sábado, 2 de novembro de 2024

Aquele dedinho apontando para o céu...

Aquele dedinho apontando para o céu...


Quantas imagens já passaram pelos meus olhos...
Mas, há uma que não esquecerei jamais:
Um velório, e aquela criança de olhar tão puro,
Olhos pretos, vivos, expressão de grande ternura...

Acompanhou atentamente as exéquias do avô,
Carinhosamente suas mãos segurava.
Não resisti, e como que me refazendo da dor,
Fiz uma pergunta para ela: 

“Para onde foi o seu avô?”
Imediatamente, em silêncio, bracinho elevado,
Não muito mais do que a altura dos ombros,
A menina apontou para o céu, firme e convictamente.

Ela nada sabe de teologia, não conhece o Evangelho,
Não conhece este maravilhoso versículo:
Todo aquele que vive e crê em mim
Ainda que esteja morto, não morrerá para sempre” (Jo 10, 11).

Ela não conhece as palavras do Apóstolo que disse:
Se morremos com Cristo, com Ele viveremos,
Mas sabe que o amado avô está no céu
E isto acalentou o coração de todos.

Ela não saberia citar Paulo aos Colossenses
“Buscai as coisas do alto, onde habita Deus
Procurai as coisas celestes e não as terrestres”,
Mas apontou o dedinho para o alto.

Aquele dedinho apontado para o céu,
Em pleno Tempo Pascal,
Renovou no meu coração
A fé na glória da eternidade;

Destino de quem na vida amou,
No Senhor viveu e n’Ele acreditou,
E não economizou carinho e atenção para
Todos aqueles que o Senhor em vida lhe confiou.

Celebrei as exéquias como orienta a Igreja:
Preguei a Palavra, cumpri todo o ritual.
Procurei falar ao coração das pessoas...
Ela, com um dedinho apenas, falou ao meu.
 


Aquele dedinho apontando para o céu
Continuará falando, falando...
Para todo o sempre.
Amém. Aleluia!

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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG