domingo, 23 de junho de 2024

Silêncio e contemplação (XIIDTCB)

                                                

Silêncio e contemplação

“Deus faz ouvir Sua voz no vértice do furacão”

A Liturgia da Sexta-feira da 26ª semana do Tempo Comum (ano par) nos apresentará a passagem do Livro de Jó (38,1.12-21; 40, 3-5).

Vejamos o que diz a reflexão do Missal Cotidiano:

“Deus faz ouvir Sua voz no vértice do furacão. Jó ousou interrogar a Deus (13, 13-25); responda agora, se pode, às perguntas que lhe dirige o Onipotente.

Jó, porém, não responde. Sente-se pequenino diante de Deus e reconhece haver falado como insensato.

Deus reconduz Jó a justas medidas de indagação. Como poderia perceber o mistério do mal, se é incapaz de descobrir o das coisas e na natureza?

A Jó cabe unicamente conservar a atitude de silêncio porque este é o lugar do encontro com Deus. O silêncio é sabedoria e contemplação.

O homem deve aceitar que haja zonas de mistério no conhecimento das coisas. Hoje, reduzindo tudo à utilidade, à funcionalidade, perdemos o sentido do mistério.

Ao lado da coerência das leis físicas, existe a angústia do desconhecido e, além da angústia, a expectativa de um ‘ainda mais’ de cada coisa, de um horizonte sem limites.

Este horizonte é o Inteiramente Outro, o Absoluto, que Cristo nos mostra ser um Pai que ama e ressuscita Seus filhos”. (1)

Também podemos passar por momentos difíceis e no “vértice do furacão”, no momento ápice destas dificuldades, como Jó, é melhor tomar a atitude do silêncio para o necessário encontro com Deus, que nos permite abertura e acolhida da sabedoria, em frutuosa contemplação.

Nada somos para questionar a onipotência e a onisciência de Deus, uma vez que é onipotente e misericordioso, que nos amou e nos ama para além de quaisquer limites e parâmetros que possamos conceber.

Há momentos que é melhor nos calarmos diante dos mistérios que envolvem a nossa vida, e mergulhar intensamente no Mistério insondável de Deus, para um reencontro conosco mesmos, e com Ele que habita no mais profundo de nós.

Haveremos de, como Jó, nos reconhecermos pequeninos e insensatos diante de Deus, rompendo nossa surdez e cegueira às manifestações do Amor de Deus, que não nos trata segundo a lógica da utilidade e da funcionalidade das coisas, como é próprio que o façamos.

Nem tudo pode ser explicado pela lógica humana. A lógica de Deus, que em muito a ultrapassa, é sempre um desafio e um convite para nós, como foi para Jó.

Calemos e silenciemos contemplativamente diante dos Mistérios de Deus para que descubramos, ouçamos, acolhamos e vivamos Sua Palavra, que requer de nós abertura e confiança plenas.

Creiamos no Senhor, que morreu e Ressuscitou, o verdadeiro Vinhateiro da única vinha de Deus.

Aprendamos com Jó este caminho; dificílimo, mas não impossível para que nos refaçamos diante dos tropeços, quedas e reerguimentos necessários para que vivamos com alegria a Missão que Deus nos confia, como alegres trabalhadores de Sua vinha. 

(1) Missal Cotidiano - Editora Paulus - pág. 1340

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