Deus.

Somos imagem de Deus, e a Ele pertencemos, de modo que nos perguntamos:
- Como está esta imagem em cada criatura que convivemos?
- Reconhecemos no outro a imagem e presença de Deus?
- O que fazemos para regastar a dignidade do outro?
- Damos a César o que é de César e a Deus o que é de Deus?

Como discípulos missionários do Senhor não podemos nos omitir na construção de um mundo melhor; conquistando direitos e cumprindo deveres. 

O compromisso com o novo céu e a nova terra, com o mundo futuro, não nos dispensa de compromissos irrenunciáveis no tempo presente. Portanto, a esperança é uma só: a esperança do céu se dá na construção de um mundo novo, a partir deste exato momento da história que vivemos, com renovados compromissos sociais e políticos. 


Jamais devemos nos omitir na construção e promoção da cultura da vida, da dignidade, da paz, como instrumentos que somos nas mãos de Deus, pois a fé cristã não é evasão, alienação, fuga, o abrir mão de compromissos, muito pelo contrário.

Oremos: 

Ó Deus Uno e Trino, que jamais abusemos do poder que nos é confiado, e que toda autoridade constituída sirva para o bem de todos, com a força do Espírito e conforme a Palavra do Verbo Encarnado, para que todos os povos Vos reconheçam como o único Deus a ser adorado, amado e servido. Amém!

Deus nos pede a Sua imagem (XXIXDTCA) (19/10)

Deus nos pede a Sua imagem

“Buscas a imagem de Deus?
Você a tem em si mesmo...

Sobre a passagem do Evangelho proclamado no 29º Domingo do Tempo Comum - Ano A (Mt 22, 15-21), sejamos enriquecidos pelo Sermão de Santo Agostinho:

“Buscas a imagem de Deus? Você a tem em si mesmo; o artífice não pode fazer a imagem de Deus, mas Deus pode fazer uma imagem de Si mesmo.

Não fez outro distinto de ti mesmo, mas que te fez a ti a Sua imagem. Adorando, pois, a imagem de homem que o artífice fez, profana a imagem de Deus, que Deus imprimiu em ti mesmo.

Portanto, quando te chama para que voltes, quer devolver-te aquela imagem que tu, esfregando-a em certo modo com a ambição terrena, perdeste e obscureceste.

Daqui procede, irmãos, que Deus busque a Sua imagem em nós. Isto foi o que recordou àqueles judeus que lhe apresentaram uma moeda.

Quando lhe disseram: ‘Senhor, é lícito pagar tributo a César?’, sua primeira intenção era tentar-lhe; se dizia ‘é lícito’, seria acusado de querer que Israel vivesse sob a maldição, ao querer que estivesse submetido a tributo, que estivesse sob o jugo de outro rei e pagasse impostos; se, porém, dizia ‘não é lícito pagar tributo’, lhe acusariam de ordenar algo contra César e de ser o causante de que não pagassem os impostos devidos enquanto povo submetido.

Conheceu que lhe tentavam; conheceu, por assim dizer, a verdade para a falsidade e com poucas palavras deixou exposta a mentira procedente da boca dos mentirosos.

Não emitiu sentença contra eles por Sua boca, mas deixou que eles mesmos a emitissem contra si, segundo o que está escrito: ‘Por tuas palavras serás declarado justo e por elas declarado inocente. Por que me tentais, hipócritas?’, Ele lhes disse.

‘Mostrai-me a moeda’. Mostraram-na para Ele. ‘De quem, disse, é a imagem e a inscrição?’ Responderam: ‘De César’. E Ele: ‘Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus.’ Como César busca a sua imagem sua moeda, assim Deus busca a Sua em tua alma.

‘Dai a César’, disse, ‘o que é de César’. O que César te pede? Sua imagem. O que Deus te pede? Sua imagem.  Porém, a do César está na moeda, a Deus está em ti.

Se alguma vez perdes uma moeda, choras porque perdeste a imagem de César; e não choras quando adoras um ídolo sabendo que fazes uma injúria à imagem de Deus que reside em ti?” (1)

Se Deus nos pede a Sua imagem impressa em cada um de nós, não podemos dar a Deus rostos desfigurados, corpos mutilados pelo absurdo do fanatismo religioso, como vemos em noticiários, constantemente.

É preciso dar a Deus o que é d’Ele, cada criatura por Ele feita, por Suas mãos modeladas, predestinados que o fomos desde a criação para sermos santos e irrepreensíveis sob o Seu olhar de amor, como Paulo assim o disse (Ef 1,4).

Deus nos pede Sua imagem impressa em cada um de nós. Além disto, pelo Batismo, fomos marcados pelo Selo do Seu Espírito; a Deus pertencemos e a nenhuma criatura, tampouco ao poder que passa.

Reflitamos sobre o que devemos fazer, para que não venhamos a dar para Deus:

- corpos desfigurados pelo flagelo da fome que ainda assola bilhões de pessoas:

- corpos tratados e vendidos como mercadorias, como tão bem retratou a Campanha da Fraternidade de 2014, com o tema: Fraternidade e Tráfico Humano; e o lema: “Foi para a liberdade que Cristo nos libertou.” (Gl 5,1).

Concluo com este canto:

“A minha vida é do mestre, o meu coração é do meu mestre...”

(1) Lecionário Patrístico Dominical - pp.234-235. 

Adoremos somente a Deus (XXIXDTCA) (19/10)

                                            

Adoremos somente a Deus
 
A Liturgia do 29º Domingo do Tempo Comum (ano A) tem como tema principal a subordinação de nossa existência a Deus, num compromisso efetivo com o mundo novo. 
 
É preciso entregar nossa existência nas mãos de Deus que é o Senhor da história (Is 45,1.4-6). Somos instrumentos preciosos em Suas mãos, porque assim Ele o quis.
 
Na passagem do Evangelho (Mt 22,15-21), mais uma vez Jesus está diante de Seus opositores (dirigentes judeus, herodianos e saduceus). 
Encontra-Se em Jerusalém, onde vai se desenrolar o confronto final entre Ele e o judaísmo.
 
Depois das Parábolas que Ele dirigiu aos sumos sacerdotes e aos anciãos do povo, as autoridades procuram um pretexto para matá-Lo.
 
Preparam-lhe uma armadilha: é lícito compactuar com um sistema de exploração? É lícito ou não pagar tributos ao Imperador de Roma?
 
A conclusão a que se chega é que se deve contribuir para o bem comum, mas tendo Deus como único Senhor.
O homem sendo imagem de Deus somente a Ele pertence. Deus é seu único Senhor (Gn 1, 26-27). Logo “Dar a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”: a César o tributo. Mas a Deus, a vida do Povo. Jesus dá a entender que pagar o tributo à autoridade imperial é lícito, entretanto o que mais Lhe interessa é que seja dado a Deus aquilo que Lhe pertence: a vida do povo.
 
Há uma mensagem transparente: os grandes da terra devem se colocar a serviço dos pequeninos, glorificando o verdadeiro Senhor. 
 
Reflitamos: 
 
- Como devolver a Deus um povo sem vida, abandonado, famélico?
- Qual a alegria que sentimos, como discípulos, em saber que a nossa glória consiste em a Deus pertencer, adorando-O e servindo-O na pessoa do outro?
 
Para Jesus, a submissão deve se dar única e exclusivamente a Deus. O homem e a sua vida pertencem a Deus. É preciso, portanto, redescobrir a centralidade de Deus em nossa existência, pois não há felicidade sem Deus, pois somos imagem de Deus, e a Ele pertencemos.
 
Reflitamos:
 
- Como está esta imagem em cada criatura que convivemos?
- Reconhecemos no outro a imagem e presença de Deus?
 
- O que fazemos para regatar a dignidade do outro?
- Damos a César o que é de César e a Deus o que é de Deus?
 
Como discípulos missionários do Senhor, não podemos nos omitir na construção de um mundo melhor; conquistando direitos e cumprindo deveres. 
O compromisso com o novo céu e a nova terra, com o mundo futuro, não nos dispensa de compromissos irrenunciáveis no tempo presente. Portanto, a esperança é uma só: a esperança do céu se dá na construção de um mundo novo, a partir deste exato momento da história que vivemos, com renovados compromissos sociais e políticos. 
Jamais devemos nos omitir na construção e promoção da cultura da vida, da dignidade, da paz, como instrumentos que somos nas mãos de Deus, pois a fé cristã não é evasão, alienação, fuga, o abrir mão de compromissos.
 
Oremos: 
Ó Deus Uno e Trino, que jamais abusemos do poder que nos é confiado, e que toda autoridade constituída sirva para o bem de todos, com a força do Espírito e conforme a Palavra do Verbo Encarnado, para que todos os povos Vos reconheçam como o único Deus a ser adorado, amado e servido. Amém!
 
 
PS: oportuno para a terça-feira da 9ª Semana do Tempo Comum, em que se proclama a passagem do Evangelho de Marcos (Mc 12,13-17).

Em poucas palavras... (XXIXDTCA) (19/10)

                                                     


                      

                       "A César o que é de César..."
 
"‘Mostrai-me a moeda’. Mostraram-na para Ele.
 ‘De quem, disse, é a imagem e a inscrição?’ 
 
Responderam: ‘De César’. 
 
E Ele:
 
‘Dai a César o que é de César e a  Deus o que é de Deus.’ 
 
Como César busca a sua imagem em  sua moeda, 
assim Deus busca a Sua em tua alma". (1)
 
 
(1)                     Bispo e Doutor Santo Agostinho - séc. V
 

Missão: uma questão de amor (XXIXDTCA) (19/10)

                                                        

Missão: uma questão de amor

Refletir o quanto Deus nos ama é sempre necessário, para que cresçamos em maior correspondência ao Seu Amor, bem como refletir sobre a nossa Missão, recebida desde o dia de nosso Batismo, para que de fato seja sempre uma questão de amor…

Refletindo sobre a passagem do Livro do Profeta Isaías (Is 45,1.4-6), vemos que Deus vem ao nosso encontro, pois não sabe fazer outra coisa a não ser nos amar.

Vem para nos libertar de toda e qualquer opressão e escolhe quem quer para salvar Seu povo, como foi o caso da escolha de Ciro, rei dos persas.

Diferente é a ida do povo até Deus, muitas vezes a humanidade é movida pelo ódio, interesses impuros, hipocrisia, gerando medo, conflitos e violências.

Nem sempre se acorre a Deus de coração puro, sincero e por amor… Muitos interesses ficam submersos, camuflados revelando a falta da gratuidade e verdadeira intimidade.

Às vezes procuramos a Deus para pedir sem nada a oferecer, outras O procuramos sem estarmos enraizados em Seu amor. Deus é amor e o nosso encontro com Ele deve ser sempre por amor.

Some-se a esta passagem o Evangelho de São Mateus (Mt 22,15-21), quando os fariseus e herodianos preparam uma armadilha muito séria para apanhar Jesus em contradição – na conhecida questão, se é lícito pagar imposto a César.

Como que os colocando diante do espelho, podemos refletir toda a hipocrisia que carregam em si, dentro do coração, pois Jesus pede a moeda, e eles a tinham consigo.

A resposta de Jesus alarga o horizonte: “Devolva a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”. Que tributos sejam pagos e vida seja revertida em favor deste mesmo povo – todo o poder é relativo e deve estar a serviço do povo. Absoluto somente o Reino de Deus – “Buscai primeiro o Reino de Deus e a sua justiça e tudo mais vos será acrescentado”.

A adoração leva ao compromisso com amor e dignidade, acima de todo o poder está Deus, pois Seu poder é eterno. Devolva a Deus o povo cheio de vida, feliz, alimentado, com cultura e dignidade… Não podemos devolver a Deus um povo faminto, abandonado, sofrido, sem vida, desmotivado, sem abrigo, sem perspectivas, sem alegria…

Devolver a Deus o que é de Deus é multiplicar momentos de Oração, dar o dízimo com amor, participar das Missas com alegria, solidarizar-se, com a sacralidade da vida e sua dignidade comprometer-se.

Quem não fizer o bem deixa de devolver a Deus o que é de Deus, e muitas vezes até podemos estar roubando de Deus o que lhe pertence, pois tudo é d’Ele. Sem Deus nada somos, nada podemos, porque d’Ele viemos, n’Ele e por Ele somos, existimos, nos movemos, e para Ele haveremos de voltar. Ele é o princípio e o fim de nossa vida, alfa e ômega!

Devolver a Deus o que é de Deus, iluminados pela Primeira Carta de São Paulo aos Tessalonicenses (1 Ts 1,1-1-5b) é construir a vida sobre três pilares: fé, esperança e caridade (amor) que não se destroem jamais.

Fé:
Deve ser atuante, pascal, viva, sincera, comprometida, verdadeira e adubada, regada todos os dias de nossa vida para que possa produzir frutos agradáveis ao Senhor…

Esperança:
Deve ser firme, pois do contrário as coisas vão de água abaixo… Não ser derrotista, pessimista, arrasado… Crer contra toda humana esperança…

Amor:
Que não é sentimento passageiro, mas mandamento e exercício constante; pede empenho, dedicação, esforço, vigilância… Não existe “amei e ponto final”, pois a cada dia se ama mais, ele é eterno é o esforço da eternidade e indefinível, indeterminado, como o próprio Paulo disse em Romanos, não fiqueis devendo nada ao outro a não ser o amor mútuo… Amar sempre, verdadeiramente, entre amigos e esposos, pais e filhos (o que está faltando em muitas famílias)…

É preciso ir ao encontro de Deus e cultivar Seu amor, deixando que Ele abrase nosso coração com o fogo do Espírito Santo, nos iluminando com Sua luz.

É sempre tempo de devolver a Deus o que é de Deus: fé atuante, caridade esforçada e firme esperança… O mundo precisa de pessoas assim.

Reflitamos:

- Estamos devolvendo a César o que é de César e a Deus o que é de Deus?
- Como vivemos a fé, a esperança e a caridade?

Acendei, ó Pai, a chama do amor eterno que nasce do Eterno Amor (Espírito Santo), revelado e testemunhado pelo Seu Filho e Nosso Senhor Jesus Cristo. Amém!

Oração para o mês missionário - 2023

 


Oração para o Mês Missionário 2023

 

Tema: "Ide! Da Igreja local aos confins do mundo"

Lema: "Corações ardentes, pés a caminho" (cf. Lc 24,13-35)

 

Oração
 
"Deus Pai, Filho e Espírito Santo, consagrados e enviados pelo batismo,
fazei-nos viver nossa vocação de discípulos missionários, 
como graça e missão.


Inspirados e guiados pelo Espírito Santo, com os corações ardentes ao escutar a Vossa Palavra, e com os pés a caminho para anunciar a Boa Nova de Jesus Cristo, queremos ir da Igreja local aos confins do mundo.
 

Maria, Mãe missionária, rogai por nós!

Amém!"

 

 

PS: Riquíssimo material sobre o mês missionário 2023, o leitor poderá encontrar acessando: https://pom.org.br/campanhamissionaria/cm2023/

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