sábado, 22 de novembro de 2025

Em poucas palavras... (Cristo Rei)

 


«Sacerdote, profeta e rei»

“Jesus Cristo é Aquele que o Pai ungiu com o Espírito Santo e constituiu «sacerdote, profeta e rei». Todo o povo de Deus participa destas três funções de Cristo, com as responsabilidades de missão e de serviço que delas resultam (Papa São João Paulo II).” (1)

 

(1)               Catecismo da Igreja Católica – parágrafo n. 783

Sejamos configurados ao Senhor (Cristo Rei)

                                                       


Sejamos configurados ao Senhor

Ao celebrar a Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo, retomemos as palavras do Apóstolo Paulo.

Ele faz um apelo simples e forte no texto da Carta aos Filipenses: “Tende entre vós mesmos sentimentos que havia em Cristo Jesus”  (Fl 2,5).

Para participar do reinado do Senhor, ou seja, para ser um cristão autêntico, somente percorrendo um caminho concreto, avançando no mesmo sentido indicado pelo Mestre, identificando-se com Ele, tornando-se uma imagem Sua, para as pessoas que encontramos.

É preciso que sejamos totalmente configurados ao Senhor, de modo que nossos pensamentos e sentimentos se tornem orientados e iluminados pelos mesmos d’Ele. Pensamentos e sentimentos, de fato, não na teoria e intenções apenas.

Tão somente assim viveremos atitudes mais profundas que revelarão a fé que professamos, e que o Cristo que cremos é uma Pessoa que um dia encontramos e marcou para sempre todo o nosso ser e nosso viver.

Reinar com Jesus é ter d’Ele mesmos ‘sentimentos’, mas segundo a antropologia de Paulo, não são as ‘emoções’ que as diferentes circunstâncias provocam em nós, são, antes, os ‘motivos’, as ‘convicções’ do mais íntimo da pessoa que a levam a agir num sentido específico.

O ‘sentimento’ bíblico envolve toda a pessoa: mente e coração; mãos e pés, e a disposição permanente para com um comportamento específico, acompanhado de uma permanente conversão dos sentimentos e dos pensamentos.

Reinar com Jesus, é conhecê-Lo verdadeiramente, a partir do interior: o Seu agir; as Suas preocupações; o Seu critério na avaliação das pessoas e das circunstâncias; as Suas opções de vida, a Sua relação pessoal com o Pai; a Sua disposição para com os outros.

Reinar com o Senhor é conhecer Seus sentimentos, e isto se dá na leitura atenta do Evangelho (Leitura Orante), na Oração confiante, na celebração sincera dos Sacramentos, na vida da comunidade cristã, na partilha da fé em grupo, porque não se vive a fé isoladamente.

Ter d’Ele mesmos pensamentos e sentimentos suscita em nós um intenso desejo de viver em comunhão com o outro, no perdão dado e recebido, na comunhão fraterna, na alegria do encontro e da solidariedade.

A fé n’Ele professada se faz cultura, ou seja, determina todo o nosso existir, nosso modo de ser e agir.

O Apóstolo nos apresenta sentimentos que Jesus viveu em profundidade, e nos exorta o mesmo fazer: a fortaleza perante a prova; a compaixão perante as necessidades alheias; a humildade; a obediência à vontade do Pai (cf. Fl 5, 6-8).

Tudo isto bem vivido se torna como que ‘motores’ da vida de Cristo, que O conduziram aos acontecimentos salvíficos, passando pela crudelíssima Morte, precedida pelo sofrimento, paixão, dor, lágrimas,  para alcançar a gloriosa Ressurreição.

Jesus reina glorioso à direita do Pai (Ap 5, 1-10), na plenitude da alegria celestial, Aquele que na terra também verteu lágrimas de compaixão e solidariedade para com o mundo, como na passagem do Evangelho (Lc 19, 41-44), diante do fechamento e não acolhida em Jerusalém.

Reinar com Jesus é ser cristão; discípulo missionário d’Ele, fazendo progressos espirituais na vivência da fortaleza da fé, na compaixão que dá sentido à esperança, na humildade e na obediência a Deus, como expressão de um amor que nos inflama e nos impele, sem jamais esquecer o primeiro amor (Ap 1,1-4;2,1-5a).

Concluindo, que a Solenidade, liturgicamente celebrada em nossas Igrejas e Altares, seja acompanhada de fatos, gestos solidários, transformação de nosso ser, para gerar e formar Cristo em nós e nos outros.

Que o mundo veja nos cristãos e na comunidade a presença de Jesus Cristo, e digam como diziam ao ver os cristãos no princípio do cristianismo: “vejam como se amam” (Tertuliano).


PS: Livre adaptação do Lecionário Comentado - Editora Paulus - pp.436-437.  

“Cristo reina dando-Se a Si mesmo” (Cristo Rei)

                                                           

“Cristo reina dando-Se a Si mesmo”

“Em verdade Eu te digo, ainda hoje estarás comigo
no Paraíso” (Lc 23,43)

Celebrando a Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo (ano C), a Liturgia nos propõe a passagem do Evangelho de Lucas (Lc 23,35-43), com a narração da crucifixão de Jesus.

Na Cruz, temos o encontro mais comovedor do malfeitor com Jesus, que se torna, por sua vez, o último modelo de convertido ao Senhor.

O “hoje” da Salvação de Jesus é sempre uma graça que se apresenta para todos nós, para toda a humanidade, no entanto é preciso vivenciar um itinerário: aproximação de Jesus, a confissão do pecado, o pedido de perdão e de salvação, a absolvição da culpa e o perdão (Lc 23,40-43).

Podemos vivenciar este itinerário na graça do Sacramento da Penitência, sinal visível do amor de Deus por Sua misericórdia que nos acolhe como pecadores, e concedendo-nos o perdão pelo Presbítero, somos reconciliados com Ele e com nosso próximo.

Também temos nesta passagem que, para reinar com Jesus, é preciso fazer de nossa vida uma doação plena de si mesmo:

 “Cristo reina dando-se a Si mesmo, perdendo a Sua vida para que o mundo possa viver. Ele inverte a lógica do possuir e propõe a mentalidade da doação generosa de Si” .(1)

O discípulo missionário do Senhor é alguém que encontrou Jesus Cristo, e com isto, passou a ter um novo sentido em sua vida, com o alargamento dos horizontes, com o sagrado compromisso com o Reino de Deus.

Oportunas as palavras da Conferência de Aparecida (2007):

“Conhecer Jesus é o melhor presente que qualquer pessoa pode receber; tê-Lo encontrado foi o melhor que ocorreu em nossas vidas, e fazê-Lo conhecido com nossa palavra e obras é nossa alegria” .(2)

Celebrando o Dia Nacional dos Cristãos Leigos e Leigas, elevemos orações, a fim de que experimentando a misericórdia de Deus, por meio de Jesus Cristo, renovem a alegria de serem discípulos missionários do Reino, sendo sal da terra, fermento na massa e luz do mundo.

Urge que tenhamos cada vez mais uma Igreja decididamente missionária, e esta página do Evangelho, uma catequese missionária encorajadora, em que reconhecemos a Realeza de Jesus no Trono da Cruz, nos faz discípulos missionários d’Aquele que Reina dando a vida em favor de todos nós.

Portanto, se quisermos reinar com Jesus, façamos de nossa vida uma sincera e fecunda doação de si mesmo, trilhando o caminho da Cruz, que nos credencia para a contemplação, um dia, da glória da eternidade, a plenitude de amor e luz: o Céu.


(1)         Lecionário Comentado – Tempo Comum – Vol. II – Editora Paulus – 2011 – p.863.
(2)        Conclusões da Conferência de Aparecida e do Caribe – 2007 – n.229

Venha Teu Reino, Senhor! (Cristo Rei)

                                                 


Venha Teu Reino, Senhor!

Ao Celebrarmos a Solenidade de Jesus Cristo, Rei do Universo, sejamos enriquecidos pelo  Opúsculo sobre a Oração, escrito pelo Presbítero Orígenes (Séc. III).

“O Reino de Deus, conforme as Palavras de nosso Senhor e Salvador, não vem visivelmente, nem se dirá: Ei-lo aqui ou ei-lo ali; mas o Reino de Deus está dentro de nós (cf. Lc 17,21), pois a Palavra está muito próxima de nossa boca e em nosso coração (cf. Rm 10,8).

Donde se segue, sem dúvida nenhuma, que quem reza pedindo a vinda do Reino de Deus pede – justamente por já ter em si um início deste Reino – que ele desponte, dê frutos e chegue à perfeição. Pois Deus reina em todo o santo e quem é santo obedece às Leis espirituais de Deus, que nele habita como em cidade bem administrada. Nele está presente o Pai e, junto com o Pai, reina Cristo na Pessoa perfeita, segundo as Palavras: ‘Viremos a ele e nele faremos nossa morada’ (Jo 14,23).

Então o Reino de Deus, que já está em nós, chegará por nosso contínuo adiantamento à plenitude, quando se completar o que foi dito pelo Apóstolo: sujeitados todos os inimigos, Cristo entregará o Reino a Deus e Pai, a fim de que Deus seja tudo em todos (cf. 1Cor 15,24.28).

Por isto, rezemos sem cessar, com aquele amor que pelo Verbo se faz divino; e digamos a nosso Pai que está nos céus: ‘Santificado seja Teu nome, venha o Teu reino’ (Mt 6,9-10).

É de se notar também a respeito do Reino de Deus: da mesma forma que não há participação da justiça com a iniquidade nem sociedade da luz com as trevas nem pacto de Cristo com Belial (cf. 2Cor 6,14-15), assim o Reino de Deus não pode subsistir junto com o reino do pecado. Por conseguinte, se queremos que Deus reine em nós, de modo algum reine o pecado em nosso corpo mortal (Rm 6,12), mas mortifiquemos nossos membros que estão na terra (cf. Cl 3,5) e produzamos fruto no Espírito.

Passeie, então, Deus em nós como em paraíso espiritual, e reine só Ele, junto com Seu Cristo; e que em nós Se assente à destra de Sua virtude espiritual, objeto de nosso desejo.

Assente-Se até que Seus inimigos todos que existem em nós sejam reduzidos a escabelo de Seus pés (Sl 109,1), lançados fora todo principado, potestade e virtude. Tudo isto pode acontecer a cada um de nós e ser destruída a última inimiga, a morte (1Cor 15,26).

E Cristo diga também dentro de nós: ‘Onde está, ó morte, teu aguilhão? Onde está, inferno, tua vitória?’ (1Cor 15,55; cf. Os 13,14). Já agora, portanto, o corruptível em nós se revista de santidade e de incorruptibilidade, destruída a morte, vista a imortalidade paterna (cf. 1Cor 15,54), para que, reinando Deus, vivamos dos bens do novo Nascimento e da Ressurreição”.

Aprofundemos a Oração que o Senhor nos ensinou, sobretudo, quando dizemos: “venha a nós o Vosso Reino, Senhor”.

Lembremo-nos do que nos disse o Presbítero:

“Passeie, então, Deus em nós como em paraíso espiritual,
e reine só Ele, junto com seu Cristo;
e que em nós se assente à destra de sua virtude espiritual,
objeto de nosso desejo”.

Tudo isto acontece, quando cremos e vivemos este Prefácio da Missa da Solenidade de Cristo Rei:

“Com óleo de exultação, consagrastes Sacerdote Eterno e Rei do universo Vosso Filho único, Jesus Cristo, Senhor nosso. Ele, oferecendo-Se na Cruz, vítima pura e pacífica, realizou a redenção da humanidade.

Submetendo ao Seu poder toda criatura, entregará à Vossa infinita majestade um Reino eterno e universal: Reino da verdade e da vida, Reino da santidade e da graça, Reino da justiça, do amor e da paz...”.

Seja nossa vida marcada pelo compromisso com o Reino de Deus, para que a Trindade Santa habite e passei em nós, como em paraíso espiritual.

Cristo, Rei do Universo! (Cristo Rei)

                                                                       

Cristo, Rei do Universo!

Ao celebrar a Solenidade de Cristo, Rei e Senhor do Universo, refletimos sobre o que é ser rei.

Para muitos, ser rei é ser alguém que governa dominando, tiranizando, pela força se impondo, com proveitos incontáveis como luxo, fama, prazer, bens, terras, riquezas materiais, domínios...

Deste modo, participar do Reinado de Jesus, reinar com Ele que é um Rei diferente.

Um reinado que não se impõe pela força, nem pela tirania, nem pelo despotismo, tampouco pelo acúmulo de riquezas, posses, terras...

O Reinado de Jesus não se impõe pela  opressão e  destruição de outro povo, pela insana sede de poder, nem pelo sangue de vítimas inocentes…

Um Reino que cresce a cada dia porque edificado no amor, e por amor, através daquele que veio, vem e virá:

“Pois é preciso que Ele reine até que todos os Seus inimigos estejam debaixo de Seus pés. O último inimigo a ser destruído é a morte. E, quando todas as coisas estiverem submetidas a Ele, então o próprio Filho Se submeterá Àquele que lhe submeteu todas as coisas, para que Deus seja tudo em todos” (1 Cor 15, 25-26).

Somos, pelo Batismo, partícipes deste reinado, tornamo-nos reis, sacerdotes, profetas e pastores.

Somos discípulos missionários do Rei Pastor, Rei Soberano/Absoluto, Rei Juiz de todos os povos, pois é Ele quem nos julgará se somos dignos da participação do banquete eterno, alegria sem fim, ou se seremos os malditos condenados ao fogo do inferno, queimados pelo mesmo amor que em vida repelimos, ignoramos, nos fechamos.

Céu ou inferno, eterna alegria ou eterno desespero depende de nossas escolhas, de nossos gestos solidários em favor dos mais pequeninos.

Céu ou inferno será o prolongamento de nossa opção no tempo presente.
Seremos julgados não pela quantidade de orações, cultos, Missas, procissões…

A entrada no céu não se dá pela quantidade de nossa prática religiosa, mas… é evidente que, quanto mais rezamos, quanto mais celebramos, quanto mais a Bíblia conhecemos, maior deve ser nosso compromisso com a Vida, com nossos irmãos e irmãs.

A prática religiosa torna-se, portanto indispensável para nos fortalecer, enriquecer, iluminar nos assegurando a abertura das portas dos céus, o mergulho na eternidade/plenitude do amor de Deus.

Deus com certeza nos cobrará a ressonância de nossas orações, rezas, Missas, Celebrações, pois é impensável o divórcio entre a fé e a vida.

A vida que celebramos e a celebração que vivemos andam de mãos dadas, mais ainda, se encontram em frutuoso abraço, multiplicando sinais de partilha, amor, comunhão…

Reinar com Jesus é empenhar-se com todo ardor pela construção de uma realidade marcada por princípios indispensáveis.

Reinar com Jesus é traduzir a Oração do Senhor em realidade em nossa vida:

“Venha a nós, Senhor, o Vosso Reino…”

Como rezamos no Prefácio da Missa de Cristo Rei do Universo:
“Reino eterno e universal: Reino de verdade e vida, Reino de santidade e graça, Reino da Justiça, do amor e da paz”.

Reinar com Jesus é fazermos o máximo
que pudermos, por amor e com amor, para que
“Deus seja tudo em todos” (cf. 1 Cor 15,23-28)

Vistamos o hábito da religião e da caridade (Cristo Rei)


Vistamos o hábito da religião e da caridade

Ao celebrarmos a Solenidade de Cristo Rei e Senhor do Universo, sejamos iluminados pelo Sermão de São Cesário de Arles (séc. VI).

“Se pensamos nos bens que Deus derramou sobre nós chegando até a morte, não haveríamos de temer aquele juízo; mas por desgraça muitos o convertem em motivo de sentença contra eles.

Não paguemos o bem com o mal..., pois do contrário, o que faremos naquele dia temível quando o Senhor Se sentar em Seu trono cercado da milícia celestial no meio da luz, enquanto os Anjos ressoam suas trombetas e o mundo estremeça...?

Então, além da própria consciência, Aquele Juiz, já mais justo que misericordioso, começará a acusar os réus por terem desprezado a Sua misericórdia:

‘Eu plasmei a ti, ó homem!, com minhas mãos, Eu te infundi o Espírito..., e tu, desprezando os meus preceitos de vida perfeita, segues ao mentiroso antes que a Deus.

Expulso do paraíso e sujeito às cadeias da morte..., entrei em um seio virginal para nascer dele sem diminuição de sua pureza; reclinei-me em um presépio envolto em panos, com as dores e sofrimentos da infância...; sofri as bofetadas e cusparadas daqueles que zombavam de mim, bebi vinagre com fel, fui ferido pelos açoites, coroado de espinhos, cravado na cruz, atravessado pela lança, e para que tu te libertasses da morte entreguei a minha vida em meio a tormentos.

Aqui tens os sinais dos cravos dos quais fui suspenso. Olha aqui meu lado ferido. Aceitei as dores para dar a ti a glória, sofri a morte para que vivesses por toda a eternidade. Jazi escondido em um sepulcro para que tu reinasses no céu. Por que perdeste o que te dei?

Por que, ingrato, rejeitaste os dons de tua redenção: Não reclamo de minha morte, mas dai-me a tua vida, já que por ela entregue a minha...
Por que maculaste a habitação que consagrei para mim com as imundícias da luxúria...?

Por que me carregaste com a cruz dos teus crimes, mais pesada que aquela na qual estive suspenso? Mais pesada, de fato, é a cruz de teus pecados, da qual pendo a força, do que aquela que, compadecido de ti, subi satisfeito.

Sendo impassível me dignei padecer por ti, e tu desprezaste a Deus no homem, a saúde no enfermo, a chegada no caminho, ao pai no juiz, a vida na cruz e o remédio na agonia’.

Examinai a embarcação de vossa vida, e se observais as cavernas desfeitas pela soberba, a avareza e a luxúria, apressai-vos em repará-las com as boas obras e a esmola.

Assim como ao bom sua virtude não lhe beneficia de nada se morre em pecado, assim ao pecador os vícios não lhe prejudicam se morre arrependido.

Vivei bem, não me digais que sois jovens e casados, porque não é o traje do monge que dá a virtude. Em qualquer estado de vossas vidas podeis vestir o hábito da religião e da caridade.” (1)

Finalizando mais um ano Litúrgico, é tempo favorável para revermos o caminho que fizemos, com erros e acertos, possíveis tropeços e quedas, pecados cometidos, com sincero arrependimento, confessados e perdoados.

O Sermão é um forte apelo de conversão para que melhor correspondamos ao amor de Deus por nós, por Jesus vivido e comunicado.

Quando vestimos o hábito da autêntica religião e da caridade, tornamo-nos misericordiosos como o Pai (Lc 6,36), e podemos afirmar que Jesus Cristo é nosso Rei e Senhor de todo o Universo, e podemos coroá-lo, multiplicando gestos de amor e solidariedade, na solidificação da fé, e iluminando os caminhos com a luz da esperança de um novo céu e uma nova terra, ainda que vejamos sinais sombrios de dor e morte.

Coroar Jesus é sincero compromisso com a Boa-Nova do Reino, e viver a graça do Batismo, como profetas, sacerdotes e Rei.


(1) Lecionário Patrístico Dominical – Editora Vozes – 2013 – pp. 761-762. 

“Reinar é servir” (Cristo Rei)

                                                      

“Reinar é servir” 

Assim afirma o Catecismo da Igreja Católica (n. 786): “Cristo, Rei e Senhor do Universo, se fez servidor de todos, não veio ‘para ser servido, mas para servir e para dar sua vida em resgate por muitos’ (Mt 20,28). Para o cristão, ‘reinar é servir’ "(Lumen Gentium n.36).

Também, citando a Gaudium et Spes (n. 10,2; 45,2) professa: “A Igreja crê... que a chave, o centro e o fim de toda história humana se encontram em seu Senhor e Mestre” (CIC n. 450).

Em poucas linhas, encontramos uma densidade inesgotável que nos convida ao silêncio e à contemplação, para que não apenas celebremos, mas como discípulos missionários, anunciemos e testemunhemos que Jesus é o Senhor de nossa história, em todos os âmbitos, em todos os corações, e de todo o Universo, se numa palavra apenas fôssemos dizer.

Cristo, Ungido, Enviado, Aquele que foi por muito tempo esperado. A realização da promessa messiânica se cumpriu em Sua Pessoa: “O Verbo se fez Carne e habitou entre nós...” (Jo 1,14), e a Ele damos toda honra, glória, poder e louvor.

Rei, mas um Rei diferente, pobre, despido, ultrajado, tendo como trono a Cruz, esvaziado de Sua condição divina, humilhou-Se e foi obediente até o fim, e Deus O Ressuscitou, para que diante d’Ele todo joelho se dobre e toda língua proclame que Ele é o Senhor, para a glória de Deus Pai (Fl 2, 7-8).

Senhor, porque reina em tudo e em todos, a Ele tudo foi submetido: “O último inimigo a ser destruído será a morte, pois Deus colocou tudo debaixo dos pés de Cristo. Mas quando se diz que tudo lhe será submetido, é claro que se deve excluir Deus, que tudo submeteu a Cristo. E quando todas as coisas lhe tiverem sido submetidas, então próprio Filho Se submeterá Àquele que tudo lhe submeteu, para que Deus seja tudo em todos.” (1 Cor 15, 26-28).  

Servidor de todos, ao lavar os pés dos discípulos, lavou os pés de toda humanidade, deixando ao mundo um sinal de humildade e serviço: o Mestre e Senhor lavou os pés dos servos; os pés de toda a humanidade, e a lição para sempre foi gravada na mente e no coração da humanidade, selado como  sinal de amor. Lição que haveremos de reaprender incansavelmente, cotidianamente.


O Senhor tem a chave e  confiou a Pedro. Também é a porta que nos possibilitou a entrada na eternidade (Jo 10, 9), e tão somente por esta porta estreita haveremos de passar, se coragem e fidelidade no carregar da cruz tivermos, sem deserção, sem medo ou refúgio na mediocridade de uma fé morna e instalada, sem sagrados compromissos com a vida.

É preciso que centralizemos o Senhor em nossa vida, para que tudo ganhe um novo sentido em nosso existir. Quanto mais O centralizarmos, mais plena será nossa alegria. Centralizar Jesus é ter d’Ele mesmos pensamentos e sentimentos, de tal modo a Ele configurado, que Ele é gerado e formado em nós, e nos outros.

Ele é o fim de toda a história, para Ele tudo haverá de convergir. Nossos dias, nossos passos, nossos planos, projetos, sonhos somente florescerão abundantemente, e darão frutos eternos se não tivermos ninguém além d’Ele para nos guiar e nos iluminar.

Com Jesus, cada noite escura de nossa vida, é acompanhada da certeza de que a luminosidade irromperá quando menos esperarmos, porque vigilantes esperamos Aquele que veio, vem e virá um dia, gloriosamente.

Por ora, é tempo de reinar com o Senhor, e somente o faremos se O servimos em cada irmão e irmã, sobretudo nos pobres, com os quais quis Se identificar. E este serviço silencioso, sem holofotes, glamoures, ibopes, confetes, nos credencia para a recompensa na eternidade, como Ele nos disse sobre o julgamento final: “Venham vocês que são abençoados por meu Pai. Recebam como herança o Reino que meu Pai lhes preparou desde a criação do mundo.” (Mt 25, 34)

Reinamos com o Senhor, quando servimos. E, para que sirvamos incansavelmente com ardor, É preciso que nosso coração Seja inflamado pelo Seu indizível Amor.


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