quarta-feira, 26 de novembro de 2025

Tempo do Advento: tempo de gestar o novo! (IDTAA)

                                                    


Tempo do Advento: tempo de gestar o novo! 

 

Tempo do Advento, um tempo intenso de oração, novenas, celebrações penitenciais, gestos de reconciliação, multiplicação de sinais de partilha e solidariedade...

 

Advento, tempo litúrgico com beleza própria, em que celebramos a vinda de Jesus Cristo, no tempo e na história da humanidade, trazendo-nos a preciosa graça da salvação.

 

A cor roxa, predominante na liturgia, não é sinal de tristeza, como em tempos fúnebres, mas um singelo convite à reflexão, meditação e oração. Acentua-se em nosso coração a alegre expectativa, ativa e contagiante, para recebermos dignamente o Senhor quando Ele vier.

 

Num Sermão memorável, São Bernardo (abade do século XII) afirma a tríplice vinda do Senhor, acenando para uma vinda intermediária entre a primeira e a última:

 

“... Na primeira vinda o Senhor apareceu na terra e conviveu com os homens... Na última, todo homem verá a salvação de Deus e olharão para Aquele que transpassaram.

 

A vinda intermediária é oculta e nela somente os eleitos o veem em si mesmos e recebem a salvação.

 

Na primeira, o Senhor veio na fraqueza da carne; na intermediária, vem espiritualmente, manifestando o poder de Sua graça; na última, virá com todo o esplendor de Sua glória.

 

Esta vinda intermediária é, portanto, como um caminho que conduz da primeira à última; na primeira, Cristo foi nossa redenção; na última, aparecerá como nossa vida; na intermediária, é nosso repouso e consolação”. 

 

Nesta vinda intermediária do Senhor, algumas atitudes são esperadas de todos os presbíteros e comunidades.

 

A primeira, e sempre necessária, é a vigilância na fé, acolhendo os sinais de Sua presença em nosso meio.

 

Ao lado desta vigilância, o imperativo da conversão, preparação dos caminhos do Senhor, numa incansável busca de acertar nossos projetos com o Projeto do Criador.

 

Pode-se assim acolher e testemunhar a alegria que procede do Verbo, que Se encarna e Se faz um de nós, assumindo nossa condição humana, exatamente igual a nós, exceto no pecado.

 

As celebrações eucarísticas, com a riqueza litúrgica de cada domingo, nos convidam ao mergulho no mistério desta Encarnação, fazendo de nossa existência lugar privilegiado de Sua morada, para que na total fidelidade a Ele, asseguremos morada na eternidade.

 

Urge adentrar neste caminho celebrativo e inovador de alegrias e esperanças, rompendo todas as amarras de angústias e tristezas.

 

Mais uma vez, o Criador aposta em nós e em nossa capacidade de iluminar a história, a vida de milhões de pessoas que vivem nas trevas do ódio, da mentira, da opressão.

 

Que o Mistério d’Aquele que veio, vem e virá traga para todos nós, presbíteros e comunidades, mais ardor e empenho em nossa missão, para que o próximo Natal seja uma festa repleta de amor e luz! 

O Tempo do Advento e as duas vindas do Senhor (IDTAA)

                                                             

O Tempo do Advento e as duas vindas do Senhor

Ele veio, vem e virá

 

Iniciando o tempo do Advento, à luz das Catequeses do Bispo São Cirilo de Jerusalém (séc. IV), reflitamos sobre as duas vindas de Cristo. 

“Anunciamos a vinda de Cristo: não apenas a primeira, mas também a segunda, muito mais gloriosa. Pois a primeira revestiu um aspecto de sofrimento, mas a segunda manifestará a coroa da realeza divina.


Aliás, tudo o que concerne a nosso Senhor Jesus Cristo tem quase sempre uma dupla dimensão. Houve um duplo nascimento: primeiro, ele nasceu de Deus, antes dos séculos; depois, nasceu da Virgem, na plenitude dos tempos. Dupla descida: uma, discreta como a chuva sobre a relva; outra, no esplendor, que se realizará no futuro.


Na primeira vinda, ele foi envolto em faixas e reclinado num presépio; na segunda, será revestido num manto de luz. Na primeira, ele suportou a cruz, sem recusar a sua ignomínia; na segunda, virá cheio de glória, cercado de uma multidão de anjos.


Não nos detemos, portanto, somente na primeira vinda, mas esperamos ainda, ansiosamente, a segunda. E assim como dissemos na primeira: Bendito o que vem em nome do Senhor (Mt 21,9), aclamaremos de novo, no momento de sua segunda vinda, quando formos com os anjos ao seu encontro para adorá-lo: Bendito o que vem em nome do Senhor.


Virá o Salvador, não para ser novamente julgado, mas para chamar a juízo aqueles que se constituíram seus juízes. Ele, que ao ser julgado, guardara silêncio, lembrará as atrocidades dos malfeitores que o levaram ao suplício da cruz, e lhes dirá: Eis o que fizestes e calei-me (Sl 49,21).


Naquele tempo ele veio para realizar um desígnio de amor, ensinando aos homens com persuasão e doçura; mas, no fim dos tempos, queiram ou não, todos se verão obrigados a submeter-se à sua realeza.


O profeta Malaquias fala dessas duas vindas: Logo chegará ao seu templo o Senhor que tentais encontrar (Ml 3,1). Eis uma vinda.


E prossegue, a respeito da outra: E o anjo da aliança, que desejais. Ei-lo que vem, diz o Senhor dos exércitos; e quem poderá fazer-lhe frente, no dia de sua chegada? E quem poderá resistir-lhe, quando ele aparecer? Ele é como o fogo da forja e como a barrela dos lavadeiros; e estará a postos, como para fazer derreter e purificar (Ml 3,1-3).


Paulo também se refere a essas duas vindas quando escreve a Tito: A graça de Deus se manifestou trazendo salvação para todos os homens. Ela nos ensina a abandonar a impiedade e as paixões mundanas e a viver neste mundo com equilíbrio, justiça e piedade, aguardando a feliz esperança e a manifestação da glória do nosso grande Deus e Salvador, Jesus Cristo (Tt 2,11-13). Vês como ele fala da primeira vinda, pela qual dá graças, e da segunda que esperamos?


Por isso, o símbolo da fé que professamos nos é agora transmitido, convidando-nos a crer naquele que subiu aos céus, onde está sentado à direita do Pai. E de novo há de vir, em sua glória, para julgar os vivos e os mortos; e o seu reino não terá fim. Nosso Senhor Jesus Cristo virá portanto dos céus, virá glorioso no fim do mundo, no último dia. Dar-se-á a consumação do mundo, e este mundo que foi criado será inteiramente renovado.” (1)


Entre a primeira vinda e a segunda vinda, vivemos o tempo intermediário. tempo de vigilância, de oração, em todo o momento, como o Senhor nos falou no Evangelho (Lc 21,25-28.34-36). É preciso que fiquemos de pé, ergamos a cabeça, levantemos nosso ânimo.

O tempo do Advento não é apenas para a preparação de presépios de árvores de Natal, mas preparação do coração, para que Ele venha e encontre nele e em nosso lar, lugar digno para nascer.


Vivamos este tempo de abertura à graça divina, que nos vem por meio de Jesus Cristo, com a comunicação da presença e ação do Seu Espírito, para que vivamos maior fidelidade ao Projeto do Pai.

Preparemo-nos para celebrar autenticamente o Natal do Senhor, que veio, vem e virá, a cada instante, com sagrados compromissos expressos em gestos de acolhida, perdão, amor, solidariedade.

Preparemos nossos corações para celebrar o nascimento do Senhor na manjedoura preferida d’Ele, que é o coração humano, no qual Ele quer fazer Sua morada, habitando em nós como o mais belo Hóspede.

De nada adianta a luz de um pisca-pisca, se não nos voltarmos confiantes e vigilantes à espera do Senhor, que vem para iluminar nossos caminhos.

Somente assim, daremos um passo significativo, para celebrar autenticamente o Natal do Senhor.

 

 

PS: Liturgia das Horas – Vol. I - pp.113-114.

Apropriado para a quinta-feira da 27ª semana do Tempo Comum, quando se proclama Malaquias (Ml 3,13-20a)


Em poucas palavras... (IDTAA)

 


“Vem, Senhor Jesus!”

“Na última ceia, o próprio Senhor chamou a atenção dos seus discípulos para a consumação da Páscoa no Reino de Deus: «Eu vos digo que não voltarei a beber deste fruto da videira, até o dia em que beberei convosco o vinho novo no Reino do meu Pai» (Mt 26, 29) (Lc 22,18; Mc 14,25).

Sempre que a Igreja celebra a Eucaristia, lembra-se desta promessa, e o seu olhar volta-se para «Aquele que vem» (Ap 1, 4). Na sua oração, ela clama pela sua vinda: «Maranatha» (1Cor 16, 22), «Vem, Senhor Jesus!» (Ap 22, 20), «que a Tua graça venha e que este mundo passe!» (Didaké 10, 6: SC 248, 180 (Funk, Patres apostolici 1, 24).).” (1)


(1) Catecismo da Igreja Católica - parágrafo n. 1403

 

Em poucas palavras... (IDTAA)

 


A luz da fé e a vigilância necessária

Positivamente, o combate contra o nosso eu, possessivo e dominador, consiste na vigilância, a sobriedade do coração. 

Quando Jesus insiste na vigilância, esta refere-se sempre a Ele, à sua vinda, no último dia e em cada dia: «hoje». O Esposo chega a meio da noite. A luz que não se deve extinguir é a da fé: «Diz-me o coração: "Procura a sua face"» (Sl 27, 8).” (1)

 

 

(1)        Catecismo da Igreja Católica – parágrafo n. 2730

Advento: Amar na Esperança... (IDTAA)

                                             

Advento: Amar na Esperança...
Será Natal para quem souber amar na esperança

A cada ano a Igreja propõe o Tempo do Advento; uma frutuosa preparação da Celebração do Nascimento do Salvador. 

É sempre um convite a preparar os caminhos do Senhor para que Ele possa encontrar lugar em nosso coração, em nossas famílias, na Igreja e em todo lugar.

Somos convidados a intensificar gestos de amor na esperança. Advento é refundar a esperança n'Aquele que veio, vem e virá. Aquele que é Santo, digno de receber toda a honra, glória, poder e louvor.

Não há melhor modo de esperá-Lo do que amar na esperança.

Amar na esperança de que seremos mais humanos, mais fraternos, e que gestos de banalização e violação da vida não mais existirão, não se multiplicarão.

Amar na esperança de que nossas famílias tornar-se-ão espaço da convivência amorosa, do diálogo, acolhida, compreensão, amadurecimento, solidificação dos princípios que devem nortear nossa vida.

Amar na esperança de que nossos talentos, com sabedoria e vigilância, jamais serão enterrados por medo, covardia, indiferença, desânimo... Para além de todas as dificuldades serão multiplicados, partilhados, enriquecidos, amadurecidos, jamais retidos.

Amar na esperança de que a caridade fundamentará sempre a nossa vida, tornando-a fecunda, geradora de folhas, flores e frutos de um novo amanhecer.

Amar na esperança de que o Novo Reino, que suplicamos em cada Pai Nosso rezado, virá: Reino da Verdade e da Vida; Reino da Santidade e da Graça; Reino da Justiça, do Amor e da Paz… 

Esse é o verdadeiro Reino de Cristo que amando na esperança ansiamos, e nos comprometemos em realizar. Para além dos presépios que montamos; das árvores que enfeitamos, das luzes que acendemos.

Amar na esperança com menos invencionices e com mais gestos de amor. Advento que prepara o Natal em que o essencial já nos foi anunciado, mas que há muito a ser aprendido, muito mais para ser testemunhado: o essencial da fé que abraçamos, da esperança que carregamos, o Mandamento do Amor que ainda bastante não vivenciamos.

Amar na esperança de que quando a morte se nos apresentar, findarão as experiências humanas de amor ou ódio, de bondade ou malícia, de generosidade ou egoísmo. A eternidade depende de nossas escolhas: desespero e tristeza infinitas ou amor e alegria em plenitude.

Amemos na esperança de que a Novidade mais uma vez nos será trazida na grandeza de um Menino: frágil, vulnerável as intempéries da vida, sem abrigo, digna moradia. 

Advento:  oferecer ao Menino Jesus a melhor moradia, o coração humano para Ele se abrindo, sem demora, para que a Sua Luz infinita faça a escuridão de nossa vida clara como a luz do dia.

Amemos na esperança! 

Advento, Tempo de experimentar a misericórdia de Deus (IDTAA)

                                                       

Advento, Tempo de experimentar a misericórdia de Deus

Advento, Tempo de nos prepararmos para celebrar o nascimento d’Aquele que veio ao nosso encontro, o Sol Nascente, que veio nos visitar, o nascimento que mudou o rumo da história da humanidade e de toda a criação.

Advento, Tempo fecundo de vigilância e oração, na espera da Luz, que resplandeceu naquela Noite Santa, e em todas as noites escuras por que possamos passar, pois quem O acolhe, O ama e O segue, jamais andará nas trevas, como Ele mesmo, um pouco mais tarde, nos falaria.

Advento, Tempo de redescobrir a força e a beleza da Palavra de Deus, Pão que sacia nossa fome, água cristalina para nossa sede de vida, amor, paz e luz para o nosso caminho, ainda que a escuridão teime em nos desviar do verdadeiro Caminho, Verdade e Vida, Jesus (cf. Jo 14,6).

Advento, Tempo de nos abrirmos à Misericórdia de Deus, que vem ao nosso encontro na Pessoa de Jesus, que, ao Se encarnar, foi a própria misericórdia que se encarnou e habitou entre nós, e no-la ensinou a viver, para que misericordiosos como o Pai sejamos (Lc 6, 36).

Advento, Tempo de todos os dias de nossa caminhada, marcada pela presença de Deus, que guia os nossos passos com a força e a graça do Espírito, permitir que ela infunda em nosso coração o Seu amor, para amá-Lo, como convém, em correspondência desejável de amor.

Advento, Tempo da misericórdia para todos, sem nenhuma exclusão, de modo que ninguém possa pensar ou sentir que é indiferente para Deus, que ama sem exceção e a todos quer comunicar a força de Sua ternura e carícia, através daqueles que n’Ele creem.

Advento, Tempo da misericórdia para quantos que se sentem fracos e indefesos, afastados e sozinhos, para que sintam a presença de irmãos e irmãs presentes e solidários, nas mais diversas realidades e necessidades.

Advento, Tempo da misericórdia, para que os pobres sintam pousado sobre si o olhar respeitoso, mas atento daqueles que, vencida a indiferença, são promotores da cultura da misericórdia e da solidariedade, descobrem e promovem a beleza e a sacralidade da vida.

Advento, Tempo favorável para vivermos com criatividade e ousadia as obras de misericórdia corporais e espirituais, pois o mais belo Natal do Senhor acontece quando O vemos presente em cada um que de nós se aproxima suplicando um pouco de vida, alegria, consolação e paz.


Advento, Tempo de nos prepararmos e ouvirmos Sua Mãe, a primeira que abriu a procissão e nos acompanha no testemunho do amor, e nos indica sem cessar o seu Divino Filho, em seu ventre encarnado por Obra do Espírito Santo, e nos manda fazer tudo o que Ele nos disser (Jo 2, 5).

Advento, Tempo de nos prepararmos para celebrar com júbilo, na Noite Santa, o Nascimento na fragilidade de uma Criança, e em Seu rosto contemplar “o rosto radiante da misericórdia de Deus”, que se estende de geração em geração, como cantou Sua e nossa amada Mãe Santíssima, Maria. Amém!


PS: Inspirado no parágrafo no parágrafo n.21 da Carta Apostólica “Misericordia et misera

Será Natal para quem souber Amar na Esperança... (IDTAA)

                                                                

Será Natal para quem souber Amar na Esperança...

Advento: preparação intensa para o Natal
Em que o essencial nos é anunciado,
Mas, que há muito a ser aprendido,
Muito mais para ser testemunhado.

O essencial da fé que abraçamos, da esperança que carregamos,
É o mandamento do amor que ainda não bastante vivenciamos.
Deste modo, é tempo de rever caminhos, sonhos e projetos,
Vivendo a justiça, o amor e perdão, caminhos serão mais planos!

Verdadeiramente será Natal para quem souber amar na esperança!
Quando o Verbo veio pela primeira vez na temporalidade da história,
Fez-Se Verbo assumindo a fragilidade humana! Ó terna Criança!
Vem a cada instante e Virá uma segunda, solenemente revestido de glória!

Será Natal para quem souber Amar na Esperança...
É sempre Natal para quem acolher no coração um Deus feito Criança!

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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG