A face misericordiosa de Deus
Contemplemos a face misericordiosa de Deus, que se revela no Amor infinito e incondicional pela humanidade, de modo especial pelos pecadores e excluídos, à luz da passagem do Evangelho de Lucas (Lc 15, 1-3.11-32).
Esta passagem é apresentada no contexto do caminho de Jerusalém, onde Jesus consumará a Sua missão, Paixão, Morte e Ressurreição.
A Parábola do filho pródigo, exclusiva do Evangelista Lucas (como a anterior) comunica o Amor de Deus derramado sobre os pecadores, e não por acaso, o Evangelho de Lucas é chamado de “Evangelho da ternura divina”, como bem cita o Missal Dominical:
“Lucas, o evangelista da ternura divina, multiplica as narrativas que mostram Jesus em busca dos mais abandonados, dos pobres, dos pecadores, realçando assim o próprio fundamento da nossa religião, que é a atitude dos que são arrebatados pelo abismo do Amor de Deus”. (1)
A Parábola é apresentada num contexto muito concreto, em que Jesus é questionado pelos fariseus e escribas pelo fato de andar e comer com os pecadores.
Ela revela a misericórdia divina, que tem uma lógica diferenciada dos fariseus e escribas (lógica da intolerância e exclusão), pois a misericórdia divina faz novas as criaturas.
Normalmente, é conhecida como Parábola da “filho pródigo”, mas poderia ser apresentada de outra forma: a misericórdia e alegria de Deus pelos pecadores que se convertem.
Deus jamais rejeita e marginaliza, ama com Amor de Pai, e esta há de ser a atitude dos discípulos para com os pecadores: amor que vai ao encontro, acolhe e perdoa:
“Não existe verdadeira experiência humana sem intercâmbio, diálogo, confidência, verdadeiro amor recíproco. Só o amor é capaz de transformar, mas com uma condição: que seja gratuito e livre” (2)
Um amor que reintegra e celebra com alegria a volta daquele que estava perdido, morto, e encontrado voltou a viver.
A Parábola expressa a ação divina que abomina o pecado, mas ama o pecador. A comunidade é chamada a ser testemunha da misericórdia divina e jamais compactuar com o pecado.
Amar como Deus ama, um amor incompreendido e que nos dá vertigem.
Os seguidores de Jesus, que se põem a caminho com Ele, farão sempre uma caminhada de penitência e conversão, sem recriminar e excluir, mas acolhendo os pequenos, pecadores, e também se deixando ser acolhido pelo Amor de Deus.
Amados, acolhidos e perdoados por Deus tornamo-nos acolhedores e sinais do Seu Amor e do Seu perdão, que recria e faz novas todas as coisas. Verdadeiramente, a misericórdia divina vivida nos faz novas criaturas.
A Parábola revela que o Amor divino vai até o fim. Como não transbordar de alegria diante deste Amor que nos ama, e nos ama até o fim?
Entremos na alegria de Deus, revelada a nós por Jesus, acolhendo e nos deixando conduzir pela ação do Espírito Santo.
Redimidos pelo Amor Trinitário, preenchidos deste Amor, seremos dele comunicadores, transbordando o mesmo Amor para com o outro, na alegria do perdão dado e recebido.
Reflitamos:
- Sinto este Amor incondicional, irrestrito e eterno de Deus?
- De que modo rejeitar o pecado e não o pecador?
- O que a Parábola da misericórdia divina nos ensinam?
- Qual a fidelidade e correspondência ao Amor divino vivemos?
- Entramos na alegria de Deus, na festa dos reconciliados, dos que estavam perdidos e foram encontrados, dos que estavam mortos e voltaram a viver?
- Em que nos assemelhamos aos fariseus e escribas e sua lógica de recriminação e exclusão?
- Sentimo-nos acolhidos, amados e perdoados por Deus?
- Somos instrumentos de acolhida, amor e perdão divinos?
Finalizando, “Cristo nos revelou um Deus como desejamos. Um Deus que é Amor e misericórdia.“ (3)
(1) (2) (3) - Missal Dominical - p.1236.
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