terça-feira, 7 de maio de 2024

Fortaleçamos os vínculos da comunhão fraterna (IIIDTPB)

 


Fortaleçamos os vínculos da comunhão fraterna

Sejamos enriquecidos pelo Comentário sobre o Evangelho de João, escrito pelo bispo São Cirilo de Alexandria (Séc. V):

“Cada vez que participamos do Corpo Sagrado de Cristo, unimo-nos a Ele corporalmente, como afirma São Paulo ao falar do mistério do amor misericordioso de Deus: Este mistério, Deus não o fez conhecer aos homens das gerações passadas, mas acaba de o revelar agora, pelo Espírito, aos seus santos apóstolos e profetas: os pagãos são admitidos à mesma herança, são membros do corpo, são associados à mesma promessa em Jesus Cristo (Ef 3,5-6).

Ora, se todos nós formamos um só corpo em Cristo, não apenas uns com os outros, mas também com Aquele que habita em nós pela Sua carne, por que não vivemos plenamente esta união existente entre nós e com Cristo? Com efeito, Cristo é o vínculo da unidade, por ser ao mesmo tempo Deus e homem.

Seguindo o mesmo caminho, podemos falar da nossa união espiritual, afirmando que todos nós, ao recebermos o único e mesmo Espírito Santo, nos unimos uns com os outros e com Deus. Embora estejamos separados, somos muitos e, em cada um de nós, Cristo faz habitar o Espírito do Pai que é também o Seu.

Todavia, o Espírito é um só e indivisível e, com a Sua presença e ação, reúne os que individualmente são distintos uns dos outros, fazendo com que em Si mesmo todos sejam um só. Assim como a virtude do Corpo Sagrado de Cristo transforma num só corpo os que d’Ele participam, parece-me que o único e indivisível Espírito de Deus, habitando em cada um, vincula a todos numa unidade espiritual.

Por isso, novamente São Paulo se dirige a nós: Suportai-vos uns aos outros com paciência, no amor. Aplicai-vos em guardar a unidade do espírito pelo vínculo da paz. Há um só Corpo e um só Espírito, como também é uma só a esperança à qual fostes chamados. Há uma só fé, um só Senhor, um só batismo, um só Deus e Pai de todos, que reina sobre todos, age por meio de todos e permanece em todos (Ef 4,2-6). Se efetivamente é um só Espírito que habita em nós, também o único Deus e Pai de todos estará em nós por Seu Filho, unindo entre Si e consigo todos os que participam do mesmo Espírito.

Desde agora, torna-se evidente que, de alguma maneira, estamos unidos ao Espírito Santo por participação. De fato, se de uma vez por todas abandonamos a vida puramente natural e obedecemos às leis do espírito, é claro que, deixando de lado a nossa vida anterior e unindo-nos ao Espírito Santo, adquirimos uma configuração espiritual e, até certo ponto, transformamos em outra a nossa natureza. Assim já não somos simplesmente homens, mas filhos de Deus e habitantes do céu, pelo fato de nos termos tornado participantes da natureza divina.

Todos, portanto, somos um só no Pai, no Filho e no Espírito Santo. Um só, repito, pela identidade de condição, um só pela união da caridade, pela comunhão do Corpo Sagrado de Cristo e pela participação do único Espírito Santo.” (1)

Como vemos, o bispo nos apresenta Jesus Cristo, o vínculo da unidade.

No Pai e no Espírito, com Jesus Cristo, somos um só, e esta união da caridade, nós a celebramos e nutrimos ao celebrar a Ceia Eucarística, e nos alimentamos com o Corpo Sagrado de Cristo, pela participação do único Espírito Santo.

Como Igreja Sinodal que somos, urge que fortaleçamos os vínculos de comunhão fraterna, expressos em gestos de solidariedade e compromissos com a vida, em suas realidades mais desafiadoras, sobretudo onde a vida se encontre ameaçada.

Que ao verem nossas comunidades reunidas e evangelizando, todos possam dizer – “Vede como eles se amam”:

“Mas é justamente esta demonstração de grande amor entre nós o que nos atrai a aversão de alguns, pois dizem: ‘Vede como se amam’, enquanto eles somente se odeiam entre si. ‘Vede como estão dispostos a morrer uns pelos outros’, enquanto eles estão mais dispostos a matarem-se entre si.” (Tertuliano – séc. III).

 

(1) Liturgia das Horas - Volume Quaresma/Páscoa – pág. 801-802

segunda-feira, 6 de maio de 2024

A ação do Espírito Santo pelo Batismo

                                                             


A ação do Espírito Santo pelo Batismo

Reflitamos a partir do Tratado sobre a Trindade, de Dídimo de Alexandria (Séc. IV) sobre a ação do Espírito Santo que recebemos ao sermos batizados e reintegrados na beleza primitiva! 

“O Espírito Santo, que é Deus juntamente com o Pai e o Filho, nos renova pelo Batismo; e do nosso estado de imperfeição, reintegra-nos na beleza primitiva.

Torna-nos de tal forma repletos de Sua graça, que não podemos admitir em nós qualquer coisa que não deva ser desejada. Além disso, liberta-nos do pecado e da morte. E de terrenos que somos, quer dizer, feitos do pó da terra, nos faz espirituais, participantes da glória divina, filhos e herdeiros de Deus Pai.

Faz-nos ainda conformes à imagem do Filho, seus coerdeiros e irmãos, destinados a ser um dia glorificados e a reinar com Ele. Em vez da terra, dá-nos de novo o céu, abre-nos generosamente as portas do paraíso, honra-nos mais do que os próprios Anjos.

E com as Águas Divinas do Batismo, apaga as imensas e inextinguíveis chamas do inferno...

Os homens são concebidos duas vezes: uma corporalmente, a outra, pelo divino Espírito. Acerca de um e de outro nascimento, escreveram muito bem os autores sagrados. Citarei o nome e a doutrina de cada um.

João diz: A todos que o receberam, deu-lhes a capacidade de se tornarem filhos de Deus, isto é, aos que acreditam em seu nome, pois estes não nasceram do sangue nem da vontade da carne nem da vontade do homem, mas de Deus mesmo (Jo 1,12-13).

Todos os que acreditaram em Cristo, afirma ele, receberam a capacidade de se tornarem filhos de Deus, quer dizer, do Espírito Santo, e participantes da natureza divina.

E para ficar bem claro que o Deus que gera é o Espírito Santo, acrescenta estas palavras de Cristo: Em verdade, em verdade, te digo, se alguém não nasce da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus (Jo 3,5).

A fonte batismal dá à luz de maneira visível nosso corpo visível, pelo ministério dos Sacerdotes; mas o Espírito de Deus, invisível a todas as inteligências, é que batiza e regenera simultaneamente o corpo e a alma, pelo Ministério dos Anjos.

João Batista, historicamente e de acordo com esta expressão: da Água e do Espírito, diz a respeito de Cristo: Ele vos batizará no Espírito Santo e no fogo (Mt 3,11; Lc 3,16).

Como um vaso de barro, o homem precisa primeiro ser purificado pela água; em seguida, fortalecido e aperfeiçoado pelo fogo espiritual (Deus, com efeito, é um fogo devorador).

Precisamos, portanto, do Espírito Santo para nossa perfeição e renovação. Pois o fogo espiritual sabe também regar, e a água batismal é também capaz de queimar como o fogo”.

Agradeçamos a Deus pela indescritível ação do Espírito naquele que O recebe.

Ele é a  maior graça que recebemos, concedendo-nos a graça de nos tornarmos morada do Espírito. 

Como diz São Basílio Magno: “o Espírito nos diviniza...”, e concluindo, renovemos nosso Batismo elevando a Deus este canto:

“Banhados em Cristo somos uma nova criatura, as coisas antigas já se passaram, somos nascidos de novo. Aleluia, Aleluia...” 

O Advento do Paráclito

                                   

O Advento do Paráclito

A poucos dias de celebrarmos a Festa de Pentecostes, vivemos como que “um breve de Advento”, como tão bem afirmou o Pe. Raniero Cantalamessa.

A partir do VI Domingo da Páscoa, “a atenção se desloca de Cristo ao Espírito Santo, do Ressuscitado ao Seu dom.

Começa uma espécie de pequeno Advento, em preparação a Pentecostes. A vida de Cristo foi preparada, durante séculos, pelo anúncio dos Profetas e apontada por João Batista; aquela do Espírito Santo foi anunciada pela promessa de Jesus, foi o mesmo Jesus, por assim dizer, o precursor do Paráclito. 

‘Eu rogarei ao Pai, e Ele vos dará outro Paráclito, para que fique eternamente convosco. É o Espírito da Verdade...’” (Jo  14,15-21) (1)

As passagens do Evangelho proclamadas nestes dias têm nos levado a esta grande preparação para a acolhida do Espírito Santo, que ilumina, enriquece a Igreja com seus dons, conduz e fortalece...

Jesus fala que mais um pouco de tempo e os discípulos não O veriam, exatamente porque o Mistério da Cruz se fazia próximo, e com ele, a morte e a absurda dor da separação e do vazio que experimentariam.

Mas Ele advertiu que mais um pouco, eles O veriam de novo, ou seja, todos os que acreditam fariam a experiência do Ressuscitado que se tornariam fundamental para a continuidade da missão.

Deste modo viveriam sempre na Sua suave e desejável presença, e a tristeza da separação daria, àqueles que têm fé, lugar a uma alegria que jamais o mundo poderia tirar.

Mas, Jesus sabia que por causa dos que não acreditam, e também pelos próprios pecados da condição humana dos seguidores, deveriam passar por diversas tribulações, no entanto, por piores que sejam elas não podem vencer quem crê verdadeiramente.

Como Igreja, continuemos esta preparação, para que o Fogo do Espírito derramado em Pentecostes sobre os discípulos reunidos, seja também derramado sobre nós, e sejamos no mundo alegres discípulos missionários do Senhor, como tão bem nos exortou o Papa Francisco (cf. “Evangelii Gaudium”). 


(1) O Verbo Se fez carne – Pe. Raniero Cantalamessa - Editora Ave Maria - 2013  

Em poucas palavras...

 




O Espírito Santo nos acompanha em todo o tempo

“A vida cristã é vista, a um só tempo, como vida de tentação e de testemunho.

Por isso, Jesus liga uma à outra e ambas ao Espírito, que dará força e lealdade para o testemunho, assim como para a perseguição.

Sobretudo quando cada cristão não se esquece de seu dever de reforma e conversão permanente.”  (1)

 

 

(1) Comentário do Missal Cotidiano - Editora Paulus, sobre a passagem do Evangelho de João (Jo 15,26-16,4a)- pág. 450

Ser Mãe é como ter o céu dentro de si

Ser Mãe é como ter o céu dentro de si

Ser Mãe é como ter o céu dentro de si;
ter uma missão que é graça divina,.
esteja ela ao nosso lado,
ou a coroa da glória já alcançado.

Ela tem o poder de não apenas falar de Deus,
mas de ser a Sua própria voz. E uma vez tendo falado,
suas palavras sempre ressoarão em nossa alma,
porque a Palavra fincou raízes no coração.

Mãe...
Tendo dentro de si o céu, nos faz sentir a presença do Senhor sempre conosco,
Em situações favoráveis ou adversas; e a certeza de que Ele não nos abandona.

Mãe...
Tendo dentro de si o céu, ensina-nos a viver a graça do perdão, que recria a vida e a história,
Porque, antes, foi pelo Senhor resgatada e obteve o perdão de todas as suas faltas.

Mãe...
Tendo dentro de si o céu, pelos filhos se consome, sem holofotes e confetes, porque crê no Senhor que deu Sua vida por nós, pecadores que somos, para que, felicidade e eternidade, saboreássemos.

Mãe...
Tendo dentro de si o céu, conhece nossas fraquezas, ainda que dela queiramos ocultar, 
está sempre pronta a nos reerguer e os passos, com fé no Senhor, firmar.

Mãe...
Tendo dentro de si o céu, sabe que os filhos não são seus, porque a Deus pertencem;
São dádivas imerecidas para serem cuidadas, e pelo amor envolvidas.
E sabem que, se a morte de um filho à sua preceder,
Darão passos silenciosos, firmados na promessa e esperança da Ressurreição.

Mãe...
Tendo dentro de si o céu, nos dá coragem quando o medo toma conta de nós.
E quando o perigo vier, sentiremos a presença de Deus, por sua incessante oração.

Mãe...
Tendo dentro de si o céu, ajuda-nos a não desistir jamais, diante das possíveis provações que a vida nos propicia, e a continuarmos a busca da verdadeira alegria.

Mãe...
Tendo dentro de si o céu, inspirada em Maria, a Mãe do Senhor, é incansável em sua missão,
E ama o filho incondicionalmente, para que o melhor de Deus ele possa alcançar.

Mãe...
Tendo dentro de si o céu, revela-nos o amor da Trindade, pois,
por Deus abençoada, pelo Senhor amada, e pelo Espírito iluminada. Amém.

Mãe: De sol a sol, em todas as estações

Mãe: De sol a sol, em todas as estações

Mãe,
Na primavera, estação marcada pelo reflorescimento da flora e da fauna terrestre, você estava presente como uma flor tão bela! Uma flor tão diferente, porque não perde as pétalas, sinônimo de beleza, reveladas na presença das rugas e dos cabelos agrisalhados que, como a neve, os cobriu com o passar dos anos.

Mãe, 
No verão, com as temperaturas elevadas, os dias mais longos que em outras estações, um período geralmente reservado às férias, você  estava presente, com sua doce preocupação, para abrandar o calor; com um abano, um ventilador, oferecia-me água cristalina, e mesmo com parcos recursos, preparava-me um suco. Confesso que mais quente que a temperatura, foi o calor do seu afeto que nunca me deixou faltar.

Mãe,
No outono, com a queda da temperatura, uma estação marcada pelo amarelar e o cair das folhas das árvores, você estava presente, me ensinando que o aparente crepúsculo da vida é necessário para um novo recomeço; que quando não mais parece haver esperança, algo novo se vislumbra no horizonte, de modo especial, no coração daqueles que têm fé, como você tinha presente em seu coração. Eu vi, eu testemunhei.

Mãe,
No inverno, com as noites mais longas que os dias e a incidência de raios solares menores, o frio é nossa companhia. Nesta estação, quando várias espécies de aves migram com o intuito de fugir do frio, você estava presente, para que neu não ficasse a tremer de frio; com o seu calor terno de mãe, aquecia-me, cuidando das blusas, cachecol e do cobertor, para que à noite, tranquilamente, eu pudesse dormir.

Mãe,
Você estava presente em minha vida, estação pós-estação. Ora como o sol que se põe, mas não deixa de existir, porque cede lugar à lua que vem iluminar a noite com seu brilho.

Mãe,
Você, como a lua e o sol, estava sempre comigo, para que os dias e as noites fossem aquecidos e iluminados, e isto somente se tornou possível porque você soube adorar e amar o Sol Nascente que jamais se põe, Jesus, e plantou em meu coração a mesma fé, levando-me ao mesmo encontro, que marcou para sempre a minha vida.

Mãe,
Lembro-me de você em cada Eucaristia, Oração Maior de quem no Senhor confia e em Sua presença real crê. Foi este um dos seus mais belos ensinamentos.

Mãe,
Agora no céu, você continua comigo, na comunhão dos santos, que também me ensinou, e de modo especial com Maria, aquela a quem me ensinou a amar como a mais bela flor da criação.

Mãe,
De sol a sol, em todas as estações você estava comigo, você está comigo.

E se você tiver a sua mãe ao seu lado, é tempo de saborear sua amável, doce e imprescindível presença. Não espere a próxima estação... 

Mãe, não permitas...

                                                   


Mãe, não permitas...


“E Neemias disse-lhes: ‘Ide para vossas casas e comei carnes gordas gordas, tomai bebidas doces e reparti com aqueles que nada prepararam, pois este dia é santo para o nosso Senhor. Não fiqueis tristes, porque a alegria do Senhor será a vossa força”.” (Ne 8,10)


Mãe, medita em teu coração as palavras do Profeta:
“A alegria pelo Senhor será a vossa força”, em todo o tempo.
 
Mãe, não permitas que roubem o sorriso de teus lábios,
Que me falaram e falam sempre da força que vem do Alto.
 
Mãe, não permitas que roubem o sorriso de teus lábios,
Dos quais saíram e saem palavras, as melhores sementes.
 
Mãe, não permitas que roubem o sorriso de teus lábios,
E que possas a Deus cantos e louvores elevar.
 
Mãe, não permitas que roubem o sorriso de tua alma,
Quando parecer que tua fé, a cruz não poderá suportar.
 
Mãe, não permitas que roubem o sorriso de tua alma,
Quando não parecer existir esperança no teu horizonte.
 
Mãe, não permitas que roubem o sorriso de tua alma,
Porque a chama de teu amor que me aquece jamais se apaga.
 
Mãe, não permitas que roubem o brilho de teus olhos,
Que me comunicam luminosidade em tempos sombrios.
 
Mãe, não permitas que roubem o brilho de teus olhos,
Que me colocam de pé, quando as quedas se fazem presentes.
 
Mãe, não permitas que roubem o brilho de teus olhos,
Aprendi contigo, que somente n’Ele, Jesus, 
olhos fixos, luz e alegria. Amém.


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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG