quarta-feira, 24 de dezembro de 2025

Natal: manjedoura, barca e cruz (Natal do Senhor)

 


Natal:  manjedoura, barca e cruz

 

“Temos no texto de hoje,
três agentes que participam nesse milagre da vida:
o Espírito Santo que gera, Maria que dá à luz, José dá o nome.” (1)
 

Que o Natal seja a Festa do Eterno Amor (o Espírito Santo), que veio ao encontro da humanidade por meio do Eterno Amado (Jesus Cristo), comunicador do pleno e infinito amor do Pai (o Eterno Amante).

Aprendamos com Maria e José a abertura aos desígnios divinos, que ultrapassam sempre nossos possíveis mesquinhos projetos e medidas bem como os horizontes.

Obediência à vontade divina, é critério incondicional para o autêntico Natal: nascimento da Vida, do Amor, da Luz que veio ao nosso encontro, ao Se fazer Deus Menino, e ao encarnar-Se, igual a nós, exceto no pecado.

Ele, Jesus na barca, à beira da praia, na montanha, na planície, sempre na proximidade e compaixão para com os pobres, nos ama, nos chama, nos envia, e a nós confia o Fogo e a Luz da Eterna Chama: o Santo Espírito do Pai, enviado para continuar Sua divina missão.

No Mistério da Encarnação, na manjedoura, lugar do alimento dos animais, foi posto; depois no Mistério de nossa Redenção, antes de ser glorificado, quis, para sempre, no altar, dar-Se em Comida e Bebida, Pão da Vida, Bebida de Imortalidade: A Santa Eucaristia. Amém.

 

(1)    Comentário de Pe Nilo Luza, ssp – Liturgia Diária – dezembro 2025 – p. 75

Imensidão de olhares (Presépio)

                                                  


Imensidão de olhares

Noite de Natal passada,
Noite em que a Luz brilhou para o mundo.
Contemplo o presépio do Menino Jesus.
Sete mares em olhares das imagens.
 
No olhar do Menino Jesus,
Olhar de misericórdia e ternura.
Na missão pelo Pai confiada, o mesmo olhar,
Que O acompanhará até o último suspiro na Cruz.
 
No olhar da Amantíssima Maria,
Olhar contemplativo e puro como um lírio,
Expressão do que está em seu coração:
Abertura e confiança nos desígnios divinos.
 
Maria, “És lírio entre os espinhos,
és pura sem igual,
brilhando nos caminhos
da culpa original”. 
(1)


No olhar de José, guardião da Sagrada Família,
Olhar límpido e confiante, ainda que não compreenda,
Sabe transformar dificuldades em oportunidades
Sonhos, caminhos, desafios vencidos: cândida fidelidade.
 
Nos olhares dos anjos e dos pastores,
Olhar de alegria pelo anúncio e acolhida da Boa Notícia
Do Mistério do Nascimento do Salvador,
Tão pequenino, tão frágil, Mistério do Divino Amor.

 

No olhar de uma criança estática e extática diante do presépio,

Como que querendo tomar no colo a terna imagem do Menino

Acalentar, como devem ser acalentadas na ternura e no amor

Todas as crianças do mundo, as distantes de sua terra, pais e país...

 

O sétimo olhar: “Ele (Jesus), portanto, foi pequeno, foi criança, para que possais vós, ser perfeitos adultos; Ele foi envolvido em faixas, para que sejais, vós, libertados das garras da morte; Ele, na manjedoura, para vos por sobre o Altar; Ele, na terra, para que estejais vós entre as estrelas; não havia lugar para Ele na sala comum, para que tenhais vós várias moradas na casa do Pai”. Amém. (2)


(1)Liturgia das Horas - Volume Advento-Natal - pág.1037

(2) Santo Ambrósio, Bispo e Doutor da Igreja (séc. IV)

O significado e o valor do Presépio (Presépio)

                                                               

O significado e o valor do Presépio

No dia 01 de dezembro de 2019, o Papa Francisco nos agraciou com a Carta Apostólica “Admirabile signum”, sobre o significado e o valor do presépio.

Ele inicia ressaltando a importância do presépio na vida do povo, na religiosidade popular, e a necessidade de redescobrir e revitalizar o sentido do presépio na espiritualidade cristã.

O presépio é como um Evangelho vivo, que transvaza das páginas da Sagrada Escritura, e sua origem deve-se a São Francisco de Assis.

 “Ao entrar neste mundo, o Filho de Deus encontra lugar onde os animais vão comer. A palha torna-se a primeira enxerga para Aquele que Se há de revelar como ‘o pão vivo, o que desceu do céu’ (Jo 6, 51).

Uma simbologia, que já Santo Agostinho, a par doutros Padres da Igreja, tinha entrevisto quando escreveu: ‘Deitado numa manjedoura, torna-Se nosso alimento’. Na realidade, o Presépio inclui vários mistérios da vida de Jesus, fazendo-os aparecer familiares à nossa vida diária”.

O presépio nos comove, porque manifesta a ternura de Deus. Ele, o Criador do universo, abaixa-Se até à nossa pequenez:

“O dom da vida, sempre misterioso para nós, fascina-nos ainda mais ao vermos que Aquele que nasceu de Maria é a fonte e o sustento de toda a vida. Em Jesus, o Pai deu-nos um irmão, que vem procurar-nos quando estamos desorientados e perdemos o rumo, e um amigo fiel, que está sempre ao nosso lado; deu-nos o seu Filho, que nos perdoa e levanta do pecado”.

Daqui decorre a importância de armar o presépio em nossas casas, pois nos ajuda a reviver a história sucedida em Belém, e nos convida a ir à fonte que são os Evangelhos, que nos permitem conhecer e meditar aquele Acontecimento.

A representação no Presépio:

- ajuda a imaginar as várias cenas;
- estimula os afetos;
- convida a sentir-nos envolvidos na história da salvação, contemporâneos daquele evento que se torna vivo e atual nos mais variados contextos históricos e culturais.


Desde a sua origem franciscana, o Presépio é um convite a “sentir’, a “tocar’ a pobreza que escolheu, para Si mesmo, o Filho de Deus na Sua Encarnação: – “tornando-se assim, implicitamente, um apelo para O seguirmos pelo caminho da humildade, da pobreza, do despojamento, que parte da manjedoura de Belém e leva até à Cruz, e um apelo ainda a encontrá-Lo e servi-Lo, com misericórdia, nos irmãos e irmãs mais necessitados (cf. Mt 25, 31-46)”.

Em alguns parágrafos, o Papa apresenta vários sinais do Presépio, como o céu estrelado na escuridão e no silêncio da noite; as montanhas, os riachos, as ovelhas, os pastores, Maria, José, o Menino Jesus, os reis magos e o simbolismo dos três presentes (o ouro honra a realeza de Jesus; o incenso, a sua divindade; a mirra, a sua humanidade sagrada que experimentará a morte e a sepultura).

O Presépio tem uma mensagem clara: “não podemos deixar-nos iludir pela riqueza e por tantas propostas efêmeras de felicidade...”.

Deste modo, nascendo no Presépio “o próprio Deus dá início à única verdadeira revolução que dá esperança e dignidade aos deserdados, aos marginalizados: a revolução do amor, a revolução da ternura. Do Presépio, com meiga força, Jesus proclama o apelo à partilha com os últimos como estrada para um mundo mais humano e fraterno, onde ninguém seja excluído e marginalizado”.

Quanto à figura do Menino Jesus, Deus assim Se nos apresenta, para fazer-Se acolher nos nossos braços:

“Naquela fraqueza e fragilidade, esconde o Seu poder que tudo cria e transforma. Parece impossível, mas é assim: em Jesus, Deus foi criança e, nesta condição, quis revelar a grandeza do Seu amor, que se manifesta num sorriso e nas Suas mãos estendidas para quem quer que seja”.

O Presépio nos revela o modo de agir de Deus, que quase cria vertigens, pois parece impossível que Ele renuncie à Sua glória para Se fazer homem como nós, afirma o Papa:

“Que surpresa ver Deus adotar os nossos próprios comportamentos: dorme, mama ao peito da mãe, chora e brinca, como todas as crianças.

Como sempre, Deus gera perplexidade, é imprevisível, aparece continuamente fora dos nossos esquemas. Assim o Presépio, ao mesmo tempo que nos mostra Deus tal como entrou no mundo, desafia-nos a imaginar a nossa vida inserida na de Deus; convida a tornar-nos seus discípulos, se quisermos alcançar o sentido último da vida”.

Nossos olhos fixos na cena no Presépio, leva-nos a refletir sobre a responsabilidade que cada cristão tem de ser evangelizador:

“Cada um de nós torna-se portador da Boa-Nova para as pessoas que encontra, testemunhando a alegria de ter conhecido Jesus e o seu amor; e fá-lo com ações concretas de misericórdia... O que conta, é que fale à nossa vida. Por todo o lado e na forma que for, o Presépio narra o amor de Deus, o Deus que Se fez menino para nos dizer quão próximo está de cada ser humano, independentemente da condição em que este se encontre”.

Finaliza acenando para o Presépio, que faz parte do suave e exigente processo de transmissão da fé e que nos educa para:

- contemplar Jesus, sentir o amor de Deus por nós;
- sentir e acreditar que Deus está conosco e nós estamos com Ele, todos os filhos e irmãos graças àquele Menino Filho de Deus e da Virgem Maria;
- sentir que nisto se encontra a felicidade.

Conclui com um convite, para que, na escola de São Francisco, abramos o coração a esta graça simples, deixando que, do encanto, nasça uma prece humilde: o nosso ‘obrigado’ a Deus, que tudo quis partilhar conosco para nunca nos deixar sozinhos”.



Se desejar, acesse e leia na integra:

Extasiados diante do Presépio (Presépio)

                                                              

Extasiados diante do Presépio

Não fiquemos estáticos,
mas extáticos diante do presépio

Retomemos a Carta Apostólica Admirabile signum”, sobre o significado e o valor do presépio, escrita pelo Papa Francisco, em 01 de dezembro de 2019.

Ele inicia ressaltando a importância do presépio na vida do povo, na religiosidade popular, e a necessidade da redescoberta e revitalização do sentido presépio na espiritualidade cristã.

Afirma o Papa, que o presépio é como um Evangelho vivo, que perpassa nas páginas da Sagrada Escritura, com sua origem devida a  São Francisco de Assis.

A Mensagem ressoa como forte e, ao mesmo tempo, suave convite, para que nos coloquemos em adoração extática, e uma vez extasiados pela singeleza do mesmo, renovemos nossa fidelidade a Deus, revigoremo-nos no Banquete da Eucaristia; deixemo-nos iluminar pela Luz Divina que a Palavra resplandece:

Para atingir o significado e o dom de graça do Natal já eminente, devemos, portanto, pôr-nos na escola de Nossa Senhora e o seu esposo José, que contemplaremos no presépio em adoração extática do Messias recém-nascido” (1)

Deste modo, não ficaremos adorando as imagens que ali se encontram, o que seria uma adoração estática, sem nenhuma ressonância frutuosa em nossa vida cristã, no discipulado missionário que havemos de viver todos os dias.

Contemplemos José como um autêntico homem de fé, bem como a sua esposa Maria. Neles, a fé conjuga a justiça e oração. E assim fazendo, será também para nós a mais adequada atitude para a acolhida e a celebração do Nascimento do Emanuel, Jesus, o “Deus conosco”.

Aprendamos com Maria e José, que crer significa abertura à história e iniciativa de Deus, bem como à sua força criadora por meio de Sua Palavra, que é o próprio Jesus que Se fez Carne e habitou entre nós, unindo-se para sempre à nossa pobre e redimida humanidade.

Contemplando e imitando Maria e José, estaremos, de fato, melhores preparados para celebrar de modo frutuoso o Nascimento do Redentor que vem iluminar nossos passos, comunicando-nos vida, alegria, paz, amor e luz.

Paremos diante diante de um presépio e façamos propósitos de passagem da postura estática para a adoração extática, pois esta última nos faz verdadeiramente comprometidos com a Vida Nova que Ele veio trazer ao mundo, e nos faz mais comprometidos com o Reino de Deus, pelo qual Ele deu a Sua própria vida, e nos enviou ao mundo o mesmo fazer.


Em poucas palavras... (Natal do Senhor)

 


Vem Senhor, vem nos salvar!

“Em hebraico, Jesus quer dizer «Deus salva». Quando da Anunciação, o anjo Gabriel dá-Lhe como nome próprio o nome de Jesus, o qual exprime, ao mesmo tempo, a sua identidade e a sua missão (Lc 1,31).

Uma vez que «só Deus pode perdoar os pecados» (Mc 2, 7), será Ele quem, em Jesus, seu Filho eterno feito homem, «salvará o seu povo dos seus pecados» (Mt 1, 21). Em Jesus, Deus recapitula, assim, toda a sua história de salvação em favor dos homens.” (1)

 

(1) Catecismo da Igreja Católica – parágrafo n. 430

Natal: Não será apenas mais uma noite... (Natal do Senhor)

                                                     


Natal: Não será apenas mais uma noite...


“O anjo então lhes disse: ‘Não temais! Eu vos anuncio uma grande alegria, que será também a de todo o povo: hoje, na cidade da Davi, nasceu para vós o Salvador, que é o Cristo.”      (cf. Lc 2,10-11)
 
Natal não será apenas mais uma noite como todas as outras,
Se não sequestrarmos seu autêntico conteúdo e sentido.
 
Será a celebração do nascimento do Verbo, Deus-Menino,
Que, fazendo-Se  Carne, vem redimir a humanidade e a história.
 
Emanuel, Deus-conosco, virá conosco caminhar,
Aprenderá com José e Maria os primeiros passos.
 
A noite escura de pecado para sempre iluminada será,
A graça, a paz, a luz aos pobres, pequeninos a comunicar.
 
Pulsará mais forte nosso pulso, e o coração a palpitar;
Com os anjos, glória a Deus, um hino haveremos de cantar.
 
A voz proclamou no deserto que Ele, Jesus, haveria de chegar;
A Palavra desde o princípio, em nossos corações, alegre acolhida.
 
Uma noite de alegre saudação, por todos os dias a se repetir:
Não seja reduzida à formal saudação, mas comunicação de amor.
 
Feliz Natal não reduzidos às luzes de vitrines, casas ou praças,
Mas expressão de amor e fidelidade à Palavra que não passa.
 
Que nosso Natal tenha matizes pascais,  alegria de Ressurreição.
Na fidelidade ao Senhor, na maceração, flagelação, mortificação.
 
Natal: renovemos a alegria incontida de discípulos missionários,
Do Senhor, intrépidas testemunhas com ardor a missionar.
 
Natal: nascimento do Verbo celebrado no altar,
Fé, esperança e caridade a vida toda a pautar. Amém.


Em poucas palavras... (Natal do Senhor)

 


O indizível e imenso amor de Deus por nós

“O amor de Deus para com Israel é comparado ao amor dum pai para com o seu filho (Os 11,1). Este amor é mais forte que o de uma mãe para com os seus filhos (Is 49,14-15).

Deus ama o seu povo, mais que um esposo a sua bem-amada (Is 62,4-5); este amor vencerá mesmo as piores infidelidades (Ez 16; Os 11); e chegará ao mais precioso de todos os dons: «Deus amou de tal maneira o mundo, que lhe entregou o seu Filho Único» (Jo 3, 16).” (1)

 

(1) Catecismo da Igreja Católica – parágrafo n.219

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