quarta-feira, 31 de maio de 2023

Fixemos nosso olhar no olhar de Maria

 


Fixemos nosso olhar no olhar de Maria


Contemplemos Maria como a mulher da alegria, da dor e do esplendor e da glória.


Contemplamos os mistérios da anunciação, morte e ressurreição:  Mistérios gozosos, dolorosos, gloriosos.
 
No Evangelho de Lucas (1,26-38), Maria é nos apresentada como mulher simples do povo; nada de extraordinário aos olhos da humanidade, mas muito especial aos olhos de Deus. Preservada do pecado; escolhida para ser a Mãe do Redentor.
 
Mãe Daquele que pelo mistério da ação do Espírito Santo nela Se encarna.
 
No mistério da cruz, mistério do amor de Deus Se entrega e Se doa, em amor que ama até o fim.
 
Mistério da Ressurreição que acalenta e anima nossa caminhada que transcende o tempo presente e até mesmo a morte.
 
Aquele que em Maria Se encarnou e o sangue na cruz por nós derramou, regou a vinha do Senhor que somos, para frutos de paz, justiça e amor produzir…
 
Fixemos nosso olhar no olhar de todos os olhares que para Deus se voltaram.
 
Contemplemos o olhar de Maria que os mais diversos momentos vivenciou e jamais a Deus se fechou.
 
Contemplemos o olhar de Maria, diante do arcanjo Gabriel que lhe anuncia que será Mãe do Salvador. Olhar de dúvida, incompreensão e, por que não, de medo, mas de sinceridade e confiança e transparência, com certeza…
 
Indaga ao anjo como assim pode ser?
 
Olhar iluminado pelo Mistério revelado e compreendido e que lhe faz ressoar o SIM que mudou a história da humanidade: “Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim conforme a Vossa vontade” (Lc 1,38).
 
Como não contemplar o olhar dos olhares que o menino em seu ventre acolheu e acarinhou?
 
Olhar que na criança deitada na manjedoura o Verbo de Deus reconheceu, nos ofereceu e nos apresentou.
 
Olhar de Mãe Maria que o procurou quando no templo, aos doze anos se perdeu.
 
Olhar que procura o filho, olhar de tantas mães que procuram seus filhos.
 
Olhar que o viu crescer dia a dia em tamanho, graça e sabedoria diante de Deus.
 
Olhar de Maria silenciosamente contemplando a pregação de Seu Filho, na planície e na montanha.
 
Olhar que maravilhou-se, incontáveis vezes, por tudo que falava; por tudo que fazia.
 
Olhar de Maria que o procurou e encontrou mergulhado em noites de vigília e oração.
 
O Olhar da mãe de todas as mães, que não se fechou e não se amedrontou, nem se acovardou no mistério de Sua Paixão e Morte.
 
Olhar lacrimoso, dolorido, sentido, vendo seu Filho covardemente condenado, desprezado, humilhado, desfigurado, das roupas despojado, sangue e suor derramados…
 
Olhos abertos contemplando mistério de iniquidade, mas mistério maior de amor e fidelidade: O mal não pode ter a última palavra.
 
Também seus ouvidos acolhiam gritos e lamentos, que ecoaram da boca de Seu Filho e de todos os seus filhos em todos os tempos!
 
Olhar que o acompanhou e o testemunhou na cruz: Pelos pregos cravados, coração trespassado.
 
Água e vinho verteram: nascimento e alimento ao mundo também ricamente oferecidos e em cada Eucaristia celebrados.
 
Olhar de Maria que pelo mistério da fé contemplou Sua descida a mansão dos mortos, para romper as correntes do pecado, dominar também as forças diabólicas do inferno – diabo e morte vencidos.
 
O olhar de Maria que jamais perdera o brilho, reluziu na madrugada da Ressurreição. A vida venceu a morte.
 
Olhar de Maria, olhar de quem crê na Vida Nova do Filho, Ressuscitado pelo Pai, que por Amor, no Amor e pelo Amor (Espírito Santo) jamais o abandonou.
 
Contemplemos o olhar de Maria nas primeiras vezes em que o apóstolo dizia: “Tomai todos, isto é meu corpo… Tomai todos, isto é o meu sangue” (Atos 1).
 
Aquele mesmo corpo que acolheu em seu ventre, agora ali diante dos olhos, no mistério da matéria transubstanciada: Mistério de fé, Mistério da Ceia, Mistério da Eucaristia.
 
Ela contemplando as marcas dos pregos no corpo do Ressuscitado!!! Que alegria tomou o coração de Maria.
 
Depois, Maria contemplando Sua subida aos céus, para que depois, um pouco depois, ela também aos céus fosse assunta, por Deus coroada.
 
 
Olhar de ternura, alegria, confiança, simplicidade, esperança, bondade, fraternidade, humanidade, solidariedade, amor, bondade, fidelidade, perdão, compreensão, mansidão…
 
Olhar que transcende a realidade da morte, porque és portadora e crente da Boa Nova da Ressurreição!
 
É deste olhar que precisamos, por isto mais, do que nunca, é tempo de fixarmos nosso olhar no olhar de Maria…
 
Somente com um olhar assim é que o mundo haveremos de mudar, a começar de nós mesmos!
 
Nada veremos de novo se, em primeiro lugar, não convertermos nosso olhar.
 
Maria te suplicamos: 

Vem conosco caminhar para que tragas marcas, tantas e incontáveis, de teu olhar!
 
És Maria, mulher possuidora do olhar de todos os olhares.
 
És Rainha, és Senhora: “Volvei para nós estes vossos olhos misericordiosos…”
 
Salve Rainha, Mãe de Misericórdia...
 

terça-feira, 30 de maio de 2023

O tempo da peregrinação rumo à eternidade (27/05)

O tempo da peregrinação rumo à eternidade

Se quiseres o Senhor seguir,
A eternidade alcançarás.
Há exigências no tempo presente,
Enquanto para lá caminhamos...

Silenciemo-nos diante da Palavra do Divino Amor:
“Recebereis cem vezes mais, já neste mundo,
Juntamente com perseguições,
E, no mundo futuro, a vida eterna”.

Os cristãos são destinatários privilegiados do Projeto Salvífico de Deus,
Por muito tempo anteriormente revelado pelos Profetas,
E por último pelo próprio Jesus,
Como não exultar imensamente de alegria?

Este privilégio não permite acomodação, mas uma vez testemunhas,
Devemos nos colocar como cristãos, em atitude de vigilância, esperança,
E num permanente caminho de conversão e santificação,
Com gestos corajosos de mortificação, renúncias, conversão.

Vivemos o precioso tempo da peregrinação,
Voltados sempre para as últimas realidades,
O que requer uma conduta irrepreensível,
Para que nosso anúncio possa ser crível.

Na fidelidade ao Senhor, a renúncia e desapegos necessários,
Mas com recompensa centuplicada prometida e, de fato, realizada.
Assegurada a eternidade no mundo futuro,
Mas com perseguições, e até mesmo o martírio e a morte.

Morrendo, silenciosamente como o grão de trigo
Para novos frutos brotar, a alegria do Reino ver acontecer,
Renovando a alegria do chamado divino que nos foi feito,
Ainda que nada tenhamos feito para merecer.

Assim é Deus: chama-nos para com Ele caminharmos.
Como discípulos missionários, renunciando a nós mesmos,
Tomando a cruz de cada dia, para segui-Lo.
Fé sólida e lúcida, ancorados e firmados na esperança e na caridade.



PS: Fonte inspiradora - Liturgia da terça-feira da 8ª Semana do Tempo Comum - ano par -  (Eclo 35,1-15; Sl 49 (50); Mc 10, 28-31).

segunda-feira, 29 de maio de 2023

A Bem-Aventurada Virgem Maria, Mãe da Igreja (20/05)



A Bem-Aventurada Virgem Maria, Mãe da Igreja

Com o Decreto publicado pelo Papa Francisco, dia 03 de março de 2018, passamos a celebrar a Memória da Bem-Aventurada Virgem Maria, Mãe da Igreja, todos os anos na Segunda-feira depois de Pentecostes.

O motivo da celebração está brevemente descrito no Decreto “Ecclesia Mater”, para favorecer o crescimento do sentido materno da Igreja nos Pastores, nos religiosos e nos fiéis, como, também, o fortalecimento da genuína piedade mariana, uma vez que a vida cristã, para crescer, deve ser ancorada no Mistério da Cruz, na oblação de Cristo, no convite eucarístico e na Virgem oferente, Mãe do Redentor e dos redimidos.

Foi devidamente considerada a importância do Mistério da maternidade espiritual de Maria, que na espera do Espírito no Pentecostes (cf. At 1, 14), nunca mais parou de ocupar-se e de curar maternalmente a Igreja peregrina no tempo.

Ao celebrar, será ocasião para recordar a todos os discípulos de Cristo que para crescermos e nos preencher do amor Deus, precisamos enraizá-lo à nossa vida sobre três realidades: na Cruz, na Hóstia e na Virgem – Crux, Hostia et Virgo.

Transcrevo o Decreto, para devida acolhida e reflexão:

“A feliz veneração em honra à Mãe de Deus da Igreja contemporânea, à luz das reflexões sobre o Mistério de Cristo e sobre a Sua própria natureza, não poderia esquecer aquela figura de Mulher (cf. Gl. 4,4), a Virgem Maria, que é Mãe de Cristo e com Ele Mãe da Igreja.

De certa forma, este fato, já estava presente no modo próprio do sentir eclesial a partir das palavras premonitórias de Santo Agostinho e de São Leão Magno. De fato, o primeiro diz que Maria é a mãe dos membros de Cristo porque cooperou, com a sua caridade, ao renascimento dos fiéis na Igreja. O segundo, diz que o nascimento da Cabeça é, também, o nascimento do Corpo, o que indica que Maria é, ao mesmo tempo, mãe de Cristo, Filho de Deus, e mãe dos membros do Seu corpo místico, isto é, da Igreja. Estas considerações derivam da maternidade divina de Maria e da sua íntima união à obra do Redentor, que culminou na hora da Cruz.

A Mãe, que estava junto à Cruz (cf. Jo 19, 25), aceitou o testamento do amor do seu Filho e acolheu todos os homens, personificado no discípulo amado, como filhos a regenerar a vida divina, tornando-se a amorosa Mãe da Igreja, que Cristo gerou na Cruz, dando o Espírito. Por sua vez, no discípulo amado, Cristo elegeu todos os discípulos como herdeiros do Seu amor para com a Mãe, confiando-a a eles para que estes a acolhessem com amor filial.

Dedicada guia da Igreja nascente, Maria iniciou, portanto, a própria missão materna já no cenáculo, rezando com os Apóstolos na expectativa da vinda do Espírito Santo (cf. At 1, 14). Ao longo dos séculos, por este modo de sentir, a piedade cristã honrou Maria com os títulos, de certo modo equivalentes, de Mãe dos discípulos, dos fiéis, dos crentes, de todos aqueles que renascem em Cristo e, também, ‘Mãe da Igreja’, como aparece nos textos dos autores espirituais assim como nos do magistério de Bento XIV e Leão XIII.

Assim, resulta claramente, sobre qual fundamento o beato papa Paulo VI, a 21 de Novembro de 1964, por ocasião do encerramento da terça sessão do Concílio Vaticano II, declarou a bem-aventurada Virgem Maria ‘Mãe da Igreja, isto é, de todo o Povo de Deus, tanto dos fiéis como dos pastores, que lhe chamam Mãe amorosíssima’ e estabeleceu que ‘com este título suavíssimo seja a Mãe de Deus doravante honrada e invocada por todo o povo cristão’.

A Sé Apostólica, por ocasião do Ano Santo da Reconciliação (1975), propôs uma Missa votiva em honra de Santa Maria, Mãe da Igreja, que foi inserida no Missal Romano. A mesma deu a possibilidade de acrescentar a invocação deste título na Ladainha Lauretana (1980), e publicou outros formulários na Coletânea de Missas da Virgem Santa Maria (1986). Para algumas nações e famílias religiosas que pediram, concedeu a possibilidade de acrescentar esta celebração no seu Calendário particular.

O Sumo Pontífice Francisco, considerando atentamente quanto a promoção desta devoção possa favorecer o crescimento do sentido materno da Igreja nos Pastores, nos religiosos e nos fiéis, como, também, da genuína piedade mariana, estabeleceu que esta memória da bem-aventurada Virgem Maria, Mãe da Igreja, seja inscrita no Calendário Romano na Segunda-feira depois do Pentecostes, e que seja celebrada todos os anos.

Esta celebração ajudará a lembrar que a vida cristã, para crescer, deve ser ancorada no mistério da Cruz, na oblação de Cristo no convite eucarístico e na Virgem oferente, Mãe do Redentor e dos redimidos.

Esta memória deverá, pois aparecer, em todos os Calendários e Livros Litúrgicos para a celebração da Missa e da Liturgia das Horas.

Os respectivos textos litúrgicos são apresentados em anexo a este decreto, e a sua tradução, aprovada pelas Conferências Episcopais, serão publicados depois da confirmação por parte deste Dicastério.

Onde a celebração da bem-aventurada Virgem Maria, Mãe da Igreja, por norma do direito particular aprovado, já se celebra num dia diferente com grau litúrgico mais elevado, pode continuar a ser celebrada desse modo.

Nada obste em contrário.
Sede da Congregação para o Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos, 11 de Fevereiro de 2018, memória da bem-aventurada Virgem Maria de Lurdes.

Roberto Card. Sarah
Prefeito
Artur Roche
Arcebispo Secretário”


Fonte de Pesquisa:  http://cnbb.net.br/?s=maria+m%C3%A3e+da+igreja

Amor oblativo (29/05)

Amor oblativo

“Pois o Filho do Homem não veio para ser servido,
mas para servir e dar a Sua vida em resgate de muitos”

Peregrinamos rumo à eternidade, haja vista que não temos aqui moradas eternas, reflitamos sobre o convite que Deus nos faz para a autêntica fidelidade ao Senhor, que implica em ter na vida sempre a atitude de serviço e amor oblativo, como Ele próprio nos fala na passagem do Evangelho (Mc 10,32-45), quando Tiago e João pediram para assentar-se um à direita e o outro à esquerda no Reino da Glória.

A resposta de Jesus ao pedido foi uma admoestação que ele fez aos dez que ficaram indignados com os dois:

Sabeis que aqueles que vemos governar as nações as dominam, e os seus grandes as tiranizam. Entre vós não será assim: ao contrário, aquele que dentre vós quiser ser grande, seja o vosso servidor, e aquele que quiser ser o primeiro dentre vós, seja o servo de todos. Pois o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a Sua vida em resgate de muitos” (v. 42-45).

O discípulo missionário do Senhor ao beber do Cálice Sagrado, ao ser batizado com o Batismo do Senhor no Espírito, tem que estar sempre pronto a dar a sua vida como o Mestre, numa fidelidade incondicional com atitudes de serviço e amor oblativo.

Mas em que consiste o amor oblativo?
É o amor puro e verdadeiro, doação, entrega, serviço, compromisso, vivendo na mais bela gratuidade como resposta de gratidão a Deus que nos cumula de Bênçãos e graças infinitas. Impossível compreendê-lo se não experimentarmos o segredo salvífico do caminho da Cruz.

O Apóstolo Paulo bem anunciou e viveu este amor como vemos em sua Carta aos Coríntios (1 Cor 13).

É o amor que o Apóstolo Pedro nos convida a viver, quando nos fala de nossa redenção e regeneração pelo precioso Sangue de Cristo, muito mais precioso que ouro e prata, aliás incomparável a qualquer outra coisa (1Pd 1,18-25).

Resgatados e redimidos pelo Sangue do Redentor, a única resposta que Deus espera de nós é uma resposta de amor: o abandono de uma vida fútil, a vivência de um amor sem fingimento, amor fraterno, amor de coração e com ardor.

Somente assim, como Igreja que nasceu em Pentecostes, na alegre e fervorosa acolhida do Espírito Santo, seremos mais fiéis Áquele que a fundou, correspondendo ao Projeto de Amor que Deus tem para a humanidade.

Vivendo o amor oblativo buscaremos a glória do amanhã, carregando e assumindo, corajosamente, a cruz hoje.

Servindo com amor oblativo, que Jesus testemunhou plenamente ao entregar Sua vida na Cruz, seremos uma Igreja alegre e tranquila.

Oremos:

 "Fazei, ó Deus, que os aconte­cimentos deste
mundo decorram na paz que desejais, e Vossa Igre­ja
Vos possa servir, alegre e tran­quila. Por nosso
Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho,
na unidade do Espírito Santo.
 Amém!”

sábado, 27 de maio de 2023

Livres para viver o discipulado (27/05)

 


Livres para viver o discipulado
 
Com a passagem do Evangelho de Marcos (Mc 10,17-27), reflitamos sobre o essencial e o efêmero em nossa vida; quais são as nossas verdadeiras riquezas e escolhas que fazemos. 
 
Como discípulos missionários do Senhor, é preciso aprender a renunciar a certos valores perecíveis, a fim de adquirir os valores da vida verdadeira e eterna.
 
Oportuno voltarmos à passagem do Livro da Sabedoria (Sb 7,7-11), o Livro mais recente do Antigo Testamento que: apresentando o jovem Salomão como modelo de homem sábio, nos mostra que a verdadeira sabedoria é mais valiosa que ouro, riqueza, saúde, e consiste em acolher as propostas de Deus com humildade e disponibilidade. 

Somente Deus garante a verdadeira sabedoria e a verdadeira felicidade, e ela consiste em escolher as coisas certas; tomar as corretas decisões para o alcance do êxito, da felicidade. É preciso ter ouvidos e coração abertos à sabedoria de Deus que é dom para todos, e tão somente ela, dom de Deus, garante o alcance da liberdade diante de todos os bens.
 
Voltando à passagem do Evangelho, que tem como mensagem: escutar, acolher e viver a proposta de Jesus, numa autêntica resposta de amor marcada por uma vida de doação, partilha, solidariedade, entrega, fidelidade, para além de toda perseguição e incompreensão.
 
A opção por Jesus não nos empobrece, muito pelo contrário, nos enriquece e nos garante a verdadeira felicidade a caminho da eternidade. O Caminho do Reino é exigente e garante a vida eterna.
 
A opção de seguir Jesus tem seu preço, mas tem também seus ganhos/recompensas: uma vida plena e feliz e por fim a eternidade. 

A vida eterna é, portanto, dom de Deus e compromisso nosso, e ela começa já, numa vida marcada, inevitavelmente, pelo amor, doação e serviço.
 
Ser cristão não é ser um pobre coitado condenado a passar ao lado da vida e da felicidade, mas é, sobretudo, ser alguém que renunciou a certas propostas falíveis, passageiras, parciais de felicidade, encontrando em Jesus e na Boa Nova do Reino a sua grande riqueza.
 
Deste modo, a Palavra de Deus é para nós fonte inesgotável de sabedoria e vida, sobretudo quando somos transformados por Ela.
 
Reflitamos:
 
- Com nossa vida e testemunho, provocamos o encantamento por Jesus diante daqueles com quem convivemos?
- Como correspondemos à proposta amorosa que Jesus conosco renova em cada Eucaristia?

- O que nos impede de viver a sabedoria de Deus, assumindo com coragem o Projeto Divino?
- Há algo que ainda nos escraviza e nos torna autossuficientes diante da proposta de Jesus?
 
- De que modo acolho a sabedoria divina e de que modo oriento minha existência por ela?
- Quais são os valores efêmeros e eternos de minha vida?
 
- Qual é a hierarquia de valores em minha vida?
- Qual é a eficácia da Palavra de Deus em minha vida?

Oremos:
 
Senhor, que tão amados por Vós,
Saibamos corresponder ao Vosso Amor.
Dai-nos a liberdade de coração para segui-Lo,
Ouvindo e acolhendo Vossa Palavra.
 
Libertai-nos de nossas aparentes riquezas,
para que Vós sejais nossa mais bela e imensurável riqueza, que não se corrói, que não se estraga, que não se rouba, que nos garante a felicidade no tempo presente e a glória da imortalidade. Amém!

Que eu corresponda ao Teu olhar de Amor, Senhor! (27/05)

Que eu corresponda ao Teu olhar de Amor, Senhor!

Naquele dia,
Ele olhou nos olhos “daquele homem rico”, um anônimo do Evangelho (Mc 10,17-27).

- Quem é aquele ao qual Jesus dirigiu Seu olhar com Amor?
- Quem é aquele ao qual Jesus propôs que tudo vendesse e desse aos pobres, em sinal de despojamento?
- Quem é aquele que foi convidado a alcançar um tesouro no céu?

“Ele” sou eu, é você; é a humanidade que precisa discernir os valores, os tesouros oferecidos por Deus. Mais ainda, é todo aquele que procura um sentido para a própria vida.

O olhar de Amor do Senhor continua voltado para nós, embora muitas vezes Seu amor não seja correspondido.

O olhar de Amor do Senhor se volta ao povo sofrido, convidando-o a redescobrir os caminhos da fraternidade/solidariedade.

O olhar de Amor do Senhor, incansavelmente, se volta para mim e para você. Ele nos propõe a salvação como dom divino e resposta humana.
Não nos ocorra, Senhor, a indiferença ao Vosso olhar de Amor.

Não nos ocorra nos apegarmos aos bens que passam, não abraçando os que não passam (amor, verdade, justiça, fraternidade, liberdade…).

Não caiamos na tentação da mesmice, expressa numa vida instalada, mãos cheias, mas coração vazio.

Não nos voltemos entristecidos para nossos aparentes tesouros, mas que diante de Deus são apenas relativas preciosidades, pois sem Ele nada tem valor, nada nos preenche.

Não tome a tristeza conta de nosso coração diante da proposta que O Senhor faz a todos nós e não tenhamos medo de corresponder ao Divino olhar e Projeto de Amor que tem para nós.

Tenhamos a coragem para tudo renunciar, para totalmente livres, ao imprescindível Amor de Deus, acolher, anunciar, testemunhar…

Coloquemo-nos no lugar daquela pessoa “daquele homem rico”, vivenciar aquele mesmo olhar. Não um vil olhar, mas um olhar de amor.

Como Deus nos olha?
Olha-nos com olhar de Amor…

Envolve-nos com laços de ternura.

Oremos:

Senhor, que através de minha vida, não somente através do mal que não devo fazer, mas pelo bem que devo fazer, corresponder ao Vosso olhar de Amor.

Senhor, concedei-me a graça para que as pessoas vejam no meu olhar, alguém que inesquecivelmente um dia foi por Vós olhado, percebido, acreditado, amado…

Seja meu amor seja uma resposta ao Vosso amor; que me amou primeiro. Amando-me primeiro, amarás até o fim, além de toda e qualquer rejeição.

Senhor, quero corresponder ao Vosso olhar de Amor: amando-Vos, seguindo-Vos; recebendo cem vezes mais irmãos, irmãs, bens, e se preciso for, perseguições suportar. Ainda que elas venham, não me faltará Vosso Amor…

Ó Senhor, 
como é feliz quem se deixa envolver pelo Vosso olhar 
e não se cansa de corresponder a ele.
Experimenta a mais desejada felicidade 
que somente em Vós podemos encontrar. 
Amém.

“Vai, vende tudo o que tens e segue-me!” (27/05)

“Vai, vende tudo o que tens e segue-Me!”

Reflexão à luz da passagem do Evangelho de Marcos (Mc 10,17-27), comumente chamada a passagem do “jovem rico”.

Jesus nos apresenta a necessária disponibilidade às exigências para segui-Lo: a pobreza e a obediência.

Quanto à primeira, esta se manifesta na pobreza do desprendimento afetivo e pobreza efetiva, e a liberdade para o discipulado será diretamente proporcional à pobreza, como sinônimo desapego alcançado.

Com estas, se alcança a liberdade, favorecendo o desapego, assim como Ele mesmo o fez - “Cristo Jesus despojou-Se a Si mesmo, tomando a forma de escravo, e tornando-Se semelhante ao ser humano. E encontrando em aspecto humano, humilhou-Se, fazendo-Se obediente até a morte – e morte de Cruz!” (Fl 2,7-8).

Deste modo, os discípulos deverão testemunhar a caridade e humildade de Cristo, imitando o Seu aniquilamento, vivendo e aceitando a pobreza, na liberdade dos filhos de Deus, com a renúncia das próprias vontades.

Oremos:

“Ó Deus, sois o amparo dos que em Vós esperam e, sem Vosso auxílio, ninguém é forte, ninguém é santo; redobrai de amor para conosco, para que, conduzidos por Vós, usemos de tal modo os bens que passam, que possamos abraçar os que não passam. Por nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém!”.(1)


Fonte: Missal Cotidiano- Editora Paulus – p.822
(1) Oração do dia - 17º Domingo do Tempo Comum

sexta-feira, 26 de maio de 2023

São Filipe Néri: o Santo da Alegria (26/05)

 
                      São Filipe Néri: o Santo da Alegria

São Filipe, cuja Memória é celebrada no dia 26 de maio, nasceu em Florença (Itália), em 1515.

Foi um homem de oração, penitência, adoração, numa vida de grande perfeição cristã.

Ele é chamado de “o santo da alegria”, e como tantos outros, disse sim para a glória de Deus, no seu serviço.

Vivendo da Divina Providência, e notabilizado por seu amor ao próximo e simplicidade evangélica, ia ao encontro dos lares dos ricos para pedir ajuda para os empobrecidos.

Iniciou da obra do Oratório do Divino Amor, dedicando-se aos jovens.

Morreu com 80 anos, em 1595, testemunhando até o fim a alegria de seguir Jesus Cristo, tomando sua cruz de cada dia, com suas renúncias necessárias.

Oremos:

“Meu Jesus Cristo,
quero a Vós servir
e não encontro o caminho.
Quero fazer o bem
e não encontro o caminho.
Quero a Vós encontrar
e não encontro o caminho.
Quero a Vós amar
e não encontro o caminho.
Ainda não Vos conheço, meu Jesus,
porque não Vos procuro.
Procuro-Vos e não Vos encontro.
Vinde até mim, meu Jesus.
Nunca Vos amarei,
se não me ajudardes, meu Jesus.
Cortai as minhas amarras
se quiserdes que eu seja Vosso.
Jesus, sede para mim Jesus. Amém!”

quinta-feira, 25 de maio de 2023

O Espírito e a alma como dois rios se confluem... (25/05)

O Espírito e a alma como dois rios se confluem...

Santa Maria Madalena de Pazzi, virgem (Séc. XVI), cuja Memória celebramos no dia  25 de maio, nos enriquece espiritualmente com seus escritos sobre a Revelação e a provação.

“Verdadeiramente és admirável, ó Verbo de Deus, no Espírito Santo, fazendo com que Ele Se infunda de tal modo na alma, que ela se una a Deus, conheça a Deus, e em nada se alegre fora de Deus.

O Espírito Santo vem à alma, marcando-a com o precioso selo do Sangue do Verbo, ou seja, do Cordeiro imolado.

Mais ainda, é esse mesmo Sangue que o incita a vir, embora o próprio Espírito já por Si tenha esse desejo.

O Espírito que assim deseja é em Si a substância do Pai e do Verbo; procede da essência do Pai e da vontade do Verbo; vem como fonte que se difunde na alma, e a alma Nele mergulha toda.

Assim como dois rios, confluindo, de tal modo se misturam que o menor perde o nome e recebe o do maior, do mesmo modo age este Espírito Divino, quando vem à alma, para com ela Se unir.

É preciso, pois, que a alma, por ser menor, perca seu nome e o ceda ao Espírito Santo; e deve fazer isto se transformando de tal maneira no Espírito que se torne com Ele uma só coisa.

Este Espírito, porém, distribuidor dos tesouros que estão no coração do Pai e guarda dos segredos entre o Pai e o Filho, derrama-se com tanta suavidade na alma, que não se percebe Sua chegada e, pela Sua grandeza, poucos O apreciam.

Por Sua densidade e Sua leveza, entra em todos os lugares que estão aptos e preparados para recebê-Lo.

Na Sua Palavra frequente, como também no Seu profundo silêncio, é ouvido por todos; com o ímpeto do Amor, Ele, imóvel e mobilíssimo, penetra em todos os corações.

Não ficas, Espírito Santo, no Pai, imóvel, nem no Verbo; contudo, sempre estás no Pai e no Verbo e em Ti mesmo, e também em todos os espíritos e criaturas bem-aventuradas.

Estás ligado à criatura por estreitos laços de parentesco, por causa do Sangue derramado pelo Verbo Unigênito que, pela veemência do Amor, Se fez irmão de Sua criatura.

Repousas nas criaturas que se predispõem com pureza a receber em si, pela comunicação de Teus Dons, a Tua própria presença.

Repousas nas almas que acolhem em si os efeitos do Sangue do Verbo e se tornam habitação digna de Ti.

Vem, Espírito Santo. Venha a unidade do Pai e do bem-querer do Verbo.

Tu, Espírito da Verdade, és o Prêmio dos santos, o Refrigério dos corações, a Luz das trevas, a Riqueza dos pobres, o Tesouro dos que amam, a Saciedade dos famintos, o Alívio dos peregrinos; Tu és, enfim, Aquele que contém em Si todos os tesouros.

Vem, Tu que, descendo em Maria, realizaste a encarnação do Verbo, e realiza em nós, pela graça, o que nela realizaste pela graça e pela natureza.

Vem, Tu que és o Alimento de todo pensamento casto, a Fonte de toda clemência, a Plenitude de toda pureza.

Vem e transforma tudo o que em nós é obstáculo para sermos plenamente transformados em Ti”.

Santa Maria Madalena de Pazzi, natural de em Florença (Itália), recebeu uma piedosa educação e entrou na Ordem das Carmelitas.

Agraciada por Deus com Dons extraordinários, sua vida foi marcada pela oração e abnegação, rezando assiduamente pela reforma da Igreja e dirigindo suas irmãs religiosas no caminho da perfeição.

Preparando-nos para a Festa de Pentecostes, a ser celebrado brevemente, muito nos ajuda esta reflexão para o aprofundamento sobre a Ação do Espírito Santo.

Espírito Santo e alma, como dois rios que confluem!
Façamos nossa a sua súplica ao Espírito Santo:
“Vem Espírito Santo...”

PS: Liturgia das Horas - Vol. III – pág. 1312-1313.  

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